OthonApós um dia de trabalho intenso, voltar para casa ao lado de Karen me trouxe uma sensação indescritível de satisfação. Entramos em uma rotina, agora que nossa relação não precisava mais ser mantida em segredo. Pela manhã, levamos Otávio para a escola juntos e íamos trabalhar. Eu havia conseguido ajustar o horário de trabalho de Karen para que fosse compatível com o meu, o que nos permite buscar Otávio na escola e almoçar juntos na casa dos pais dela e então, voltar ao trabalho.Ter Karen ao meu lado em todas essas atividades do dia a dia preenchia meu coração de alegria. Ver a forma como ela interagia com Otávio, como compartilhamos nossas experiências no trabalho e como nos apoiamos mutuamente era algo que eu valorizava profundamente.Em contrapartida, eu havia cortado totalmente o contato com Valquíria. Não atendia mais suas ligações nem respondia suas mensagens. Não tinha a menor intenção de voltar atrás em minha palavra. Depois da conversa com Colin, também estava ignorando
KarenTodos estavam prontos e ansiosos aguardando a chegada de Othon, mas Otávio parecia especialmente agitado, perguntando a todo momento se o seu pai ainda iria demorar muito para chegar. Em todas as vezes que isso aconteceu, eu respondi pacientemente, informando os minutos que faltavam, já que Othon havia combinado de nos pegar em casa às 20 horas. Otávio aceitava a minha resposta com um aceno de cabeça e voltava a pular e brincar, aproveitando o amplo espaço que se formou na sala de estar da casa de Karen. A empresa especializada em decoração havia retirado todos os móveis do cômodo, criando um ambiente aberto e convidativo para a celebração que se aproximava.Othon tinha convidado não só a mim e Otávio, mas também os meus pais, para um jantar naquela noite. Enquanto ele acreditava que eu desconhecia o fato de que era o seu aniversário, eu já estava planejando como tornar aquele dia especial para ele. Não pretendia deixar passar aquela data em branco. Estava determinada a fazer
OthonMal podia acreditar no que meus olhos viam. Uma surpresa para mim? Meu coração se encheu de gratidão e emoção diante desse gesto tão especial de carinho. Enquanto todos ao redor cantavam "Parabéns para Você", senti uma mistura de surpresa e felicidade me envolver.Quando a canção terminou, Otávio foi o primeiro a vir em minha direção. Ele correu, transbordando de empolgação, e se jogou em meus braços, parabenizando-me pelo aniversário e revelando que a surpresa tinha sido preparada por sua mãe. Fiquei genuinamente emocionado com suas palavras, mas decidi brincar com o meu pequeno.— Você fez tudo isso para o papai? Que incrível! — exclamei, fitando os olhinhos brilhando de entusiasmo.Otávio gargalhou ao ouvir as minhas palavras e logo me corrigiu:— Claro que não, papai! Foi a mamãe que fez tudo para você.Fingi espanto diante da revelação de Otávio, arqueando as sobrancelhas em um gesto exagerado que o fez rir ainda mais. — Eu pensei que você tinha preparado tudo! — brinquei,
Karen Eu ainda flutuava nas nuvens pelo pedido de casamento de Othon. Embora esperasse por aquele momento, uma vez que ele deixou bem claro as suas intenções, a maneira como ele o fez me encantou profundamente. Foi nesse momento que percebemos a entrada de Valquíria e o meu coração deu um salto ao vê-la atravessar a soleira da minha casa. Toda essa felicidade foi abruptamente interrompida pela entrada inoportuna de Valquíria. Eu fiquei perplexa com a invasão, uma mistura de indignação e surpresa percorrendo as minhas veias. Por mais que já tivesse percebido a obsessão de Valquíria por Othon, jamais imaginei que ela fosse se atrever a invadir meu lar justo quando estávamos celebrando o aniversário dele. O que ela pensava que estava fazendo ali? Como ousava entrar na minha casa sem permissão? Respirei fundo, tentando controlar os nervos, enquanto a observava parada no vão da porta, um brilho estranho em seus olhos. — O que você está fazendo aqui, Valquíria? Othon foi o primeiro a
ValquíriaNão havia tempo para pensar em estratégias ou planos meticulosos. A raiva impulsionava cada passo meu, enquanto eu atravessava o corredor em direção à sala de estar onde Othon e Karen estavam.O meu coração batia com uma mistura de excitação e raiva enquanto entrava na casa de Karen, mesmo sem ter sido convidada, pois isso pouco me importava. O meu desejo de confrontar Karen e Othon era mais forte do que qualquer etiqueta social. Eu não posso permitir que o homem que amo seja tirado de mim por outra mulher. Pior ainda, uma mulher promíscua, que não pensou duas vezes antes de transar com Othon apenas poucas horas após conhecê-lo. Foi doloroso ver o rosto de Karen estava iluminado por um sorriso radiante, seus olhos brilhando com emoção. Ao me fazer visível para todos os presentes na sala. Karen olhou de um para o outro, sua expressão mudando de alegria para confusão e preocupação.Eu senti uma onda de desprezo crescer dentro de mim. Como ousavam comemorar o aniversário de O
ColinMinha última noite em Curitiba foi uma névoa de emoções confusas. Após a visita de Othon, desci para o bar do hotel em busca de distração. O álcool parecia a única forma de amortecer a culpa que estava sentindo, então bebi até perder a noção do tempo e do espaço. Lembro-me vagamente de encontrar uma mulher solitária no bar, e juntos nos afogamos em mais bebida.Ao despertar na manhã seguinte, a ressaca era o menor dos meus problemas. Estava deitado ao lado dela, com fragmentos de lembranças da noite anterior dançando em minha mente turva. A manhã seguinte sempre é difícil, mas daquela vez foi ainda mais estranha. Eu sequer lembrava o nome da minha acompanhante. Para o meu alívio, a sua primeira ação ao abrir os olhos foi perceber a grande besteira que fizemos e pular da cama. Após passar no banheiro, acredito que em uma tentativa de melhorar a sua aparência, ela voltou ao quarto apenas para dizer um “A gente se vê por aí” e saiu apressada, enquanto eu apenas tentava ordenar as
KarenEu me vi completamente paralisada quando Valquíria apontou a arma em minha direção. Era como se o tempo tivesse desacelerado, cada segundo se esticando até parecer uma eternidade. Minha mente estava turva de choque, incapaz de processar completamente o que estava acontecendo.O som ensurdecedor do tiro ecoou pela sala, e eu fechei os olhos instintivamente, esperando pelo impacto da bala. Mas nada aconteceu. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor, interrompido apenas pelo ranger de meus próprios dentes em antecipação ao que viria a seguir.Quando finalmente tive coragem de abrir os olhos, fui recebida pela visão da raiva ardente estampada no rosto de Valquíria. Colin estava lá, segurando-a por trás e mirando a sua arma em direção ao teto, impedindo-a de disparar novamente. Mas Valquiria lutava contra os braços de Colin, sua determinação quase selvagem enquanto tentava se libertar de seu domínio. Othon, Noah e o seu pai também se aproximaram, juntando-se a Colin na tentativa d
OthonEu mal consegui acreditar nos meus próprios olhos ao ver a cena chocante de Valquíria desferindo um tiro. O caos estava instalado, mas Valquiria me encarava com olhos frios e um sorriso satisfeito em seu rosto. Eu estava perplexo demais para conseguir elaborar uma frase coerente, enquanto me ajoelhava ao lado de Colin, tentando conter os estragos e prestar os primeiros socorros.— Alguém chama uma ambulância! — gritei, lutando para fazer minha voz se sobrepor ao caos reinante na sala. — Papai, Noah, segurem-na! E chamem também a polícia.Eu não precisei especificar sobre o que eu estava falando. Eles entenderam perfeitamente que se tratava de Valquíria, que permanecia imóvel, como se estivesse contemplando seu ato som