Karen Eu ainda flutuava nas nuvens pelo pedido de casamento de Othon. Embora esperasse por aquele momento, uma vez que ele deixou bem claro as suas intenções, a maneira como ele o fez me encantou profundamente. Foi nesse momento que percebemos a entrada de Valquíria e o meu coração deu um salto ao vê-la atravessar a soleira da minha casa. Toda essa felicidade foi abruptamente interrompida pela entrada inoportuna de Valquíria. Eu fiquei perplexa com a invasão, uma mistura de indignação e surpresa percorrendo as minhas veias. Por mais que já tivesse percebido a obsessão de Valquíria por Othon, jamais imaginei que ela fosse se atrever a invadir meu lar justo quando estávamos celebrando o aniversário dele. O que ela pensava que estava fazendo ali? Como ousava entrar na minha casa sem permissão? Respirei fundo, tentando controlar os nervos, enquanto a observava parada no vão da porta, um brilho estranho em seus olhos. — O que você está fazendo aqui, Valquíria? Othon foi o primeiro a
ValquíriaNão havia tempo para pensar em estratégias ou planos meticulosos. A raiva impulsionava cada passo meu, enquanto eu atravessava o corredor em direção à sala de estar onde Othon e Karen estavam.O meu coração batia com uma mistura de excitação e raiva enquanto entrava na casa de Karen, mesmo sem ter sido convidada, pois isso pouco me importava. O meu desejo de confrontar Karen e Othon era mais forte do que qualquer etiqueta social. Eu não posso permitir que o homem que amo seja tirado de mim por outra mulher. Pior ainda, uma mulher promíscua, que não pensou duas vezes antes de transar com Othon apenas poucas horas após conhecê-lo. Foi doloroso ver o rosto de Karen estava iluminado por um sorriso radiante, seus olhos brilhando com emoção. Ao me fazer visível para todos os presentes na sala. Karen olhou de um para o outro, sua expressão mudando de alegria para confusão e preocupação.Eu senti uma onda de desprezo crescer dentro de mim. Como ousavam comemorar o aniversário de O
ColinMinha última noite em Curitiba foi uma névoa de emoções confusas. Após a visita de Othon, desci para o bar do hotel em busca de distração. O álcool parecia a única forma de amortecer a culpa que estava sentindo, então bebi até perder a noção do tempo e do espaço. Lembro-me vagamente de encontrar uma mulher solitária no bar, e juntos nos afogamos em mais bebida.Ao despertar na manhã seguinte, a ressaca era o menor dos meus problemas. Estava deitado ao lado dela, com fragmentos de lembranças da noite anterior dançando em minha mente turva. A manhã seguinte sempre é difícil, mas daquela vez foi ainda mais estranha. Eu sequer lembrava o nome da minha acompanhante. Para o meu alívio, a sua primeira ação ao abrir os olhos foi perceber a grande besteira que fizemos e pular da cama. Após passar no banheiro, acredito que em uma tentativa de melhorar a sua aparência, ela voltou ao quarto apenas para dizer um “A gente se vê por aí” e saiu apressada, enquanto eu apenas tentava ordenar as
KarenEu me vi completamente paralisada quando Valquíria apontou a arma em minha direção. Era como se o tempo tivesse desacelerado, cada segundo se esticando até parecer uma eternidade. Minha mente estava turva de choque, incapaz de processar completamente o que estava acontecendo.O som ensurdecedor do tiro ecoou pela sala, e eu fechei os olhos instintivamente, esperando pelo impacto da bala. Mas nada aconteceu. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor, interrompido apenas pelo ranger de meus próprios dentes em antecipação ao que viria a seguir.Quando finalmente tive coragem de abrir os olhos, fui recebida pela visão da raiva ardente estampada no rosto de Valquíria. Colin estava lá, segurando-a por trás e mirando a sua arma em direção ao teto, impedindo-a de disparar novamente. Mas Valquiria lutava contra os braços de Colin, sua determinação quase selvagem enquanto tentava se libertar de seu domínio. Othon, Noah e o seu pai também se aproximaram, juntando-se a Colin na tentativa d
OthonEu mal consegui acreditar nos meus próprios olhos ao ver a cena chocante de Valquíria desferindo um tiro. O caos estava instalado, mas Valquiria me encarava com olhos frios e um sorriso satisfeito em seu rosto. Eu estava perplexo demais para conseguir elaborar uma frase coerente, enquanto me ajoelhava ao lado de Colin, tentando conter os estragos e prestar os primeiros socorros.— Alguém chama uma ambulância! — gritei, lutando para fazer minha voz se sobrepor ao caos reinante na sala. — Papai, Noah, segurem-na! E chamem também a polícia.Eu não precisei especificar sobre o que eu estava falando. Eles entenderam perfeitamente que se tratava de Valquíria, que permanecia imóvel, como se estivesse contemplando seu ato som
KarenOs últimos três meses foram como uma montanha-russa emocional para todos nós desde que Colin foi baleado por Valquíria. Seu estado de saúde permaneceu delicado durante semanas, enquanto ele lutava em coma. Todos nós esperávamos ansiosamente, rezando e suportando o peso angustiante de ver um amigo tão corajoso nesse estado.Como enfermeira na mesma ala onde Colin estava internado no hospital central,eu caminhei lentamente até o quarto onde ele estava internado. Quando cheguei para minha visita habitual, meu coração disparou ao perceber que Colin estava acordado, seus olhos varrendo o quarto em uma tentativa de compreender o que estava acontecendo. Um choque de alegria percorreu meu corpo, uma vontade avassaladora de gritar e pular de felicidade. Mas contive-me, sabend
KarenEu entrei no banheiro feminino com pressa, sentindo cada passo ecoar no corredor do hospital. Minha respiração estava rápida e superficial, meu estômago se retorcendo com uma sensação familiar de náusea. A ansiedade me consumia, e eu temia não conseguir chegar ao reservado a tempo.Finalmente, alcancei a privacidade do reservado e deixei-me despejar tudo no vaso sanitário. O som do meu próprio vômito era ensurdecedor, ecoando contra as paredes brancas do banheiro. Fechei os olhos com força, tentando bloquear as sensações horríveis que me dominavam.Quando finalmente terminou, meu corpo sentiu um alívio momentâneo, mas meus ouvidos ainda zumbiam com a intensidade do momento. Respirei fundo várias vezes, tentando acalmar meu coração que parecia querer saltar do peito.Foi então que percebi o som vindo do reservado ao lado. Alguém mais estava passando pelo mesmo tormento que eu acabei de enfrentar. Os ruídos familiares de alguém vomitando ressoavam no ar, criando novamente a sensaç
OthonOs meus passos ecoavam pelo corredor do hospital enquanto eu seguia em direção à ala onde Karen estava. Minha mente estava envolta em pensamentos sobre o que poderia ter levado Karen ao laboratório.Quando a sua secretária comentou que a viu naquela ala do hospital, a preocupação inundou todo o meu ser. Será que ela estava doente e não me contou? Aquilo era bastante provável, levando em consideração que Colin acabou de despertar de um coma de três meses e que ainda está fazendo a sua reabilitação para só então poder receber a sua alta hospitalar.Foi com grande ansiedade que entrei na sala onde Karen estava esperando pelo resultado do seu exame de sangue e encontrei-a com u