ColinQuando Letícia não respondeu à minha mensagem, fiquei profundamente chateado. Eu realmente queria que meus pais conhecessem a mulher que carregava minha filha. Não imaginava o quanto sentia falta de uma família até o momento em que meus pais vieram ao meu apartamento e sugeriram conhecer Letícia. Agora, esse encontro se tornou algo que eu ansiava desesperadamente, e a falta de retorno de Letícia me deixou inquieto.Enquanto o tempo passava sem nenhuma resposta, minha mente começou a se encher de preocupações. Será que ela estava bem? Será que algo havia acontecido? Não queria que Letícia se sentisse pressionada, mas precisava falar com ela. Após mais de uma hora sem resposta, decidi ligar.Quando ela finalmente atendeu, o tom de sua voz me atingiu como um soco no estômago. Algo estava errado, muito errado. Não perdi tempo em perguntar detalhes. Apenas peguei minhas chaves e saí o mais rápido possível, meu coração acelerado de ansiedade e medo.A preocupação por seu estado e a ne
LetíciaFechei os olhos, tentando me conter. Estava prestes a desabar em lágrimas, mas não queria fazer isso na presença de Colin. Não queria que ele soubesse o quanto estava fragilizada naquele momento, nem que se sentisse na obrigação de estar ao meu lado. Se ele continuasse no hospital, queria que fosse por desejo próprio, e não por qualquer pressão da minha parte.Quando Colin sugeriu fazer as ligações que eu precisava, quase suspirei de alívio. Não conseguia falar com ninguém naquele momento, mas desejava que minha mãe e minhas melhores amigas soubessem o que estava acontecendo. Colin também precisava saber que eu não estava sozinha, que haviam pessoas que poderiam estar ao meu lado naquele momento, o que talvez o deixasse menos pressionado.Mas tão logo ele saiu do quarto, não consegui mais conter o pranto e desabei em lágrimas. O medo era esmagador, um pavor de algo terrível acontecer com minha filha. Enquanto chorava copiosamente, segurei minha barriga de maneira protetora, co
ColinPassei a noite toda ao lado da cama de Letícia, em uma poltrona desconfortável que não fazia jus à minha altura de 1,90m. Minhas pernas estavam doloridas e eu sabia que provavelmente acordaria com dores no corpo, mas nada disso importava. O que realmente me importava era estar ali, perto dela, cuidando dela, mesmo que apenas em silêncio.Enquanto Letícia dormia, observei seu rosto tranquilo. A cada respiração suave, sentia que meus sentimentos por ela estavam se tornando mais fortes, mais profundos. Finalmente, eu estava livre da obsessão por Valquíria. Aquela sensação sufocante de que ela ainda tinha um controle sobre mim havia desaparecido. Agora, havia espaço em meu coração, e Letícia, com toda sua beleza interior e exterior, estava ocupando cada vez mais desse espaço.Não conseguia deixar de pensar no motivo pelo qual Letícia era tão reservada, tão resistente a deixar alguém se aproximar de verdade. Enquanto a observava, a conclusão parecia inevitável: alguém a machucou prof
LetíciaAo chegar em casa e ver minha mãe me esperando, um misto de alívio e desconforto me invadiu. Eu estava exausta e queria apenas me deitar e tentar esquecer o que tinha acontecido nas últimas 24 horas. Colin, por outro lado, parecia não ter a menor intenção de ir embora, o que me incomodava mais do que eu gostaria de admitir.— O quarto está pronto para você descansar, querida — disse minha mãe, com aquele tom suave e carinhoso que sempre usava quando estava preocupada.Antes que eu pudesse responder, Colin se ofereceu prontamente.— Deixe-me ajudá-la a subir as escadas, Letícia.Aquilo me atingiu de
ColinEnquanto eu observava Letícia naquela manhã, não conseguia parar de admirá-la. Mesmo com o olhar cansado, havia algo em sua postura que a fazia parecer resplandecente. A maquiagem leve escondia parte do cansaço, mas eu sabia que ela não tinha dormido bem. Sua afirmação sobre ter tido uma boa noite de sono foi claramente uma mentira, mas escolhi não contestá-la. Também não havia dormido direito após a forma como nos despedimos no dia anterior. O modo como ela me dispensou, com tanta frieza, ainda mexia comigo.Passei o domingo inteiro refletindo sobre as palavras de Letícia. O jeito abrupto com que ela me afastou me magoou mais do que eu gostaria de admitir. A cada hora que passava, ficava mais evidente para mim que ela estava tentando manter uma distância emocional, mas eu não sabia ao certo por quê. No entanto, a tarde trouxe uma surpresa que mudou a forma como eu estava vendo a situação. Uma nova visita dos meus pais foi como um divisor de águas.Foi a primeira vez, em muitos
LetíciaA tensão invadiu meu corpo assim que ouvi as palavras de Colin. A forma como ele disse que estava ótimo "agora que estava ao meu lado" me pegou de surpresa. Por um momento, meu coração acelerou e eu me perguntei se ele estava falando de mim, Letícia. Mas logo entendi. Ele estava falando da nossa filha. Era claro que ela já era uma das pessoas mais importantes da vida dele, mesmo que ainda não tivesse nascido. Eu me repreendi mentalmente por ter imaginado outra coisa, por ter deixado, mesmo que por um segundo, a ideia de que ele estivesse se referindo a mim para tomar conta da minha mente.— Eu… preciso ir — Avisei de forma rápida.— Eu volto para buscá-la — Colin avisou, mas eu mal ouvi suas palavras.Saí sem dizer mais nada, tentando evitar prolongar aquela conversa. No entanto, mesmo enquanto caminhava pelo hospital, as palavras de Colin ecoavam na minha cabeça, me perturbando mais do que eu gostaria de admitir.No almoço, decidi que não podia continuar guardando tudo para m
ColinOlhei para o relógio em meu pulso e vi que já estava na hora de buscar Letícia no hospital. Um sorriso se formou automaticamente no meu rosto, algo que se tornou quase um reflexo quando pensava nela. Nos últimos dias, estabelecemos uma rotina que, por mais simples que fosse, trazia uma sensação de proximidade e familiaridade que eu não queria perder.Todas as manhãs, eu chegava cedo na casa dela, tomávamos café juntos. Também sempre havia Rita, sua mãe, nos acompanhando. Ao final do expediente no hospital, eu sempre estava em frente ao hospital, aguardando-a. Rita era uma figura acolhedora, uma mãe incrível para Letícia, e a cada dia eu sentia que ela estava se tornando minha maior aliada na tentativa de conquistar o coração da filha. A forma como ela cuidava de Letícia, como olhava para mim com gentileza e compreensão, fazia com que eu me sentisse parte daquela família, mesmo que Letícia ainda resistisse.Mas hoje, eu tinha um novo propósito. Depois da consulta com o obstetra
ColinQuando deixei Letícia em casa após o jantar, senti que a noite tinha sido um sucesso, mas ainda não estava pronto para me despedir. Mesmo quando ela insistiu que eu não precisava acompanhá-la até a porta, ignorei. Queria aproveitar cada momento, e essa era minha chance de levar a conversa a um próximo passo.Assim que chegamos à porta, senti que era o momento certo para tocar no assunto que vinha guardando desde o início do jantar.— Letícia, eu queria pedir algo — comecei, mantendo o tom casual, mas firme. — Eu gostaria que você conhecesse meus pais. Isso é muito importante para mim.Ela pareceu hesitar, e logo percebi a resistência habitual vol