Carolina O ato parece demorar uma eternidade, mesmo que a carne suporte a dor as marcas dos rasgos feitos na alma sangram, o objetivo era derrubar alguns dos meus tijolos na muralha que construi para proteger meu coração. Razmunikin conseguiu abalar cada uma das minhas estruturas, seus gritos roucos enquanto empurra o meu corpo para a frente fazendo a pele deslizar pelo liquido que fica grudento, puxo o ar pelo nariz e acabo sentindo a bile regurgitando. Fazendo o ardor subir com força enquanto o vomito escapa pelos meus lábios sem ter forças para afastar os cabelos. Sua risada ecoa pelo lugar, a mão direita envolve o meu ombro com força apertando para tomar mais controle. Choro alto, com soluços fortes. “O som do seu choro é excitante Carolina.” Ele bate na minha bunda. “É por isso que ele casou com você não é?” Fico calada buscando segurar os pedaços do meu maldito coração, os olhos azuis de uma das garotas parece ler cada uma das minhas dores, cada pedaço dos meus pecados, as m
NicklausRetiro o celular do bolso enquanto limpo a lâmina da faca no blazer preto.“Alguma coisa está acontecendo”Bufo impaciente para as palavras repetidas do meu irmão, é como dar voltas em um carrossel.“Não e esse o motivo pelo qual estou a quase quinze dias fazendo uma limpeza pelos condados do país?” Questiono.“Você não está entendendo irmão”Posso até ver a forma como deve estar nervoso passando a mão nos fios loiros.“Explique melhor, então.”“Carolina sumiu.”“O que?!” Rosno quase perdendo a compostura na frente dos soldados que fazem uma limpeza no galpão sujo de corpos mutilados.“Três dias depois que você viajou, ela sumiu por horas”“E você está me contando isso agora porra?”A fúria que sinto apenas lateja um pouco mais dentro do peito fazendo tudo queimar, a preocupação com aquele anjo é assustadora.Sentir uma emoção tão injusta como essa é para aquele que podem sonhar com o paraíso, não faz o meu tipo.“Precisava verificar tudo antes de falar com você principalment
Sabe qual o maior problema dos jogadores? A gana para ganhar sem suportar o peso da derrota, ao entrar em um jogo a necessidade da competição instalada em nossas mentes desde a infancia busca uma aprovação que só vem com a vitória. E o que eles inventam agora? Dar a todos a vitória, mas nenhum deles experimentou o gosto dela nem aceitaram ou provaram do gosto azedo da derrota. Apenas fingiram que não existia e seguiram adiante. Como sei disso? Se fosse um homem fraco como eles, poderia ter seguido em frente descartando o gosto azedo em perder a minha garota, mas, ao contrário foi o desejo de sentir o sabor doce da vitória que permanece alimentando cada uma das minhas expectativas. Por isso quando descubro que Nicklaus irá antecipar a volta para casa, tenho a certeza de que algo no plano original deu errado. Um homem desprecavido? Esse não sou eu. Na verdade abrir mão de uma peça ou duas é fundamental para vencer no xadrez, no caso, a quantidade de corpos que ficam no caminho ban
Nicklaus Quais as probabilidades de um raio cair no mesmo lugar duas vezes? Pelo que os noticiarios dizem, os cientistas continuam a todo momento elaborando novas teses sobre essa possibilidade. Então, qual a possibilidade em precisar matar a própria esposa uma segunda vez?Micaela não foi nada além de um maldito acordo, mas preciso admitir o quanto a descoberta da traição abalou a porcaria do meu ego junto a sensação de que algo maior estava indo pelo esgoto. Ninguém que vive ao redor da máfia mantém segredos escondidos por muito tempo sem realizar trocas, sem buscar ganhar algo, somos naturalmente ambiciosos e invejosos. Seja quem for que tenha encoberto Micaela pode estar fazendo o mesmo agora com Carolina, o que ainda não entra na minha cabeça enquanto assisto novamente a gravação recuperada exibindo Razmunikin a levando e a trazendo de volta, o que os dois tem em comum? Levo as pontas dos dedos aos lábios secos pela ansiedade e agitação, coisas que jamais imaginei sentir com
CarolinaSou incapaz de continuar olhando para ele, preciso inspirar profundamente em busca de alguma maneira para recuperar as forças que sinto serem sugadas da minha alma enquanto as minhas mãos não param de tremer. Pisco violentamente tentando afastar as lágrimas mesmo sentindo os pedaços do meu coração se desfazendo diante de cada memória dolorosa. “Você disse que iria me proteger.” Sussurro enquanto curvo os ombros para frente. Dói de uma maneira avassaladora, o oxigênio que entra em meus pulmões machuca, o som dos seus passos se aproximando é o suficiente para ter uma reação, ergo-me da cadeira rapidamente colocando um espaço entre nós dois ainda maior. “E eu falhei.” Sua voz ainda se parece dolorida. Encontro com o olhar âmbar cheio de emoções que não consigo ler, a barba desfeita e as olheiras marcadas, o cabelo um pouco maior bagunçado. “Fiquei sozinha aqui, abandonada.” Declaro com mais força. “Onde você estava Nicklaus?”Ele ergue a mão passando nos fios por um momento
Carolina Dou passos para trás buscando fugir, preciso de um motivo para escapar da realidade, desses sentimentos, mas ele não me dá espaço, a cada passo que dou ele vêm mais furioso. Seu olhar engole cada uma das minhas dúvidas, em um mês dessa loucura na qual estamos vivendo o mundo parece ter começado a rodar para o lado oposto em um caos completo, que tipo de pessoas nos transformamos? “Diga que é mentira.” Falo como uma ordem. A necessidade em impor uma distância entre nós dois e um ódio do qual não reconheço, é por culpa dele que voltei para o inferno, culpa dele que o meu passado tenha fugido da caixa de Pandora. Ele aperta os olhos enquanto dou a volta na mesa como uma presa sendo perseguida. “Eu gostaria que fosse!” Responde com o tom de voz violento em uma admissão. O ar a nossa volta é tóxico, enquanto tento colocar uma distância entre nós, ele avança. A declaração dele se parece com uma corda dando voltas ao redor do meu pescoço. “Diga Carolina, o que mais te assust
Carolina Observo a inabitual luz escapando pelo espaço da porta aberta, atraindo-me para o lar da besta, o silêncio da mansão em nada se compara as vozes enlouquecidas da minha mente gritando, brigando, disputando um lugar sem saber como falar ou como agir, deixando apenas o imoral tomar conta e guiar os meus passos. Meus pés descalços tocam o carpete, atravesso o beiral da porta sem quebrar o silêncio, a pouca luz que ilumina vem do closet e da lua que invade pela varanda aberta, as pesadas cortinas nem ao menos se movem com o vento frio.Já o alvo do meu desassossego respira profundamente deitado no meio da cama entre os lençóis de seda no tom marfim, o painel combinando com o estrado de madeira rústica trabalhados formando ondas que levam ao brasão esculpido no painel logo acima da cabeça dele. Seu corpo divino desnudo, exposto, coberto apenas pela calça de moletom, deixando as tatuagens traçadas em cada uma das curvas do peitoral, os piercings nos mamilos brilhando e a barriga pl
NicklausBato a porta pesada sentindo o cheiro próprio sangue escorrendo pelo peito enquanto caminho descalço pelo piso de madeira, a fúria que emana de cada poro é capaz de incendiar tudo ao redor. Passo pela porta do consultório fechado caminhando pelo corredor finalmente alcançando as escadas que levam ao nível inferior, entro dentro do espaço de treinamento encontrando Dimitri sem camisa batendo contra um saco de pancadas apenas com um par de faixas brancas.Os nós dos dedos se abrindo em cada pancada forte fazendo o sangue manchar o tecido e o equipamento."Que merda foi essa no seu peito?" Para questionando.Como uma locomotiva não espero que os sinais de segurança se acendam apenas avanço erguendo o punho e acertando com força seu maxilar fazendo o bastardo cuspir sangue. Desfiro outro golpe com o punho esquerdo antes que se recupere, dessa vez Dimitri parece estar preparado com um maior apoio nos pés,se esquivando. "Não sou o seu saco de pancadas idiota" Ele grita desferindo