CarolinaSou incapaz de continuar olhando para ele, preciso inspirar profundamente em busca de alguma maneira para recuperar as forças que sinto serem sugadas da minha alma enquanto as minhas mãos não param de tremer. Pisco violentamente tentando afastar as lágrimas mesmo sentindo os pedaços do meu coração se desfazendo diante de cada memória dolorosa. “Você disse que iria me proteger.” Sussurro enquanto curvo os ombros para frente. Dói de uma maneira avassaladora, o oxigênio que entra em meus pulmões machuca, o som dos seus passos se aproximando é o suficiente para ter uma reação, ergo-me da cadeira rapidamente colocando um espaço entre nós dois ainda maior. “E eu falhei.” Sua voz ainda se parece dolorida. Encontro com o olhar âmbar cheio de emoções que não consigo ler, a barba desfeita e as olheiras marcadas, o cabelo um pouco maior bagunçado. “Fiquei sozinha aqui, abandonada.” Declaro com mais força. “Onde você estava Nicklaus?”Ele ergue a mão passando nos fios por um momento
Carolina Dou passos para trás buscando fugir, preciso de um motivo para escapar da realidade, desses sentimentos, mas ele não me dá espaço, a cada passo que dou ele vêm mais furioso. Seu olhar engole cada uma das minhas dúvidas, em um mês dessa loucura na qual estamos vivendo o mundo parece ter começado a rodar para o lado oposto em um caos completo, que tipo de pessoas nos transformamos? “Diga que é mentira.” Falo como uma ordem. A necessidade em impor uma distância entre nós dois e um ódio do qual não reconheço, é por culpa dele que voltei para o inferno, culpa dele que o meu passado tenha fugido da caixa de Pandora. Ele aperta os olhos enquanto dou a volta na mesa como uma presa sendo perseguida. “Eu gostaria que fosse!” Responde com o tom de voz violento em uma admissão. O ar a nossa volta é tóxico, enquanto tento colocar uma distância entre nós, ele avança. A declaração dele se parece com uma corda dando voltas ao redor do meu pescoço. “Diga Carolina, o que mais te assust
Carolina Observo a inabitual luz escapando pelo espaço da porta aberta, atraindo-me para o lar da besta, o silêncio da mansão em nada se compara as vozes enlouquecidas da minha mente gritando, brigando, disputando um lugar sem saber como falar ou como agir, deixando apenas o imoral tomar conta e guiar os meus passos. Meus pés descalços tocam o carpete, atravesso o beiral da porta sem quebrar o silêncio, a pouca luz que ilumina vem do closet e da lua que invade pela varanda aberta, as pesadas cortinas nem ao menos se movem com o vento frio.Já o alvo do meu desassossego respira profundamente deitado no meio da cama entre os lençóis de seda no tom marfim, o painel combinando com o estrado de madeira rústica trabalhados formando ondas que levam ao brasão esculpido no painel logo acima da cabeça dele. Seu corpo divino desnudo, exposto, coberto apenas pela calça de moletom, deixando as tatuagens traçadas em cada uma das curvas do peitoral, os piercings nos mamilos brilhando e a barriga pl
NicklausBato a porta pesada sentindo o cheiro próprio sangue escorrendo pelo peito enquanto caminho descalço pelo piso de madeira, a fúria que emana de cada poro é capaz de incendiar tudo ao redor. Passo pela porta do consultório fechado caminhando pelo corredor finalmente alcançando as escadas que levam ao nível inferior, entro dentro do espaço de treinamento encontrando Dimitri sem camisa batendo contra um saco de pancadas apenas com um par de faixas brancas.Os nós dos dedos se abrindo em cada pancada forte fazendo o sangue manchar o tecido e o equipamento."Que merda foi essa no seu peito?" Para questionando.Como uma locomotiva não espero que os sinais de segurança se acendam apenas avanço erguendo o punho e acertando com força seu maxilar fazendo o bastardo cuspir sangue. Desfiro outro golpe com o punho esquerdo antes que se recupere, dessa vez Dimitri parece estar preparado com um maior apoio nos pés,se esquivando. "Não sou o seu saco de pancadas idiota" Ele grita desferindo
CarolinaMinhas pálpebras pesam uma tonelada é como ter cada energia do corpo roubada, as memórias que retornam em meio a escuridão atordoam os meus pensamentos, sinto a saliva escorrendo pela garganta de uma maneira forçada preciso forçar a garganta para tossir. É quando finalmente consigo piscar, a luz esbranquiçada de hospital atrai minha atenção. A briga com Nicklaus, sua declaração sobre estar apaixonado, o meu surto de ciúmes para terminar naquela cena patética em que gritei por ele até perder as forças, a dor no ventre e o sangue nas minhas pernas se somando a fraqueza. O quanto alguém pode se perder nas próprias convicções ao ponto de enlouquecer de ciúmes?Quando me tornei essa mulher insegura, ciumenta e possessiva? Ou pior já existia essa parte dentro de mim? E esperava apenas por alguém como Nicklaus para ser despertada?“Às vezes você pensa demais.” A voz grave e baixa atrai minha atenção para o homem dos meus pensamentos. Sentado em uma cadeira reclinável próxima dem
Carolina Ele se afasta deixando as palavras pesando no meu coração tolo. De tudo o que passei até aqui perceber que este homem não nutre sentimentos nem por si próprio ou pelo próprio sangue é fácil, mas acreditar que de alguma forma maldita estamos entrelaçados para suportar uma vida inteira entre loucuras e um amor feliz é difícil. Na realidade, cheguei a acreditar que a morte seria um benefício mais digno do que prosseguir e agora, ele desmonta cada um dos tijolos que usei para proteger o meu coração.“Você não é mais uma esposa troféu, não é apenas a barriga do meu herdeiro." Declara. Preciso controlar a minha respiração ao sentir a mão enorme cobrindo toda a lateral do meu rosto num carinho cheio de sonhos impossíveis. As memórias doloridas com as palavras cheias de raiva e ódio, o modo como senti estar sendo usada por ele, sendo apenas um pedaço de carne, me faz balançar a cabeça em negação."Nicklaus…. Te amar é impossível…"Nao consigo nem olhar para ele, amar um homem que
CarolinaAs horas se passam e ao contrário do que imaginei, Nicklaus permanece ao meu lado o tempo todo, comandando o seu império enquanto afaga os meus cabelos. Dimitri sofre com isso diante de tantas exigências, mas consigo ver várias vezes o pequeno sorriso que dá quando abre a porta do quarto. Quando o dia amanhece já estou impaciente para receber alta."Não vamos para a mansão." Declara de maneira rígida sem perder o tom autoritário."Lá ainda não é seguro?" " Não, além disso falei que comprei uma casa para nós dois." Ele resmunga dando um beijo na minha testa.Mordo o lábio inferior nervosa com a definição de nós dois e esse modo pacífico que estamos aqui, como se a qualquer momento essa bolha fosse se desmanchar."Não precisa se preocupar tanto." Sua voz soa rouca perto demais da minha orelha. Sinto os mamilos doerem contra o tecido da roupa hospitalar. Ergo o rosto encontrando o olhar intenso. "É só que não parece que isso entre nós é real" Admito."Não somos se você não q
NicklausA sensação de estar deixando uma parte do meu peito no apartamento parece roubar um pouco do folego, entretanto, negócios precisam ser resolvidos e honestamente ficar em casa não é tão excitante quanto mutilar alguns babacas que imaginam ter poder na organização. Acredito que chegou o momento certo para mostrar a eles, o que faz de mim filho do meu pai. Nem mesmo o conselho foi informado do que aconteceu com Carolina, não lhe daria esse gosto. Cada homem é uma ameaça, seus rostos e suas promessas de lealdade são tão falsas quanto a necessidade humana em buscar redenção para todos. A maldade nasce com cada coração misturado ao desejo de guerra e assim, construímos nações, condenamos crianças a miséria e mantemos a busca incessante por redenção.Quando atravesso o saguão do prédio fugindo do estacionamento, confirmo a ausência de pessoas, com certa quantidade de dinheiro nas mãos tudo se torna possível até mesmo brincar de deus. Abro um sorriso curto ao pisar na calçada, entra