Cap.05

Meia hora depois, paramos de brincar de vôlei. Carminha nos trouxe um suco de maracujá delicioso e uma dose de whisky para o senhor gostosão Ferri.

Meu patrão entregou o copo a Sophia e em seguida o meu, seus dedos deslizaram em minha na minha mão de uma forma demorada, um toque lento e quente. Ele não tirava os olhos dos meus, Deus do céu! Não consigo entender o que está acontecendo comigo, quando o assunto é o senhor Maurice, eu fico fora de órbita.

Ouvi uma tosse e percebi que a pequena Sophia engasgou com o suco, a peguei rapidamente e saí da piscina com ela nos meus braços e de costas para mim, eu estava realizando a manobra de Heimlich Fiquei de joelhos atrás da Sophia e apoiei a lateral do meu pulso, quatro dedos acima do seu umbigo e apertei, na primeira vez não adiantou, percebi que o rostinho branco da Sophia estava vermelho e seus lábios ficando roxos.

Tentei mais uma vez, ela tossiu e não obtive resultado, mas na terceira tentativa, ela ficou bem e sua tonalidade de pele foi voltando ao normal, seus lábios ficando rosados novamente. Foi um baque, já estava prestes a entrar em pânico.

— Você está bem, Sosô?— Perguntei aliviada.

— Estou Mel. — Ela respondeu, manhosamente, começou a chorar e eu a abracei.

— Foi só um susto, princesa, não tenha medo, estou aqui. — Tentei amenizar.

O senhor Maurice me observava estarrecido, sua expressão era de angústia. Meu patrão não conseguia dizer uma palavra sequer e seus lábios estavam pálidos.

Quando percebeu que Sophia estava fora de perigo, se aproximou e pegou a filha dos meus braços, em um silêncio preocupante.

A carregou até uma das espreguiçadeiras, em volta da piscina. Ele se sentou com a filha no colo e ela se aninhou no peito do pai, enquanto ele a abraçava forte, falava palavras de conforto.

— Calmabprincesa, o papai está aqui, nunca vou te abandonar. Foi apenas um susto, papai te ama muito! — dizia, enquanto acariciava os cabelos da filha.

Senti um medo imenso que acontecesse o pior com essa menina. Sophia ganhou um espaço especial em meu coração, desde a primeira vez que a vi, me encantei com ela. Lágrimas brotaram em meus olhos, sem aviso. Dei-me conta do estresse que acabei de vivenciar, meu corpo trêmulo avisa que o nível de adrenalina foi muito alto.

Foi muitos anos da minha vida cuidando dos meus primos pequenos, aprendi muito com eles. Tenho sede de conhecimento, sempre gostei de ler. Eu tinha livros de primeiros socorros e tudo que precisava para mantê-los bem. E também tinha livros de receitas para comidas de bebês, mas o que realmente mandava, era a prática. Cada dia uma nova experiência, um novo aprendizado. Não tínhamos acesso à ‘internet’ com frequência, então os livros ajudaram bastante naquela época.

— CARMINHA?

Maurice a chamou e ela veio correndo. Ele entregou a filha adormecida a ela e pediu que a levasse para dentro. Levantei da borda da piscina, ia seguir a Carminha, no entanto, meu patrão me pediu para eu me sentar ao seu lado.

— Muito obrigado, Melinda!

Seus olhos assustados e brilhantes ao mesmo tempo, suplicavam por algo.

***

Maurice Ferri.

— Desculpa por duvidar da sua capacidade, o emprego é seu. Você realmente sabe cuidar de uma criança. Fico tranquilo em saber que minha amada filha está em ótimas mãos.

Ela sorri agradecida.

— Sabe, Melinda, hoje pela manhã, eu vi em você uma mulher frágil, perdida, atrapalhada e fraca. Quem em sã consciência aparece em uma entrevista de emprego sem um currículo? Agora sei o quanto eu estava errado.

— Está tudo bem, Maurice. 

— Eu precisava te testar, subestimar, precisava fazer o que fiz, você entende? Você foi escolhida para cuidar do meu bem mais precioso, minha jóia mais rara! Sophia é tudo o que eu tenho. Você me surpreendeu mostrando coragem, bravura, me enfrentou lutando por seu emprego.

Riu ele, carismático, revelando dentes perfeitos.

— Passou um pouco dos limites, mas no final, tudo deu certo.

— Não precisa agradecer, senhor Maurice, esse é o meu trabalho! Além disso, eu já me apeguei a Sophia e por ela eu faria tudo novamente, espero não precisar é claro.

Seu sotaque do interior me encanta, é diferente e ela tem uma voz que me traz calmaria e tempestade. 

— Se você quiser entrar para se trocar, pode ficar à vontade e, mais uma vez, obrigado! — Agradeceu levantando do seu assento.

Observei Melinda sorrir e caminhar em direção à casa. Lindas curvas, pele maravilhosamente bronzeada, belíssima. Eu a observo, enquanto ela caminha para a área interna da casa, eu me perdi em pensamentos vendo aquele lindo corpo curvilíneo caminhar a minha frente.

Não sei o que aconteceu comigo quando a Sophia engasgou. Fiquei estático. Nunca passei por isso e nunca imaginei assistir à minha princesa, correndo perigo. Não conseguia agir, literalmente, não consegui e isso está me incomodando muito!

No entanto, Melinda tomou a frente de tudo, agiu rápido, tanto que não tive tempo de pensar. Enxerguei nos olhos dela, uma preocupação que nunca jamais vi nos olhos da Bárbara. Melinda se preocupou de verdade com o bem-estar da minha filha, e não só pela vaga de trabalho.

Quando minha pequena respirou, nós três respiramos juntos. Melinda ofegava, acalmava minha filha, como se fosse dela também. Quando a chamei, olhei em seus olhos e vi que ela estava aliviada e emocionada, ela tremia tentando disfarçar, mas nada passa por mim sem ser muito bem registrado. Os olhos da linda revelam muito sobre ela.

Estou muito satisfeito com a babá que minha "digníssima esposa" arranjou. Minha filha é muito carente do amor de mãe. Bárbara dá mais atenção às suas coleções de joias e sapatos, do que a filha. Isso é desumano, é uma covardia que eu não sei descrever e fui taxativo com ela com relação a isso que ela faz com a nossa filha.

"Não vejo a hora desse inferno acabar".

Minha esposa é muito vazia, vive para viagens e esbanjar riquezas, não posso esquecer seu amante, ela é mesmo muito inocente se pensa que pode esconder algo de Maurice Ferri. Nada passa despercebido por mim, nada!

***

Era um dia muito importante. Eu teria duas visitas de empresários de diferentes empresas, donos de joalherias muito bem conceituadas. Eu iria fechar grandes negócios com eles e seria um passo muito grande e importante para Ferri's Gem, minha empresa que eu tanto me orgulho em ter reerguido com muito sacrifício.

O empresário Robert Landsteiner, me enviou um contrato para comprar milhões em minhas joias e levar para sua nova joalheria no Leblon, bairro nobre do Rio de Janeiro. Mohamed Hajime iria fechar um contrato para a compra de mais alguns milhões em jóias, para exportar ao Marrocos. O que seria incrível para a minha empresa.

Mohamed trabalha com pedras preciosas, isso é maravilhoso, pois quando entrei no ramo das gemas, queria muito exportar e expandir meus negócios pelo mundo. Ele adorou as joias produzidas em minhas empresas. Como o mesmo diz, trabalhamos com os melhores em lapidações no mundo, as deixando com um toque especial e único!

Quase na hora dos meus clientes chegarem na "Ferri's Gem", eu não encontrava minha pasta, não estava em lugar algum. Foi aí que me lembrei que, antes de sair de casa, fui até a cozinha comer algo e deixei minha pasta em cima da mesa, enquanto tomava o maravilhoso café que a Marlene, a antiga empregada, havia preparado muito bem. No fim das contas, acabei saindo sem minha pasta.

Quando cheguei em minha casa, para buscar a bendita pasta, estranhei ver o carro do meu irmão estacionado em frente à entrada social. Não me lembro de tê-lo convidado e também não me informou que iria me visitar. Fiquei preocupado, pois, minha mãe não estava bem de saúde. Cheguei a pensar que algo ruim tivesse acontecido com ela e, meu querido irmão optasse por me falar pessoalmente.

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