Dois dias depois...
Eu estava descendo as escadas quando notei a porta da frente ser aberta por um homem, pela roupa social de aspecto caro ele demostrava poder, a pele com um tom leve de amêndoa cintilava pela entrada da casa, ele carregava uma pasta preta em sua mão e tinha um olhar sério e distante, provavelmente ele estaria perdido nos eus próprios pensamentos. Não demorei muito para confirmar que aquele era o meu chefe, um homem elegante, rico e perigoso. Erik Fernandes. Olhos negros, cerca de um metro e oitenta, pele bronzeada, e barda por fazer. Eu já havia visto algumas fotos suas em alguns sites de fofocas, mas geralmente sua foto e seu nome estavam sempre atrelados as grandes investigações criminais. Assim que ele saiu em direção a um dos corredores e eu o perdi de vista acabei despertando dos meus pensamentos e me dei conta de que Josy me encarava com um olhar de repreensão. Ela caminhou em minha direção, em seu rosto um olhar tenso e os braços cruzados apenas confirmaram a sua irritação. Assim que ela se aproximou de mim eu apenas me encolhi e a olhei com confusão. Eu não entendia o que havia acontecido e me perguntava o que de tão grave eu tinha feito. Malu: - O que aconteceu? – perguntei tentando disfarçar minha cara de espanto. Josy: - O senhor Fernandes chegou. Então trate de fazer o seu serviço da melhor forma. Assim que possível mandarei alguém lhe chamar pois ele irá conhecê-la. No dia da minha entrevista Josy havia me informado que o chefe viajava muito, mas que ele conhecia cada um de nós, me perguntou se eu tinha algo a esconder e eu prontamente neguei. Ela me informou que por questão de segurança todos nos éramos investigados, levando em consideração que o nosso chefe é influente e lida com diversos criminosos. Na casa não é permitida a entrada de celulares assim como câmeras e depois objetos, porém a casa é monitorada por câmeras e vários outros equipamentos de segurança, lá fora, no jardim há vários e vários seguranças, todos armados e preparados para um possível ataque. Nos primeiros dias isso me afligia muito, mas aos poucos fui me acostumando e me sentindo bem mais segura do que quando eu estava na rua. Alguns minutos depois a outra empregada me avisou que Josy me esperava no escritório e que o senhor Fernandes também estava lá. Saí com passos rápidos e bati nervosa na porta, eu me sentia completamente deslocada na frente de um homem com um olhar tão intimidador como ele. Josy abriu a porta e me encarou autorizando a minha entrada e não pensei duas vezes em dar os primeiros passos para um dos poucos cômodos que eu não conhecia. Malu: - Bom dia! - Droga, minha voz saiu estremecida. Josy: - Senhor Fernandes, essa é a senhorita vilela, ela está ocupando o cargo de empregada doméstica. - falou com uma voz tranquila. Neste momento, achei que fosse desmaiar, enquanto o miserável não tirava os olhos de uns papéis. Era como se nós não estivéssemos ali, ele simplesmente nos ignorou. Alguns instantes depois, ele me olhou de forma vazia, suspirou e apenas falou: Erick: - Espero que cumpra o seu trabalho. - sua voz rouca pronunciou as palavras de seco, em seguida, voltou a olhar para o computador. Malu: - Com licença. - isso foi tudo o que eu consegui sussurrar. Sai de lá ainda nervosa e um pouco chateada pela forma com que ele não demonstrou sequer interesse em falar comigo. Pela primeira vez me senti inferior a ele, como se eu fosse um nada. Tentando me acalmar e afastar os pensamentos negativos resolvi focar no meu trabalho e isso até funcionou, porém, na hora do almoço todos deveríamos estar presentes na sala, enquanto o senhor Fernandes almoçava e isso de certa forma trouxe a tona o meu receio de me sentir mal novamente. A tensão se espalhava no ar, a maioria dos empregados que assim como eu estavam enfileirados na lateral da grande sala de jantar estavam em pânico. "Do que será que ele vai reclamar hoje?" Havia sido a pergunta de um dos ajudantes de cozinha enquanto tomávamos café algumas horas antes. Cada um tentava dar o seu palpite de como o nosso chefe estaria e do que ele iria reclamar. O grito me assustou e confirmou que cada um ali tinha razão em temê-lo. Erick: - Quanta irresponsabilidade. Os talheres da sobremesa estão invertidos. Quem foi o responsável por supostamente organizar a mesa? – questionou olhando cada um de nós. Marcos um dos cozinheiros deu um passo à frente, Erick o fuzilou com o olhar e não demorou muito para que ele quebrasse o silêncio que preenchia o ambiente. Marcos: - A culpa é minha, senhor. Eu me confundi e acabei trocando, não se preocupe, irei reorganizar agora mesmo. - falou de cabeça baixa. Erick: - Você pretende organizar enquanto estou aqui? Isso é um absurdo! Você recebe um salário para cumprir com obrigações que devem ser realizadas da forma certa. Por sua culpa eu perdi a fome. Caso você volte a cometer um erro desses, sinta-se convidado a ir trabalhar em outro lugar. - falou com a voz firme. Achei que ele fosse sair dali, que resolvesse voltar para o seu escritório ou quem sabe pudesse desaparecer por mais alguns dias. Mas ele apenas se virou encarando todos nós que mantínhamos a mesma postura e seriedade, mas eu sabia que por dentro cada um de nós queria gritar e dizer o quanto aquela situação era ridícula. Erick: - Todos vocês prestem atenção no que irei falar. Não existe erro pequeno ou grande, um erro sempre será um erro. Não quero pessoas que fazem as coisas sem prestar atenção. Caso estejam insatisfeitos, me procurem e eu assinarei a demissão com muito prazer. - concluiu o senhor Fernandes ao encarar todos nós. Senti um alivio quando ele levantou e subiu as escadas indo em direção ao escritório. Neste momento eu pude perceber que Marcos estava revoltado e os outros funcionários comentavam que não havia necessidade de tal situação. Eu estava chocada. Acho que nunca esperei que um homem tão bonito e jovem carregasse tanto rancor e má educação. Após o incidente, o senhor Fernandes passou a tarde trancado no escritório. Somente saiu na hora do jantar. Comeu em silêncio e nenhum de nós ousou fazer nada, apenas ficamos olhamos para frente e tentando esconder a indignação do que aconteceu mais cedo. O restante da noite passou tranquila. Antes de dormir pensei em tudo o que havia acontecido durante o dia e me perguntei por diversas vezes o que era capaz de tornar um homem tão arrogante e indiferente quanto ele. O dia amanheceu nublado e junto com ele o humor do patrão. Ele fez reclamações sobre o tempero da comida, sendo que a cozinheira não fez nenhuma mudança. Ele gostava de reclamar e eu não entendia o porquê de tanto mal humor. Eram cerca de dez horas da manhã e eu estava limpando a biblioteca, tomei o cuidado de fazer tudo com muito cuidado, eu temia ser a próxima da lista de funcionárias a levar reclamações, mas de nada adiantou, pois, agora estava eu levando justamente uma reclamação sem merecer. Desde que Josy me informou que eu deveria ir até o escritório do meu chefe eu percebi que o que eu mais temia tinha se confirmado e eu seria a próxima a qual ele descontaria a sua ira. Não demorou muito para que eu confirmasse as minhas suspeitas quando ele me olhou e começou as infinitas reclamações. Erick: - Você não tem que mudar o lugar dos livros nem tentar organizar de outra forma, a única coisa que você faz é limpa-los, você está entendendo? - falou meu chefe com aquele olhar raivoso. Malu: - Senhor, me desculpe, mas os livros estão no mesmo lugar, na mesma ordem, sendo assim, na mesma organização. - me defendi. Erick: - Como é? – me perguntou com cara de espanto e em seguida continuou – você acha que eu perderia o meu tempo, tendo que reclamar de um erro que não foi cometido? Esta é a minha casa, ou você segue as regras ou você não poderá trabalhar aqui. - me encarou com raiva. Ele estava sentado na grande cadeira do seu escritório e isso o deixava ainda mais aterrorizante, resolvi não o confrontar e apenas concordar com as suas reclamações sem fundamento. Malu: - O Senhor tem razão, não voltará a acontecer. Falei depois de pensar e lembrar o quanto eu preciso desse emprego.Alguns dias se passaram desde que eu realmente aprendi a conviver nessa casa. Há cerca de uma semana Erick viajou e desde então a casa tem retomado a sua paz. Aos poucos aprendi como funcionava a dinâmica entre os funcionários e percebi o quanto cada um é individualista. Não há uma espécie de equipe, cada um fica centrado no seu trabalho e pronto.Cumprimentamo-nos e cada um faz a sua parte, nada de muita proximidade e eu até prefiro isso, quero evitar problemas então apenas trocamos poucas palavras. Nos dias em que Erick está aqui ele geralmente fica trancado no escritório e apenas o vemos na hora das refeições e graças aos céus têm ocorrido de maneira tranquila.Acabei criando uma rotina muito boa e também recebi o meu primeiro salário. Alguns meses atrás eu prestei vestibular e consegui setenta por cento de desconto em uma área que gosto muito e pretendo dar o meu máximo para concluir essa faculdade e conseguir um bom emprego.Iniciei as aulas a cerca de duas semanas e confesso que
Acordei muito mais tarde do que deveria e eu definitivamente não gostava disso. O que acontece é que todas as vezes que eu perco a hora acabou descontrolando completamente a minha rotina e isso vira uma verdadeira bola de neve. Prefiro me acordar antes e fazer as coisas com calma, de certa forma sinto que o meu dia se torna ainda mais produtivo. Não tive uma boa noite de sono, o grande problema foi que eu tive vários sonhos com o canalha do meu patrão que além de trazer problemas pra a minha vida ainda estava atrapalhando o meu sono. Falando nele, soube que o senhor Fernandes não está tão insuportável hoje, quem me contou foi o jardineiro que inclusive foi cumprimentado com um "bom dia" do patrão e isso obviamente chocou a todos na mesa do café da manhã. Pela manhã limpei a parte externa da casa e assim que tive um tempinho corri para o jardim, pois eu estava aprendendo a cultivar algumas plantas e isso se tornou um dos meus melhores afazeres. Josy nos informou que o senhor Fernande
Fui para a faculdade, mas o meu pensamento estava na mansão. A todo o momento eu me perguntava como o a vida pode ser tão cruel com algumas pessoas. Há alguns dias, durante uma das refeições, um dos empregados mais antigos contou Erick e sua mulher moravam em outro país, mas assim que a mulher dele faleceu ele veio morar no Brasil porque o seu avô já morava aqui e é a sua única família. Segundo José que é o jardineiro, por diversas vezes ele viu quando o motorista trazia mulheres lindas para ficarem com Erik, mas, nenhuma dormia na casa. Os meus Pensamentos foram interrompidos assim que entrei na sala. Por mais que eu quisesse continuar a pensar, recusei a minha própria mente e tentei ao máximo me concentrar nas aulas. O restante da noite passou rápido e entre tantas anotações e trabalhos eu apenas me deixei levar, enquanto a minha mente trabalhava de modo incansável. Cheguei na mansão e como sempre cumprimentei os seguranças. Um suspiro de alívio escapou da minha boca, a unida
A segunda-feira amanheceu ensolarada mas em pouco tempo o clima mudou drasticamente. Junto com a mudança de clima mudou também o meu estado de saúde. Passei a manhã trabalhando, mas logo as dores no meu corpo se intensificaram junto aos espirros e a tosse. Após um longo dia de trabalho eu só desejava poder ir para o meu quarto, tomar um banho quente, alguns analgésicos e descansar. Mas, às dezoito horas fui informada que teríamos que estar na sala de jantar. Erick fingiu que nada havia acontecido no dia anterior e eu agradeci mentalmente pois eu não tinha estrutura alguma para uma discussão. Eu fiquei calada e evitei a todo custo fazer qualquer tipo de comentário. Ele entrou na sala tão lindo e impecável como sempre. Me perguntei se ele sempre foi tão lindo e esnobe. Ele mal encarava os funcionários, havia uma escuridão que o deixava com ar sombrio e marcante. Por um segundo, apenas um segundo eu vacilei e a minha mente trouxe a tona a imagem do seu corpo junto ao meu numa sincro
Dois meses depois...Durante esse tempo eu e Erick nos tratamos apenas como chefe e empregada. Confesso que não entendi o comportamento dele e até hoje não sei ao certo o que fazer, conforme o tempo passava percebi e aceitei que é melhor que as coisas continuem assim. Ele mal fala comigo, diz apenas o necessário e quase nunca está em casa. Mas, segundo Josy, ele exigiu que apenas eu poderia fazer a limpeza e entrar no quarto dele. Não sei o porquê disso, mas, sou paga para limpar e é exatamente isso que eu vou fazer. Os meus pais estão muito bem, as vezes acho que vou enlouquecer com tantas coisas da faculdade mas sei que tudo isso dará certo, então durante esse tempo tenho apenas seguido dia após dia. Ontem fui informada que o avô de Erick obrigou ele a tirar férias por pelo menos três dias e eu só soube disso porque a fofoqueira da Josy deixou esse detalhe escapar enquanto me comunicava que eu teria que o acompanhar nessa viagem Já que a casa que ele vai, está fechada há mais de
Malu: Me desculpe senhor, falei com tom inocente e desesperado e quanto tentei pegar o biquíni e me cubir de alguma forma. O seu olhar se arrastou pelo meu corpo queimando a minha pele. Ele me desejava, assim como eu também o desejava, mas eu estava decepcionada com a sua rejeição e como o seu orgulho que era extremamente grandioso. Ele fechou os olhos e passou a mão no seu rosto em sinal de nervosismo. Ele sempre fazia isso e em seguida passava as mãos entre os seus cabelos. Eu já havia visto essa atitude várias e várias vezes enquanto o observava a espreita. Percebi que ele ficou desconcertado com a minha atitude, mas ele logo colocou a sua máscara de rispidez e apenas virou as costas e disse:Erick: Não tolero Atrasos senhorita. - falou e saiu caminhando em direção a casa. Fui resolver o restante das coisas que ele me passou, obviamente essa não era uma das minhas funções, mas eu não poderia simplesmente negar e fingir que nada havia acontecido. Talvez se esse fosse um conto d
Acordei sentindo um peso no meu corpo. O braço dele estava me prendendo e minha perna estava por cima dele e a minha cabeça deitada em seu peito. Eu conseguia sentir exatamente os batimentos do seu coração. "Ele realmente tinha um coração" pensei imediatamente e sorri com a afirmação ridícula que eu havia acabado de fazer. Respirei fundo e tentei não surtar. Era tão difícil resistir a ele, principalmente enquanto ele estava me abraçando e distribuindo beijos pelo o meu corpo. Alguns minutos depois cheguei a conclusão de que não havia forma de sair dali sem que ele acordasse. O medo de não saber qual seria a reação dele ao acordar me deixou em pânico. Eu não fazia ideia se ele iria me tratar bem ou se iria voltar ao seu humor horrível e me humilhar novamente. Achei melhor não ficar tempo suficiente para esperar outra das suas explosões de raiva, então, fiz alguns movimentos tentando sair dali, mas foi em vão. Senti a mão dele passear pelo meu corpo e fechei os olhos para fingir qu
Maria Luiza Sou uma garota jovem que busca na cidade grande a oportunidade de mudar de vida. Apesar de vir de uma cidade pacata do interior não sou uma pessoa tão tranquila. Na verdade eu sempre pensei grande. Sempre almejei coisas que um salário mínimo não poderia pagar, mas também não sou alguém com condições de fazer uma faculdade cara.Resumidamente, sou uma pobre com sede de crescer e conquistar sonhos. Venho de uma família amorosa com pais tranquilos que me amam muito. Sempre serei grata a cada um deles por tudo que fizeram por mim e é exatamente por serem tão bons que sempre apoiaram os meus sonhos e me ajudaram nessa aventura.Ficar na minha cidade seria bom, certamente eu encontraria um bom homem e construiria uma família. Teria um emprego básico e uma vida básica e todos os meus sonhos seriam frustrados já que para boa tarde da minha família o meu único objetivo deveria ser um bom casamento.Eu havia chegado há cerca de um mês. Durante esse tempo eu havia entregado currícul