Cannolis

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Louise estava saindo do condomínio para ir ao spa quando viu uma movimentação estranha. Cerca de cinco caminhões grandes e, pelo visto cheios, passaram na frente de sua casa. Atrás deles vinham mais três carros pretos. Talvez recebesse uma nova família vizinha?

No mínimo aquilo era estranho.

Assim que destravou o carro, ela se certificou de que estava levando uma troca de roupa, toalhas, celular, maquiagem e a carteira. Bom, estava tudo ali.

Iria se encontrar com Malia no SPA e depois de duas horas de relaxamento, as duas iriam para um restaurante que ambas frequentavam com muita frequência. Poderia dizer que as duas estavam quase virando amigas do gerente. Este último citado que era caidinho por Louise.

— Ah, isso é tãããão boooom - Malia resmungou quando a massagista apertou a região do seu ombro.

— É. É sim - Louise soltou um gemido quando apertaram bem na região dolorida de seu pescoço.

— E então…vizinhos novos?

— É, eu não sei. Pelo jeito a família deve ser grande, porque os caminhões, além de serem cinco, eram enormes.

— Ricos e burgueses - Malia quase gritou, porque sua perna havia estalado, doeu, mas foi bom — Vai com calma aí, anjo - Louise apenas riu da amiga.

Depois de duas horas de puro relaxamento, entre massagem e hidromassagem, com direito a flores e óleos aromatizantes, as duas mulheres tomaram banho e se arrumaram adequadamente para o local no qual estavam indo.

— E, como sempre, a melhor mesa - Malia sorriu e colocou a bolsa em cima de uma cadeira vazia. Era uma mesa de quatro lugares para as duas — Se eu fosse você, investiria nele.

— Para com isso! Luigi é apenas um ótimo amigo.

— É claro que sim - Malia concordou com a amiga. Mas, em sua opinião, os dois formariam um belo casal.

Depois de um garçom ir até a mesa e as servirem, o gerente do restaurante fez questão de cumprimentar as duas damas.

— Madames!

— Luigi - Malia sorriu e encarou Louise de lado — Nossa, você está tão lindo hoje!

— Ah, obrigado - o homem ficou envergonhado — Você também está linda. Vocês duas. Como sempre. É…como sempre - ele começou a se enrolar nas palavras e Louise sorriu — Oi.

— Oi!

— Vocês…gostaram da comida?

— Estava tudo delicioso, Luigi! Como sempre.

— Que bom - o sorriso do gerente aumentou ainda mais quando Louise sorriu de volta, para si.

— Hum…gostaríamos de pedir uma sobremesa, mas estamos indecisas com esse menu incrível que você fez - Louise cruzou as pontas dos dedos, deixando os cotovelos apoiados na mesa e o queixo entre os nós dos dedos — Alguma recomendação?

Luigi, vendo que a atenção estava toda em si, respirou fundo e, por mais que estivesse nervoso por ser a mulher que ele gostava ali, não se deixou abalar.

— Bom, o que acham de cannoli? Mudamos um pouco a receita da massa doce que é frita, e os tradicionais vêm em formato de tubo, recheados com um creme de ricota.

— Parece delicioso!

— É o que vamos querer, então! - Malia decretou, mas sabia que sua voz nem estava sendo ouvida ali, a atenção de Louise estava sendo toda de Luigi e vice-versa. Ela estava sobrando, mais uma vez. Só que ela não ligava para isso, nunca foi de almejar um amor. Se fosse para alguém chegar na vida dela, que tivesse cautela e fosse paciente, mas que demorasse um pouco ainda.

— Bom, certo! - Luigi virou-se para o garçom que o acompanhava — Por favor, peça para o chef caprichar nos cannollis para essas mulheres lindas.

— Claro! - o garçom nem anotou o pedido, assim como fez com o almoço delas. Não precisou nem abrir uma comanda, apenas anotou em um papel branco à parte para entregá-lo na cozinha. Sabia que aconteceria o de sempre, elas iriam pagar a conta, mas Luigi insistiria que já havia sido paga por ele.

Porque era sempre assim, e claro que naquela noite não foi diferente.

— Luigi, por favor, não! Você sempre faz isso - Louise encarou a amiga, para que ela a ajudasse ali, mas Malia tinha um olhar que falava: "Jura que não sabe o motivo dele estar fazendo isso?"

— Louise, por favor - o gerente sorriu e colocou o cartão, novamente, dentro das mãos da médica — Guarde-o.

— Mas…

— Sem mais, por favor.

— Malia, me ajuda aqui!

"E o que posso fazer?" - era isso que Malia queria dizer. Um almoço grátis? Quem recusava? Só Louise mesmo.

— Sim, Luigi. Concordo com ela, não podemos ficar assim. Deixe que Louise pague pelo almoço, sim? - Louise queria rir da cara cínica da amiga.

— Tá, vamos fazer assim. Você pode me pagar um jantar nesse final de semana, o que acha? - Luigi era direto, claro.

Mas se tinha uma coisa que Louise não almejava tanto assim, era um amor. Nesse ponto ela concordava com Malia. Seu casamento com Nicholas foi perfeito. Se conheceram através de amigos próximos, começaram a conversar, depois namoraram e quando viram, já estavam trocando as alianças de prata pelas de ouro.

Com a notícia da gravidez eles ficaram mais grudados do que um casal no primeiro dia de casados. Ter um filho sempre foi o objetivo deles. Porém, com uma nova promoção de Nicholas, ele passou a ficar mais tempo fora do que dentro de casa. Trabalho, casa e um bebê começaram a ficar pesados para uma pessoa só tomar conta. E depois de várias conversas e desentendimentos os dois optaram por não compartilharem mais uma vida juntos dali em diante.

Então encontrar uma outra pessoa agora, para Louise, não era sua prioridade. Mas aceitaria de bom grado o convite do amigo.

— Tudo bem!

— Legal! - Luigi comemorou um pouco demais, mas se recompôs quando viu o garçom rindo de si — Malia, você…quer vir com a gente?

— Eu? Não! Imagina. Eu terei um belo de um plantão nesse dia.

— Mas nem marcamos a data ainda - Louise riu desacreditada da amiga.

— Eu sinto isso!

— Se você tiver um plantão, eu também terei - Louise respondeu.

— Então irei rezar para que esse plantão não venha com tanta pressa assim - Malia, Louise e o garçom riram do comentário de Luigi.

Quando entraram no carro, Louise girou a chave e esperou um carro estacionar na vaga para poder sair, enquanto Malia se ocupava em escolher uma música na playlist enorme do celular dela.

— Ele é esperto! Puxou logo o papinho de jantar - a enfermeira sorriu — E você vai?

— Vou - Louise saiu do estacionamento e parou no sinal vermelho que havia ali — Luigi é um cara legal. Conhecemos ele há dois anos e…

— E será que ele é o seu príncipe encantado?

— Príncipe encantado, Malia? - a neurologista riu e deu partida no carro quando o semáforo mudou — Se bobear nem Ayla acredita nisso.

— Eu acredito! Ainda espero, ansiosamente, pelo homem que virá em um cavalo branco me resgatar.

Louise, com muito cuidado, freou um pouco o carro, fazendo a amiga borrar o lip tint vermelho que estava retocando.

— LOUISE!

— Desculpa! - a médica riu e voltou a se concentrar na estrada.

Malia conseguiu arrumar a bagunça que havia feito no canto da boca e sorriu para o espelho que segurava nas mãos.

— Pensei que Ayla voltaria hoje.

— Aconteceu um imprevisto e ela voltará amanhã.

— Que imprevisto? - perguntou enquanto mudava, novamente, a música do carro.

— O pai do Nicholas faleceu.

— Oh, tadinho.

— Thalita me ligou e eu deixei que Ayla ficasse lá com eles.

— Entendi.

— Bom, mas e agora? Tem alguma ideia para onde iremos? São quase seis horas, ainda faltam muito tempo até às dez - Hoje era noite de pizza.

— Já está pensando na janta?

— Sim! - Louise confirmou com a cabeça, fazendo a amiga rir.

— O que acha de jogarmos um pouco de tiro ao alvo? Faz tempo que a gente não vai no clube.

— Pode ser, mas e se tiver cheio?

— Jogamos tênis.

— Oh, perfeito!

E lá foram as duas, mudaram a rota para um clube esportivo privado que ficava há poucos minutos do apartamento de Malia. Precisavam se distrair até às dez horas, e a escolha havia sido algum jogo no clube.

Acontece que Louise e Malia não eram as únicas a estarem indo para aquele clube. Dominic Santoro e seu consigliére Antony Matarozza estavam à caminho também. O destino, (in)felizmente, estava tratando de juntá-los.

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