Por trás daquele sorriso, havia uma amargura, algo que eu não posso explicar. Eu sabia que tudo aquilo se dava pela morte de seu pai, mas parecia ter algo a mais.
Ela avançou sobre mim, não me pegou de surpresa como imaginou que seria, eu havia desenvolvido um sexto sentido muito aguçado. Começamos uma luta de socos que mais parecia de dois homens do que de duas mulheres, ela me acertou com um soco no rosto e eu revidei acertando um chute no seu abdômen. Ela caiu no chão e eu subi sobre ela, continuamos com a luta corporal até que ela se desequilibrou, se eu não a segurasse ela teria caido ribanceira a baixo. Eu a segurava pendurada no penhasco e ela tentava se livrar do aperto das minhas mãos.- O que está fazendo? Deixe-me te puxar.
- Você não entende.- O que eu não entendo? Deixe-me te puxar e você me explica.Ela assentiu e eu a puxei.
- Então?
- Ele abusava de mim...- E você matou várias pessoas da miA surpresa foi total na aldeia, todos achavam realmente que a proximidade dos dois era apenas amizade.Será que apenas eu vi o óbvio? Erin aos poucos tornou-se uma irmã para mim, mesmo com tudo o que aconteceu, sua devoção pelo meu irmão provava que ela realmente estava arrependida e que acima de tudo fez aquelas coisas porque estava emocionalmente abalada.Caminhávamos juntas na mata, pegavamos lenha e conversávamos sobre assuntos aleatórios, na sua grande maioria relacionados a Antony.- O que você achou realmente do meu namoro com ele?- Eu já imaginava, vocês só viviam juntos e o olhar que vocês trocavam é inconfundível.Erin sorriu.- Eu não imaginei que fosse tão óbvio...- Bom, parece que só eu notei, já que todos ficaram surpresos.- Acho que a questão não é essa. - Disse enquanto se abaixava para pegar um graveto e o colocava na pilha que eu segurava.- Então qual
No hospital, o clima era de tristeza, esperamos que o médico viesse para nos dar uma direção, precisavamos saber qual era o tipo sanguíneo de Erin para que pudéssemos procurar os possíveis doadores. O médico nos entregou uma papelada com todas as informações necessárias. Saimos apressados, não tinhamos muito tempo. Mal sabíamos por onde começar, por isso pedi a ajuda de Marcela.- Acho que podemos procurar por algo na Internet, disse Marcela, após analizar os papéis. - Mas como? - Perguntei.-Nas redes sociais, né Marina.- Boa idéia.Passamos vários dias procurando e nada, colocamos o nome de Erin e apareceu umas redes sociais que ela participava, mas não encontramos nenhum familiar, contactamos todos os amigos que ela tinha nessas redes sociais e dissemos que se pudessem fazer o exame para saber se eram doadores ou não, seria de grande ajuda, boa parte deles concordou em ir, então foram agendados dias para que pudessem ir sem
Eu não quis sair do lado dela um minuto sequer, mal podia acreditar que a garota por quem me apaixonei estava ali, inerte naquela cama. Lembro de quando ela foi morar na aldeia, eu me irritei muito com Marina, não achei que fosse uma atitude sensata da parte dela, já que Erin havia tentado matar a vovó e ela e havia consumado tal ato com Açucena. A primeira vez que ela falou comigo fui o mais hostil que consegui.- Oi.- Oi.- Eu queria...- Queria o que? Você tentou matar a minha irmã e a minha avó, desconfio que eu não tenha assunto algum a tratar com você.Ela saiu contando os passos e se apoiou numa árvore de costas para mim.- Não seja tão duro com ela.- Ela tentou te matar, vovó. - Mas não matou, e de todo jeito, ela se arrependeu.- Eu realmente não consigo acreditar no
Deixei Antony no hotel e pedi a Kaue que tomasse conta dele, por mais que soubesse que Erin está melhor, não se sabe o que se pode acontecer.Esse portão me causa calafrios, me traz lembranças há muito tempo guardadas, passei pelo imenso portão e caminhei na direção do lugar onde jaziam os meus entes queridos, doeu ver novamente aqueles túmulos, antes eram três, mas desde a última vez em que estive aqui passou a ser quatro.Minha mãe, meu pai, minha irmã e meu filho jaziam ali. Eu trouxe flores, mais para aliviar a miyjha dor do que para trazer vida aos túmulos. Lágrimas teimavam em molhar a minha face machucando ainda mais as feridas que não haviam cicatrizado, me sentei entre os quatro túmulos e passei a chorar mais e mais. As feridas antigas, agora tornavam-se chagas incuráveis. Passei um tempo ali, não sei ao certo quanto, tinha que tirar essa dor de dentro de mim, ela não me permitia ser feliz de verdade, jamais vou esquecer a minha familia, mas prefiro me l
Um sono profundo havia tomado conta de mim, meus olhos pesavam toneladas, não consegui mantê-los abertos, a dor era lacinante, finalmente cedi a dor e ao sono, mergulhei na escuridão. No início ouvia as vozes, mas ai veio a luz, eu a segui e deixei de ouvir as vozes. Ainda doía, mas o sono já havia passado. Havia um jardim bonito através da luz, fui andando por ele, observei a paisagem, era linda, havia diferentes tipos de flores e árvores frutíferas que eu nunca antes havia visto, era uma fruta marronzinha que exalava um perfume maravilhoso. Não consegui alcançar, por mais que tentasse parecia impossível alcançar. Enfim, desisti e continuei caminhando, ouvia o riso de crianças ao longe, até via algumas passando correndo de relance, mas quando me virava para olhar, haviam sumido. Eu estava só, uma pária, sem ninguém, avistei uma grande cerca ao longe e passei a seģuir no seu encalço. Parecia que haviam horas que eu estava caminhando e não chegava nunca, po
Quando o médico de Erin disse que ela não poderia viajar meu sangue gelou nas veias, eu não queria ficar aqui, aqui não era mais o meu lugar.Calma Marina, são só três meses.Sim, só três meses, mas e se algo acontecesse?Quem diria que para mim, que nasci aqui seria mais dificil que para Kaue que já se encarregou de arrumar uma casa para que ficassemos, alegando que ficaria muito caro passar três meses em um hotel. E que para uma pessoa no estado de Erin não era bom. A mãe dela se prontificou a recebê-la em sua casa, mas como ela mora no terceiro andar de um prédio de cinco e o prédio não tem elevador, e Erin precisaria se deslocar diariamente para o hospital, acabamos optando pela casa mesmo.A casa tinha apenas um quarto e um escritório. Erin ficou no quarto com Antony, Kaue e eu, compramos um colchão inflável e ficamos com o escritório.A nossa rotina passou a ser de casa para o hospital e vice- versa. Em uma segunda- feira, um mês depois
O tempo passou e a vida não saiu mais dos trilhos na aldeia, Erin e Antony se casaram e tiveram dois curumins(menino) e uma curumara(menina). Kaue e eu tivemos mais duas meninas e um menino. Irai também se casou, ela teve apenas um filho. Hoje Kaue não é mais o pagé da aldeia, ele está velho para isso. Nosso filho é o pagé agora. Eu estou aqui, deitada na minha rede, ele está ao meu lado segurando a minha mão. Seus cabelos que um dia foram da cor de carvão, hoje são brancos como as nuvens do céu. Mas ele continua tão lindo como antes. Suas mãos calejadas das lidas na terra e das obrigações como pagé, acariciam o meu rosto doente. Sinto que minha hora já vem, mas não quero deixá - lo. Passam dias e dias e Kaue não desgruda de mim. Sei que ele sofre, pois tem medo do inevitável.Vivemos muitos anos, sempre juntos. Desde aquele dia em que ele me olhou, quando cheguei aqui perdida em meus sentimentos, até o dia de hoje, em que estou aqui, no fim da minha vida de alegrias e tris
Nossa que amor, não? Olha esse seria o amor dos meus sonhos, viver eternamente ao lado da pessoa que eu amo. R mais, que o amor dure esse tempo todo. Sei que fugi um pouco do tema polêmico, que é o desmatamento, mas acho que dá para ter uma noção do que se faz para conseguir terras para desmatar, gente não podemos ficar calados! Todos os dias não só indios, mais donos de terras que trabalharam para conquistar o tão sonhado pedaço de chão são espulsos ou mortos por grileiros* que querem suas terras, não podemos nos acovardar, quando soubermos de casos assim devemos denunciar! Essas pessoas não merecem perder o pouco que tem para milionários que só querem saber de mais dinheiro, devastando a natureza e as nossas florestas. Elas são o pulmão do mundo gente! Temos por obrigação preservar.