Capítulo 111 - "Um Vínculo Renovado"
(Narrado por Thalrik)O vento frio da madrugada parecia carregar um aviso, um murmúrio do que estava por vir. Eu o sentia como uma agulha na pele, fincada bem no fundo, quase imperceptível, mas impossível de ignorar. A floresta ao redor da clareira estava inquieta, como se as sombras entre as árvores tivessem vida própria. Desde que retornamos da caverna, algo dentro de mim também havia mudado. Não conseguia identificar exatamente o quê, mas a sensação era como uma corda tensionada, prestes a romper.Eu percorria a clareira, observando os lobos da matilha. O calor da fogueira central mal iluminava os rostos ao meu redor. Alguns ainda curvavam a cabeça em respeito quando passava por eles, mas muitos evitavam o contato visual. O desconforto deles era palpável, um peso invisível que parecia envolver a todos."Está começando", pensei, cerrando os punhos. Eles sentiam a mudança, tanto em mim quanto em Draegon. E isCapítulo 112 – “A Rebelião Interna”(Narrado por Draegon) A floresta ganhou vida. O som dos uivos ecoava por entre as árvores, distorcido pelas sombras dançantes. Meu coração batia com força enquanto eu encarava a escuridão que nos cercava. Não eram uivos comuns. Cada nota carregava uma ameaça, um chamado que reverberava nos ossos. — Não são apenas lobos. — As palavras de Elira ainda pairavam no ar, um aviso que não pude ignorar. O calor da fogueira parecia distante, insuficiente para aquecer o frio crescente em meu peito. Não era apenas o medo que me gelava, mas algo mais profundo, mais visceral. Era o vínculo lunar, pulsando nas marcas que ardiam em minha pele. — Preparem-se. — Minha voz soou firme, mas por dentro, a tempestade se agitava. Os lobos da matilha se ergueram, suas silhuetas destacando-se contra a luz bruxuleante. Eu podia sentir a hesitação em alguns, o peso da dúvida nos olhos que me observavam. Ca
Capítulo 113 - "Os Símbolos do Passado" (Narrado por Elira) O pergaminho estava diante de mim, aberto sobre a mesa improvisada de madeira tosca. A luz da fogueira dançava nas bordas desgastadas do papel, projetando sombras instáveis que pareciam sussurrar segredos antigos. O silêncio ao meu redor era quase opressor, quebrado apenas pelo crepitar das chamas e pelo sussurro distante da floresta. Eu não conseguia tirar os olhos dos símbolos. Traços precisos e geométricos entrelaçados com espirais fluidas criavam uma linguagem que parecia viva. Não eram apenas marcas, era algo mais profundo, carregado de poder. A ponta de meus dedos roçou o papel, e um arrepio percorreu minha espinha. Fechei os olhos por um momento, tentando ignorar a sensação de que o pergaminho me observava tanto quanto eu o estudava. — Draegon devia estar aqui — murmurei, embora soubesse que ele tinha outras preocupações. O peso da liderança estava sobre ele, mas isso
Capítulo 114 - "O Chamado da Lua"(Narrado por Thalrik) As noites tinham se tornado mais longas. Algo no ar estava diferente, como se a floresta inteira estivesse prendendo a respiração, esperando. O vento que soprava entre as árvores parecia carregar sussurros, palavras que eu não conseguia compreender, mas que ecoavam profundamente na minha mente. Eu estava acostumado ao silêncio. Passara grande parte da minha vida em vigília, cuidando da matilha, protegendo-a das ameaças que espreitavam no escuro. Mas agora o silêncio era diferente, quase insuportável. Ele parecia pulsar, vivo, como se houvesse algo escondido nas sombras, observando. A primeira vez que ouvi os sussurros, pensei que fosse o vento. — Thalrik... A voz era baixa, quase indistinguível, e vinha de todos os lugares e de nenhum ao mesmo tempo. Olhei ao redor da clareira onde estávamos acampados, mas os outros lobos dormiam, suas respirações profundas e
Capítulo 115 - "As Profundezas da Verdade" (Narrador**: Draegon) A primeira luz da manhã mal tocava a clareira quando me aproximei dos anciões. O vento carregava o cheiro da noite passada, madeira queimada, terra úmida e um leve vestígio de algo mais profundo, algo que não consegui identificar. A jóia pulsava em uma pequena bolsa de couro pendurada em meu cinto, seu peso ressoando como um lembrete constante da noite anterior. O silêncio entre nós era denso, como o nevoeiro que se agarrava às árvores ao redor. Olhei para os anciões, cada um carregando a marca do tempo em seus rostos enrugados e olhos cansados. Eles eram a memória viva da matilha, guardiões dos segredos mais profundos que muitos de nós nem ousávamos imaginar. — Eu preciso de respostas. — Minha voz quebrou o silêncio como uma lâmina afiada. O mais velho, Rakar, ergueu os olhos de suas mãos entrelaçadas. Seus cabelos, outrora pretos como a noite, agora eram brancos como a
Capítulo 116 - "O Santuário Esquecido" (Narrado por Elira) O som do vento entre as montanhas era mais do que um sussurro, era um lamento antigo, como se as rochas ao nosso redor guardassem memórias de eras passadas. A lua brilhava alta no céu, sua luz prateada pintando a paisagem com tons de cinza e azul. Não sabia ao certo o que me guiava naquela noite, mas algo dentro de mim, talvez a própria magia Lunar, insistia que precisávamos chegar ao lugar que via em minhas visões. Atrás de mim, os passos firmes de Draegon e Thalrik eram um lembrete silencioso de que eu não estava sozinha. Apesar disso, o peso do conhecimento que carregava parecia mais solitário do que nunca. A ideia de que meu vínculo com a magia lunar me conectava à Fera Primordial era algo que ainda lutava para compreender. — Elira, tem certeza de que estamos no caminho certo? — Draegon perguntou, sua voz grave cortando o silêncio da noite. Parei por um momento, olhando p
Capítulo 117 - "Uma Nova Aliança"(Narrado por Thalrik) Os últimos acontecimentos deixaram um rastro pesado em nosso grupo. A energia sombria do santuário ainda parecia pairar sobre nós como uma nuvem invisível, pesando em nossas consciências. Caminhávamos pela floresta densa em silêncio, exceto pelo som das folhas secas estalando sob nossos pés. A tensão estava em todos os rostos, mas era o olhar de Elira que mais me preocupava. Ela não dizia nada desde que saímos do santuário, mas eu conseguia sentir o turbilhão de emoções que fervia dentro dela. Era como se algo tivesse se quebrado, ou talvez se alinhado, mas de uma forma que ela não sabia explicar. — Não podemos fazer isso sozinhos — declarei, quebrando o silêncio. Draegon, que caminhava à frente, parou e se virou para mim. Seus olhos dourados estavam afiados, mas sua expressão mostrava que ele sabia que eu tinha razão, mesmo que relutasse em admitir. — Está sugerindo o
Capítulo 118 - "O Renascer das Sombras" (Narrado por Draegon) A escuridão tinha um peso tangível. Não era apenas a ausência de luz que pairava sobre o território da matilha, mas algo mais profundo, mais penetrante. Cada passo que eu dava pela clareira central da aldeia parecia ecoar com a sensação de que tudo ao meu redor estava à beira de um colapso. Os lobos ao meu redor estavam inquietos, seus olhos brilhando de forma incomum, com um toque de fúria contida. Até mesmo os mais jovens, normalmente despreocupados e brincalhões, agora se mantinham afastados, com os pelos arrepiados e rosnados ocasionais escapando de suas gargantas. Eu podia sentir a mácula que a magia da Fera estava lançando sobre todos nós. — Draegon! — A voz de Thalrik interrompeu meus pensamentos. Ele vinha correndo da direção do bosque, o rosto carregado de preocupação. — Acabei de encontrar dois dos lobos da guarda brigando. A situação está piorando mais rápido do que imagin
Capítulo 119 - "O Caminho do Destino"(Narrado por Elira) A luz do amanhecer filtrava-se através das árvores altas, lançando raios dourados sobre o campo de treino. Eu estava ali, sentada sobre uma rocha coberta de musgo, observando o vapor quente que saía da minha respiração em contraste com o ar frio. A floresta parecia estranhamente quieta, como se aguardasse algo inevitável. Minhas mãos seguravam o Prisma Lunar com firmeza, sentindo sua superfície fria contra minha pele. Sua energia vibrava levemente, mas de alguma forma parecia insuficiente. Desde o ritual na noite anterior, eu sabia que precisava mudar. Não poderia continuar sendo apenas um elo frágil nessa corrente que nos unia. A batalha que se aproximava exigiria mais de mim, e, para estar à altura, eu precisava encontrar a verdadeira extensão do meu poder. “Você não está sozinha.” A voz de Draegon ecoava em minha mente, repetindo as palavras que ele me dissera na noite anterio