Capítulo 115 - "As Profundezas da Verdade"
(Narrador**: Draegon)A primeira luz da manhã mal tocava a clareira quando me aproximei dos anciões. O vento carregava o cheiro da noite passada, madeira queimada, terra úmida e um leve vestígio de algo mais profundo, algo que não consegui identificar. A jóia pulsava em uma pequena bolsa de couro pendurada em meu cinto, seu peso ressoando como um lembrete constante da noite anterior.O silêncio entre nós era denso, como o nevoeiro que se agarrava às árvores ao redor. Olhei para os anciões, cada um carregando a marca do tempo em seus rostos enrugados e olhos cansados. Eles eram a memória viva da matilha, guardiões dos segredos mais profundos que muitos de nós nem ousávamos imaginar.— Eu preciso de respostas. — Minha voz quebrou o silêncio como uma lâmina afiada.O mais velho, Rakar, ergueu os olhos de suas mãos entrelaçadas. Seus cabelos, outrora pretos como a noite, agora eram brancos como aCapítulo 116 - "O Santuário Esquecido" (Narrado por Elira) O som do vento entre as montanhas era mais do que um sussurro, era um lamento antigo, como se as rochas ao nosso redor guardassem memórias de eras passadas. A lua brilhava alta no céu, sua luz prateada pintando a paisagem com tons de cinza e azul. Não sabia ao certo o que me guiava naquela noite, mas algo dentro de mim, talvez a própria magia Lunar, insistia que precisávamos chegar ao lugar que via em minhas visões. Atrás de mim, os passos firmes de Draegon e Thalrik eram um lembrete silencioso de que eu não estava sozinha. Apesar disso, o peso do conhecimento que carregava parecia mais solitário do que nunca. A ideia de que meu vínculo com a magia lunar me conectava à Fera Primordial era algo que ainda lutava para compreender. — Elira, tem certeza de que estamos no caminho certo? — Draegon perguntou, sua voz grave cortando o silêncio da noite. Parei por um momento, olhando p
Capítulo 117 - "Uma Nova Aliança"(Narrado por Thalrik) Os últimos acontecimentos deixaram um rastro pesado em nosso grupo. A energia sombria do santuário ainda parecia pairar sobre nós como uma nuvem invisível, pesando em nossas consciências. Caminhávamos pela floresta densa em silêncio, exceto pelo som das folhas secas estalando sob nossos pés. A tensão estava em todos os rostos, mas era o olhar de Elira que mais me preocupava. Ela não dizia nada desde que saímos do santuário, mas eu conseguia sentir o turbilhão de emoções que fervia dentro dela. Era como se algo tivesse se quebrado, ou talvez se alinhado, mas de uma forma que ela não sabia explicar. — Não podemos fazer isso sozinhos — declarei, quebrando o silêncio. Draegon, que caminhava à frente, parou e se virou para mim. Seus olhos dourados estavam afiados, mas sua expressão mostrava que ele sabia que eu tinha razão, mesmo que relutasse em admitir. — Está sugerindo o
Capítulo 118 - "O Renascer das Sombras" (Narrado por Draegon) A escuridão tinha um peso tangível. Não era apenas a ausência de luz que pairava sobre o território da matilha, mas algo mais profundo, mais penetrante. Cada passo que eu dava pela clareira central da aldeia parecia ecoar com a sensação de que tudo ao meu redor estava à beira de um colapso. Os lobos ao meu redor estavam inquietos, seus olhos brilhando de forma incomum, com um toque de fúria contida. Até mesmo os mais jovens, normalmente despreocupados e brincalhões, agora se mantinham afastados, com os pelos arrepiados e rosnados ocasionais escapando de suas gargantas. Eu podia sentir a mácula que a magia da Fera estava lançando sobre todos nós. — Draegon! — A voz de Thalrik interrompeu meus pensamentos. Ele vinha correndo da direção do bosque, o rosto carregado de preocupação. — Acabei de encontrar dois dos lobos da guarda brigando. A situação está piorando mais rápido do que imagin
Capítulo 119 - "O Caminho do Destino"(Narrado por Elira) A luz do amanhecer filtrava-se através das árvores altas, lançando raios dourados sobre o campo de treino. Eu estava ali, sentada sobre uma rocha coberta de musgo, observando o vapor quente que saía da minha respiração em contraste com o ar frio. A floresta parecia estranhamente quieta, como se aguardasse algo inevitável. Minhas mãos seguravam o Prisma Lunar com firmeza, sentindo sua superfície fria contra minha pele. Sua energia vibrava levemente, mas de alguma forma parecia insuficiente. Desde o ritual na noite anterior, eu sabia que precisava mudar. Não poderia continuar sendo apenas um elo frágil nessa corrente que nos unia. A batalha que se aproximava exigiria mais de mim, e, para estar à altura, eu precisava encontrar a verdadeira extensão do meu poder. “Você não está sozinha.” A voz de Draegon ecoava em minha mente, repetindo as palavras que ele me dissera na noite anterio
Capítulo 120 - "O Eclipse da Lua"(Narrado por Elira) A lua já estava alta quando Kaleb partiu, sua silhueta sumindo rapidamente entre as árvores escuras da floresta. O vento carregava um aroma estranho, uma mistura de terra úmida e algo mais profundo, algo que eu não conseguia identificar. Havia tensão no ar, e meu coração parecia sintonizado com ela, pulsando em um ritmo inquieto. Draegon e Thalrik estavam ao meu lado, silenciosos. Draegon mantinha os braços cruzados, seu rosto sério e contemplativo. Thalrik, por outro lado, estava inquieto, seus olhos constantemente vasculhando os arredores, como se esperasse que a floresta revelasse algum segredo. — O eclipse está próximo. — A voz grave de Draegon quebrou o silêncio. Ele não olhou para mim, mas suas palavras foram dirigidas tanto a mim quanto a Thalrik. — A profecia sempre foi clara, quando a lua sangrar, o véu entre os mundos estará mais frágil. Senti um calafrio subir pela espinh
Capítulo 121 - "A Dança das Sombras" (Narrado por Draegon) A escuridão era absoluta. Mesmo com minha visão lupina, era como se o mundo tivesse sido engolido por uma sombra sem fim. O eclipse havia mergulhado a floresta em um silêncio opressivo, quebrado apenas pelo som de galhos se partindo ao longe. Um aviso do que estava por vir. A clareira, que momentos antes vibrava com cânticos e magia, agora parecia um espaço vulnerável, exposto. Cada fibra do meu ser estava alerta, os pelos em minha nuca eriçados. Olhei para Elira e Thalrik. Ela segurava o Prisma Lunar com ambas as mãos, o brilho dourado agora quase inexistente. Thalrik estava ao meu lado, uma expressão feroz em seu rosto enquanto segurava sua lança ritualística. — Eles estão vindo — murmurei, meu tom baixo mas cheio de convicção. Thalrik assentiu, girando a lança em suas mãos como se o movimento pudesse conter sua ansiedade. Elira manteve-se firme, mas havia uma tensão em seu
Capítulo 122 - "O Conselho das Espécies" (Narrado por Thalrik) A clareira estava repleta de vozes discordantes. Cada palavra parecia afiada, carregada de ressentimento antigo e desconfiança mútua. Não era a primeira vez que tentávamos unir forças entre as espécies, mas, dadas as circunstâncias, essa parecia ser a última chance. Me posicionei ao centro, tentando assumir uma postura de autoridade, embora o caos ao meu redor dificultasse manter qualquer semblante de controle. De um lado, os vampiros se destacavam, com suas vestes negras impecáveis e movimentos calculados. A líder, Lady Serath, exalava uma aura de superioridade e mistério, seus olhos vermelhos brilhando na penumbra. Ao seu lado, um pequeno grupo de guerreiros com armaduras leves observava tudo com desdém. Do outro lado, os feiticeiros pareciam inquietos, suas vestes cerimoniais reluzindo à luz da fogueira central. O ancião Velyan, chefe de seu clã, se apoiava em um cajad
Capítulo 123 - "Os Olhos da Fera"(Narrado por Elira) A noite estava estranhamente quieta, como se a própria floresta prendesse a respiração. Os ecos do conselho ainda ressoavam na minha mente, misturados às palavras ameaçadoras da Fera Primordial. Mas agora, sozinha em meu abrigo, eu sentia que a ameaça era ainda mais palpável, como se pudesse tocar o ar carregado ao meu redor. Meus olhos pesavam de cansaço, mas o sono não era um refúgio. Desde o eclipse, meus sonhos tinham sido invadidos por algo sombrio, algo que eu sabia que não era meu. Deitei-me no pequeno leito de palha coberto por mantas de pele macia, os dedos traçando distraidamente as marcas esculpidas no colar que Draegon havia me dado. Ele dizia que era um talismã de proteção, mas, ultimamente, nada parecia suficiente para me proteger do que se aproximava. Fechei os olhos e, quase imediatamente, fui puxada para aquele lugar novamente. Era como cair em um abismo