Capítulo 121 - "A Dança das Sombras"
(Narrado por Draegon)A escuridão era absoluta. Mesmo com minha visão lupina, era como se o mundo tivesse sido engolido por uma sombra sem fim. O eclipse havia mergulhado a floresta em um silêncio opressivo, quebrado apenas pelo som de galhos se partindo ao longe. Um aviso do que estava por vir.A clareira, que momentos antes vibrava com cânticos e magia, agora parecia um espaço vulnerável, exposto. Cada fibra do meu ser estava alerta, os pelos em minha nuca eriçados. Olhei para Elira e Thalrik. Ela segurava o Prisma Lunar com ambas as mãos, o brilho dourado agora quase inexistente. Thalrik estava ao meu lado, uma expressão feroz em seu rosto enquanto segurava sua lança ritualística.— Eles estão vindo — murmurei, meu tom baixo mas cheio de convicção.Thalrik assentiu, girando a lança em suas mãos como se o movimento pudesse conter sua ansiedade. Elira manteve-se firme, mas havia uma tensão em seuCapítulo 122 - "O Conselho das Espécies" (Narrado por Thalrik) A clareira estava repleta de vozes discordantes. Cada palavra parecia afiada, carregada de ressentimento antigo e desconfiança mútua. Não era a primeira vez que tentávamos unir forças entre as espécies, mas, dadas as circunstâncias, essa parecia ser a última chance. Me posicionei ao centro, tentando assumir uma postura de autoridade, embora o caos ao meu redor dificultasse manter qualquer semblante de controle. De um lado, os vampiros se destacavam, com suas vestes negras impecáveis e movimentos calculados. A líder, Lady Serath, exalava uma aura de superioridade e mistério, seus olhos vermelhos brilhando na penumbra. Ao seu lado, um pequeno grupo de guerreiros com armaduras leves observava tudo com desdém. Do outro lado, os feiticeiros pareciam inquietos, suas vestes cerimoniais reluzindo à luz da fogueira central. O ancião Velyan, chefe de seu clã, se apoiava em um cajad
Capítulo 123 - "Os Olhos da Fera"(Narrado por Elira) A noite estava estranhamente quieta, como se a própria floresta prendesse a respiração. Os ecos do conselho ainda ressoavam na minha mente, misturados às palavras ameaçadoras da Fera Primordial. Mas agora, sozinha em meu abrigo, eu sentia que a ameaça era ainda mais palpável, como se pudesse tocar o ar carregado ao meu redor. Meus olhos pesavam de cansaço, mas o sono não era um refúgio. Desde o eclipse, meus sonhos tinham sido invadidos por algo sombrio, algo que eu sabia que não era meu. Deitei-me no pequeno leito de palha coberto por mantas de pele macia, os dedos traçando distraidamente as marcas esculpidas no colar que Draegon havia me dado. Ele dizia que era um talismã de proteção, mas, ultimamente, nada parecia suficiente para me proteger do que se aproximava. Fechei os olhos e, quase imediatamente, fui puxada para aquele lugar novamente. Era como cair em um abismo
Capítulo 124 - "Entre a Luz e a Sombra" (Narrado por Thalrik) O ar estava denso, quase sufocante, enquanto a noite avançava como um véu de escuridão impenetrável. A revelação sobre o sacrifício necessário para selar a Fera ainda reverberava em minha mente, mas não podíamos nos deter na incerteza. Precisávamos de algo mais. Algo que pudesse mudar as regras desse jogo mortal. Foi Draegon quem trouxe à tona a lenda do “Coração Lunar”, um artefato de poder inigualável, supostamente escondido nas profundezas de uma caverna esquecida, protegida por forças ancestrais. Muitos duvidavam de sua existência, mas não tínhamos o luxo de descartar nenhuma possibilidade. — É arriscado, Thalrik — disse Draegon, a voz grave enquanto ajustava a alça de sua espada nas costas. — Os guardiões não são inimigos comuns. Olhei para ele, mantendo minha expressão firme. — Já enfrentamos riscos maiores. Além disso, se o Coração Lunar for real, ele pode
Capítulo 125 - "O Coração Lunar"(Narrado por Elira) O Coração Lunar pulsava em minhas mãos, irradiando uma luz prateada que oscilava, ora forte, ora fraca, como se estivesse vivo e respirando. Sua energia me percorria, aquecendo e gelando ao mesmo tempo, uma mistura confusa de poder bruto e incerteza. Nunca havia sentido algo tão intenso e desestabilizador. Eu queria acreditar que essa esfera de luz líquida seria a resposta para tudo, mas, no fundo, uma voz sussurrava que ela trazia tantos perigos quanto promessas. Estávamos de volta ao refúgio da matilha, onde as tochas ardiam, lançando sombras oscilantes contra as paredes de pedra do salão principal. Era um lugar que sempre emanava segurança, mas agora parecia opressivo, como se o próprio ambiente estivesse atento à tensão crescente entre nós. Coloquei o Coração Lunar sobre uma mesa de madeira, afastando-me com cuidado, como se o contato prolongado pudesse queimar mais do que meus d
Capítulo 126 - "A Cidade dos Vampiros" (Narrado por Draegon) A jornada até a Cidade dos Vampiros era um teste em si. A noite parecia mais densa, a escuridão quase palpável, como se o mundo ao nosso redor estivesse conspirando para nos engolir. As árvores da floresta sussurravam ao vento, suas sombras alongadas parecendo mãos estendidas para agarrar qualquer um que ousasse se aproximar demais. Eu liderava o grupo, com Elira logo atrás de mim e Thalrik fechando a formação. Apesar do cansaço evidente em nossos corpos após as últimas batalhas, havia uma determinação feroz em cada passo que dávamos. A Fera estava despertando, e sabíamos que precisaríamos de toda ajuda possível. Isso incluía os vampiros do território mais afastado e assustador, Nocturnia era o nome da cidade, uma aliança incerta que carregava tanto potencial quanto risco. Nocturnia, a Cidade dos Vampiros era uma lenda até mesmo entre os metamorfos, um lugar tão isolado que poucos viv
Capítulo 127 - "A Prova de Sangue"(Narrado por Thalrik) O frio ainda impregnava meus ossos quando emergimos da cripta. O peso do silêncio lá dentro tinha se transferido para mim, como se cada sombra daquele lugar tivesse deixado uma marca invisível na minha alma. Apesar de estarmos ao ar livre novamente, não sentia alívio. Algo havia mudado dentro de mim. Dentro de nós. A lua pairava alta no céu, iluminando nossos rostos cansados e o objeto que Elira segurava com cuidado. A adaga negra parecia pulsar com vida própria, sua luz espectral refletida nos olhos dela. Draegon permanecia em silêncio, o maxilar tenso, enquanto observava os arredores como se esperasse que as sombras nos perseguissem para fora da cripta. O primeiro a quebrar o silêncio foi Lorde Alaric, que nos aguardava do lado de fora com sua expressão de calma fria. Ele estava envolto em seu longo manto negro, seus olhos brilhando com interesse ao ver a adaga. — Vocês consegu
Capítulo 128 - "O Sacrifício"(Narrado por Elira) A lua prateada estava alta no céu, uma vigia silenciosa sobre o território da matilha. Seu brilho atravessava os galhos tortuosos das árvores, projetando sombras dançantes no chão da floresta. O ar tinha um peso diferente naquela noite, carregado de uma expectativa quase tangível. Podia senti-lo nos murmúrios das folhas, no farfalhar inquieto das criaturas noturnas e até mesmo no latido distante de um lobo solitário. Eu estava sentada no interior da cabana, meus dedos roçando levemente a superfície da adaga. Desde que a trouxemos da cripta, ela parecia vibrar com energia própria, como se fosse algo vivo. As runas antigas gravadas na lâmina brilhavam suavemente, e havia algo de hipnótico naquele brilho, algo que me fazia sentir ao mesmo tempo fascinada e assustada. — Você está quieta. — Draegon falou, entrando pela porta aberta com passos firmes. Ele vestia uma túnica escura e simples, mas sua prese
Capítulo 129 - "O Primeiro Rugido"(Narrado por Draegon) A floresta parecia viva, mas não no sentido que inspirava beleza ou tranquilidade. Cada árvore, cada folha, cada sopro de vento trazia consigo um peso, uma densidade palpável que se infiltrava nos pulmões, nos ossos, no espírito. A névoa à nossa frente crescia, assumindo formas que eram ao mesmo tempo familiares e alienígenas. E então, os olhos. Dois globos ardentes, vermelhos como brasas, flutuavam na escuridão, encarando-nos como predadores estudam suas presas. Eu estava à frente, com Thalrik ao meu lado e Elira logo atrás. Pude ouvir sua respiração vacilar, um som quase imperceptível, mas que carregava a intensidade do medo. Não um medo comum, mas aquele que brota diante do desconhecido, do incompreensível. — Fiquem juntos. — Minha voz soou baixa, quase um rosnado. A névoa se retorceu, girando como um redemoinho. Não era apenas vapor, havia substância nela, uma escuridão tangív