Capítulo 129 - "O Primeiro Rugido"
(Narrado por Draegon)A floresta parecia viva, mas não no sentido que inspirava beleza ou tranquilidade. Cada árvore, cada folha, cada sopro de vento trazia consigo um peso, uma densidade palpável que se infiltrava nos pulmões, nos ossos, no espírito. A névoa à nossa frente crescia, assumindo formas que eram ao mesmo tempo familiares e alienígenas. E então, os olhos. Dois globos ardentes, vermelhos como brasas, flutuavam na escuridão, encarando-nos como predadores estudam suas presas.Eu estava à frente, com Thalrik ao meu lado e Elira logo atrás. Pude ouvir sua respiração vacilar, um som quase imperceptível, mas que carregava a intensidade do medo. Não um medo comum, mas aquele que brota diante do desconhecido, do incompreensível.— Fiquem juntos. — Minha voz soou baixa, quase um rosnado.A névoa se retorceu, girando como um redemoinho. Não era apenas vapor, havia substância nela, uma escuridão tangívCapítulo 130 - "A Escolha da Lua"(Narrado por Elira) A luz ao nosso redor se dissipava lentamente, como um véu sendo erguido após séculos de escuridão. Ainda segurava o Coração Lunar em uma das mãos, enquanto a outra apertava com força a adaga negra. O peso das relíquias parecia mais intenso agora, como se o que acabáramos de enfrentar tivesse despertado algo nelas, algo que até mesmo eu mal conseguia compreender. A Fera ainda estava lá. Enorme, imponente, tão antiga quanto o próprio mundo. Seus olhos vermelhos, profundos e insuportavelmente brilhantes, me fixavam como se fossem capazes de enxergar tudo o que eu era, tudo o que eu temia. Minha respiração estava entrecortada. Minhas pernas, bambas. Ainda assim, permaneci de pé. — Elira... — Draegon começou, mas ergui a mão para silenciá-lo. Não porque não quisesse ouvir sua voz, mas porque senti que, naquele momento, não podíamos mostrar fraqueza. A Fera não era apenas um ini
Capítulo 131 - "A Aliança Forjada em Sangue"(Narrado por Thalrik) As brasas da fogueira central ardiam sob o céu enegrecido, lançando sombras dançantes sobre os rostos tensos que me cercavam. O Conselho das Espécies estava reunido, uma mistura improvável de lobisomens, metamorfos, vampiros e os poucos feiticeiros sobreviventes. Cada um deles carregava no olhar o peso da desconfiança. E eu estava no centro de tudo isso. — Isso é um erro. — A voz gélida de Lorde Alaric , o líder dos vampiros, cortou o ar como uma lâmina afiada. Seus olhos escarlates fixaram-se em mim, a antipatia clara. — Aliarmo-nos a seres tão... voláteis quanto os lobisomens só vai acelerar nossa destruição. Mordi a língua para não responder com algo que agravasse a situação. Alaric estava jogando o jogo político, e eu precisava manter o foco. — É engraçado ouvir isso de alguém cuja espécie é conhecida por trair alianças no primeiro sinal de fraqueza. — O t
Capítulo 132 - "Os Suspeitos"(Narrado por Draegon) A luz fraca do amanhecer pintava a floresta em tons de cinza e dourado, mas a beleza natural ao nosso redor parecia um contraste cruel à tensão que pairava no ar. O ataque noturno havia deixado marcas profundas, árvores derrubadas, tendas destruídas e o cheiro metálico de sangue impregnando o local. Mesmo com o cansaço evidente, ninguém ousava relaxar. Eu me movia entre os sobreviventes, ajudando onde podia, mas minha mente estava fixa na mensagem que Thalrik encontrara. — Há um traidor entre nós. Essas palavras ecoavam em minha cabeça como um sino de alerta. Olhei ao redor, para os rostos exaustos, alguns desconfiados, outros claramente apavorados. Quem seria capaz de trair nossa causa? "Todos têm algo a esconder", pensei. Isso incluía até mesmo a mim, mas agora não era o momento de mergulhar em dúvidas internas. Eu precisava encontrar respostas antes que mais danos fossem
Capítulo 133 - "O Tear dos Mundos"(Narrado por Elira) O ar ao nosso redor parecia pesado, impregnado com o cheiro de terra úmida e algo mais profundo, mais inquietante, como se a própria floresta estivesse viva, respirando conosco. Cada passo que dávamos no solo escuro parecia afundar um pouco mais, como se a terra quisesse nos prender ali. A presença da Fera era tangível, corroendo o que antes havia sido um refúgio de vida. Eu podia sentir o Coração Lunar pulsando em minhas mãos, como se estivesse ansioso. Ou com medo. Essa relíquia, que tantas vezes havia sido nossa salvação, agora parecia sussurrar em minha mente, seus sussurros ecoando com palavras desconexas. — O Tear dos Mundos está próximo. — Murmurei, mais para mim mesma do que para Draegon e Thalrik, que caminhavam logo atrás de mim. — Como pode ter tanta certeza? — Perguntou Draegon, sua voz baixa, mas carregada de curiosidade e preocupação. Virei-me para encará-l
Capítulo 134 - "O Guardião do Templo"(Narrado por Thalrik) A luz que preencheu a sala era tão intensa que parecia ter arrancado a própria essência das sombras ao nosso redor. Por um instante, tudo ficou em silêncio, um vazio que pressionava os sentidos, como se o mundo tivesse sido suspenso em um único momento. Quando a luz começou a se dissipar, abri os olhos lentamente, com a mão firme no cabo da espada. — Elira? Draegon? — Minha voz cortou o silêncio, um som rouco e ecoante no vasto salão do templo. Aos poucos, os contornos ao meu redor se tornaram nítidos novamente. Elira estava de joelhos, ofegante, segurando o Tear dos Mundos. O artefato brilhava suavemente em suas mãos, como uma chama que balançava ao vento. Draegon estava ao seu lado, uma mão em seu ombro, tentando ajudá-la a se levantar. — Estou bem. — Disse ela, embora sua voz estivesse trêmula, quase apagada. — Isso foi... — Draegon começou, mas sua frase foi cor
Capítulo 135 - "A Última Profecia"(Narrado por Elira) O silêncio que se seguiu à batalha dentro do templo era quase tão opressor quanto a presença da Fera. Cada som parecia amplificado, desde o sussurrar do vento entre as árvores corrompidas até o som irregular das respirações ao meu redor. O Tear dos Mundos brilhava em um azul etéreo em minhas mãos, pulsando levemente, como se tivesse uma vida própria. Cada pulsação parecia sincronizar-se com os batimentos do meu coração, um lembrete constante da responsabilidade que carregávamos. Draegon e Thalrik estavam próximos, mas mesmo a presença deles não conseguia aliviar o peso que sentia. — O que fazemos agora? — perguntou Draegon, a voz grave ressoando como uma âncora em meio à minha mente turbulenta. Olhei para o Tear, as runas gravadas nele brilhando suavemente. Parte de mim sabia que o artefato não era apenas uma ferramenta, ele era uma chave, mas para quê, exatamente, eu ainda não sabia. — Precisamos entender isso completam
Capítulo 136 - "Preparativos para a Guerra" (Narrado por Draegon)O ar estava impregnado de tensão. Do alto da colina, observei o acampamento abaixo, uma mistura de barracas improvisadas, armaduras reluzentes e rostos marcados pela exaustão. Estávamos à beira da batalha final, mas a moral dos nossos guerreiros estava em frangalhos. Era fácil entender o porquê, muitos tinham perdido amigos, aliados, e até mesmo partes de si mesmos para a escuridão que assolava o mundo. Inspirei profundamente, sentindo o peso do momento. Como líder, era minha responsabilidade manter todos focados e determinados, mas também sabia que palavras vazias não os moveriam. Eles precisavam acreditar. — Draegon? — A voz grave de Thalrik cortou meus pensamentos. Ele estava ao meu lado, com sua figura imponente vestida em couro reforçado, as armas presas às costas. — Estamos prontos para a reunião. Assenti, ajustando a lâmina presa ao meu cinturão. — Vamos. A tenda central estava abarrotada. Líderes de d
Capítulo 137 - "O Despertar da Fera"(Narrado por Elira) O vento carregava um cheiro acre, como ferro oxidado misturado com fumaça. A floresta ao nosso redor estava morta, as árvores torcidas em ângulos impossíveis, como se uma força implacável as tivesse moldado. Cada passo que dávamos em direção à clareira era um desafio. O solo pulsava sob nossos pés, emitindo uma vibração que subia pelas minhas pernas e fazia meu coração bater em um ritmo descompassado. Eu sabia o que nos esperava. Sabia que estávamos caminhando diretamente para a boca da escuridão, mas, mesmo assim, o peso do Tear dos Mundos em minhas mãos parecia um lembrete cruel de que não havia outra opção. — Elira, está tudo bem? — Perguntou Draegon, a voz dele baixa, mas carregada de preocupação. — Sim. — Respondi, embora soubéssemos que era mentira. Nada estava bem. Nem comigo, nem com o mundo. Thalrik estava à nossa frente, liderando o caminho com seu machado em mãos. Ele não falava, mas a tensão em seus ombros