Capítulo 133 - "O Tear dos Mundos"
(Narrado por Elira)O ar ao nosso redor parecia pesado, impregnado com o cheiro de terra úmida e algo mais profundo, mais inquietante, como se a própria floresta estivesse viva, respirando conosco. Cada passo que dávamos no solo escuro parecia afundar um pouco mais, como se a terra quisesse nos prender ali. A presença da Fera era tangível, corroendo o que antes havia sido um refúgio de vida.Eu podia sentir o Coração Lunar pulsando em minhas mãos, como se estivesse ansioso. Ou com medo. Essa relíquia, que tantas vezes havia sido nossa salvação, agora parecia sussurrar em minha mente, seus sussurros ecoando com palavras desconexas.— O Tear dos Mundos está próximo. — Murmurei, mais para mim mesma do que para Draegon e Thalrik, que caminhavam logo atrás de mim.— Como pode ter tanta certeza? — Perguntou Draegon, sua voz baixa, mas carregada de curiosidade e preocupação.Virei-me para encará-lCapítulo 134 - "O Guardião do Templo"(Narrado por Thalrik) A luz que preencheu a sala era tão intensa que parecia ter arrancado a própria essência das sombras ao nosso redor. Por um instante, tudo ficou em silêncio, um vazio que pressionava os sentidos, como se o mundo tivesse sido suspenso em um único momento. Quando a luz começou a se dissipar, abri os olhos lentamente, com a mão firme no cabo da espada. — Elira? Draegon? — Minha voz cortou o silêncio, um som rouco e ecoante no vasto salão do templo. Aos poucos, os contornos ao meu redor se tornaram nítidos novamente. Elira estava de joelhos, ofegante, segurando o Tear dos Mundos. O artefato brilhava suavemente em suas mãos, como uma chama que balançava ao vento. Draegon estava ao seu lado, uma mão em seu ombro, tentando ajudá-la a se levantar. — Estou bem. — Disse ela, embora sua voz estivesse trêmula, quase apagada. — Isso foi... — Draegon começou, mas sua frase foi cor
Capítulo 135 - "A Última Profecia"(Narrado por Elira) O silêncio que se seguiu à batalha dentro do templo era quase tão opressor quanto a presença da Fera. Cada som parecia amplificado, desde o sussurrar do vento entre as árvores corrompidas até o som irregular das respirações ao meu redor. O Tear dos Mundos brilhava em um azul etéreo em minhas mãos, pulsando levemente, como se tivesse uma vida própria. Cada pulsação parecia sincronizar-se com os batimentos do meu coração, um lembrete constante da responsabilidade que carregávamos. Draegon e Thalrik estavam próximos, mas mesmo a presença deles não conseguia aliviar o peso que sentia. — O que fazemos agora? — perguntou Draegon, a voz grave ressoando como uma âncora em meio à minha mente turbulenta. Olhei para o Tear, as runas gravadas nele brilhando suavemente. Parte de mim sabia que o artefato não era apenas uma ferramenta, ele era uma chave, mas para quê, exatamente, eu ainda não sabia. — Precisamos entender isso completam
Capítulo 136 - "Preparativos para a Guerra" (Narrado por Draegon)O ar estava impregnado de tensão. Do alto da colina, observei o acampamento abaixo, uma mistura de barracas improvisadas, armaduras reluzentes e rostos marcados pela exaustão. Estávamos à beira da batalha final, mas a moral dos nossos guerreiros estava em frangalhos. Era fácil entender o porquê, muitos tinham perdido amigos, aliados, e até mesmo partes de si mesmos para a escuridão que assolava o mundo. Inspirei profundamente, sentindo o peso do momento. Como líder, era minha responsabilidade manter todos focados e determinados, mas também sabia que palavras vazias não os moveriam. Eles precisavam acreditar. — Draegon? — A voz grave de Thalrik cortou meus pensamentos. Ele estava ao meu lado, com sua figura imponente vestida em couro reforçado, as armas presas às costas. — Estamos prontos para a reunião. Assenti, ajustando a lâmina presa ao meu cinturão. — Vamos. A tenda central estava abarrotada. Líderes de d
Capítulo 137 - "O Despertar da Fera"(Narrado por Elira) O vento carregava um cheiro acre, como ferro oxidado misturado com fumaça. A floresta ao nosso redor estava morta, as árvores torcidas em ângulos impossíveis, como se uma força implacável as tivesse moldado. Cada passo que dávamos em direção à clareira era um desafio. O solo pulsava sob nossos pés, emitindo uma vibração que subia pelas minhas pernas e fazia meu coração bater em um ritmo descompassado. Eu sabia o que nos esperava. Sabia que estávamos caminhando diretamente para a boca da escuridão, mas, mesmo assim, o peso do Tear dos Mundos em minhas mãos parecia um lembrete cruel de que não havia outra opção. — Elira, está tudo bem? — Perguntou Draegon, a voz dele baixa, mas carregada de preocupação. — Sim. — Respondi, embora soubéssemos que era mentira. Nada estava bem. Nem comigo, nem com o mundo. Thalrik estava à nossa frente, liderando o caminho com seu machado em mãos. Ele não falava, mas a tensão em seus ombros
Capítulo 138 - "Aceitando o Vínculo"(Narrado por Thalrik) A visão diante de nós parecia saída de um pesadelo. As sombras se retorciam como serpentes, ganhando forma a cada instante. Cada uma delas assumia traços familiares, rostos que haviam habitado nossos medos mais profundos. Mas o que roubou meu fôlego foi o rosto que emergiu entre todas as outras, o da mãe de Elira. Ela não parecia uma sombra sem forma, mas sim uma versão perfeita, quase palpável. Havia algo em seus olhos, uma mistura de tristeza e ira que me fez estremecer. Ao meu lado, Elira paralisou. — Isso... não pode ser real. — Sua voz saiu como um sussurro, carregada de descrença e dor. Draegon se aproximou, colocando-se entre Elira e a figura. — É uma ilusão. Não deixe isso te abalar. Mas, mesmo enquanto dizia isso, sua voz tremia. Eu podia sentir a dúvida se infiltrando em nós como uma onda de frio, ameaçando quebrar o frágil equilíbrio que estávamos começando a construir. A Fera riu, seu som ecoando como
Capítulo 139 - "Luz na Escuridão"(Narrado por Elira) A escuridão me envolveu completamente, roubando qualquer senso de direção. Era como cair em um abismo sem fim, sem qualquer esperança de encontrar o chão. Minhas mãos apertavam o Tear dos Mundos, sua vibração intensificando-se a cada segundo, como se estivesse vivo, pulsando com uma energia ancestral que eu mal conseguia conter. “Eu preciso fazer um sacrifício.” As palavras que eu dissera ecoavam na minha mente, mas mesmo enquanto eu pronunciava essa verdade, uma parte de mim lutava contra ela. Não era justo. Não era justo que o peso de tudo recaísse sobre mim. Mas a escolha já havia sido feita no momento em que aceitei meu destino como Filha da Lua. De repente, a escuridão se partiu, revelando um cenário que parecia saído de um pesadelo. Eu estava de volta à clareira, mas ela estava diferente. Árvores mortas cercavam o espaço, seus galhos torcidos como mãos clamando por ajuda. No centro, a Fera se erguia, uma massa coloss
Capítulo 140 - "O Sacrifício Final"(Narrado por Elira) O brilho do Tear dos Mundos era avassalador, como um segundo sol nascendo no coração daquela clareira tomada pela escuridão. A luz que emanava dele não era apenas intensa, era viva. Podia sentir seu calor penetrando na minha pele, como se quisesse consumir tudo o que eu era. Meus dedos apertaram o artefato com tanta força que quase pareciam fundir-se a ele, e a vibração incessante do Tear ecoava em meu peito, sincronizando-se com os batimentos do meu coração. O ar ao redor estava carregado de energia, pulsante e imprevisível. Mesmo com o vento rugindo e a luz me cegando, eu podia ouvir a respiração pesada de Draegon e Thalrik ao meu lado. Cada um deles era uma âncora que me mantinha de pé, que me lembrava de quem eu era, mesmo quando tudo parecia desmoronar. A Fera se contorcia diante de nós, sua forma colossal oscilando entre a realidade e o nada, enquanto seus tentáculos sombrios se espalhavam pela clareira como raízes de
Capítulo 141 - "O Reencontro no Vazio" (Narrado por Elira) O primeiro sinal de que eu ainda existia foi o som. Não um som comum, mas algo além do que meus sentidos humanos podiam processar: um zumbido contínuo, como uma melodia etérea formada por vozes distantes. Era ao mesmo tempo estranha e reconfortante, como se carregasse fragmentos de todas as músicas que eu já ouvira e de outras que jamais conheceria. Minha consciência despertou lentamente, como se estivesse subindo à superfície após anos submersa em águas profundas. Quando finalmente abri os olhos, percebi que não estava mais na clareira. Não havia chão, nem céu, nem horizonte. Apenas um vazio infinito, pontuado por estrelas que piscavam e se moviam de forma errática, como se seguissem uma dança própria. Minha primeira reação foi estender a mão, buscando algo sólido, mas tudo o que encontrei foi um espaço vazio que parecia moldar-se ao meu toque. — Onde estou? — Murmurei, minha voz ecoando como se fosse ampliada por mi