Capítulo 140 - "O Sacrifício Final"(Narrado por Elira) O brilho do Tear dos Mundos era avassalador, como um segundo sol nascendo no coração daquela clareira tomada pela escuridão. A luz que emanava dele não era apenas intensa, era viva. Podia sentir seu calor penetrando na minha pele, como se quisesse consumir tudo o que eu era. Meus dedos apertaram o artefato com tanta força que quase pareciam fundir-se a ele, e a vibração incessante do Tear ecoava em meu peito, sincronizando-se com os batimentos do meu coração. O ar ao redor estava carregado de energia, pulsante e imprevisível. Mesmo com o vento rugindo e a luz me cegando, eu podia ouvir a respiração pesada de Draegon e Thalrik ao meu lado. Cada um deles era uma âncora que me mantinha de pé, que me lembrava de quem eu era, mesmo quando tudo parecia desmoronar. A Fera se contorcia diante de nós, sua forma colossal oscilando entre a realidade e o nada, enquanto seus tentáculos sombrios se espalhavam pela clareira como raízes de
Capítulo 141 - "O Reencontro no Vazio" (Narrado por Elira) O primeiro sinal de que eu ainda existia foi o som. Não um som comum, mas algo além do que meus sentidos humanos podiam processar: um zumbido contínuo, como uma melodia etérea formada por vozes distantes. Era ao mesmo tempo estranha e reconfortante, como se carregasse fragmentos de todas as músicas que eu já ouvira e de outras que jamais conheceria. Minha consciência despertou lentamente, como se estivesse subindo à superfície após anos submersa em águas profundas. Quando finalmente abri os olhos, percebi que não estava mais na clareira. Não havia chão, nem céu, nem horizonte. Apenas um vazio infinito, pontuado por estrelas que piscavam e se moviam de forma errática, como se seguissem uma dança própria. Minha primeira reação foi estender a mão, buscando algo sólido, mas tudo o que encontrei foi um espaço vazio que parecia moldar-se ao meu toque. — Onde estou? — Murmurei, minha voz ecoando como se fosse ampliada por mi
Capítulo 142 - "Renascida na Luz"(Narrado por Thalrik) O ar ainda estava impregnado de magia, como se a própria clareira respirasse aliviada após o caos que quase a desfez. Observei Elira despertar, primeiro como se estivesse saindo de um sono profundo, e depois, como alguém que acabou de renascer. Havia algo diferente nela, algo além do óbvio. Sua pele parecia mais luminosa, como se refletisse a luz das estrelas que brilhavam acima. Aquele brilho, sutil mas inegável, não era humano, era celestial. Quando nossos olhos se encontraram, senti uma onda de calor atravessar meu peito, e por um momento, percebi que não eram apenas emoções comuns que me conectavam a ela. Era algo mais. Algo que pulsava, vibrava, como se nossos corações tivessem começado a bater em uníssono. Eu sabia que Draegon sentia o mesmo, porque ele a segurava como se não pudesse suportar soltá-la, mas também com uma reverência que só vi poucas vezes em sua vida. — Está tudo bem agora? — Perguntei, tentando ig
Capítulo 143 - "Os Limites do Vínculo"(Narrado por Draegon) O frio na clareira era palpável, cortante como a lâmina que eu segurava firme nas mãos. Cada fibra do meu corpo estava em alerta, e minha respiração saía pesada, formando nuvens brancas no ar gélido. A risada ecoava como um sussurro maligno, mas agora havia algo diferente. Não era apenas a presença da Fera que sentíamos, havia mais, uma força que parecia brincar com nossos sentidos, se escondendo nas sombras da floresta. — Vocês não podem fugir de mim... nunca fugiram. — A voz sibilante parecia vir de todas as direções. Elira cambaleou, ofegante, ainda cercada pela luz que oscilava entre o celestial e o sombrio. Eu estendi a mão, mas ela ergueu o olhar, determinada, embora seus olhos traíssem o cansaço. — Não... vou deixar... que me controle. O chão estremeceu mais uma vez, e eu sabia que precisávamos sair dali antes que a clareira inteira desmoronasse sob o peso daquela presença. — Temos que nos mover. Agora. —
Capítulo 144 - "O Eco da Fera"(Narrado por Elira) A viagem até o local onde havíamos selado a Fera foi marcada por um silêncio inquietante. Eu tentava me concentrar na paisagem ao redor, mas a sensação persistente de uma presença sombria pairava sobre nós como uma nuvem ameaçadora. A floresta, que antes nos acolhia com sua vivacidade, agora parecia deserta, como se até os animais tivessem sentido a anomalia que crescia à distância. Draegon caminhava à frente, sempre alerta, sua espada pendendo em suas costas como um lembrete constante de que estávamos longe de estar seguros. Thalrik vinha logo atrás de mim, seus passos pesados combinando com a seriedade em seu olhar. Mesmo quando ele não dizia nada, o peso de sua magia era quase tangível. Mas o que mais me incomodava era a vibração constante que sentia dentro de mim, como um tamborim distante que nunca cessava. Desde que despertara após o ritual, minha conexão com o Tear dos Mundos e com Draegon e Thalrik havia se aprofundado,
Capítulo 145 - "Sombras Renascidas"(Narrado por Thalrik) O campo ao nosso redor parecia uma extensão infinita de desolação, mas cada rachadura no solo, cada sombra que se movia no horizonte, trazia uma ameaça iminente. O eco da Fera não era apenas uma energia residual. Era algo vivo, algo que aprendia com cada tentativa nossa de contê-lo. Eu podia sentir isso. Não apenas na terra ou no ar pesado que pairava sobre nós, mas dentro de mim. A conexão que compartilhava com Draegon e Elira vibrava com uma intensidade perturbadora, como se aquele vínculo fosse uma corda esticada prestes a se romper. A criatura sombria que emergira da fissura era diferente das anteriores. Sua forma parecia sólida, mas mudava constantemente, como um líquido tentando imitar um corpo. Era alta, maior que qualquer um de nós, com membros longos e garras afiadas que raspavam contra o chão enquanto avançava. Seus olhos, dois orbes brilhantes de vermelho profundo, eram fixos em nós. Não havia dúvida de que éram
Capítulo 146 - "O Círculo do Selamento" (Narrado por Elira) A fissura no chão pulsava com uma luz vermelha, um coração monstruoso batendo no centro daquele deserto de sombras. O ar ao redor estava denso, carregado com a energia remanescente da Fera. Cada vez que olhava para a rachadura, sentia um arrepio percorrer minha espinha, como se algo dentro dela estivesse me observando. Mas não havia tempo para hesitar. — Temos que fechar isso agora. — Minha voz saiu firme, mas meu interior era um turbilhão de dúvidas. Ao meu lado, Draegon limpava um filete de sangue da testa. Sua lâmina estava embainhada, mas sua mão descansava próxima ao punho, como se ele esperasse outra criatura emergir a qualquer momento. Thalrik, por outro lado, tinha o semblante tenso, seus olhos varrendo o horizonte. Ele estava inquieto, como se pressentisse algo que nós não percebíamos. — O selamento não será simples. — Zintury interrompeu meus pensamentos. Sua figura, envolta no manto azul escuro que parec
Capítulo 147 - "A Festa na Matilha"(Narrado por Draegon) A lua cheia pairava sobre nós, sua luz prateada iluminando o território da matilha, transformando o que era uma clareira comum em um cenário quase onírico. Havia algo confortante e selvagem naquela noite, uma sensação de lar e pertencimento que eu não sentia há muito tempo. A decisão de organizar a festa havia sido minha, embora não estivesse totalmente convencido de que seria a melhor ideia. Mas após os horrores enfrentados no deserto e o custo do selamento, todos precisávamos de um momento para respirar, um momento para lembrar que ainda éramos mais do que guerreiros em uma batalha interminável. O território da matilha era vibrante, uma fusão de natureza e tradição. As cabanas, feitas de madeira e cobertas com folhas, estavam decoradas com lanternas que emanavam uma luz quente e acolhedora. No centro da clareira, uma fogueira gigantesca ardia, suas chamas dançando ao som dos tambores que ecoavam pela floresta. Os lobo