Capítulo 124 - "Entre a Luz e a Sombra"
(Narrado por Thalrik)O ar estava denso, quase sufocante, enquanto a noite avançava como um véu de escuridão impenetrável. A revelação sobre o sacrifício necessário para selar a Fera ainda reverberava em minha mente, mas não podíamos nos deter na incerteza. Precisávamos de algo mais. Algo que pudesse mudar as regras desse jogo mortal.Foi Draegon quem trouxe à tona a lenda do “Coração Lunar”, um artefato de poder inigualável, supostamente escondido nas profundezas de uma caverna esquecida, protegida por forças ancestrais. Muitos duvidavam de sua existência, mas não tínhamos o luxo de descartar nenhuma possibilidade.— É arriscado, Thalrik — disse Draegon, a voz grave enquanto ajustava a alça de sua espada nas costas. — Os guardiões não são inimigos comuns.Olhei para ele, mantendo minha expressão firme.— Já enfrentamos riscos maiores. Além disso, se o Coração Lunar for real, ele podeCapítulo 125 - "O Coração Lunar"(Narrado por Elira) O Coração Lunar pulsava em minhas mãos, irradiando uma luz prateada que oscilava, ora forte, ora fraca, como se estivesse vivo e respirando. Sua energia me percorria, aquecendo e gelando ao mesmo tempo, uma mistura confusa de poder bruto e incerteza. Nunca havia sentido algo tão intenso e desestabilizador. Eu queria acreditar que essa esfera de luz líquida seria a resposta para tudo, mas, no fundo, uma voz sussurrava que ela trazia tantos perigos quanto promessas. Estávamos de volta ao refúgio da matilha, onde as tochas ardiam, lançando sombras oscilantes contra as paredes de pedra do salão principal. Era um lugar que sempre emanava segurança, mas agora parecia opressivo, como se o próprio ambiente estivesse atento à tensão crescente entre nós. Coloquei o Coração Lunar sobre uma mesa de madeira, afastando-me com cuidado, como se o contato prolongado pudesse queimar mais do que meus d
Capítulo 126 - "A Cidade dos Vampiros" (Narrado por Draegon) A jornada até a Cidade dos Vampiros era um teste em si. A noite parecia mais densa, a escuridão quase palpável, como se o mundo ao nosso redor estivesse conspirando para nos engolir. As árvores da floresta sussurravam ao vento, suas sombras alongadas parecendo mãos estendidas para agarrar qualquer um que ousasse se aproximar demais. Eu liderava o grupo, com Elira logo atrás de mim e Thalrik fechando a formação. Apesar do cansaço evidente em nossos corpos após as últimas batalhas, havia uma determinação feroz em cada passo que dávamos. A Fera estava despertando, e sabíamos que precisaríamos de toda ajuda possível. Isso incluía os vampiros do território mais afastado e assustador, Nocturnia era o nome da cidade, uma aliança incerta que carregava tanto potencial quanto risco. Nocturnia, a Cidade dos Vampiros era uma lenda até mesmo entre os metamorfos, um lugar tão isolado que poucos viv
Capítulo 127 - "A Prova de Sangue"(Narrado por Thalrik) O frio ainda impregnava meus ossos quando emergimos da cripta. O peso do silêncio lá dentro tinha se transferido para mim, como se cada sombra daquele lugar tivesse deixado uma marca invisível na minha alma. Apesar de estarmos ao ar livre novamente, não sentia alívio. Algo havia mudado dentro de mim. Dentro de nós. A lua pairava alta no céu, iluminando nossos rostos cansados e o objeto que Elira segurava com cuidado. A adaga negra parecia pulsar com vida própria, sua luz espectral refletida nos olhos dela. Draegon permanecia em silêncio, o maxilar tenso, enquanto observava os arredores como se esperasse que as sombras nos perseguissem para fora da cripta. O primeiro a quebrar o silêncio foi Lorde Alaric, que nos aguardava do lado de fora com sua expressão de calma fria. Ele estava envolto em seu longo manto negro, seus olhos brilhando com interesse ao ver a adaga. — Vocês consegu
Capítulo 128 - "O Sacrifício"(Narrado por Elira) A lua prateada estava alta no céu, uma vigia silenciosa sobre o território da matilha. Seu brilho atravessava os galhos tortuosos das árvores, projetando sombras dançantes no chão da floresta. O ar tinha um peso diferente naquela noite, carregado de uma expectativa quase tangível. Podia senti-lo nos murmúrios das folhas, no farfalhar inquieto das criaturas noturnas e até mesmo no latido distante de um lobo solitário. Eu estava sentada no interior da cabana, meus dedos roçando levemente a superfície da adaga. Desde que a trouxemos da cripta, ela parecia vibrar com energia própria, como se fosse algo vivo. As runas antigas gravadas na lâmina brilhavam suavemente, e havia algo de hipnótico naquele brilho, algo que me fazia sentir ao mesmo tempo fascinada e assustada. — Você está quieta. — Draegon falou, entrando pela porta aberta com passos firmes. Ele vestia uma túnica escura e simples, mas sua prese
Capítulo 129 - "O Primeiro Rugido"(Narrado por Draegon) A floresta parecia viva, mas não no sentido que inspirava beleza ou tranquilidade. Cada árvore, cada folha, cada sopro de vento trazia consigo um peso, uma densidade palpável que se infiltrava nos pulmões, nos ossos, no espírito. A névoa à nossa frente crescia, assumindo formas que eram ao mesmo tempo familiares e alienígenas. E então, os olhos. Dois globos ardentes, vermelhos como brasas, flutuavam na escuridão, encarando-nos como predadores estudam suas presas. Eu estava à frente, com Thalrik ao meu lado e Elira logo atrás. Pude ouvir sua respiração vacilar, um som quase imperceptível, mas que carregava a intensidade do medo. Não um medo comum, mas aquele que brota diante do desconhecido, do incompreensível. — Fiquem juntos. — Minha voz soou baixa, quase um rosnado. A névoa se retorceu, girando como um redemoinho. Não era apenas vapor, havia substância nela, uma escuridão tangív
Capítulo 130 - "A Escolha da Lua"(Narrado por Elira) A luz ao nosso redor se dissipava lentamente, como um véu sendo erguido após séculos de escuridão. Ainda segurava o Coração Lunar em uma das mãos, enquanto a outra apertava com força a adaga negra. O peso das relíquias parecia mais intenso agora, como se o que acabáramos de enfrentar tivesse despertado algo nelas, algo que até mesmo eu mal conseguia compreender. A Fera ainda estava lá. Enorme, imponente, tão antiga quanto o próprio mundo. Seus olhos vermelhos, profundos e insuportavelmente brilhantes, me fixavam como se fossem capazes de enxergar tudo o que eu era, tudo o que eu temia. Minha respiração estava entrecortada. Minhas pernas, bambas. Ainda assim, permaneci de pé. — Elira... — Draegon começou, mas ergui a mão para silenciá-lo. Não porque não quisesse ouvir sua voz, mas porque senti que, naquele momento, não podíamos mostrar fraqueza. A Fera não era apenas um ini
Capítulo 131 - "A Aliança Forjada em Sangue"(Narrado por Thalrik) As brasas da fogueira central ardiam sob o céu enegrecido, lançando sombras dançantes sobre os rostos tensos que me cercavam. O Conselho das Espécies estava reunido, uma mistura improvável de lobisomens, metamorfos, vampiros e os poucos feiticeiros sobreviventes. Cada um deles carregava no olhar o peso da desconfiança. E eu estava no centro de tudo isso. — Isso é um erro. — A voz gélida de Lorde Alaric , o líder dos vampiros, cortou o ar como uma lâmina afiada. Seus olhos escarlates fixaram-se em mim, a antipatia clara. — Aliarmo-nos a seres tão... voláteis quanto os lobisomens só vai acelerar nossa destruição. Mordi a língua para não responder com algo que agravasse a situação. Alaric estava jogando o jogo político, e eu precisava manter o foco. — É engraçado ouvir isso de alguém cuja espécie é conhecida por trair alianças no primeiro sinal de fraqueza. — O t
Capítulo 132 - "Os Suspeitos"(Narrado por Draegon) A luz fraca do amanhecer pintava a floresta em tons de cinza e dourado, mas a beleza natural ao nosso redor parecia um contraste cruel à tensão que pairava no ar. O ataque noturno havia deixado marcas profundas, árvores derrubadas, tendas destruídas e o cheiro metálico de sangue impregnando o local. Mesmo com o cansaço evidente, ninguém ousava relaxar. Eu me movia entre os sobreviventes, ajudando onde podia, mas minha mente estava fixa na mensagem que Thalrik encontrara. — Há um traidor entre nós. Essas palavras ecoavam em minha cabeça como um sino de alerta. Olhei ao redor, para os rostos exaustos, alguns desconfiados, outros claramente apavorados. Quem seria capaz de trair nossa causa? "Todos têm algo a esconder", pensei. Isso incluía até mesmo a mim, mas agora não era o momento de mergulhar em dúvidas internas. Eu precisava encontrar respostas antes que mais danos fossem