Capítulo 79 - "Correntes Invisíveis"
(Narrado por Elira)O ar ao meu redor parecia pesado, como se algo invisível estivesse tentando me puxar para baixo. Meu corpo estava preso a uma realidade que eu sabia ser uma mentira, mas a sensação de familiaridade era tão penetrante que ameaçava me convencer do contrário. Quando abri os olhos, o Reino das Sombras não existia mais. Em seu lugar, eu estava de volta ao que parecia ser minha antiga casa, antes de tudo, antes da matilha, antes da guerra.O sol brilhava no céu de forma quase exagerada, dourando o campo de flores que se estendia ao meu redor. Eu reconhecia aquele lugar, embora fosse impossível que estivesse ali. Minha infância, os dias despreocupados... Tudo parecia perfeito demais.— Isso não é real. — Murmurei para mim mesma, tentando me ancorar na verdade.Uma risada suave cortou o ar, e eu me virei para ver a fonte do som. Umbrael estava lá, mas não como a criatura sombria que enfrCapítulo 80 - "O Coração das Trevas" (Narrado por Draegon) A energia do Reino das Sombras parecia viva, pulsando ao nosso redor enquanto avançávamos. Cada passo que dávamos em direção ao centro desse domínio parecia mais pesado do que o anterior, como se o próprio ar conspirasse para nos deter. Meu coração batia com força, não só pelo esforço físico, mas pelo peso do que estava por vir. A câmara apareceu diante de nós como uma ferida aberta no tecido da realidade. Era vasta, maior do que qualquer espaço físico deveria ser, e iluminada por uma luz púrpura que emanava de uma esfera flutuante no centro. A esfera parecia pulsar em um ritmo irregular, como se estivesse viva. Não havia dúvidas, aquele era o núcleo do poder de Umbrael. As paredes da câmara eram formadas por uma substância que parecia uma mistura de pedra e sombra, sempre em movimento, como se estivesse respirando. Havia algo de profundamente errado naquele lugar, algo que fazia minha
Capítulo 81 - "O Sacrifício de Elira"(Narrado por Elira) O silêncio que se seguiu ao desafio de Umbrael era ensurdecedor, pesado como o próprio ar que nos envolvia. Cada um de nós parecia suspenso no tempo, as palavras dele pairando como uma sentença inevitável. Renda-se, Elira, e eles viverão. O significado dessa proposta ecoava na minha mente, e eu não podia ignorar o olhar de Draegon e Thalrik. Era como se eles estivessem me implorando, mas ao mesmo tempo me ordenando: “Não faça isso.” Minhas mãos tremiam, e meu coração batia tão forte que eu podia ouvi-lo ecoar em meus ouvidos. Olhei para Draegon primeiro. Seus olhos dourados, sempre tão firmes, agora estavam cheios de preocupação. Ele deu um passo à frente, mas foi barrado por uma barreira invisível criada por Umbrael. — Não escute ele, Elira! — Sua voz era grave, mas desesperada. — Você não pode ceder! — Draegon, eu... — Comecei, mas minha voz falhou.
Capítulo 82 - "O Elo Indestrutível"(Narrado por Thalrik) O silêncio era opressor, como o vazio antes de uma tempestade. Tudo ao meu redor parecia suspenso no tempo, exceto pela esfera rachada no centro da câmara, que pulsava com uma energia fraca, mas ameaçadora. O brilho púrpura dançava pelas paredes desmoronadas, lançando sombras grotescas que pareciam zombar de nossa tentativa de vitória. Olhei para Elira e Draegon, ambos visivelmente exaustos. O rosto de Elira estava pálido, quase translúcido, enquanto Draegon mantinha uma mão protetora em seu ombro, como se tentasse transferir sua força para ela. Eu sabia que ele faria isso se pudesse. E, de alguma forma, eu entendia que ela faria o mesmo por nós dois. Minha própria energia estava no limite. Cada músculo do meu corpo ardia, cada respiração era uma batalha. Mas eu sabia que não podíamos parar ali. Não enquanto aquela coisa ainda pulsasse. — Ele ainda está vivo. — Disse Draegon, su
Capítulo 83 - "Entre a Vida e a Morte"(Narrado por Elira) O silêncio era absoluto, um tipo de quietude que eu nunca havia experimentado antes. Era como se o próprio mundo tivesse parado, aguardando uma decisão que nem mesmo eu sabia que precisava tomar. A última coisa de que me lembrava era a explosão de luz dourada que consumiu tudo, o som da voz de Draegon chamando por mim e a visão de Thalrik caindo ao meu lado, exausto. Agora, eu estava em um campo vasto e dourado, com a luz do sol refletindo em cada folha de grama, criando um brilho etéreo. O céu acima era de um azul tão perfeito que parecia irreal, sem nuvens, sem sombras. Tudo parecia calmo demais, quase como se o próprio ar estivesse saturado de magia. Eu estava sozinha. Caminhei, hesitante, sentindo o calor suave do sol na minha pele e a leve brisa que acariciava meu rosto. Meu vestido, que antes estava rasgado e manchado de sangue, agora parecia novo, como se a energia desse
Capítulo 84 - "O Retorno à Matilha"(Narrado por Draegon) Minha mente emergia lentamente das profundezas de uma escuridão reconfortante. Não era como o vazio de antes, aquele causado por Umbrael, mas uma calma peculiar que parecia carregar consigo a promessa de algo novo. O cheiro da terra úmida preenchia meus sentidos antes mesmo de eu abrir os olhos. Havia também um calor ao meu lado, algo que me ancorava ao momento presente. Quando abri os olhos, minha visão foi recebida por um céu cinzento, nublado, com a luz do sol tentando atravessar as barreiras das nuvens. Pisquei algumas vezes, ajustando-me ao ambiente, até que a sensação de algo frio e áspero pressionando minha mão chamou minha atenção. Virei o rosto, ignorando a dor que percorreu meu corpo como uma corrente elétrica, e vi Elira. Ela estava deitada ao meu lado, os cabelos espalhados pelo chão, um contraste gritante contra a terra escura. Sua mão descansava sobre a minha, firme, mas com
Capítulo 85 - "Sob a Lua Eternamente" (Narrado por Elira) O vento soprava suavemente, carregando consigo o aroma da floresta ao nosso redor. Estávamos no alto de um penhasco, a luz prateada da lua envolvendo tudo em um brilho quase sobrenatural. Eu podia sentir o peso dos últimos acontecimentos ainda pendurado em meu peito, mas ao mesmo tempo, havia um alívio profundo, como se, por um breve momento, o mundo tivesse decidido nos conceder paz. Depois da mensagem que recebemos, sabíamos que paz era um vislumbre longínquo, mas decidimos ter este momento de paz apenas nós os três, antes de voltarmos às batalhas. — Você está pensativa. — A voz grave de Draegon quebrou o silêncio, puxando-me de meus devaneios. Olhei para ele, meu coração quase tropeçando ao vê-lo. Mesmo depois de tudo, Draegon tinha uma força serena que me fascinava. Ele estava sentado em uma rocha próxima, seus olhos dourados brilhando intensamente sob a luz da lua. As marcas da b
Capítulo 86 - "O Eclipse Inesperado"(Narrado por Thalrik) A luz da manhã parecia mais fraca do que o habitual, como se o sol estivesse preso por um véu translúcido que abafava seu brilho. Desde o amanhecer, senti um desconforto crescente, um peso estranho que pairava no ar e parecia comprimir meu peito. As árvores da floresta estavam silenciosas, como se até mesmo os animais tivessem se escondido. Draegon estava à minha direita, sua expressão carregada de inquietação. Ele era naturalmente atento aos detalhes, mas hoje parecia especialmente sensível. Elira caminhava um pouco atrás de nós, seus olhos varrendo a floresta com a cautela de uma loba caçando. — Você sente isso? — Perguntei, parando de repente e olhando para Draegon. Ele assentiu lentamente, sua mão já pousando na empunhadura de sua espada. — Não gosto disso, Thalrik. O ar está... denso. — Não é apenas o ar. — Elira nos alcançou, seu olhar fixo em algo a
Capítulo 87 - "A Relíquia dos Antigos"(Narrado por Elira) O ar ao redor do vilarejo destruído estava carregado de uma energia densa e sufocante. Mesmo após horas examinando as ruínas, eu sentia o peso daquela presença, como se algo tivesse deixado sua marca não apenas nas pedras, mas no próprio tecido do lugar. As runas gravadas nas paredes chamavam minha atenção de maneira inescapável. Linhas curvas, símbolos que pareciam entrelaçados com uma precisão quase matemática, convergiam para o que parecia ser o centro do vilarejo. Era como se tivessem sido desenhadas com um propósito claro, mas que escapava à compreensão imediata. Enquanto me abaixava para traçar os contornos de uma das runas, senti um calafrio na espinha. Não era só o frio da noite ou o eclipse persistente. Era algo mais profundo, uma sensação de que aquelas marcas carregavam vida própria. Draegon, que estava ao meu lado, observava cada movimento com seus olhos dourados pen