Sinto o meu coração disparar com a possibilidade de que me beijasse. Ele está tão perto, e me fita com tanta determinação. O que eu faria se os nossos lábios por fim se encontrassem? O que deveria fazer? Então, como se ponderasse os mesmos pensamentos que eu, Caio se aproxima ainda mais e toca a minha bochecha tão de leve com a boca que eu mal posso chamar de beijo. Não tenho certeza se estou aliviada ou decepcionada. Me levanto rapidamente e o vejo franzir a testa com a minha reação.
— Obrigada, Caio — consigo murmurar. — Vou entregar meus cupcakes pelo bairro e deixarei a porta encostada caso precise de alguma coisa.
E quando estou prestes a sair, ouço-o me chamar.
— Manuela, eu fiz algo errado?
Congelo com a sua preocupação, demorando demais para responder. Mas, com todo o autocontrole que posso reunir, apenas digo:
— Não. Apenas preciso trabalhar.
E saio antes que ele possa fazer mais perguntas. Arrumo sem muita atenção a cozinha e então me arrumo, trocando o short e a regata por um jeans e uma blusa que, sem dúvida, me fará parecer mais aceitável diante dos possíveis clientes. Guardo no bolso os meus cartões de visita e seguro a caixa, sentindo o suor se formar em minhas mãos. Mas o ignoro, respiro fundo e começo o primeiro de muitos dias da minha nova vida.
Por todos os lugares em que passo, as pessoas aceitam e elogiam os meus cupcakes, até mesmo se oferecendo para pagar por eles. Mas eu não posso cobrar. Não ainda. Eles são apenas, para eles, uma amostra do que posso fazer. E no fim vejo que os meus esforços valem a pena, pois consigo a minha primeira encomenda: um bolo de aniversário — pequeno, é verdade, mas isso não importa. Parece que enfim as coisas estão começando a caminhar.
A primeira coisa que faço quando volto para casa é tomar um longo banho para me livrar do calor e aliviar um pouco o cansaço da caminhada. Quando termino, enrolo uma toalha em meu corpo e em meu cabelo e parto para a cozinha, em busca de um copo d’água. Uma musiquinha cantarolada escapa dos meus lábios, evidenciando o quão satisfeita estou. E quando termino de beber, devolvo o copo ao armário e me viro, encontrando Caio encostado na parede, observando-me sem o menor pudor.
— Poderia bater à porta na próxima vez? — pergunto, tentando tirar sua atenção da toalha que só cobre o essencial, e enfim ele olha para o meu rosto.
— Eu não a vi chegar.
Ele cruza os braços.
Seguro a toalha para não ter perigo de que caia e começo a refazer meu caminho de volta para o quarto, e, tensa, sinto-o me seguir. Quero parar e perguntar quais são as suas intenções, o que se passa na cabeça dele, mas tudo o que digo é:
— Caio, vou me trocar. Pode me dar licença? Já foi constrangedor você me ver assim, e tenho certeza que ainda tem muito trabalho a fazer.
Ele assente, as mãos enfiadas nos bolsos, e inclina a cabeça para mim. Mas em vez de se afastar, se aproxima. O rosto está muito calmo, mas há um certo quê de provocação em seu olhar que faz o meu coração bater com tanta força que me pergunto se ele pode ouvir. Com os lábios agora muito próximos dos meus, ele sussurra:
— Desde que você saiu da garagem daquele jeito, estranhamente irritada, eu comecei a questionar a mim mesmo a razão para tal reação. — Seus dedos tocam a minha bochecha e ele sorri. — E foi então que me dei conta do motivo: o beijo. Você estava irritada porque queria que eu a beijasse na boca. Posso fazer isso agora. Se ainda quiser.
— Caio, eu... — O que eu poderia dizer? É claro que o quero, mas...
— Basta dizer que sim. — Ele sorri para mim, as íris brilhando em expectativa e o tom docemente hipnótico.
Então eu o faço. Sem forças para falar, assinto. E é o suficiente para ele encostar a boca na minha, em um toque tão íntimo e inesperado que me faz abri-la sem ao menos pensar e permitir que ele a reivindique com a língua, explorando cada centímetro enquanto cola o corpo no meu e rodeia a minha cintura com os braços. Quando nos afastamos, minha respiração está acelerada e as minhas pernas bambas.
Ele se afasta com o rosto corado pela intensidade do beijo.
— Se quiser mais — diz, baixinho — vai ter que pedir. — E assim sai, deixando-me sozinha com o coração pulsando contra o peito.
Volto para o quarto, a cabeça finalmente voltando a funcionar, e me irrito ao pensar que tudo o que ele queria era me provocar para que eu pedisse, implorasse por mais. Que joguinho era esse que ele achava que estávamos jogando?
— Vamos ver qual de nós dois vai pedir mais, Caio — murmuro, zangada comigo mesma ao ver o que um simples beijo causou em meu corpo. Aperto ainda mais a toalha e suspiro, os olhos encarando sem realmente ver o teto.
Ainda estou mexida com o que ocorreu pela manhã. Como agora já são quase duas da tarde, estou terminando o almoço. Faço canelones de presunto e queijo e coloco a forma no forno, para dar uma gratinada no queijo que joguei por cima. E, enquanto isso, vou até meu quarto e ponho o vestido mais curto e colado que tenho. Se Caio quer jogar esse jogo de sedução, por mim tudo bem. Quando termino de me arrumar, vou à garagem e vejo que Caio está terminando de raspar a última parede. Ele está bem no cantinho, abaixado. Vou até ele e ficobem na sua frente. — Você já almoçou? – pergunto, e ele se vira lentamente para mim; seus olhos fixando-se de imediato em minhas coxas. Estalo os dedos diante do seu rosto. – Estoufalando com você. — Oi! – Enfim levanta a cabeça e olha para o meu rosto. – Ainda não. Estava querendo terminar primeiro pra depois ir em casa preparar algo pra comer. – Elese levanta. — Você não quer almoçar comigo
Uma semana se passa e Caio e eu passamos todo esse tempo provocando um ao outro. Muitas vezes tive vontade de ceder ao desejo enorme que tenho por ele, mas consegui ser forte. Pelo menos até hoje. Ele é orgulhoso e teimoso — e nisso somos parecidos —, e por essa razão ninguém quer dar o braço a torcer. Minha lojinha finalmente está pronta e Viviane, em seu dia de folga, resolveu ficar e me ajudar. E estou tão ansiosa que parece ser a primeira vez. — Está pronta para abrir as portas? — ela pergunta, com um grande sorriso. — Um pouco nervosa, mas estou pronta. E agradeço tanto pela ajuda... — Não precisa agradecer. Vivi me manda ficar atrás do balcão enquanto ela abre a porta, e não posso acreditar no que meus olhos veem. Lá está o meu primeiro cliente, lindo e sorridente. Vivi olha dele para mim desconfiada, mas com um sorrisinho malicioso. — Caio, que surpresa — fala, toda empolgada. — Bom dia. — Ele dá um beijo em sua bochecha
Caio havia baixado a guarda? Ele me pede um beijo depois de todo esse tempo, e quando dou por mim, já estou em seus braços — esses braços maravilhosos, que fazem cada centímetro do meu corpo gritar o seu nome. Poderia ficar o resto da minha vida aqui, sentindo o seu toque, o seu aperto em minha cintura, quase doloroso de tão bom, e os seus lábios que exploram os meus de um jeito arrebatador. É como se ele precisasse desse beijo para sobreviver. — Manu! — Escuto Vivi gritar e me lembro que estou em horário de trabalho, e, relutantemente, me afasto de Caio. — Acho que ela precisa da minha ajuda. É melhor eu voltar. Ele segura o meu rosto e me dá um selinho. — Agora eu vou pra casa, mas estava falando sério em sair com você mais tarde. Você aceita? — Faço que sim com a cabeça, sorrindo. — Então pego você às nove. Ele me dá mais um beijo curto e sai pela porta da cozinha. Dou uma arrumada na minha roupa e no cabelo, recolho a bandeja e volto para
Uma semana atrás, prometi a mim mesma que não iria me apaixonar tão cedo, e aqui estou eu, caidinha por Caio. Não acredito que ele me pediu em namoro. Realmente existe sentimentos. Vivi tinha razão: estou apaixonada por Caio e ele por mim. — Você quer? – Caio questiona novamente, agora com a voz mais baixa e triste. Acho que minha demora para responder o deixou assim. — Eu quero. Só promete não machucar meu coração? – peço, fazendo carinho em seu rosto, e ele abre um sorriso. — Prometo! Eu quero cuidar de você e do seu coração, minha princesa. Pra te falar a verdade, nunca fui romântico nem nada desse tipo, você deve ter reparado, mas por você eu quero tentar. Quando Caio termina de falar, o puxo para um beijo. Preciso saciar a minha fome por ele, que só cresceu depois de ouvir tudo isso. Nesse beijo, consigo sentir que ele também me quer com a mesma intensidade. Uma de suas mãos se enrola em meu cabelo, o puxando para trás, e seus
A noite de ontem foi tão perfeita. Após chegarmos em casa, Caio me ajudou até tarde da noite, e foi tão fofo ele, com aquele jeito bruto, me ajudando a preparar massas de bolo, cupcake e docinhos. Ele ajudou a embalar, sempre prestando bastante atenção nas orientações que lhe passava, e uma vez ou outra me roubava umselinho.Como meus paise Vivijá haviam ido dormir, quando terminamos, ainda demos uma namorada no carro antes dele ir embora. Agora estou eu aqui atendendo cada cliente com um sorriso no rosto. Quem imaginaria que eu iria ficar tão apaixonada assim por ele, um cara que me irritava tanto. Já está quase na hora de fechar a loja, e ele disse que iria me m****r mensagem quando estivesse chegando. Toda hora olho na tela do meu celular, mas até agora nada. — Boa tarde, Manu! Me desperto dos meus devaneios quando vejo Enzo entrar, todo sorridente. — Boa tarde! Como você está? – Retribuo o sorriso. — Mel
Cada toque que Caio dá em meu corpo me leva ao céu. Ver esse homem maravilhoso louco de desejo por mim e saber que aqui também existe sentimento é tão bom. Isso parece um sonho, e eu tenho medo de acordar. — Hum... Você é maravilhosa, Manu – Caio murmura enquanto rebolo em seu colo. Da minha boca só sai gemidos altos. É como se meu corpo fosse dominado por ele. Cravo minhas unhas em seu braço e Caio aperta minha cintura. O prazer absoluto nos atinge quase que simultaneamente. — Assim você vai acabar me matando – ele diz, colocando a cabeça em meu ombro, e eu sorrio. — Temos que compensar a semana que você ficou me provocando –falo. Saio de cima dele e me deito na cama. Ele se levanta e vai para o banheiro jogar a camisinha no lixo. Quando retorna, coloca sua cueca, vai até seu guarda-roupa,pega uma camisa e me entrega. — Pra você ficar mais confortável. Eu a aceito e a visto. —
Assim que chegamos ao barzinho, Caio abre a porta do carro para mim e oferece a mão. Entramos no local e três rapazes muito bonitos que estão em uma mesa no centro acenam para nós. — E aí, seus moleques! — Caio os saúda assim que os alcançamos e nos sentamos. Então eles começam a se apresentar. — Prazer, eu sou Luiz, o mais bonito do grupo. — Ele me beija na bochecha. Realmente ele era o mais bonito dos três, mas não chegava aos pés de Caio. Se bem que estou completamente apaixonada por ele, então isso não conta muito. — Eu sou Ricardo. — O outro diz, com um sorriso tão contagiante que não consigo não sorrir de volta. O último de cabelos ruivos e olhar aguçado, inclina a cabeça para mim. — Meu nome é Cristiano — ele informa. — Mas pode me chamar de Cris. — Prazer em conhecê-los. Eu sou a Manu. — E o que um mulherão como você está fazendo com um mané desse? — Ricardo pergunta, apontando para Caio. — Se or
Não posso acreditar que Enzo fez uma coisa dessa. Ele está muito fora de si. Quando Caio vai para cima dele, entro na frente. — Não precisa partir pra violência, Caio, ele só está bêbado. Não sabe o que está fazendo. –Meviro e me abaixo para ajudá-lo a se levantar, e o coloco na cadeira mais próxima. Caio fica só observando com a cara fechada. — Manu, me desculpa. Eu não sei o que deu em mim – Enzo fala, de cabeça baixa. –Eunão tenho direito de ficar com ciúmes, mas não consigo evitar. Eu ainda gosto de você. Gosto muito! — Você só está falando isso porque está bêbado. Cadêseu amigo que estava com você? — Ele já foi embora. A chave do meu carro está aqui. – Ele coloca a mão no bolso, pega a chave e me mostra. – Eu já vou indo embora também. Não quero te atrapalhar mais. — Você não vai sozinho. –Pegoa chave da sua mão. — Você não está pensando em levá-lo, né? – Caio