Ponto de Vista de BillEstaciono meu carro no estacionamento para visitantes e respiro fundo para me preparar.A prisão se ergue à minha frente, fria e imponente. Faço o check-in na recepção, passo pelos procedimentos de segurança habituais e sigo o guarda pelos corredores iluminados e estéreis.Finalmente, sou conduzido a uma pequena sala mal iluminada, separada por um grosso painel de vidro. Sento-me na cadeira de metal gelada e espero.Depois de alguns minutos tensos, Carlos Alvez é trazido. Ele se joga na cadeira do outro lado do vidro, seus olhos brilhando com uma mistura de divertimento e malícia. Ele pega o telefone e faz um gesto para que eu faça o mesmo.— Bill Richardson. — Diz ele, recostando-se com um sorriso presunçoso. — A que devo o prazer?— Alvez. — Respondo, mantendo a voz firme. — Precisamos conversar.Ele solta uma risada baixa e ameaçadora.— E o que te faz pensar que eu tenho algo para te dizer?Inclino-me para frente, estreitando os olhos.— Sei mais sobre você d
(Ponto de vista de Bill)Alvez estreitou os olhos.— Acha que entende? Me poupe. — Zombou. — Você não faz ideia do que é ser eu.— Então me faça entender. — Respondi, mantendo a voz calma, mas firme.Alvez se inclinou para frente, os olhos queimando de intensidade.— Entender, Bill? Você não faz ideia do que é acordar sem nada e ir dormir com menos ainda… Do que é ver sua filha passando fome porque não há comida na mesa e aceitar trabalhos horríveis apenas para manter um teto sobre a cabeça.Ele cerrava os punhos enquanto me olhava.— Você acha que poderia mesmo entender isso? Um bilionário como você nunca saberá o desespero que leva um homem a fazer o que eu fiz. — Acrescentou.Respirei fundo, sentindo uma pontada de empatia.— Você está certo, Alvez. Eu não posso entender totalmente o que você passou. Mas eu sei o que é estar desesperado, sentir-se impotente. Eu sei sobre a leucemia da Ana, sei que ela está travando a própria batalha e que você faria qualquer coisa para ajudá-la.— O
(Ponto de Vista de Serena)— Muito bem, pessoal. — Disse, tentando soar animada. — Fizeram um ótimo trabalho hoje. Vamos retomar de onde paramos amanhã.Enquanto a equipe recolhia suas coisas e se preparava para ir embora, eu aproveitava para organizar meu espaço de trabalho, tentando me manter ocupada enquanto aguardava por Bill. Quando terminei, o vi entrar na loja.Bill parecia exausto. Seus ombros estavam ligeiramente curvados, e havia um cansaço nos seus olhos que não estava ali antes. O cabelo, bagunçado, revelava o hábito de passar a mão repetidamente, algo que ele sempre fazia quando estava estressado. A mandíbula tensa e a leve barba por fazer o faziam parecer mais rude do que o normal.Mas havia algo em seus olhos… Uma determinação silenciosa, misturada com uma ponta de esperança. Mesmo cansado, havia uma chama ali. Vê-lo daquele jeito me deu o impulso necessário para continuar forte e acreditar que ainda conseguiríamos derrubar Doris.— Oi. — Falei suavemente, oferecendo um
(Ponto de Vista de Serena)A manhã da audiência havia chegado, e acordei sentindo uma ansiedade apertar meu peito. Mal consegui comer o café da manhã, com o estômago revirando de nervosismo.Bill me pegou cedo, e seguimos até o tribunal em silêncio.Estacionamos e entramos, passando pela segurança até a sala de audiência designada. Os corredores estavam movimentados, e a atmosfera era tensa, carregada de expectativa.Ao me sentar no banco, ouvi o zumbido das conversas sussurradas ao redor, mas tudo o que conseguia focar era o depoimento que estava por vir. Enquanto isso, Bill sentou-se ao meu lado, com sua mão repousando sobre a minha, oferecendo um apoio silencioso.O advogado de Doris, Sr. Hansen, era um homem alto, de traços marcantes e postura agressiva. Logo, ele levantou-se com firmeza e chamou pelo meu nome.— Serena Nixon, por favor, ocupe o banco das testemunhas.Levantei-me com as pernas trêmulas, caminhando até o banco indicado sob o peso dos olhares que me acompanhavam. Apó
(Ponto de Vista de Serena)Senti meu coração acelerar. A tática de Hansen era clara: ele estava tentando me descredibilizar, trazendo minha vida pessoal para o tribunal. Isso era irritante.— Isso não tem relevância para o caso. — Respondi, com a voz ligeiramente trêmula.— Ah, claro que tem relevância. — Insistiu Hansen, com os olhos brilhando de triunfo. — Se você ainda está apaixonada pelo Sr. Richardson, não faria qualquer coisa para se vingar da Srta. Tipton, a mulher que você vê como rival no amor dele?O encarei com raiva, com os punhos cerrados ao meu lado.— Isso não é sobre um triângulo amoroso qualquer. Isso é sobre Doris tentar me matar, junto com o meu bebê.Murphy se levantou, expressando sua voz firme, ressoando pela sala.— Objeção, Meritíssima. O advogado está assediando a testemunha e trazendo questões irrelevantes.A juíza, uma mulher de semblante severo, considerou por um momento antes de balançar a cabeça.— Indeferido. Prossiga, Sr. Hansen, mas mantenha-se no que
(Ponto de Vista de Bill)Era tarde, e finalmente estávamos em um intervalo. Ainda não me chamaram para testemunhar, e a espera estava me consumindo.Saí para tomar um pouco de ar, na esperança de que isso clareasse minha mente. O sol estava brilhante, mas pouco fazia para dissipar a inquietação que me corroía por dentro. Olhei ao redor e vi Serena sentada em um banco, com o olhar perdido nos próprios pensamentos. Quis me aproximar dela, oferecer algum conforto, mas me contive.Em vez disso, encostei-me a uma árvore próxima, observando-a de longe. Serena levantou os olhos e me encontrou. Por um momento, ficamos apenas nos encarando. Então, ela desviou o olhar, provavelmente tentando controlar suas emoções.Quando o intervalo terminou, voltamos para dentro. A juíza pediu ordem, e os procedimentos foram retomados. Logo, o policial Gibson foi chamado para depor. Ele se levantou com o semblante sério e a postura firme. Gibson havia sido um dos primeiros a chegar à cena naquela noite, quando
(Ponto de Vista de Bill)Subi ao banco das testemunhas, com o coração batendo forte no peito. Sentia os olhares de todos sobre mim, mas forcei-me a controlar o nervosismo, lembrando que aquilo era importante demais para eu errar.Logo, Murphy se aproximou, com uma expressão séria.— Sr. Richardson, poderia nos contar o que aconteceu no terraço no dia em que a Srta. Nixon foi atacada?Respirei fundo e comecei a falar, mantendo a voz firme.— Eu estava seguindo a Doris naquele dia porque já desconfiava dela. Ela estava agindo de forma estranha, e eu estava preocupado que ela tentasse fazer mal à Serena.Murphy assentiu, me incentivando a continuar.— E para onde o senhor a seguiu?— Para o terraço do museu de joias. — Respondi. — Quando cheguei ao local, encontrei Doris e Serena no meio de uma discussão acalorada. Doris estava exaltada, gritando e lançando acusações contra Serena sem parar. Seu tom era realmente agressivo.O rosto de Murphy permaneceu neutro, mas eu conseguia ver a deter
(Ponto de Vista de Bill)— Eu encontrei o brinco enquanto investigava. — Repeti, mantendo a voz firme. — Eu não alterei a prova de forma alguma. Assim que a encontrei, a entreguei imediatamente à polícia.— Mas, sem a supervisão da polícia, não seria possível que aquele brinco tenha sido plantado pelo senhor, Sr. Richardson?Balancei a cabeça, com firmeza.— Essa hipótese é improcedente. O brinco estava presente no local no momento em que o encontrei. Não foi colocado ali posteriormente.Hansen deu alguns passos vagarosos, parando em seguida, com aquele brilho maligno nos olhos.— Sr. Richardson, não é verdade que a Srta. Tipton sempre teve sentimentos fortes por você? Poderia ser que o senhor esteja usando este julgamento para se livrar dela de uma vez por todas?Senti uma onda de raiva subindo, mas mantive a voz estável, controlando a respiração.— Não, isso não corresponde à verdade. Eu nunca me importei com os sentimentos da Doris por mim.Os olhos de Hansen brilharam com um triunf