O vento soprava forte sobre o rio, cujas águas se agitavam violentamente. Ao redor, uma densa floresta se estendia, envolvendo tudo em um silêncio quase assustador, sem qualquer sinal de vida humana. Camila, olhando pela janela do carro para a água turbulenta do rio, perguntou, intrigada: — O que estamos fazendo aqui? — Desça do carro. — Disse Lucas, empurrando a porta e saindo. Camila o seguiu. Lucas entregou a chave do carro para ela:— Me ajuda a pegar uma coisa no porta-malas. Camila, confusa, pegou a chave e foi até a parte de trás do carro. Quando abriu o porta-malas, seu coração deu um salto de surpresa e admiração. O porta-malas estava abarrotado de rosas vermelhas. Eram rosas lendárias. Pétalas do tamanho de uma tigela, com uma textura aveludada, de um vermelho intenso e sedutor, com bordas levemente queimadas, ao mesmo tempo exuberantes e elegantes. Que coisa mais linda. Lucas, com uma mão no bolso, estava encostado no carro de forma relaxada, seu corpo alt
Lucas deixou que uma luz passasse rapidamente pelos olhos e se ergueu sobre ela. Ele apertou os lábios e a encarou em silêncio por um bom tempo. Abaixando a cabeça, deu um beijo leve na ponta do nariz dela e murmurou: — Palavra dada tem que ser cumprida. Camila respondeu com um simples sim. Lucas franziu o cenho, insatisfeito com a atitude dela: — Muito vago... fala de novo. Camila quase riu. Era óbvio que ele tinha o controle da situação, mas fingia como se ela não o quisesse. Pensando melhor, ela ergueu os braços e os colocou ao redor do pescoço dele. Aproximou os lábios do ouvido de Lucas e, quase sussurrando, disse: — Muita gente gosta de você porque você é bonito, tem dinheiro, poder e charme. Mas algumas pessoas gostam de você porque já te viram nos momentos difíceis e sentiram pena. Elas se sentaram ao seu lado em silêncio, dispostas a te oferecer um ombro e um doce. Os olhos de Lucas endureceram. Ele segurou o rosto dela entre as mãos, pressionando sua testa
Pedro Souza fez uma pausa: — Tudo bem. Eu tirei uma foto do quadro com o celular, te mando em breve. — Não precisa, já decorei tudo. Garanto que vou fazer uma cópia idêntica. Pedro Souza ficou em silêncio por um instante e, com a voz bem suave, disse: — Você continua tão esperta. O coração de Camila deu um salto. — O que você disse? Pedro Souza riu levemente e, então, elevou o tom da voz: — Eu disse que você é mais esperta do que eu imaginava. Camila achou que talvez tivesse escutado errado, então respondeu casualmente: — Hábito desde criança... A prática leva à perfeição. — Você pode colocar a sua assinatura na cópia. Eu acredito que, no futuro, você será muito famosa. E, quando isso acontecer, a sua versão de " Barqueiros à Beira do Rio " vai se valorizar ainda mais. — Você me lisonjeia. — Disse Camila, mas, por dentro, sentiu-se imensamente satisfeita por ser reconhecida. Depois de desligar, Camila foi para o escritório e pendurou um aviso de "Não Perturbe"
Camila imaginou que ele poderia estar irritado, então apressou-se em explicar: — A pintura estava no escritório dele e foi comprada por um cliente por treze milhões. Ele me transferiu o milhão a mais, eu quis devolver, mas ele recusou e sugeriu que nos encontrássemos para um jantar. Eu recusei educadamente e ofereci a ele uma nova cópia de "Barqueiros à Beira do Rio". Mas ele insistiu no jantar, e eu não consegui evitar. Por isso, pensei em te chamar. Se você não puder ir, posso convidar a Vanessa para me acompanhar. Antes mesmo de ela terminar de falar, Lucas respondeu pelo telefone: — Eu posso ir. Camila sorriu suavemente. — Obrigada. No dia seguinte, às seis da tarde. Camila e Lucas chegaram ao restaurante privado escolhido por Pedro Souza. Dizia-se que o dono desse restaurante tinha ancestrais que cozinharam para a realeza. Eles só atendiam oito mesas por dia, com oito pratos por mesa, sem aceitar pedidos adicionais ou modificações no menu. O lugar era um sucesso es
Camila percebeu que Lucas ainda não estava muito satisfeito, então espetou outro bolinho de bacalhau e o ofereceu, sorrindo: — Você tem trabalhado bastante ultimamente, coma mais um pouco. Lucas não recusou, abriu a boca e mordeu o bolinho com uma delicadeza calculada, mastigando devagar enquanto sua expressão aos poucos voltava ao normal. Camila soltou um suspiro de alívio, sentindo que havia superado aquela pequena crise. Antes de chegar ao restaurante, ela jamais imaginaria que Lucas, sempre tão elegante, cortês e impecável em sua postura, poderia ser tão insistente. Ele, um magnata dos negócios conhecido por sua inteligência e finesse, comportava-se como um jovem apaixonado, cheio de ciúmes. Algo completamente fora do comum. Enquanto Camila ponderava sobre a situação, Lucas pegou um pedaço de carne wagyu e o aproximou dos lábios dela, olhando-a com ternura e dizendo suavemente: — Você andou passando noites em claro pintando, precisa se alimentar bem. Camila se sentiu
Pedro Souza manteve um tom completamente indiferente: — Não faço ideia do que você está falando. O olhar de Lucas pousou no cigarro entre os dedos de Pedro Souza, seus olhos ganhando um brilho intrigante. Ele abriu os lábios, dizendo calmamente: — Camila é minha esposa. Não importa qual seja o seu sobrenome, não se meta com ela. Pedro Souza deu de ombros com um sorriso desafiador: — Está com medo de quê? O olhar de Lucas se estreitou, e a tensão ao seu redor tornou-se palpável. Pedro Souza sorriu, mas havia uma ameaça oculta por trás daquele sorriso. Lucas também sorriu, tirando o cigarro do cinzeiro e soltando a fumaça. Com um tom despreocupado, disse: — Foi a Camila quem me chamou para vir hoje. Você viu como ela se importa comigo. Sua voz soou mais grave, um leve sorriso nos lábios, mas era impossível decifrar suas emoções. Pedro Souza parou por um instante, recolhendo o sorriso. — Cuide bem dela. Dizendo isso, empurrou a cadeira e se levantou para ir embora.
Camila passou dois meses seguidos fazendo fisioterapia na mão esquerda. A flexibilidade estava quase completamente recuperada, então ela voltou ao Antiquário do Tesouro. Assim que entrou, viu César, o avaliador da loja, segurando uma enorme lupa enquanto examinava uma pintura a óleo sobre o balcão, tentando verificar sua autenticidade. Camila passou e deu uma olhada casual. Era uma pintura dos girassóis de Pinto. Desde pequena, ela praticava desenho, começando justamente pelas cópias dos girassóis de Pinto. Apenas um olhar era suficiente para ter uma ideia. César ajustou os óculos no nariz e perguntou ao vendedor da pintura: — Quanto você quer por ela? O vendedor, um homem de meia-idade com os ombros encolhidos, respondeu: — Este é um quadro dos girassóis de Pinto, uma herança de família. Se não fosse por necessidade, eu nunca o venderia. Já pesquisei os preços em leilões passados, e não saem por menos de três milhões. Em outras palavras, não aceitaria menos que isso.
César ficou com o rosto subitamente sombrio, enquanto sentia um suor frio escorrer pelas costas. Ainda bem que Camila chegou a tempo; do contrário, ele teria cometido um erro grave. Se tivesse comprado aquela pintura milionária, teria perdido tudo. E o pior: sua reputação no mercado estaria arruinada para sempre. Quando Camila começou a trabalhar na loja, o dono havia dito a César para consultá-la sempre que não tivesse certeza sobre algo. Ele não gostou muito da ideia na época, mas agora, estava completamente convencido da sua competência. César, encurvando os ombros, perguntou: — Como você percebeu? Camila deu um sorriso discreto. A pintura, embora tivesse tela e técnica autênticas, apresentava pequenos fiapos que não haviam sido removidos corretamente. No entanto, ela não mencionou isso e apenas disse de forma leve: — Intuição. Desde criança lido com pinturas a óleo, e apesar de jovem, já trabalho na área há quase vinte anos. Às vezes, só de bater o olho, já sinto que al