Chloe ficou parada no mesmo lugar, com um olhar sombrio fixo em Camila. Demorou alguns segundos antes de se afastar. Quando Camila terminou a maquiagem e saiu para a área de espera, avistou Chloe sentada ao lado de Lucas, bem próxima a ele, sorrindo e falando baixinho, em tom íntimo. Não conseguia ouvir o que diziam de onde estava. Sentiu um incômodo no peito e apressou o passo para chegar até eles.Chloe, percebendo sua aproximação, elevou a voz de propósito: — Lucas, você e a Srta. Camila já estão se divorciando. Por que ela ainda insiste em tirar fotos de casamento com você?Lucas respondeu friamente: — Fui eu quem quis tirar as fotos.Chloe ficou sem resposta por um momento, mas insistiu: — Mas você nunca gostou de tirar fotos. Chloe lembrava-se das vezes que pedira a ele para tirar uma foto juntos, e ele sempre recusava, dizendo que não gostava de ser fotografado.Lucas ergueu o olhar e viu Camila, radiante em sua maquiagem, vestindo um vestido de noiva branco enquanto se
Camila ergueu o rosto delicado e olhou para Lucas com seus grandes olhos. Para alguém tão orgulhoso dizer aquilo, era realmente algo raro. Como ela poderia não gostar dele?Na verdade, ela gostava tanto dele. Se tinha algo de que não gostava, era do temperamento difícil dele, mas, no último ano, ele se mostrara sempre contido na sua frente.Também não gostava do fato de ele ter uma ex-namorada que a incomodava, mas ultimamente ele sempre ficava do lado dela.Desde que Camila dissera que Chloe a incomodava, Lucas havia se esforçado para manter distância de Chloe.Camila amoleceu. Estava prestes a aceitar quando alguém bateu na porta.A porta se abriu.Uma jovem recepcionista entrou e disse: — Sra. Camila, tem alguém no telefone lá em baixo querendo falar com você.Camila havia deixado o celular trancado no armário do vestiário enquanto trocava o vestido de noiva.Achando que era algo urgente, ela se desculpou com o fotógrafo e desceu para atender a ligação.No térreo, ela pegou o tele
Camila levantou a mão para empurrar o guarda-chuva novamente, mas Lucas segurou sua mão e disse suavemente: — Eu sou um homem, tomar um pouco de chuva não é nada. Mas você é uma moça, não deve se resfriar.Os olhos de Camila se encheram de lágrimas. Ela segurou firme o braço dele e não soltou mais. Só o soltou quando chegaram à porta do quarto do hospital.Naquela noite, Camila ajudou a avó a lavar o rosto e os pés. Ao olhar para a pele flácida e enrugada da avó, sentiu um aperto no coração. Ela havia sido criada pelos avós e tinha mais carinho pela avó do que pela própria mãe.A noite avançou. Camila se deitou ao lado da avó, abraçando-a por trás. A avó, antes grande e forte como uma árvore, agora estava magra e frágil como um galho seco balançando ao vento.Dias atrás, durante um exame completo, descobriram que todos os órgãos da avó já estavam envelhecidos, especialmente o rim que havia sido transplantado três anos antes.Nesta idade, os médicos já não recomendavam novas cirurgias
Carregando Camila até o local onde o carro estava estacionado, Lucas abriu a porta do passageiro com uma das mãos e a colocou no banco. Camila já estava desfeita em lágrimas, o rosto pálido e marcado pelo choro, completamente sem rumo, despertando a compaixão de qualquer um que a visse.Lucas entrou no carro, ajudou-a a colocar o cinto de segurança, abraçou-a e sussurrou suavemente em seu ouvido: — Seja forte. Eu vou te levar para o hospital agora.Camila não conseguia ouvir o que ele dizia. Sua mente estava apenas com a avó. Sua avó havia partido. Ela não tinha mais sua avó.Lucas dirigiu o carro o mais rápido que pôde. Finalmente chegaram ao hospital. Ele saiu do carro e abriu a porta.Camila desceu, quase caindo, com as pernas tão fracas que mal conseguia caminhar.Lucas, sem hesitar, a pegou novamente nos braços e caminhou apressado em direção à ala de internação.Ao chegar ao quarto, Maria estava com o rosto coberto pelas mãos, chorando desesperadamente.A avó estava deitada na
Sob a luz da lâmpada.O rosto bonito de Camila estava pálido como a fria luz da lua, seus olhos grandes e expressivos refletiam uma dor profunda, com os longos cílios caídos como as asas de uma borboleta à beira da morte. Ela estava tão abatida que mal se parecia com ela mesma, teimosamente ajoelhada diante do caixão da avó, sem se mover. Seu corpo magro e frágil parecia ainda mais esquelético à luz alaranjada.Nos últimos dias, Lucas sentiu mais compaixão por ela do que em qualquer outro momento. Tanto que, muitos anos depois, ele ainda não conseguia esquecer aquela cena. Sempre que lembrava, seu coração apertava.No quintal.Um parente da família, conhecido por ser inconveniente, aproximou-se de Maria e disse: — O seu genro não estava com as pernas ruins? Ouvi dizer que era deficiente, que só conseguia andar de cadeira de rodas. Maria sabia que todos riam dela pelas costas, dizendo que, por dinheiro, ela tinha vendido a filha para um aleijado. Ela levantou as pálpebras inchadas,
Camila olhava para o carro funerário que desaparecia lentamente, chorando até perder a voz.No caminho de volta para casa, Camila, profundamente abalada, de repente vomitou tudo. Lucas limpou cuidadosamente o canto de sua boca e tentou consolá-la com palavras suaves. Ela ouvia a voz dele ao longe, mas não conseguia distinguir o que ele dizia. Só sabia que a pessoa no carro funerário era sua avó, prestes a ser consumida pelo fogo. Estava prestes a perder a avó para sempre. Ela nunca mais teria sua avó, nunca mais.Após a cremação, as cinzas da avó foram trazidas de volta. No dia do enterro, o céu estava nublado e uma fina garoa caía. Um vento forte atravessava a trilha lamacenta, gelando até os ossos.Com o apoio de Lucas, Camila, sua mãe e alguns parentes chegaram ao bosque de salgueiros atrás da aldeia, onde a avó seria enterrada ao lado do túmulo do avô.O bosque estava envolto por uma névoa fria, e mesmo durante o dia parecia assustador. Mas o avô estava enterrado ali, e a avó logo
Camila teve a visão bloqueada pelo guarda-chuva e não conseguia enxergar o caminho. Ao perceber que ele estava completamente inclinado para cobri-la, notou que as roupas de Lucas estavam encharcadas pela chuva. Ela levantou a mão e empurrou o cabo do guarda-chuva de volta para ele.Lucas, por reflexo, olhou primeiro para a direção da ponte quebrada. O homem já havia desaparecido, como se nunca tivesse estado ali, um fantasma, uma ilusão. Ele respirou aliviado e puxou Camila para mais perto de si.Só depois se deu conta de que, naquele instante, Lucas sentiu medo de que Camila fosse levada de si. Era a primeira vez na vida que experimentava esse tipo de sensação, algo que o surpreendeu até mesmo.Quando chegaram na casa do avô, já era quase meio-dia. Comeram qualquer coisa rapidamente. Camila, cansada e com sono, entrou no quarto, tirou as roupas e deitou-se para dormir. Nas últimas noites, não tinha pregado os olhos, velando pela avó.Lucas entrou logo atrás, tirando o casaco e o pe
O celular tocou de repente.Lucas, com o cigarro na boca, pegou o telefone do bolso da calça e olhou rapidamente para o identificador de chamadas: era Chloe. Ele franziu a testa e desligou na hora. Alguns minutos depois, o celular tocou novamente. Desta vez, era Enzo. Ele atendeu.— Quando você volta? — Perguntou Enzo.Lucas respondeu sem muita emoção: — O enterro da avó de Camila foi hoje. Amanhã cedo estaremos de volta. A voz de Enzo carregava um tom de reprovação: — Como assim, foram quatro dias já? — A avó dela morreu, ela está muito abalada. Não posso deixá-la sozinha. — Ela não tem mãe, nem parentes? — A mãe dela também está muito abalada, mal consegue cuidar de si mesma. Quanto aos parentes... bem, não são grande coisa. Nesse momento, ela só pode contar comigo. Enzo soltou um suspiro de impaciência: — Já que vão se divorciar, por que ser tão gentil com ela? Dê mais dinheiro e pronto. Seu tempo vale mais que dinheiro, e os projetos em que você está envolvido fora