— Chloe! — Gritou Daulo, lançando um olhar gelado e de soslaio para Camila antes de sair apressadamente atrás da filha.O pequeno jardim voltou a ficar em silêncio.Camila estendeu os braços e abraçou Lucas em silêncio. Seu coração estava tumultuado, e um nó parecia subir pela garganta, sufocando suas palavras. Ela enterrou o rosto no peito dele, e as lágrimas, antes contidas, começaram a cair sem parar.Naquele momento, tudo o que ela sentia era apego, uma recusa silenciosa de deixá-lo ir, de se separar dele. Seus braços apertaram ainda mais a cintura dele, num abraço apertado e desesperado, embora seu coração se sentisse fraco.Sentindo a umidade da camisa, Lucas ergueu o queixo dela suavemente: — Está chorando?Camila não respondeu, apenas corou e encostou o rosto na camisa dele novamente.— Não chore mais, senão seus olhos vão ficar inchados.A voz de Lucas era suave, quase paciente, tentando confortá-la.Camila sentiu a garganta apertar ainda mais: — Por que é tão bom para mim
Camila sentiu as lágrimas se acumularem nos olhos, emocionada ao ponto de quase chorar. Sem poder recusar, sentou-se ao lado de Beatriz e começou a escolher com seriedade. Ela gostava de modelos simples e elegantes, então escolheu um vestido branco ajustado ao corpo, com uma longa cauda, de tecido leve e branco como nuvens.Beatriz pegou o mouse e perguntou: — Tem certeza que é esse?— Sim, obrigada, mãe. — Respondeu Camila.— Então, vou chamar alguém para tirar suas medidas. Amanhã já mando fazer o molde, porque vestidos de noiva levam tempo.— Tudo bem.Beatriz chamou a assistente para entrar. Camila levantou a cabeça e olhou ao redor do escritório. Era também o ateliê de Beatriz, espaçoso e bem iluminado, com muitas belíssimas peças de vestido de noiva expostas em manequins ao longo das paredes. A paixão de uma mulher por vestidos de noiva é algo natural, e Camila, sem perceber, se aproximou. A visão real era muito mais impactante do que os esboços. Camila achou todos os vest
Camila trocou de roupa e saiu do provador. A assistente estava tirando suas medidas, garantindo precisão em cada parte do corpo. Quando terminou, Camila caminhou até o sofá e sentou-se, baixando os olhos para o celular. No provador, ela tinha tirado algumas fotos suas com o vestido de noiva, querendo guardar a melhor como lembrança. No entanto, quanto mais olhava, mais achava todas bonitas, e não conseguia decidir qual deletar.Lucas lançou um olhar de lado, viu as fotos e sorriu: — Gostou tanto assim? Que tal fazer um álbum de fotos de casamento?Camila ergueu os olhos do celular, surpresa. Aquele olhar parecia dizer: já estão se divorciando, para que tirar fotos de casamento?Lucas levantou a mão e bagunçou o cabelo dela: — Se quer tirar fotos, tire. Não se preocupe tanto com as coisas. Amanhã é sábado, eu tenho a tarde livre. Quando terminar meus compromissos, passo para te buscar. Fechado.Beatriz trouxe um copo de leite e o entregou a Camila: — Ao lado daqui tem um estúdio
Chloe ficou parada no mesmo lugar, com um olhar sombrio fixo em Camila. Demorou alguns segundos antes de se afastar. Quando Camila terminou a maquiagem e saiu para a área de espera, avistou Chloe sentada ao lado de Lucas, bem próxima a ele, sorrindo e falando baixinho, em tom íntimo. Não conseguia ouvir o que diziam de onde estava. Sentiu um incômodo no peito e apressou o passo para chegar até eles.Chloe, percebendo sua aproximação, elevou a voz de propósito: — Lucas, você e a Srta. Camila já estão se divorciando. Por que ela ainda insiste em tirar fotos de casamento com você?Lucas respondeu friamente: — Fui eu quem quis tirar as fotos.Chloe ficou sem resposta por um momento, mas insistiu: — Mas você nunca gostou de tirar fotos. Chloe lembrava-se das vezes que pedira a ele para tirar uma foto juntos, e ele sempre recusava, dizendo que não gostava de ser fotografado.Lucas ergueu o olhar e viu Camila, radiante em sua maquiagem, vestindo um vestido de noiva branco enquanto se
Camila ergueu o rosto delicado e olhou para Lucas com seus grandes olhos. Para alguém tão orgulhoso dizer aquilo, era realmente algo raro. Como ela poderia não gostar dele?Na verdade, ela gostava tanto dele. Se tinha algo de que não gostava, era do temperamento difícil dele, mas, no último ano, ele se mostrara sempre contido na sua frente.Também não gostava do fato de ele ter uma ex-namorada que a incomodava, mas ultimamente ele sempre ficava do lado dela.Desde que Camila dissera que Chloe a incomodava, Lucas havia se esforçado para manter distância de Chloe.Camila amoleceu. Estava prestes a aceitar quando alguém bateu na porta.A porta se abriu.Uma jovem recepcionista entrou e disse: — Sra. Camila, tem alguém no telefone lá em baixo querendo falar com você.Camila havia deixado o celular trancado no armário do vestiário enquanto trocava o vestido de noiva.Achando que era algo urgente, ela se desculpou com o fotógrafo e desceu para atender a ligação.No térreo, ela pegou o tele
Camila levantou a mão para empurrar o guarda-chuva novamente, mas Lucas segurou sua mão e disse suavemente: — Eu sou um homem, tomar um pouco de chuva não é nada. Mas você é uma moça, não deve se resfriar.Os olhos de Camila se encheram de lágrimas. Ela segurou firme o braço dele e não soltou mais. Só o soltou quando chegaram à porta do quarto do hospital.Naquela noite, Camila ajudou a avó a lavar o rosto e os pés. Ao olhar para a pele flácida e enrugada da avó, sentiu um aperto no coração. Ela havia sido criada pelos avós e tinha mais carinho pela avó do que pela própria mãe.A noite avançou. Camila se deitou ao lado da avó, abraçando-a por trás. A avó, antes grande e forte como uma árvore, agora estava magra e frágil como um galho seco balançando ao vento.Dias atrás, durante um exame completo, descobriram que todos os órgãos da avó já estavam envelhecidos, especialmente o rim que havia sido transplantado três anos antes.Nesta idade, os médicos já não recomendavam novas cirurgias
Carregando Camila até o local onde o carro estava estacionado, Lucas abriu a porta do passageiro com uma das mãos e a colocou no banco. Camila já estava desfeita em lágrimas, o rosto pálido e marcado pelo choro, completamente sem rumo, despertando a compaixão de qualquer um que a visse.Lucas entrou no carro, ajudou-a a colocar o cinto de segurança, abraçou-a e sussurrou suavemente em seu ouvido: — Seja forte. Eu vou te levar para o hospital agora.Camila não conseguia ouvir o que ele dizia. Sua mente estava apenas com a avó. Sua avó havia partido. Ela não tinha mais sua avó.Lucas dirigiu o carro o mais rápido que pôde. Finalmente chegaram ao hospital. Ele saiu do carro e abriu a porta.Camila desceu, quase caindo, com as pernas tão fracas que mal conseguia caminhar.Lucas, sem hesitar, a pegou novamente nos braços e caminhou apressado em direção à ala de internação.Ao chegar ao quarto, Maria estava com o rosto coberto pelas mãos, chorando desesperadamente.A avó estava deitada na
Sob a luz da lâmpada.O rosto bonito de Camila estava pálido como a fria luz da lua, seus olhos grandes e expressivos refletiam uma dor profunda, com os longos cílios caídos como as asas de uma borboleta à beira da morte. Ela estava tão abatida que mal se parecia com ela mesma, teimosamente ajoelhada diante do caixão da avó, sem se mover. Seu corpo magro e frágil parecia ainda mais esquelético à luz alaranjada.Nos últimos dias, Lucas sentiu mais compaixão por ela do que em qualquer outro momento. Tanto que, muitos anos depois, ele ainda não conseguia esquecer aquela cena. Sempre que lembrava, seu coração apertava.No quintal.Um parente da família, conhecido por ser inconveniente, aproximou-se de Maria e disse: — O seu genro não estava com as pernas ruins? Ouvi dizer que era deficiente, que só conseguia andar de cadeira de rodas. Maria sabia que todos riam dela pelas costas, dizendo que, por dinheiro, ela tinha vendido a filha para um aleijado. Ela levantou as pálpebras inchadas,