— Valeu. — Pedro pegou o papel, levantando a cabeça devagar e começando a enxugar o rosto diante do espelho.Lucas lançou um olhar rápido para ele pelo reflexo no espelho, já prestes a abaixar a cabeça para lavar as mãos. Mas, de repente, algo chamou sua atenção. Ele ergueu as sobrancelhas e, mais uma vez, fixou os olhos no rosto de Pedro refletido no espelho. Sua visão se concentrou nos olhos do outro homem.O olhar de Lucas endureceu. Ele encarou intensamente os olhos de Pedro pelo espelho. Os dois tinham praticamente a mesma altura, e seus olhos estavam alinhados, no mesmo nível.Só naquela noite Lucas percebeu algo que nunca havia notado antes: seus olhos e os de Pedro eram praticamente idênticos. Grandes, com uma dobra profunda das pálpebras, cílios longos e espessos, e até as bolsas abaixo dos olhos as famosas "olheiras sorridentes" eram iguais. As sobrancelhas também tinham semelhanças, ambas arqueadas e marcantes, como as de um herói de novela.De repente, a voz de Camila ecoou
Lucas bateu a porta do carro com tanta força que o veículo chegou a estremecer. Se não fosse pela boa qualidade de construção, talvez a porta tivesse saído do lugar.O rosto de Pedro mudou ligeiramente ao ouvir o estrondo.Camila, percebendo o clima, apressou-se em se desculpar:— Me desculpe, Sr. Pedro. Ele bebeu demais.— Não tem problema.Ela notou que Pedro também parecia levemente embriagado e, preocupada, perguntou:— Como o senhor vai voltar para casa? Está tudo bem?— Minha irmã está aqui. Não precisa se preocupar.— Obrigada por ajudar. Nós vamos indo, então.— Podem ir.O olhar de Pedro, carregado pelo efeito do álcool, tornou-se inesperadamente suave. O entorpecimento provocado pela bebida havia baixado suas barreiras emocionais, e seus olhos, mais do que nunca, expressavam uma ternura que não conseguia controlar.Camila, achando que aquilo era apenas resultado da bebida, não deu importância. Ela virou-se e começou a caminhar em direção à outra porta do carro.Pedro observou
Depois que os seguranças saíram, Camila ajudou Lucas a tirar os sapatos e as roupas. Ela foi buscar uma bacia com água morna, molhou uma toalha e começou a limpar o rosto e o pescoço dele.Quando chegou às mãos, Lucas segurou a dela, apertando-a suavemente. Sua voz saiu lenta, arrastada:— Mesmo que... você e a Chloe... se pareçam um pouco, mas...No final, sua voz foi diminuindo até se tornar quase inaudível. Seus olhos se fecharam, mas seus lábios ainda se moviam levemente. Camila precisou aproximar o ouvido para entender o que ele dizia.— Mas... eu nunca... nunca te vi como substituta. Você e ela... são completamente diferentes. Duas pessoas... totalmente distintas.Lucas murmurou essas palavras com dificuldade. Assim que terminou, seus lábios se fecharam, e sua respiração ficou mais pesada. Ele havia adormecido.Camila ficou sem entender. Por que ele trouxe esse assunto à tona de repente? Mas, ao ouvir o que ele disse, não pôde evitar um sorriso discreto. Sentiu-se feliz.Por muit
Na Insígnia do Poder, estavam gravadas nove serpentes gigantes, representadas de forma tão realista que pareciam ganhar vida a qualquer momento.No centro das nove serpentes, havia uma rubi redonda e brilhante, cujo posicionamento sugeria simbolismos como "Nove Serpentes Guardando a Jóia" ou "Nove Serpentes Disputando o Sol". Durante o período colonial, o número nove era frequentemente associado ao poder máximo, enquanto as serpentes simbolizavam força e a autoridade de um governante.Independentemente de quem tivesse sido o dono original do artefato, era evidente que essa pessoa tinha ambições de domínio. Camila perguntou a Pedro:— Quem te vendeu a Insígnia do Poder, onde ele a encontrou?— Perto de um sítio arqueológico de um naufrágio. Há uma lenda associada ao local, que diz: "Dragão de Pedra contra Tigre de Pedra, quatorze mil em ouro e prata. Quem desvendar o enigma, encontrará o Salão Misterioso."Camila assentiu levemente.— Já ouvi falar disso. Dizem que foi onde um líder reb
Dessa vez, Lucas atendeu o telefone rapidamente.Camila perguntou em voz baixa:— Foi você que mandou transferir o dinheiro?— Sim. Esse dinheiro já era seu. Você trabalhou duro para ganhá-lo.A voz de Lucas soou fria e distante, sem qualquer emoção aparente.— Por que você foi embora sem avisar? Por que não atendeu minhas ligações? Nem respondeu minhas mensagens?— Eu precisava de um tempo para pensar.O peito de Camila apertou de leve, uma dor incômoda crescendo dentro dela:— Você quer terminar comigo, não é? Se quiser terminar, diga logo. Não precisa me tratar com essa frieza.— Eu só preciso de um tempo para ficar sozinho. Não tire conclusões precipitadas.Camila ficou em silêncio por um momento antes de perguntar:— Você está escondendo alguma coisa de mim? Se estiver, seja claro e me diga. É melhor discutir, brigar, do que ficar assim, sem saber de nada. Isso machuca mais.Lucas permaneceu calado por alguns segundos:— Só estou com a cabeça cheia. Vai passar.Camila não sabia ex
Lucas ficou com o rosto sombrio, pegou a garrafa de vodca e começou a servir mais uma dose.Bruno rapidamente tirou a garrafa de sua mão:— Sabia que minha intuição estava certa. Me conta, o que aconteceu para vocês brigarem? Até poucos dias atrás, você estava disposto a arriscar a vida, cruzando meio mundo machucado para encontrá-la. E agora já está aqui, se afogando na bebida?Lucas abaixou os olhos, a voz saiu abafada:— Ela quer terminar comigo.Bruno soltou uma risada alta e incrédula:— Não acredito! Camila é assim tão determinada? Ela sempre pareceu tão tranquila. Eu sempre achei que, na relação de vocês, quem mandava era você.Os lábios de Lucas se apertaram em uma linha fina, enquanto ele escondia suas emoções nas profundezas do olhar. Determinada? Camila era mais que isso. Ela o havia reduzido a um mero substituto. Ele, que sempre foi orgulhoso, agora se via como um pequeno, insignificante substituto. Algo tão humilhante que ele não conseguia engolir.Bruno, percebendo o clim
Lucas tinha aquela expressão de quem não queria conversa com ninguém. Bruno vinha logo atrás, carregando a mochila. Quando viu Chloe, soltou um Ó! zombeteiro, mas não disse mais nada. Lucas entrou no elevador. Chloe, rápida como uma sombra, se esgueirou para dentro também. Ficou lá no fundo, silenciosa, com os olhos grudados nas costas dele, encolhida, com uma postura quase servil. Parecia um passarinho assustado, como uma codorna selvagem. Lucas mantinha a postura impecável, ereto, com os olhos fixos nos botões do painel do elevador, o rosto completamente inexpressivo. Bruno, ao perceber o jeito retraído de Chloe, riu baixo:— Srta. Chloe, você tá parecendo uma enguia, entrando em qualquer brecha que encontra. É porque ouviu que o Lucas terminou com a Camila e quer aproveitar a oportunidade, é isso?Chloe arregalou os olhos, como se tivesse levado um choque:— Bruno, o Lucas e a Camila terminaram mesmo?Bruno ia responder, mas Lucas cortou a conversa sem nem olhar para trás:— Ent
Camila desligou o telefone e bloqueou o número de Chloe sem hesitar.Chloe tentou ligar de novo, mas a chamada não completava mais. Estava furiosa, com a raiva entalada na garganta, sem ter como desabafar. Entrou no carro bufando e, sem se dar por vencida, pegou o celular do motorista emprestado. Discou novamente o número de Camila. Assim que ouviu a voz do outro lado, disparou:— Camila, do que você tá rindo, hein? Qual é a graça? Você não foi descartada pelo Lucas do mesmo jeito? Acabei de ver ele no Bar Sereno, procurando companhia feminina. Pra ele, você não é diferente dessas garotas que fazem qualquer coisa por dinheiro.Do outro lado da linha, Camila apertou o celular com força. Sua voz saiu gelada:— Chloe, um dia você ainda vai morrer por causa dessa sua língua venenosa.Ela desligou imediatamente e bloqueou aquele número também."Lucas? Procurando companhia feminina? Como se fosse possível..." Camila sabia que ele era obcecado por limpeza e jamais faria algo assim. Chloe nem