Pedro podia facilmente revelar sua verdadeira identidade e se reconciliar com Camila, mas ele não o fez. Em vez disso, escolheu ficar nas sombras, protegendo-a silenciosamente, sem pedir nada em troca. Não buscava reconhecimento, dinheiro, nem mesmo a gratidão dela. Era um homem realmente peculiar.Lucas nunca havia encontrado alguém tão estranho em toda a sua vida. Vindo de uma família de comerciantes, ele aprendeu desde cedo que tudo tinha um preço. Para ele, tudo girava em torno de interesses e trocas equivalentes. Pedro era um mistério para ele, mas, naquele momento, Lucas percebeu que talvez não o odiasse tanto assim.Lucas abriu a porta do carro e se acomodou no banco do motorista. Pegou o celular e ligou para seu assistente, dando instruções claras:— Encontre alguns detetives particulares experientes para seguir o Nelson. Certifique-se de que façam isso discretamente, ele é um ex-policial especializado em investigação criminal, extremamente astuto. Quando tiverem informações út
Os dois se abraçaram por um tempo que pareceu uma eternidade. Sabiam que o divórcio estava próximo, e isso só tornava a despedida mais dolorosa. Embora Camila estivesse decidida a seguir com a separação, não conseguia deixar de se apegar ao calor do abraço dele. Era uma sensação de conforto da qual ela não queria abrir mão. Cada um perdido em seus próprios pensamentos, eles permaneceram ali, entrelaçados, como se pudessem prolongar aquele momento até o fim dos tempos. Nenhum dos dois queria ser o primeiro a soltar, como se aquele abraço pudesse durar para sempre.De repente, um toque estridente de celular rompeu a atmosfera silenciosa. Lucas tirou o telefone do bolso da calça, lançou um olhar rápido para o visor. Era Enzo ligando. Ele franziu a testa quase imperceptivelmente, deu um leve tapinha nas costas de Camila e disse:— Vou lá fora atender.Camila assentiu com um leve movimento de cabeça.Lucas saiu do quarto, caminhando até um canto mais reservado no corredor. Ao atender, mant
Lorenzo sorriu de um jeito enigmático: — Chamou a polícia? — Chamei. — Respondeu Enzo.— Foi um acidente ou algo premeditado? — Pelo que parece, foi um acidente. — Não dá para ter certeza, pode muito bem ter sido um assassinato. Um amigo meu disse que uma noite viu o Lucas dirigindo feito um louco, tentando atropelar a Chloe. Se não fosse alguém tê-lo impedido, ele teria acertado em cheio. Se foi o Lucas quem fez isso, é bom você começar a se mexer para proteger ele. O senhor investiu tanto nele, não pode deixar tudo ir por água abaixo agora. Enzo ficou paralisado, como se tivesse levado um choque. Se não fosse pelos anos de experiência no mundo dos negócios, sua postura teria desmoronado. Só depois de um longo silêncio, ele conseguiu dizer: — Lucas não é impulsivo desse jeito. — Quem sabe? Muitos homens de sucesso perdem a cabeça quando se trata de uma mulher e são capazes de qualquer coisa por elas. Enzo soltou um suspiro misto de alívio e preocupação: — Esse erro, p
Carlos afastou-se para um canto mais tranquilo e ligou para Elisa. Assim que ela atendeu, ele foi direto ao ponto:— Elisa, acabei de ouvir que a Camila sofreu um acidente e está internada. Você pode dar uma olhada nela?O motivo por trás da preocupação de Carlos era peculiar: Camila lembrava muito sua mãe quando jovem. Não apenas na aparência, mas naquela mesma aura doce e serena que ele tanto admirava. Isso criava um sentimento especial, diferente do interesse comum entre um homem e uma mulher. Ver que algo acontecera com ela o inquietava profundamente, mas, por conta das convenções sociais, ele preferiu pedir a Elisa que a visitasse em seu lugar.Assim que ouviu a notícia, Elisa quase explodiu:— O quê? A Camila sofreu um acidente? Quando foi isso? E por que ninguém me avisou antes?— Também acabei de saber. — Explicou Carlos. — Liga para ela e verifica como está.— Tudo bem, vou ligar agora mesmo.Pouco depois de desligar, não se passou nem meia hora para que Elisa chegasse ao hosp
Camila soltou um leve "hum" e disse: — Vai lá. Elisa se abaixou e a abraçou. O abraço durou um pouco mais do que o normal, como se quisesse transmitir algo a mais naquele gesto. De repente, ela se afastou de Camila, virou as costas e saiu andando com firmeza. Camila, num reflexo, segurou o braço dela e advertiu: — Não faça nenhuma besteira, tá? Elisa sorriu com os olhos cheios de lágrimas: — Fica tranquila, eu não vou. Só então, Camila a soltou. Assim que saiu do quarto, Elisa foi direto para a ala da emergência onde ficava o centro cirúrgico. Ao chegar lá, avistou Daulo e Ana, parados do lado de fora da sala de cirurgia. Eles eram fáceis de encontrar. Elisa se aproximou correndo. Antes que Daulo e Ana pudessem reagir, ela ergueu a perna e desferiu um chute contra a porta da sala de cirurgia. Daulo correu para segurá-la: — Elisa, o que você tá fazendo? A Chloe tá em cirurgia! Você pode atrapalhar os médicos e até colocar a vida dela em risco! Mesmo com Daulo segur
Elisa ergueu a mão e deu um tapa estrondoso no rosto de Ana.Ana sentiu um lado do rosto formigar de dor e exclamou, furiosa:— Garota maluca, por que você me bateu do nada?Sem dizer uma palavra, Elisa deu outro tapa, ainda mais forte. Ana não teve tempo de reagir, e sua bochecha esquerda inchou instantaneamente, ficando vermelha e dolorida. Ela levou a mão ao rosto, contorcendo-se de dor.Enzo correu para frente e agarrou o braço de Elisa, gritando:— Elisa, você ficou louca?Elisa se desvencilhou com um puxão brusco. Foi então que ela avistou uma enfermeira passando com uma maca e, em um movimento rápido, avançou para pegar uma seringa da bandeja. Ela arrancou a capa protetora com os dentes e, sem hesitar, atacou Ana com a agulha.Ana tentou se esquivar, mas a ponta afiada ainda atingiu seu braço nu, deixando um corte longo que começou a sangrar imediatamente.— Ai, minha nossa! — Gritou Ana, sentindo lágrimas brotarem de seus olhos enquanto erguia o braço machucado para Enzo. — Olh
Todos finalmente perceberam que a funcionária da limpeza estava toda equipada: usava roupas de proteção, máscara e luvas de borracha. Toda aquela proteção deixou Ana ainda mais apavorada. Suas pernas começaram a tremer tanto que mal conseguiam sustentá-la. Ela balbuciou, com os lábios trêmulos, enquanto perguntava à funcionária:— É... é AIDS?A funcionária deu uma olhada enviesada para ela, abaixou-se para pegar a tampa do lixo, foi até a lixeira e espiou lá dentro:— O lixo do paciente com AIDS precisa ser todo selado em sacos especiais. Pelo que eu vi, o saco não está rompido. Mas você está ferida. O melhor é fazer um exame de sangue, só para ter certeza.Dito isso, a funcionária empurrou a lixeira e foi embora. Naquela área dos corredores cirúrgicos, não havia muitas pessoas. Os poucos curiosos que estavam por perto se dispersaram rapidamente assim que ouviram a palavra “AIDS”, como se o próprio ar pudesse estar contaminado.O corredor voltou a ficar silencioso. Ana lançou um olhar
Elisa estava com o pulso ensanguentado, o sangue escorrendo sem parar. Sendo a caçula da família, sempre fora mimada por todos. Cresceu cercada de mimos, nunca tinha passado por uma situação dessas. E se realmente tivesse contraído AIDS? Seria o fim dela. Nem namorado ela tinha tido ainda, morrer assim seria uma injustiça terrível.Elisa estava desolada, quase sem esperança. Tentando ignorar a dor, pediu:— Carlos, por favor, não conte nada disso para a Camila. Prometi a ela que não faria nenhuma loucura, e se ela souber, vai se culpar. Ela já está machucada, acabou de perder o bebê, não quero que ela se preocupe mais por minha causa.Carlos assentiu, sério:— Pode deixar, eu não vou contar.— E também não fale para o meu irmão, nem para a minha mãe. Nem para os meus avós. Eles não aguentariam um susto desses.— Fique tranquila, eu não vou falar. Mas seu pai estava lá na hora, pode ser que ele acabe contando.Elisa revirou os olhos:— Ele não tem coragem de abrir a boca. Se a minha avó