Camila levantou a mão e a colocou sobre a de Lucas. A mão dele estava fria como gelo. Camila apertou a mão dele por um momento, mas logo a retirou, temendo que, se continuasse a segurar, sua suavidade a fizesse fraquejar.Ouviu Lucas sussurrar:— A Chloe também sofreu um acidente. Está na sala de cirurgia, em coma. Já mandei investigarem o Nelson, estão reunindo provas. Logo, muito em breve, ele vai pagar pelo que fez.Camila soltou uma risada amarga:— Quando é que essa troca de vinganças vai acabar?Ela levantou a mão e tocou sua barriga gelada:— Não importa o quanto nos vingamos, meu filho não vai voltar.Raquel também não sobreviveria. Aquela união já estava além do ponto de retorno, e a cada dia, parecia que mais vidas se perderiam.Chloe havia sofrido um acidente, e Daulo não ficaria de braços cruzados. A vingança nunca tinha fim. Sempre alguém se machucava. Sempre havia uma morte.Lucas olhou para ela com os olhos profundos, fixos:— E você, seria capaz de me deixar?Camila des
— Alguma coisa? — Perguntou Camila.Enzo lançou um olhar frio para Camila e respondeu:— Sim.Enzo abriu a pasta que trazia consigo e tirou um talão de cheques. Com um ar de superioridade, pegou a caneta, assinou rapidamente uma folha e jogou o cheque sobre a colcha de Camila:— Aqui estão cinquenta milhões. Pegue e vá embora de uma vez por todas, deixe o Lucas em paz. Somando com o que ele já te deu, isso passa de duzentos milhões. Muita gente não ganha isso nem em dez vidas. Espero que você seja esperta e saiba aceitar a realidade. Pare de ser teimosa.Camila abaixou os olhos e olhou para o cheque, soltando uma risada amarga. Se não fosse ele manipulando as coisas e dando falsas esperanças para a Chloe, elas jamais teriam chegado a esse ponto, até ao extremo de tentar tirar sua vida. Camila passou a mão sobre o ventre que ainda latejava de dor. Enzo era o responsável indireto pela morte de seu filho e pela morte de Raquel. E agora, ele tinha a audácia de tentar comprá-la com dinhei
Enzo deu uma risada sarcástica:— Aquela garota é assim porque você mimou demais. Se não fosse por isso, ela jamais teria a ousadia de me pedir um bilhão.Enzo se arrependia mais a cada segundo que passava. Como é que ele pôde concordar tão facilmente? Um bilhão não eram trocados. Ele deveria ter negociado o valor.Lucas respondeu com um tom tranquilo:— Meu avô, minha avó, minha mãe, Elisa, até o avô da Chloe... Todos adoram a Camila. Você é o único que não. Talvez, Sr. Enzo, fosse bom refletir um pouco antes de questionar os outros.Enzo, conhecido por ser teimoso e inflexível, não deu ouvidos àquelas palavras. Com raiva, ele encerrou a ligação. O orgulho de ter entregado um bilhão já o deixava amargurado, e agora ainda tinha que lidar com as críticas do próprio filho.Molhado dos pés à cabeça, Enzo estava desconfortável. Ele passou a mão pelos cabelos úmidos e sentiu um cheiro estranho nos dedos. Aproximou a mão do nariz e percebeu um aroma azedo e rançoso.A água que Maria jogou ne
Camila respirou fundo e disse:— Somos todos adultos aqui, Lucas. Vamos terminar isso de uma vez, sem dramas. Prolongar essa história não faz o seu estilo.Lucas manteve o rosto impassível:— Eu não estou te pressionando, só quero te compensar da melhor forma possível.Para Camila, porém, isso só trazia um peso enorme. Quando Enzo lhe entregou dez bilhões, o olhar dele já transparecia ameaças veladas. Se ela aceitasse as propriedades, contas bancárias e ações que Lucas estava oferecendo, tudo isso só atrairia mais perigo. Teria dinheiro, mas perderia a paz — e talvez a própria vida.Camila estendeu a mão e, com um gesto suave, acariciou o queixo bem definido dele:— Ouça, meu querido, não faça isso. Eu não vou aceitar seu patrimônio. Um bilhão que seu pai me deu já são mais que suficientes.Lucas segurou a mão dela, levou-a até os lábios e beijou-a, não apenas uma, mas duas vezes, como se quisesse prolongar aquele momento.Naquela noite, Lucas não foi embora. Ficou ao lado de Camila en
Lucas empurrava a cadeira de rodas até o carro. Ao chegar, ele se abaixou para pegá-la no colo, mas Camila simplesmente se levantou da cadeira, deu um passo à frente e entrou sozinha no veículo. Tirou o chapéu e o cachecol. Estava calor demais, a ponto de suar.Quando Lucas entrou e se acomodou ao lado dela, Camila disse sem rodeios:— Vamos direto para o cartório, assim não precisamos agendar outro dia. Evita complicações.— Você acabou de sair do hospital, melhor esperar um pouco. — Respondeu Lucas, com um tom de voz evasivo.Camila insistiu, encarando a situação com firmeza:— Separar hoje ou amanhã, dá no mesmo. Quanto mais cedo, melhor.— Se nos divorciarmos, vovô e vovó vão ficar muito tristes.Ela manteve a serenidade:— Eles já viveram quase setenta anos, enfrentaram tempestades bem piores que essa. Vão entender.Lucas hesitou por um momento:— Minha mãe e a Elisa também ficarão magoadas.— Sua mãe também está pensando em se divorciar, ela vai me entender. E, quanto à Elisa, co
Camila deu um leve empurrão no braço dele:— Fala alguma coisa.Lucas soltou um "hum" quase inaudível, com uma clara falta de interesse. Camila pegou o acordo de divórcio, que estava em três vias. Sem hesitar, ela tomou a caneta e assinou rapidamente nos espaços indicados. No final da página, havia uma linha onde precisava copiar uma frase padrão: [Eu, de livre e espontânea vontade, aceito o divórcio.]Camila escreveu a frase com a mesma rapidez. Quando terminou, notou que Lucas ainda estava parado, como se estivesse congelado. Com um tom suave, estendeu a caneta para ele:— Assina logo.Lucas olhou para a caneta, mas não a pegou. A facilidade com que ela assinara o documento o incomodou.— Vou fazer uma ligação. — Disse Lucas, desviando o olhar.Pegou o celular e caminhou até a janela, discando um número. Dois minutos depois, ele desligou. Em seguida, procurou por uma notícia no celular e mostrou para Camila:— O Nelson acabou de ser preso por corrupção.Camila deu uma olhada rápida
— Fica com a Mansão Floresta. Pode se mudar para lá com sua mãe quando quiser. — Disse Lucas, num tom que tentava soar despreocupado.Camila balançou a cabeça:— Não, obrigada. Quero cortar todos os laços com o passado e começar do zero.Os dedos de Lucas se apertaram em torno da xícara:— Esse passado inclui a mim também?Camila assentiu:— Inclui.Lucas sentiu como se o ar lhe faltasse. Uma sensação de sufocamento tomou conta dele. Inspirou fundo antes de falar:— Lembra-se de quando nos conhecemos aqui, há três anos?Camila fez que sim com a cabeça:— Lembro, sim.Lucas fixou o olhar nas mãos pálidas dela:— Naquele dia estava um frio de rachar. Você veio me ver e suas mãos estavam tão geladas que ficaram vermelhas. Fiquei com o coração apertado de te ver assim.Camila abaixou os cílios, escondendo os pensamentos que dançavam em sua mente: “Naquela época, você estava numa cadeira de rodas. Tão bonito, mas com um olhar tão triste... Meu coração também doeu por você.” Mas ela não diss
Até o carro de Camila desaparecer por completo no horizonte, Lucas finalmente se virou e entrou no próprio veículo. O motorista deu partida e perguntou: — Sr. Lucas, para onde o senhor deseja ir? Lucas segurava o certificado de divórcio nas mãos, os olhos fixos nas palavras impressas em letras grandes, um olhar sombrio e distante. — Para a Mansão Floresta. — Respondeu Lucas, distraído.O motorista fez a volta e seguiu o caminho. No meio do trajeto, o celular de Lucas tocou. Ele olhou de relance para a tela e viu que era Enzo. — Fiquei sabendo que vocês assinaram os papéis do divórcio? — Perguntou Enzo, direto ao ponto.Lucas confirmou com um murmúrio sem emoção. Enzo suspirou aliviado do outro lado da linha:— Já que está resolvido, volte para a empresa. Há muitas pendências esperando por você. Entre você e seu irmão, sempre acreditei mais em você. Você tem talento, é astuto nos negócios, e fui eu que te ensinei tudo. Seu irmão, criado pela família Alves, sempre teve uma certa dis