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Ela estremeceu, ele fazia com que ela sentisse muitas coisas.

<<Concentre-se, Brianna!>>

Coisas que ela havia guardado por muito tempo.

A mulher divorciada percorreu as ruas com pressa.

Primeiro, ela trocou seus altos saltos por tênis. Ela tinha muito caminho a percorrer e não tinha dinheiro para pegar um ônibus, muito menos um táxi. Ela precisava de cada centavo para sobreviver.

Depois de meia hora de caminhada sem parar, ela chegou a um prédio antigo, onde até a escada tinha alguns buracos.

Uma porta vermelha a recebeu. Um grande número 32 estava alinhado com a sua cabeça. Ela pegou as chaves e abriu.

A primeira coisa que encontrou foi sua mãe. Ela sorria junto com uma pequena bebê em seus braços.

"Mamãe..."

"Oi, querida, aqui estava com a Emma."

"Oi, bebê", disse com uma voz doce, abraçando sua filha.

"Querida... como eu gostaria de poder ajudar mais", sua mãe falou com tristeza.

"Você já faz muito, mamãe. Somos só nós duas aqui, e em algum momento vamos dar a volta por cima. Já preparei o jantar."

"Mesmo... é raro conseguirmos jantar", disse Brianna confusa.

"Eu sei, mas encontrei dinheiro guardado em um dos meus bolsos, então pude fazer algo."

"Obrigada, mamãe... espero poder te trazer sempre as refeições que ganho no trabalho."

"Não se preocupe, querida... você sabe que vamos nos virar em algum momento."

Brianna assentiu, enquanto sua mãe se afastava. Apesar de viverem em um único ambiente, Brianna se sentia bem com cada uma daquelas pequenas conquistas.

Ela deixou seu corpo cair no colchão de casal que havia no apartamento.

Não havia muitas coisas, depois de ficar na rua, seu pai havia levado tudo, deixando ela e sua mãe sozinhas. Todos a haviam abandonado.

Ela não pôde contar a Eduardo que estava grávida. Seu segredo a fez seguir em frente, procurando empregos como garçonete, qualquer coisa até finalmente encontrar aquele emprego na empresa.

Sua mãe se ofereceu para cuidar de sua filha enquanto ela trabalhava. O acordo durou dois anos, enquanto as duas buscavam uma maneira de se recuperar.

O canalha do seu pai tinha escondido todas as propriedades e dinheiro em nome de outra pessoa. Além disso, elas não tinham dinheiro para contratar um bom advogado.

Elas só tinham o que o Estado fornecia. Brianna deixou sua filha recém-dormida na cama improvisada. Ela a cobriu e deu um beijo em sua bochecha antes de se levantar para ajudar sua mãe. No dia seguinte, ela estava de pé novamente diante de seu chefe. Ele, como sempre, nem olhou para o rosto dela, apenas deu suas ordens.

"Bom dia, senhor", ela disse.

"Bom dia, aqui estão essas planilhas, quero que você as preencha e me diga como estão os números da empresa."

"Claro, senhor, mas eu sou apenas uma secretária."

"Você é uma administradora de empresas, fico surpreso que... esquece."

"Imediatamente,

senhor", respondeu ela, um pouco desanimada, e saiu da sala.

Assim que estava no corredor, ela deixou suas costas deslizarem pela parede. Seu corpo caiu até o chão e ela respirou fundo. Seu coração ainda estava acelerado por ter encontrado Eduardo novamente. Sentimentos confusos tomavam conta dela.

"Será que ainda o amo?", pensou consigo mesma, sacudindo a cabeça para afastar esses pensamentos. "Não, isso é impossível. Ele me abandonou, não me quer mais."

Ela se levantou, enxugou as lágrimas que começavam a se formar e caminhou de volta para sua mesa. A área de trabalho ainda estava inacabada, mas pelo menos ela receberia um aumento de salário em breve.

Enquanto ela trabalhava, sua mente divagava. Ela não conseguia se concentrar nas planilhas à sua frente. Seus pensamentos estavam em Eduardo e no passado que compartilharam.

No final do expediente, Briana estava exausta. Ela havia passado horas trabalhando sem parar, tentando cumprir as tarefas exigidas pelo chefe. Quando finalmente terminou, ela recolheu suas coisas e deu uma batida suave na porta da sala dele.

"Entre", veio a resposta, e ela entrou.

Ele estava sentado atrás de sua mesa, folheando alguns documentos. Sem olhar para cima, ele disse: "O que você quer?"

"E-eu terminei as planilhas e revisei os números da empresa", ela respondeu timidamente.

Ele finalmente levantou os olhos para encará-la, e por um momento, ela viu algo diferente em seu olhar. Mas logo desapareceu, substituído por sua expressão habitual de frieza.

"Ótimo, deixe-os na minha mesa", ele ordenou.

Briana colocou as pastas na mesa e estava prestes a se virar para sair quando ele a chamou.

"Espere", disse ele de repente, e seu coração deu um salto.

"O que está acontecendo?", ela pensou. "Será que ele quer conversar? Talvez ele queira explicar por que me abandonou."

Ela se virou para encará-lo, esperando por alguma resposta.

"Como você tem estado?", ele perguntou de repente, e o coração de Briana acelerou.

"Será que ele está preocupado comigo?", ela pensou, sentindo uma mistura de esperança e dúvida.

"Eu tenho estado bem, e você?", respondeu ela, tentando manter a compostura.

"Maravilhoso", foi a resposta simples.

Eles ficaram em silêncio, apenas se olhando. Briana estava de lado, sentindo seu coração prestes a explodir em seu peito. Enquanto isso, ele permanecia impassível, com as mãos apoiadas na mesa.

"Ela ainda o ama?", perguntou a si mesma, confusa com suas próprias emoções. "Mas ele me abandonou e me deixou sozinha com um bebê. Não entendo o comportamento dele."

"Você ainda está aqui", murmurou ele, trazendo-a de volta à realidade.

"D-desculpe", ela comentou e saiu correndo para o seu cubículo.

Ela ainda não havia terminado a área onde começaria a trabalhar, mas a única coisa boa era que seu salário seria aumentado. E parecia muito estranho que ele a tivesse contratado, sabendo que ela era sua ex-esposa.

De qualquer forma, ela só queria aproveitar cada centavo extra que pudesse ganhar.

Quando chegou lá, Melissa a segurou pela mão e juntas foram até a cafeteria. Eram amigas desde o jardim de infância, e essa amizade nunca foi apagada.

Melissa ajudou Briana a conseguir um emprego na empresa. Ela sempre estava de olho em vagas até que uma finalmente apareceu. O único problema era que a vaga era temporária, para cobrir uma licença maternidade.

Briana não sabia o quão incerto era seu futuro.

"Você está corada, me diga o que aconteceu", perguntou Melissa, enquanto as duas tomavam uma xícara de café.

"Eu não sei, foi um pouco estranho. Ele me perguntou como eu estava."

"Eu acho que ele está interessado, está apenas sendo duro."

"Não, ele não se importa comigo! Além disso, ele me abandonou e me deixou sozinha com um bebê."

"Um bebê que ele não sabia. E se você tivesse contado, talvez... ele estivesse passando por um momento difícil ou algo assim e..."

"Não acredito que haja desculpa para ele me abandonar. Eu sempre o amei, cuidei dele e fui fiel. Não entendo o comportamento dele."

"Não importa, agora talvez seja uma chance de descobrir o que aconteceu, não acha?"

"Eu não sei."

Elas voltaram ao trabalho, e a cabeça de Briana continuava girando. Naquele dia, ao contrário do anterior, ela tinha muito trabalho.

Ela teve que descarregar e imprimir arquivos da empresa por horas. Compará-los com os novos e anotar cada número registrado pela empresa. Quando finalmente olhou para o relógio, já eram 20h. Melissa já havia ido para casa e restavam poucos funcionários. Após terminar, Briana pegou as pastas e deu uma batida suave na porta do escritório do chefe.

"Entre", disse a voz grave do seu ex-marido, e ela entrou.

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