Capítulo 3

Na manhã seguinte, encontrei Marcus e Sarah na mesa do café da manhã.

A cena diante de mim fez meu estômago revirar.

Marcus estava alimentando Sarah com pedaços de carne de veado mal passada diretamente na boca, deixando o sangue escorrer pelo queixo dela. Era um gesto íntimo de cortejo entre lobos - algo que ele nunca tinha feito por mim.

Suas cabeças estavam próximas, perdidos em seu próprio mundo.

Pensando que eu ainda estava dopada e dormindo, eles tinham ficado mais ousados em suas ações.

Sarah lambeu o sangue dos lábios, acariciando o braço de Marcus. — Marcus, Claire parece ser uma boa mãe. Talvez você devesse passar um tempo com Noah também? Afinal, ele é seu filhote.

Sua voz pingava falsa preocupação.

Marcus sorriu radiante para ela, seus olhos cheios de adoração que eu nunca tinha visto dirigida a mim ou a Noah.

— Não poderia me importar menos com aquele fracote. Estou guardando toda minha energia para nosso filhote de sangue puro na sua barriga! A mistura perfeita de nossas linhagens!

Ele colocou a mão possessivamente sobre a barriga dela.

Sarah corou, se pavoneando sob sua atenção. — Para... mas lembre-se de sua promessa. Se a criança que estou carregando for um filhote de sangue puro, você vai romper o vínculo de companheiro com ela e me reivindicar apropriadamente.

Marcus assentiu ansiosamente, beijando os dedos dela. — Claro, meu amor. Quando já menti para você? Nosso filhote será tudo que aquela Ômega fraca nunca poderia me dar.

Minhas garras se cravaram nas palmas das mãos, fazendo sangrar. Silenciosamente ativei meu gravador de cristal, capturando cada palavra cruel para o advogado da alcateia.

Então era por isso que Marcus tinha ficado tão ousado — Sarah estava carregando seu filhote.

Um herdeiro de sangue puro para substituir meu filho "defeituoso".

O que mais me enfurecia era como Noah, que eu quase morri para trazer a este mundo, não significava nada para Marcus.

Nós nem éramos parte da Alcateia Real, ainda assim ele estava obcecado em ter um herdeiro macho de sangue puro. Nojento.

Fui ao quarto de Noah, encontrando-o já acordado e brincando quietinho. Que bom menino, nunca querendo incomodar.

Coloquei-o no carrinho, planejando levá-lo para passear nos jardins de cura. As queimaduras de ontem ainda precisavam de ar fresco para cicatrizar.

Ao me ver entrar na cozinha, Marcus rapidamente parou de alimentar Sarah, limpando o sangue do queixo dela.

— Claire, venha tomar café. Consegui carne fresca de veado dos campos de caça.

Olhei para a comida que sobrou, lembrando como ele a tinha alimentado na boca tão carinhosamente.

— Não, obrigada. Está um dia bonito. Noah precisa de ar fresco.

Sendo tão jovem e inocente, Noah instintivamente estendeu os braços para Marcus quando o viu, querendo o toque do pai.

— Papai! Colo! — Seu rostinho se iluminou de esperança.

Mas, de repente, Sarah gemeu alto e agarrou sua barriga. — Ah! Minha barriga... o filhote!

O rosto de Marcus mudou instantaneamente. Ele completamente ignorou os braços estendidos de Noah e correu para Sarah.

— O que foi, amor? Nosso precioso filhote está bem?

Sarah agarrou o braço dele dramaticamente. — Não sei... você pode me ajudar a voltar para a cama? Estou me sentindo tonta...

Sem um segundo olhar para seu filho, Marcus a pegou no colo e a levou direto para o quarto principal.

Os braços de Noah baixaram lentamente, seus olhos se enchendo de lágrimas.

Engoli minha raiva e confortei meu filho desapontado, abraçando-o apertado.

— Tudo bem, bebê. Mamãe está aqui. Vamos ver as flores bonitas.

Eu tinha planejado vender a Erva da Bênção do Luar hoje enquanto eles estivessem distraídos.

No comerciante de ervas raras, a erva foi avaliada em 100 milhões de dólares.

Os olhos do comerciante se arregalaram. — Este é o espécime mais puro que já vi.

Pensei no futuro de Noah enquanto finalizava a venda.

Uma parte foi direto para uma conta secreta - nosso fundo de fuga.

Doei 100 mil dólares para o Fundo dos Órfãos da Alcateia, esperando ajudar outros filhotes e trazer boa sorte para Noah.

O resto financiaria nossa nova vida longe de Marcus. Em algum lugar onde ele nunca mais pudesse machucar nosso filho.

...

O advogado da alcateia precisava de alguns dias para os papéis de separação. Para evitar suspeitas, Noah e eu voltamos para casa depois de vender a erva.

De volta em casa, recebi uma ligação urgente da guilda de ervas sobre documentação incompleta que precisava de atenção imediata.

— Sra. Anderson, precisamos de sua assinatura imediatamente ou a permissão especial vai expirar.

Sarah se aproximou enquanto eu estava ao telefone, segurando os brinquedos de Noah. Seu sorriso não alcançava seus olhos.

— Irmã Claire, deixe-me cuidar dele enquanto você trabalha. Deveríamos criar laços, já que seremos famílias.

Hesitei. Algo predatório em sua expressão fez meus instintos maternos gritarem.

Mas o mestre da guilda estava esperando, e só levaria alguns minutos para enviar os arquivos.

— Não precisa. Ele pode brincar sozinho.

Coloquei Noah em seu cercadinho de proteção, rodeando-o com seus brinquedos favoritos.

— Mamãe já volta, bebê. Só cinco minutinhos.

Corri para meu escritório para enviar os arquivos.

Menos de cinco minutos depois, ouvi os gritos aterrorizantes de Noah.

O som gelou minha alma. Não eram choros normais - eram sons de pura agonia.

— MAMÃE! QUENTE! TÁ QUEIMANDO!

Corri para fora e me deparei com uma cena de horror que me assombraria para sempre.

Sarah estava em pé sobre Noah, com uma chaleira vazia na mão e um sorriso satisfeito no rosto. O vapor subia da pele do meu bebê onde ela havia derramado água fervente sobre ele.

Seu rostinho precioso e seus braços estavam vermelho-vivos, já começando a formar bolhas. A pele estava se desprendendo em alguns lugares.

Os gritos de Noah me atravessavam como dor física. Ele estendeu para mim suas mãozinhas tremulas e queimadas.

Algo primitivo dentro de mim explodiu.

Com um rugido de fúria, avancei contra Sarah, jogando-a contra a parede. Minha visão ficou vermelha de raiva.

Minhas garras se estenderam, prontas para rasgar sua garganta. Naquele momento, eu não queria nada mais do que acabar com a vida dela.

Seu comunicador de cristal caiu no chão enquanto ela gritava por Marcus.

Ele irrompeu porta adentro, observando a cena.

Em vez de correr para socorrer seu filho ferido, ele me puxou para longe de Sarah com um rosnado.

— Que diabos você está fazendo? — Seus olhos brilhavam de raiva - contra mim, não contra quem havia machucado seu filho.

Lutei contra seu aperto. — Ela jogou água fervente no Noah! Olha o que ela fez com ele!

Marcus olhou com desdém para nosso filho que soluçava, seu rosto se contorcendo de nojo.

— Ele é só um Ômega. Sem capacidade de autocura. Caso contrário, isso não seria nada.

Meu coração parou. — Nada? Ele está coberto de queimaduras! Seu filho está em agonia!

Sarah limpou suas lágrimas de crocodilo, segurando sua barriga. — Ele ficava chutando minha barriga! Eu tinha que proteger nosso filhote puro-sangue! Não queria machucá-lo...

— Ele tem três anos! — Gritei, minha voz falhando. — Mal consegue andar direito!

Marcus me empurrou bruscamente para o lado, abraçando Sarah.

— Claire, você está exagerando. É só um pouco de água quente. Se ele fosse um lobo de verdade, se curaria em minutos.

Olhei horrorizada para ele, não reconhecendo o homem com quem tinha me acasalado. — Um pouco de água quente? Ela machucou seu filho deliberadamente!

— Pare de se envergonhar. — Marcus rosnou. — Leve esse filhote fraco para seu quarto. E não ouse tocar na Sarah de novo, ou vou mandar te prender por atacar uma loba grávida.

Enquanto ele levava Sarah embora, sussurrando palavras de conforto para ela, vi o comunicador de cristal que ela havia derrubado no chão.

A mensagem na tela fez meu sangue gelar.

Fiquei em choque olhando para as palavras à minha frente.

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