Muitas histórias contavam sobre a paixão avassaladora que o Primeiro Imperador sentia pela sua Imperatriz. Para demonstrar todo o seu afeto e devoção, ele criou vários eventos que se tornaram uma tradição pelos seus sucessores e súditos. Para alguns tais histórias soavam como um belo conto de fadas, não esperando menos da pessoa mais poderosa daquele império. Já outras achavam que eram apenas mentiras para esconder verdadeiros objetivos por trás das tradições.Até mesmo o atual Imperador, Rehael Saint Richmond se mostrou um digno herdeiro do Primeiro Imperador, pois ele seguiu os mesmos passos que o seu ancestral e dedicou vários prêmios de tais tradições para o seu atual Consorte. O romance deles era muito conhecido e certamente entraria para a história como exemplo de governantes que, de fato, amaram os seus companheiros.De fato, era uma bela história de amor.Só que quando Lucian subiu na carruagem junto do seu esposo para irem até o campo de caça onde o festival seria realizado,
Fazia muito tempo que não via o casal original de , e só de encontrá-los novamente no festival de caça, Lucian sentiu um leve frio na barriga. Recordava-se dos seus momentos como leitor acompanhando aqueles dois, preso na narrativa e imaginando qual seria o final da história. Reencontrá-los bem na sua frente era como uma âncora o trazendo para a realidade.Luciano havia possuído Lucian, o Oitavo Príncipe. E naquele momento, ele não estava ali para se divertir como os demais nobres. Ele tinha uma missão, que envolvia o homem que estava ao seu lado. Um gosto amargo surgiu em sua boca, o deixando levemente nauseado pelo receio de falhar miseravelmente em sobreviver na história. Isso o fazia lembrar dos sonhos com a morte do verdadeiro Lucian, que sempre lhe causava arrepios e uma forte “lembrança de uma dor”.— Há quanto tempo! Fizeram uma boa viagem?— Mas é claro, Sir Maverick. Foi uma viagem inesquecível, devo dizer — Comentou Lucian, segurando firme o braço de Mag
No instante em que Eugene Grimwood pisou no campo do Conde Vauhnir, ele foi soterrado por olhares curiosos e nobres sedentos por uma boa fofoca. Já estava acostumado dada a natureza dos seus irmãos, principalmente a de Magnus. Não era a primeira vez que via a repercussão dos atos do seu irmão mais velho.Todos os nobres sabiam que Magnus Grimwood era um homem que não dava segunda chance para quem se atrevesse a passar do limite com os Grimwood. E apesar dele sempre cometer certos atos criminais, Jesse vinha a seu resgate com provas que impediriam o Grão-duque de ser jogado na prisão.Dessa vez não foi diferente.—Fico a me perguntar o que o Conde Moutuni pode ter feito para irritar a Sua Graça.— O meu marido disse que a Sua Majestade estava desgostoso com a sua falta de participação no cenário político. O Grão-duque deve ter apenas seguindo ordens de Sua Majestade.— Jovem Grimwood, por acaso sabe de algo?Quando os olhares atentos viravam-se para Eugene, o jovem rapaz apenas inclina
— Neste glorioso dia abençoado pela Deusa Kronosis, temos a oportunidade de reunir os nossos mais bravos guerreiros para cumprir o nosso dever de proteger o povo de Islerus. Os animais selvagens que descem a montanha são um risco para aqueles que vivem neste vilarejo, e por isso brandiremos nossas espadas para garantir proteção e fartura para este inverno.Rehael fazia o discurso impecavelmente. Bastava a sua presença para deixar os participantes do festival ansiosos pelo seu início. Cruzando os braços, Magnus já conhecia cada palavra a ser dita naquele discurso, apesar que nem mesmo um discurso diferente não seria capaz de roubar a sua atenção.Na verdade, já faz algum tempo que aquelas palavras estavam rondando a sua mente o incomodando.“— Stephen Baragnon, você é a minha chave”.O seu marido nunca demonstrou interesse em relação ao jovem Baragnon, pelo menos não diretamente. Só que quanto mais ele pensava a respeito, mais Magnus percebia um padrão estranho no comportamento do seu
Diferente do primeiro evento da história original que ele presenciou, e que culminou no seu casamento, Lucian estava apreensivo. Queria tirar proveito da confusão mais ridícula que aquele vilão cometeria. A confusão entre Magnus e Stephen.Os mercenários são diferentes dos rebeldes, eles não ligam para saber quem é quem, e muito menos guardam os nomes dos nobres. A falta de interesse deles é irritante para os rebeldes, que sabem de tudo e querem ser lembrados pelos nobres. Isso causa uma rusga entre os dois grupos que seguem ordens do verdadeiro vilão. Por fim, os mercenários apenas vão atrás da pessoa que eles acreditam ser o Grão-duque, raptando Stephen por engano.Lucian podia tirar proveito disso.Se tentasse salvar Stephen fingindo que ele é Magnus, os mercenários focariam neles por acharem estar certos. Magnus ficaria livre do sequestro, Maverick viria salvar Stephen e tudo acabaria bem. Lucian pensou que seria melhor arrastar Stephen para o campo de visão dos cavaleiros para i
O último rebelde caiu no chão sem vida. Magnus esfregou o dorso de sua mão contra o rosto limpando o suor e se deixou cair sentado sobre o corpo do urso do qual caçou momentos atrás. O seu corpo estava cansado, claro, mas o que realmente incomodava era a dor das suas feridas. Puxando o lenço enrolado no seu punhal, Magnus conseguiu estancar o ferimento da coxa que parecia o pior. Droga, eles foram certeiros em mirar justamente na perna que foi ferida naquele duelo. Magnus acabou de sair da recuperação e agora teria que lidar com a lentidão nos seus movimentos e demais outros problemas que a ferida acarretaria. Rosnando baixo, o ômega amarrou com força o lenço para estancar o sangramento.— Magnus!Erguendo a cabeça, o ômega percebeu Cadec com o rosto pálido empunhando a sua espada. Considerando as manchas avermelhadas na sua lâmina e a sua respiração pesada, o Primeiro Príncipe também parece ter passado por maus lençóis.— Você está ferido?— Não, mas você…— Nada de mais — Cortou Ma
Muito bem, Lucian precisava admitir que essa foi a pior decisão que ele já tomou em todas as suas vidas. Por mais que parecesse algo simples na sua cabeça, tinha vislumbrado a possibilidade de dar certo. Se ele tivesse chamado alguns cavaleiros para acompanharem-no dentro da floresta, talvez as chances de dar certo seriam maiores.Mas não adiantava chorar pelo leite derramado.Ele e Stephen foram levados para a parte mais funda da floresta, longe da trilha. Não fazia a menor ideia se Magnus estava bem, se os cavaleiros conseguiram dar conta dos mercenários ou se todos daquele Império estavam ferrados. Para piorar, o ômega estava desacordado quando foi, praticamente, jogado ao chão em uma clareira.— Fiquem aí quietinhos.Lucian nem se deu ao trabalho de responder. O que ele poderia fazer? O seu corpo parecia uma gelatina pesada depois de ter recuperado o controle, além disso ele tremia feito um chihuahua tornando-o tão patético do que a sua reputação já fazia parecer. Claramente estav
Lucian caiu desesperado até Magnus, na medida em que sua pele empalidecia e a sua respiração ficava mais pesada. Virando-o no chão, o príncipe verificou o ferimento da bala, franzindo a testa ao notar através do buraco nas roupas uma placa de metal fina cobrindo o seu peitoral.— Mas o que diabos…?Abrindo o colete e a camisa de botão sem pestanejar, Lucian se surpreendeu que o seu esposo usava algum tipo de proteção. No entanto, a bala ainda o atingiu ao furar tal proteção. — Vossa Santidade, conseguimos capturar os rebeldes. Precisamos ir. — Inclinou-se um cavaleiro, falando diretamente com o príncipe.— C-Certo — Lucian gaguejou ao dar espaço.Dois cavaleiros ajudaram Magnus a subir nas costas de um terceiro. Assistindo a eles, Lucian percebeu as duas outras feridas no esposo, que também sangravam.— Por que ele está ferido desse jeito… Droga.— Lucian, calma — Raven se aproximou apertando o seu ombro — Vamos voltar para a mansão do Conde primeiro.Pedir calma em um momento daquel