O fato de haver uma epidemia já deixou a capital de Roveaven em polvorosa. Os plebeus, que foram os mais infectados pela misteriosa doença, encontravam-se desesperados procurando pela cura. Os nobres, tomados pelo medo de serem contagiados, fecharam os seus portões para os plebeus e monopolizavam os médicos com preços absurdos que um plebeu jamais seria capaz de pagar.O Palácio Imperial ficou dividido entre os nobres que pressionavam o Imperador para resolver a questão e aqueles que insistiam em construir um muro para isolar os plebeus enfermos. Cadec participou das assembléias sentindo o seu coração bater acelerado de raiva e frustração por ver tantas pessoas cegas pelo poder. Todos ergueram suas vozes e cobriam seus ouvidos recusando abandonar os seus ideais.— Silêncio — Ordenou Rehael com autoridade máxima, calando os nobres de imediato — O que sabemos a respeito dessa doença?— Os plebeus que foram consultados disseram que começaram a apresentar os sintomas logo depois de terem
Os cavaleiros imperiais cavalgavam apressadamente atravessando as ruas da capital. Os grupos separados se espalharam ordenadamente, seguindo o plano do seu comandante que liderava o primeiro grupo. Cada um deles seguiria para diferentes regiões, para enormes armazéns que se encontravam nas periferias, longe dos olhos dos nobres e dos cavaleiros. Alguns deles estariam sob um disfarce de distribuidora de bebidas ou de suprimentos, ou alguma fábrica antiga.Mas não restaria nenhum disfarce naquela noite.Cadec escolheu a madrugada para realizar a sua operação, para evitar que inocentes fossem feridos. Quanto menos caótico fosse, melhor.O armazém que Cadec cuidaria pessoalmente era o maior. Segundo as investigações, era o que tinha mais mercenários cuidando, podendo haver algo além de armas contrabandeadas de Geledel. A mente por trás de todo aquele plano foi esperto em escolher armazéns antigos para sua operação, pois tinham sido construídos em espaços estratégicos ao mesmo tempo que ma
Ao abrir os olhos, Lucian demorou alguns segundos para compreender o que exatamente estava acontecendo. As suas memórias estavam um pouco bagunçadas, mas não demorou muito tempo para poder sentir um pouco de vergonha de ter adoecido repentinamente. Dificilmente ficava doente, apesar dele ser fraco. Gostaria de evitar colapsar novamente, principalmente na frente de uma certa pessoa.— Vejo que acordou.A voz grossa de Magnus lhe causou arrepios. No canto do quarto, sentado na cadeira e de pernas cruzadas, Lucian sentiu que poderia passar mal novamente. Com trajes casuais, uma camisa de linho com uma gola V expondo boa parte do seu busto, cabelos pretos bagunçados e óculos de grau, Lucian tinha a certeza de que havia morrido e ido parar no quinto dos infernos ao ter uma visão tão deliciosa.— Ah papai — Sussurrou Lucian rouco, logo tossindo — Cough, cough…. ah, minha garganta…— Pare de falar — Magnus se levantou da cadeira, largando os documentos para trás enquanto caminhava até a cama
A situação na capital de Roveaven parecia um caos de rumores. As palavras sussurradas de boca em boca espalharam-se tão ligeiramente quanto a própria doença. A repercussão dos boatos transformou o templo em um lugar completamente caótico.Os plebeus que foram acometidos pela desconhecida doença estavam sobre uma linha de descrença e desespero. Ao mesmo tempo que culpavam o templo pela disseminação da doença, eles se ajoelharam aos pés dos sacerdotes implorando para serem tratados. Com a ajuda do Imperador, os plebeus estavam sendo tratados, mas a hostilidade para com os sacerdotes apenas crescia.— Recomendo que permaneça aqui e não saia, sacerdote Skyler — Comentou um vigário com o rosto preocupado — Os nossos acólitos estão auxiliando os médicos da corte a cuidarem dos enfermos, mas essas pobres almas estão sendo alvos de críticas.Skyler permanecia imóvel encarando o Sumo Sacerdote acamado à sua frente. O velho homem que sempre cuidou dele agora parecia pálido e doente, podendo mor
No último dia do ano, o Império transbordava de celebração. As ruas brilhavam com enfeites, enquanto bardos preenchiam o ar com músicas alegres que se misturavam às risadas de plebeus e comerciantes. No Palácio Imperial, a alta sociedade se reunia no grandioso salão de banquetes para saudar o novo ano.Todos os convidados que passavam pelas portas de mármore curvavam-se respeitosamente diante do Imperador Rehael e do Consorte Cassander. O casal imperial, vestidos com trajes que emanavam autoridade e esplendor, recebiam as felicitações com sorrisos medidos e palavras de benevolência.— Desejo ao sol do Império um próximo ano repleto de bênçãos e fartura. Que suas Majestades tenham uma vida longa e próspera.— Que assim seja também para meus súditos, — respondia o Imperador com voz imponente.Quando chegou a vez dos Grimwood, a atmosfera mudou sutilmente.Lucian, ao lado de Magnus, trajava vestes que combinavam com as de seu esposo, irradiando elegância. Seus cabelos, presos em um rabo
O salão imperial fervilhava com o som de risos, músicas e cochichos. A celebração de ano-novo, repleta de esplendor e riqueza, era o evento mais aguardado do ano pela alta sociedade do Império. Sob a grandiosa abóbada de cristal do salão, nobres se reuniam em pequenos grupos, discutindo política, negócios e, é claro, os escândalos mais recentes.— Já pode parar de me agarrar — Murmurou Magnus a um certo alfa, que não abandonou a sua cintura desde o anúncio.Lucian, com seu habitual sorriso discreto, sentia o peso dos olhares em sua direção. Desde o anúncio inesperado de Magnus sobre a gravidez, ele parecia estar no centro de uma atenção desconfortável. Apesar disso, o seu esposo esforçava-se para manter a postura, enquanto o Oitavo Príncipe, notavelmente protetor, permanecia a seu lado como uma sombra constante.— Você é tão maligno…— Eu esperava por essa reação, então continue sendo adorável e crie um espetáculo.Formando um bico nos lábios, Lucian depositou um singelo beijo na boch
O ar no campo de treinamento estava carregado de tensão. A luz da lua banhava a área com um brilho prateado, iluminando as figuras de Magnus Grimwood e Cadec Saint Richmond, que se preparavam para um duelo que o Império jamais esqueceria.Os nobres, ansiosos pelo espetáculo inesperado, haviam se reunido em um semicírculo para observar. Alguns murmuravam sobre a imprudência do duelo, enquanto outros mal conseguiam conter a excitação.Magnus empunhava sua espada com firmeza, seus olhos carmesins brilhando com uma mistura de raiva e determinação. Diante dele, Cadec mantinha uma postura altiva, mesmo com o corpo ainda debilitado pela ferida recente.— Vou lhe dar uma última chance, Cadec. Desista agora e poupe-se da humilhação.— Nunca fujo de uma batalha, Magnus, especialmente quando envolve a honra.Os dois se encararam por um momento que parecia eterno antes de Magnus avançar.As espadas se cruzaram com um som metálico que ecoou pelo campo, arrancando suspiros e exclamações da plateia.
O silêncio opressor da biblioteca começava a pesar sobre Lucian. Sua respiração, lenta e medida, contrastava com o turbilhão de pensamentos que inundavam sua mente. Enquanto Raven continuava a se mover ao redor dele, como um predador estudando sua presa, ele foi incapaz de impedir que sua mente vagasse.Os pesadelos. Sempre eles.Desde que acordara neste mundo, as noites eram uma constante batalha contra os mesmos sonhos. Ou seriam lembranças? Ele ainda não sabia dizer ao certo. O que começou como flashes fragmentados tornou-se uma sequência vívida, como um filme que se recusava a terminar.No sonho mais recorrente, ele estava ali mesmo, no Palácio Abandonado. A sala estava escura, as tochas lançando sombras dançantes pelas paredes. Ele se via preso, como agora, mas as cordas não eram o único peso que o mantinha cativo. Raven estava diante dele, seu sorriso tão doce quanto mortal.— Você deveria ter me ouvido, irmãozinho.As palavras ecoavam em sua mente, gelando sua alma. Ele se lemb