— Vossa Alteza! — Eugene sorriu docemente, curvando-se respeitosamente para Cadec. — Fico feliz em vê-lo aqui.— Eu disse que viria.Eugene retribuiu com um sorriso agradável, suas bochechas corando levemente, o que o tornava ainda mais adorável aos olhos de Cadec. O príncipe pôde sentir o aroma floral dos feromônios de Eugene, preenchendo seus pulmões e inflamando a febre latente que lutava para controlar.— Oh, e obrigado pelo presente. Gostei muito do conjunto de abotoaduras e do broche.Surpreso pela mudança repentina de assunto, Cadec se agarrou à conversa, esperando que isso o ajudasse a se distrair do caos interno que estava travando. Ele manteve o tom de voz calmo e baixo, ocultando o esforço que fazia para não perder o controle.— Fico feliz que tenha gostado.— Pretendo usá-los na minha festa de maioridade. As safiras combinam perfeitamente com os olhos de Vossa Alteza.O tom suave de Eugene parecia tentar suavizar o clima entre eles, mas Cadec lutava contra o seu instinto a
A chuva torrencial ensopava os dois, intensificando a tempestade emocional que fervilhava dentro de cada um. No entanto, nenhuma gota daquela chuva era capaz de esfriar o calor abrasador que tomava conta do corpo do alfa. E os feromônios florais de Eugene, misturados ao cheiro da chuva, faziam tudo parecer um sonho febril do qual Cadec não conseguia escapar.Ele estava à beira do descontrole.Eugene, parado diante dele, com os olhos cheios de esperança, era ao mesmo tempo o objeto de seu tormento e a única coisa que poderia trazer alívio. Cadec sentia o instinto primitivo rugindo dentro de si, clamando que tomasse Eugene para si, para que acabasse com aquela luta inútil e se deixasse levar. Mas Cadec lutava — por ele, por Eugene, por tudo mais que estava em jogo.Cada palavra que Eugene dizia parecia trazer Cadec para o fundo de um abismo. O jovem ômega não tinha noção do quão irresistível era a sua presença.— Por favor, não fuja de mim, Vossa Alteza — disse Eugene, sua voz baixa, qu
Cadec havia falhado miseravelmente em conter o próprio desejo. O beijo com Eugene ainda tinha um grande efeito nele, saciando parte de seu instinto ao mesmo tempo que o fazia querer mais. Mesmo agora, enquanto o vento frio e a chuva caíam pesadamente, ele ainda sentia o gosto doce de Eugene em seus lábios. A chama que ardia dentro dele só não poderia queimar mais quando viu Lucian observando-os da porta lateral do salão de festas.— Lucian?— O que? — Eugene virou-se rapidamente, surpreso em ver Lucian caminhando na direção deles.O príncipe mais novo observava a cena de longe, mas era impossível ignorar sua presença. Havia algo no olhar de Lucian — uma calma perigosa, como se estivesse analisando cada detalhe. Cadec sabia que não poderia simplesmente sair e fingir que nada havia acontecido.Automaticamente, o alfa segurou o pulso de Eugene e o puxou para perto, tentando protegê-lo quando Lucian finalmente os alcançou.— Vossa Alteza… — Eugene o olhava com os olhos cheios de surpresa
— Hm… parece que as coisas não estão indo como planejado.A voz soou como um sussurro contido, mas carregado de desagrado. Um homem de cabelos longos e escuros ergueu os olhos de esmeralda, observando a figura à sua frente com uma calma irritante. Ao seu redor, os capangas mantinham a cabeça baixa, tensos, como se cada palavra daquela figura fosse uma sentença de morte.Mas Ryland não.— Qual foi o contratempo dessa vez? — Sua voz estava desprovida de qualquer traço de submissão.— O Imperador não deu permissão para o casamento — veio a resposta firme, quase seca, acompanhada por um cruzar de braços rígido. — Não poderei te dar sua preciosa noiva.Os olhos de Ryland estreitaram-se levemente. Era a segunda vez que o trato entre eles desmoronava.— Está ficando cada vez mais difícil manter nosso negócio em pé, sabe? — Ryland murmurou, cruzando os braços com uma expressão que beirava o tédio, mas que carregava um peso cortante. — Fiz vista grossa pelo incidente no Porto de Baydenn, mesmo
Em momento algum na história original foi mencionada uma ruína. No entanto, àquela altura do campeonato, Lucian já havia se acostumado com descobertas que pareciam ser omitidas das linhas principais do enredo. As peças de um quebra-cabeça maior começavam a emergir, e ele não podia ignorar.Skyler e Magnus, acompanhados de uma frota de guardas do templo e dos Grimwood, levaram Lucian até o local misterioso. A ruína ficava a alguns quilômetros dos portões principais da capital imperial, numa região de difícil acesso. A viagem de carruagem foi tranquila até certo ponto, mas eles logo tiveram que desviar da estrada principal, seguindo por uma trilha quase inexistente. O terreno ficou cada vez mais acidentado, balançando a carruagem ao ponto de ser impossível prosseguir sobre rodas.Assim, deixaram os veículos e seguiram a cavalo. O silêncio entre eles só era quebrado pelo som dos cascos nas folhas secas e os estalos ocasionais de galhos. O caminho se tornava cada vez mais estreito e cerca
O céu estava cinzento, anunciando uma possível chuva para o fim da tarde. O vento leve balançava as cortinas do quarto de Eugene, que permanecia sentado em uma poltrona próxima à janela. Seus olhos rosados, geralmente gentis e serenos, estavam fixos no horizonte, mas a inquietação interna era evidente. A aproximação de sua festa de maioridade trouxe uma série de emoções conflitantes. Mas, acima de tudo, havia uma certeza que martelava em sua mente.Ele queria Cadec.Na academia, Eugene ouvira histórias sobre colegas sendo beijados por seus companheiros antes mesmo de noivarem, quebrando as expectativas de castidade imposta pela sociedade. Todos falavam em sussurros, com aquele tom de segredo compartilhado entre amigos próximos. Por nunca ter sido beijado, Eugene sentia uma mistura de curiosidade e inveja. Todos pareciam "adultos", mergulhados nas complexidades dos relacionamentos e volúpias, enquanto ele era deixado para trás.Mas agora, tudo mudara.Desde o beijo na chuva, algo novo
"Volte para o berço que jamais deveria ter saído."Essas palavras martelavam na mente de Lucian sem cessar. Além delas, as últimas palavras do reflexo do Oitavo Príncipe também ecoavam como sussurros nos ouvidos do príncipe.Ele encarava o relógio de bolso que segurava com força. O tique-taque sereno, que antes lhe parecia tão inofensivo, agora soava misterioso, quase ameaçador. O presente, que antes não passava de uma bugiganga qualquer, agora se transformava em algo repleto de segredos perturbadores.O quarto estava quieto, exceto pelo som da respiração irregular de Skyler, que ainda se recuperava do ritual nas ruínas. Lucian, porém, mal notava a presença do sacerdote.Voltar para o berço.Aquela frase não fazia sentido. Ou fazia? De alguma forma, aquelas palavras antigas, misturadas ao brilho etéreo das visões que o atormentavam, pareciam mais concretas do que qualquer coisa que ele já tivesse experimentado desde que despertou nesse corpo. Um corpo que, até então, ele acreditava nã
O silêncio que tomou o ambiente após a revelação de Cassander parecia ensurdecedor para Lucian. Por um instante, ele acreditou que o próprio tempo havia congelado. Suas mãos ficaram frias, e o coração acelerado martelava no peito, enquanto tentava digerir o que havia acabado de ouvir.Não era uma novidade que o Oitavo Príncipe deveria morrer na história original. Justamente por isso que Lucian estava se esforçando para mudar o destino do personagem que possuiu, e evitar o final trágico. Era por isso que ele sonhava repetidamente com a cena da morte do Oitavo Príncipe, como um lembrete para não relaxar, pois o final ainda poderia acontecer.Contudo… em momento algum foi mencionado sobre o Imperador Rehael e o Consorte Cassander fazerem algum tipo de ritual para trazerem o Oitavo Príncipe de volta à vida.— Como é que é? — Ele disse repentinamente, franzindo a testa — Como? Quando?Rehael tomou a frente, cruzando os braços com uma compostura impenetrável, mas havia algo em seu olhar que