— Hm… parece que as coisas não estão indo como planejado.A voz soou como um sussurro contido, mas carregado de desagrado. Um homem de cabelos longos e escuros ergueu os olhos de esmeralda, observando a figura à sua frente com uma calma irritante. Ao seu redor, os capangas mantinham a cabeça baixa, tensos, como se cada palavra daquela figura fosse uma sentença de morte.Mas Ryland não.— Qual foi o contratempo dessa vez? — Sua voz estava desprovida de qualquer traço de submissão.— O Imperador não deu permissão para o casamento — veio a resposta firme, quase seca, acompanhada por um cruzar de braços rígido. — Não poderei te dar sua preciosa noiva.Os olhos de Ryland estreitaram-se levemente. Era a segunda vez que o trato entre eles desmoronava.— Está ficando cada vez mais difícil manter nosso negócio em pé, sabe? — Ryland murmurou, cruzando os braços com uma expressão que beirava o tédio, mas que carregava um peso cortante. — Fiz vista grossa pelo incidente no Porto de Baydenn, mesmo
Em momento algum na história original foi mencionada uma ruína. No entanto, àquela altura do campeonato, Lucian já havia se acostumado com descobertas que pareciam ser omitidas das linhas principais do enredo. As peças de um quebra-cabeça maior começavam a emergir, e ele não podia ignorar.Skyler e Magnus, acompanhados de uma frota de guardas do templo e dos Grimwood, levaram Lucian até o local misterioso. A ruína ficava a alguns quilômetros dos portões principais da capital imperial, numa região de difícil acesso. A viagem de carruagem foi tranquila até certo ponto, mas eles logo tiveram que desviar da estrada principal, seguindo por uma trilha quase inexistente. O terreno ficou cada vez mais acidentado, balançando a carruagem ao ponto de ser impossível prosseguir sobre rodas.Assim, deixaram os veículos e seguiram a cavalo. O silêncio entre eles só era quebrado pelo som dos cascos nas folhas secas e os estalos ocasionais de galhos. O caminho se tornava cada vez mais estreito e cerca
O céu estava cinzento, anunciando uma possível chuva para o fim da tarde. O vento leve balançava as cortinas do quarto de Eugene, que permanecia sentado em uma poltrona próxima à janela. Seus olhos rosados, geralmente gentis e serenos, estavam fixos no horizonte, mas a inquietação interna era evidente. A aproximação de sua festa de maioridade trouxe uma série de emoções conflitantes. Mas, acima de tudo, havia uma certeza que martelava em sua mente.Ele queria Cadec.Na academia, Eugene ouvira histórias sobre colegas sendo beijados por seus companheiros antes mesmo de noivarem, quebrando as expectativas de castidade imposta pela sociedade. Todos falavam em sussurros, com aquele tom de segredo compartilhado entre amigos próximos. Por nunca ter sido beijado, Eugene sentia uma mistura de curiosidade e inveja. Todos pareciam "adultos", mergulhados nas complexidades dos relacionamentos e volúpias, enquanto ele era deixado para trás.Mas agora, tudo mudara.Desde o beijo na chuva, algo novo
"Volte para o berço que jamais deveria ter saído."Essas palavras martelavam na mente de Lucian sem cessar. Além delas, as últimas palavras do reflexo do Oitavo Príncipe também ecoavam como sussurros nos ouvidos do príncipe.Ele encarava o relógio de bolso que segurava com força. O tique-taque sereno, que antes lhe parecia tão inofensivo, agora soava misterioso, quase ameaçador. O presente, que antes não passava de uma bugiganga qualquer, agora se transformava em algo repleto de segredos perturbadores.O quarto estava quieto, exceto pelo som da respiração irregular de Skyler, que ainda se recuperava do ritual nas ruínas. Lucian, porém, mal notava a presença do sacerdote.Voltar para o berço.Aquela frase não fazia sentido. Ou fazia? De alguma forma, aquelas palavras antigas, misturadas ao brilho etéreo das visões que o atormentavam, pareciam mais concretas do que qualquer coisa que ele já tivesse experimentado desde que despertou nesse corpo. Um corpo que, até então, ele acreditava nã
O silêncio que tomou o ambiente após a revelação de Cassander parecia ensurdecedor para Lucian. Por um instante, ele acreditou que o próprio tempo havia congelado. Suas mãos ficaram frias, e o coração acelerado martelava no peito, enquanto tentava digerir o que havia acabado de ouvir.Não era uma novidade que o Oitavo Príncipe deveria morrer na história original. Justamente por isso que Lucian estava se esforçando para mudar o destino do personagem que possuiu, e evitar o final trágico. Era por isso que ele sonhava repetidamente com a cena da morte do Oitavo Príncipe, como um lembrete para não relaxar, pois o final ainda poderia acontecer.Contudo… em momento algum foi mencionado sobre o Imperador Rehael e o Consorte Cassander fazerem algum tipo de ritual para trazerem o Oitavo Príncipe de volta à vida.— Como é que é? — Ele disse repentinamente, franzindo a testa — Como? Quando?Rehael tomou a frente, cruzando os braços com uma compostura impenetrável, mas havia algo em seu olhar que
O silêncio da noite no templo era opressivo, mas não mais que o peso que Lucian sentia em seus ombros.— Claro, trata-se de uma suposição minha — Skyler continuou, afagando o ombro do príncipe para confortá-lo — Baseado nos textos relacionados à Deusa e no que as Suas Majestades contaram esta noite.O príncipe ergueu os olhos de diamantes para o Imperador e o Consorte, sem acreditar que eles teriam sofrido com a morte de um filho ao ponto de quebrarem as leis do templo e fazer um ritual proibido para trazê-lo de volta à vida. Porém, Lucian já tinha se tornado Luciano… já estava vivendo a outra vida.— Por que eu vi a vida do Oitavo Príncipe como uma história? Por que não tenho as memórias da primeira vida?— Acredito que apenas a Deusa poderia nos dizer. Mas… — Skyler ergueu a manga de sua túnica, onde uma mancha de estigma se espalhava por sua pele — …Receio que fazer um rito proibido tenha sugado um pouco da minha energia.Lucian sentiu-se culpado ao ver aquela mancha. Não fazia ide
O corpo de Magnus começou a esquentar, um calor intenso subindo pela pele como se queimasse de dentro para fora. Observar Lucian dormindo ao seu lado despertava uma urgência que ele lutava para manter sob controle. A visão do alfa vulnerável, descansando despreocupadamente, só alimentava o fogo que já crescia em seu peito. Seus feromônios estavam começando a escapar, mais fortes a cada respiração, cobrindo Lucian como um véu invisível.Magnus não conseguia manter as mãos longe dele. O toque suave de seus dedos sobre a pele de Lucian, a maciez de seus cabelos dourados espalhados pelo travesseiro... Tudo em Lucian clamava por ele, ou pelo menos era assim que Magnus se sentia. Seu instinto primal rugia, exigindo que ele reivindicasse o alfa por completo, sem deixar espaço para dúvidas. Era um desejo tão visceral que o fazia se perder momentaneamente."Paciência", ele se lembrou. "Ainda não." Havia um plano maior em mente.Com cuidado, Magnus ajustou Lucian em seus braços, levantando-se c
Geralmente, os seus ciclos de calor eram intensos e demorados por Magnus ser um ômega dominante. A volúpia que queima o seu corpo parecendo um inferno sem fim, apenas o fazia querer perseguir algum alfa para saciar cada gota de desejo que ele carregava naquele período. Mas agora Magnus tinha um alfa para chamar de seu, e ele seria o seu alvo por todos os dias que estavam por vir.A droga fazia um efeito estrondoso em Magnus.Naquela vez que acabou drogado por Lucian, os efeitos foram intensos, porém não o suficiente para deixá-lo naquele estado tão… desastroso. Talvez ter bebido metade daquele frasco tenha sido um delicioso exagero.Os olhos carmesins do ômega seguiam Lucian em cada movimento. Ele estava absurdamente focado no alfa. Lucian emitia feromônios, fracos em níveis desprezíveis como sempre acontecia, mas que para o ômega tinham um efeito intenso. O seu corpo se arrepiava e Magnus inclinava-se para sentir mais daquele cheiro amadeirado, farejando o ar e sentindo sua pele se a