Seth- Soube da briga de meninas entre vocês. Se aproximou de Anubis parado sob a neve fina que caia na avenida do Central Park.- Não deveria estar aqui! – a voz ríspida do irmão do meio não assustava o mais novo. Os olhos do deus do submundo estava fixo no alto do prédio que emanava uma energia poderosa. Seth sentia aquela coisa a quilômetros de distância. Hórus havia chegado a algumas horas, acompanhado da mulher que deveria estar morta. Martina continuava linda, ao lado do homem que escolheu como seu vassalo. A energia provinha dela.- Você pegou leve demais. Ela já manipulou completamente as emoções dele. – Seth escarneceu, levou a mão aos cabelos úmidos. Anúbis, com sua impecável indumentária preta, portava luvas e um guarda-chuva da mesma cor. Fez uma careta, ele nem tentava se misturar aos humanos. Deixava obvio que era um corvo agourento e perigoso.- Sei o que estou fazendo. Já disse que você deve ir embora, sua interferência pode ser o cataclismo dessa situação!- Está
Uma explosão de cores e energia os levou para outro lugar. A rua movimentada desapareceu, a neve, a cidade, os prédios; tudo se tornou escuro.Pequenas contas brilhantes se encontravam com o chão aos seus pés feito do que parecia ser água. Túrgida e escura.Seth nunca esteve nesse lugar, era como uma dimensão infinita de estrelas e a imensidão do véu da morte. Seus olhos se arregalaram.Não podia ser, esse não poderia ser o domínio dela, certo?- Seth não abra a boca. Deixe isso comigo.Uma imagem envolta em neblina surgiu a cerca de uns duzentos metros de onde estavam.A forma era borrada, mas lembrava uma mulher humana. Eles caminharam até ela. Uma espécie de mesa e cadeiras retorcidas surgiram. Aquele ser esticou a mão, e logo ambos estavam sentados à sua frente.Ela era uma velha, a forma de uma idosa de olhos azuis brilhantes não coincidiam com o que ele imaginou sobre essa divindade. Destino nunca apareceu fisicamente para ele. Somente Anúbis conhecia sua verdadeira forma.- Sa
OlíviaO chá de camomila estava frio sobre a mesa pequena. O móvel foi colocado no seu quarto a três dias. Quando sua presença a mesa passou a ser incômoda.Uma nova cozinheira e duas empregadas foram contratadas. Ela só tinha contato com uma, a que levava suas refeições e cuidava da limpeza e arrumação do lugar que passou a ser sua cela.Horús decidiu que a afronta que ela cometeu contra suas ordens era demais. Disse que se ela não podia sair do quarto para dar as boas-vindas a uma visita, ela não deveria sair para mais nada também.E assim, a porta permanecia trancada. Sem contar a empregada, Hórus era o único que entrava ali quando bem entendia.Na maioria das vezes para acusar Olívia de diversos atos traiçoeiros e pecaminosos que ela cometeu.Não se importava mais com isso. Passou a ignorar sua presença, negando qualquer resposta. Ele ficou furioso por mais esse erro, e voltou a rasgar suas roupas e abusar sexualmente dela, porém sem penetrar seu interior.Enquanto suas mãos queim
HórusO relógio marcava quatro da tarde quando Hórus, em meio a uma chuva torrencial, percorria as caóticas ruas de Nova York. Sentia que precisava de uma dose de vodka para acalmar o ânimo, agridoce reflexo de uma decisão tomada quatro anos atrás, por influência de seu irmão.Maldição! Ele já havia pego o celular inúmeras vezes para ligar para o pai, a fim de romper com a farsa que havia criado. No entanto, toda vez o guardava, praguejando em voz alta. Desistir agora significaria perder a estabilidade de sua família, um vínculo que ele valorizava acima de tudo, e a presidência da empresa; além de que a imagem daqueles olhos frágeis sempre lhe vinham a mente quando pensava em romper o contrato. Esse segundo, nunca fora sua ambição, mas uma imposição paterna após anos de preparação para sucedê-lo. Apesar de ser CEO da Nefertari, Hórus se irritava com a constante insistência de seus pais em conhecer a mulher com quem se casara secretamente quatro anos atrás, mesmo com as fotos que tirar
Os Amonhhat se tornou uma família rica e poderosa em diversas partes do mundo. Ganhou ascensão meteórica nos negócios e colunas sócias pelo incrível trabalho exercido com maestria por seu pai Mohamed Amonhhat, ele tinha um talento incomparável para tudo o que gerasse lucros. Fora reconhecido pelos colunistas das principais revistas americanas e europeias como O Faraó, um mestre nos investimentos e criação de tendências para design no mundo da moda. A fama e fortuna do império da família de consagrou com a criação da Nefertari, uma marca de roupas e objetos de luxo que se tornou a grife mais valorizada e conceituada dos últimos tempos. Toda essa grandeza possuía uma divisão hierárquica, começando por seu pai no topo da pirâmide, logo abaixo Hórus e sua mãe, e depois, Anúbis, e o caçula da família, Seth.A família em que nasceu, preconizava exclusivamente as tradições de seus antepassados, se lembrava bem de aprender desde cedo sobre a cultura do Egito e da América e de questionar suas
Ouviu o motorista conversar com alguém, uma vizinha curiosa com certeza. Ela afirmava que não havia ninguém na casa, que a dona do lugar estava trabalhando. Hórus tinha ciência de que ela possuía graduação em medicina e especialização na área, mas não imaginou que exercesse a profissão, nem mesmo mandou investigar as atividades dela. Pensando nisso, o fato de viver na completa miséria exercendo medicina e recebendo as quantias vultosas mensais que lhe enviava, era ainda mais irreal. Tinha que admitir, havia negligenciado Olívia Morrison por tempo demais. Enviou uma mensagem a Anúbis para que este o informasse onde ela trabalhava, depois de alguns minutos se lembrou que ele estava em um jantar de negócios. Não havia alternativa se não esperar. Resolveu ler novamente as informações de sua ‘esposa’, quando foi interrompido por vozes esganiçadas que se aproximavam cada vez mais do carro. Duas mulheres açoitavam a porta de seu lado, com as mãos em punhos pedindo ajuda desesperadas, ele ape
Hórus pediu ao motorista que o levasse de volta ao endereço anterior, acomodando-se no interior aquecido do automóvel. Ligou para Anúbis.— Hórus... — ele atendeu no segundo toque.— Encontrei minha querida esposa. Ela trabalha no hospital St. Mathews, aqui em Seattle. — O que te levou a um hospital? Está tudo bem?— Sim, tudo está bem. Foi só um incidente. Enfim, vou falar com ela e preciso que você contorne a situação com nossos pais até que ela esteja em Nova York, pronta para ser apresentada.— Não se preocupe, farei com que pensem que você foi pessoalmente buscá-la junto aos médicos missionários.— Ótimo. Obrigado, Anúbis.Desligando o telefone, percebeu que já estavam novamente em frente à casa dela. Olívia possivelmente o faria esperar por muito tempo; certamente seria relutante em acompanhá-lo e tentaria desfazer o contrato assim que abrisse aquela linda boca. Mas, julgando pela reação de seu corpo, não seria capaz de permitir que ela desaparecesse tão fácil assim. Algo em se
Olívia MorrisonA lufada de ar frio quase a derrubou pela calçada úmida pela quarta vez; andava devagar porque geralmente escorregava facilmente. A canseira de um turno de vinte e quatro horas também contribuía para a letargia de seus passos, e os pés estavam dormentes. O carro escuro e luxuoso estacionado em frente à sua casa era uma decepção. Esperava fervorosamente que ele já tivesse ido embora de Seattle, mas aparentemente teve esperanças em vão. Infelizmente, o plantão de hoje foi marcado pela presença daquele homem no hospital. Todos queriam saber o que o maravilhoso Hórus Amonhhat estava fazendo na cidade e por que ela falara com ele como se ele fosse um cafajeste. A bem da verdade, nunca imaginou que o veria novamente. Depois de assinar os papéis do contrato de casamento, ele simplesmente foi embora sem olhar para trás. Lembrava-se de se perguntar o motivo de tanta frieza; era tão excessiva que beirava a hostilidade. Mas não se deixou levar por esse caminho. Depois do choque d