Não havia nada para fazer no quarto. Estava entediada de tanto ficar olhando para aquelas paredes. Então, permaneceu na sala, assistindo a TV. Se deixou levar pelo relaxamento e a sonolência.Pouco tempo depois acordou de seu cochilo sentindo uma caricia suave em seu rosto, manteve os olhos fechados e sentiu os dedos masculinos tocarem levemente seu ventre.Hórus não parecia querer machuca-la. Ele estava sendo carinhoso quando pensava que ela não poderia ver. Olívia ainda se sentia desconfortável com seu toque. Mas mesmo assim, não conseguia interromper a carícia.Seu sono foi tão pesado, que nem sentiu quando acabou acomodada no colo dele. Havia muitos sentimentos, muita dor, mas ela não queria pensar em nada nesse momento, somente queria o toque gentil de suas mãos.- Farei o impossível para que vocês cresçam protegidos e felizes, prometo me esforçar para ser o melhor pai que poderiam ter.As palavras sussurradas fizeram os olhos dela arderem de lágrimas. Por um momento, esqueceu s
Uma ponta de esperança acalentava o coração ferido de Olívia.Estavam no quarto do hospital onde fazia o acompanhamento da gestação, essa equipe foi responsável por todo o tratamento e cuidado para a sua condição.Como profissional, teve que reconhecer os esforços infindáveis do pessoal em manter seu bebê bem e saudável. Ela admirava a dedicação de todos. Seu quadro clinico era praticamente irreversível, mesmo sem a pressão de Hórus, sabia que eles fariam de tudo para salvar o segundo feto.Durante todo o percurso pelos corredores do lugar, Hórus manteve sua mão entrelaçada a dela, e quando entraram, a ajudou a subir na cama com gentileza. Mesmo que ele evitasse seu olhar na maioria das vezes, ainda sentia a rejeição firme que ele apresentava anteriormente, mas isso não impediu que alimentasse suas esperanças de que finalmente pudessem se resolver.Talvez, ele estivesse dividido entre o passado e o presente. Se eles convivessem por mais tempo, poderia mostrar a ele um caminho em que
Infelizmente teria que ir até lá, para não ficar para fora de casa.Quando o motorista estacionou, ela procurou pelas poucas notas que restavam em sua carteira e viu o cartão de crédito ilimitado dourado em seu nome. Nunca o usou para nada e não seria agora que começaria. Pagou a corrida e entrou no prédio.A recepcionista do térreo não a conhecia, por isso ligou na presidência. Completamente descrente de que a mulher franzina e sem graça com um vestido comum e sandálias baixas era a esposa do dono da empresa.Olívia não a julgava, fora talhada para isso e ela sempre foi essa pessoa simples e comum. A moça a chamou e sorriu sem graça a acompanhando ao elevador privativo que levava ao último andar do Nefertari Tower.Chegando no andar da presidência, uma mulher de meia idade com uma expressão fria a atendeu. Pediu que aguardasse na ante sala luxuosa de Hórus pois ele estava ocupado.A mulher se retirou e a deixou sozinha contemplando cidade pela janela, uma chuva fina começou a cair
Fechou a porta atrás de si e desabou no sofá, seus sentidos estavam desorientados e neste momento só o que poderia fazer era tentar se recompor para traçar um plano que a tirasse dali o mais rápido possível. Tinha ciência de que não conseguiria fazer nada sozinha, e não poderia contar com sua irmã que dependia dela financeiramente.O tempo foi passando e nenhuma ideia surgia, era como se seu cérebro antes tão ágil e criativo, nadasse nas palavras de Hórus em um loop infinito. Devagar, adentrou o escritório dele, lembrava-se de ver um computador ali, quando já estava iniciando o software se lembrou de que os históricos de busca poderiam ser rastreados.Precisava ser cautelosa, ou tudo acabaria pior do que da outra vez que tentou ir embora. Os pais dele nunca concordariam em ajuda-la, estavam convictos de que o filho deveria ficar ela, o que em parte era verdade, mas os sentimentos nutridos por ele eram somente ódio e vingança.Seus dedos finos que pareciam infantis, começaram a tambor
HórusO relógio antigo de carvalho apontava para dezoito horas. Voltar para casa havia se tornado uma tarefa difícil. Sentia vontade de ter Olívia o tempo todo, o desejo inflamado que sentia por ela não era somente culpa do elo.Gostava de ver seu rosto suado, se desmanchando e se refazendo um várias expressões; ultimamente a que mais gostava era a de dor.Ela merecia ser punida. Fez o exame de fertilidade seguindo seus instintos. Quando estava com Martina, ela sempre dizia que não tomava nenhum contraceptivo, eles ficaram juntos por três anos, antes da chegada de Seth. Esses fatos voltaram a sua memória recentemente. Era curioso que ela não concebesse durante todo esse tempo.Agora sabia o motivo. Hórus se levantou, vestiu o blazer do terno. Pegou suas chaves, celular. Verificou qualquer ocorrência do detive que estava vigiando Olívia no prédio.Não havia nenhuma novidade. Ela voltou para casa de taxi, e não saiu mais.Saiu do seu escritório sentindo uma presença que o seguia de p
Olívia se reclinou no sofá da luxuosa cobertura que se tornara sua prisão. A vista do Central Park, que em outros momentos a encantou, agora parecia um reflexo distorcido de sua realidade: um manicômio de árvores verdes e regras invisíveis. Hórus a deixara ali por três dias, um silêncio ensurdecedor preenchendo os espaços entre os momentos. A angústia se estendia como um cobertor gélido, e Olívia sentia o peso do desprezo e do nojo impregnados nas palavras que ele proferiu.“Três dias”, ela repetia em sua mente, tentando encontrar uma saída, uma maneira de se livrar do compromisso que a aprisionava e feria.Aqueles instantes de espera a faziam se sentir suja, como se o desprezo de Hórus a acompanhasse como uma sombra, fazendo-a questionar sua própria dignidade. O rosto dele, com suas feições cruas e a voz cortante, tornara-se um eco constante em sua mente, um lembrete pungente de que sua presença era imoral e imunda.Ligou para Celine, Anúbis e até para Mohamed, mas nenhum deles ate
A paisagem branca lá fora atraia olhares. Olívia debruçou sobre o parapeito da sacada sentindo o frio cortante que uivava em seus ouvidos, encolhida no cobertor pesado, pensava no que Seth fez por ela e o motivo de Hórus estar ausente.Seth sabia o motivo, ele parecia saber de tudo. Mas não disse nada a respeito. - O que está fazendo aqui fora? Você não pode ficar aqui! – a voz autoritária de Hórus a surpreendeu. Se voltou, para vê-lo parado próximo a porta que levava ao apartamento. Ele estava perfeitamente alinhado, os cabelos úmidos pelo banho recém tomado. Deveria ter acabado de sair do chuveiro.Certamente ela não ouviu quando ele chegou.- Só estava tomando um pouco de ar. – ela respondeu, com um suspiro desanimado.- Não vai me perguntar onde estava? – ele segurou o seu braço quando ela passou por ele.- Não.- Você não se importa, não é mesmo? – ironizou, a raiva cortante em sua voz já era familiar para Olívia.- Vou entrar. Preciso me aquecer.- Se arrume, você está toda am
Seth- Soube da briga de meninas entre vocês. Se aproximou de Anubis parado sob a neve fina que caia na avenida do Central Park.- Não deveria estar aqui! – a voz ríspida do irmão do meio não assustava o mais novo. Os olhos do deus do submundo estava fixo no alto do prédio que emanava uma energia poderosa. Seth sentia aquela coisa a quilômetros de distância. Hórus havia chegado a algumas horas, acompanhado da mulher que deveria estar morta. Martina continuava linda, ao lado do homem que escolheu como seu vassalo. A energia provinha dela.- Você pegou leve demais. Ela já manipulou completamente as emoções dele. – Seth escarneceu, levou a mão aos cabelos úmidos. Anúbis, com sua impecável indumentária preta, portava luvas e um guarda-chuva da mesma cor. Fez uma careta, ele nem tentava se misturar aos humanos. Deixava obvio que era um corvo agourento e perigoso.- Sei o que estou fazendo. Já disse que você deve ir embora, sua interferência pode ser o cataclismo dessa situação!- Está