- Este é o primeiro feto, está forte e muito bem. – disse o médico olhando para o monitor, pedindo uma impressão da imagem para levarem para casa.- Como assim o primeiro? - a voz grave de Hórus a lembrou de sua presença. Ele olhava para o monitor com olhos vítreos.- São gêmeos, vocês não sabiam? - Não. – Olívia respondeu emocionada. Nunca passou por sua cabeça essa possibilidade, desde que começou a considerar a gravidez. Os olhos de Hórus se suavizaram, ele parecia interessado nos movimentos na tela.O médico procurava um ângulo para encontrar o segundo bebê, quando encontrou um pontinho que parecia menor que o outro, ele sorriu e auscultou o coração.- Aqui está, bem escondido. – o sorriso do médico começou murchar, e um olhar preocupado ocupou seu rosto.- O que foi doutor? O que há de errado? – Carol sentiu sua garganta tão seca, ela sabia bem que aquela expressão era algo sério.- Diga de uma vez, o que há de errado? – Hórus disse em tom imperativo.- Os bebês são univitelino
SethA claridade excessiva dificultava o foco da visão. Levou as mãos aos olhos para esfrega-los. Estavam doloridos.O quarto do seu apartamento entrou no seu foco de visão.- Finalmente acordou. A voz de Anúbis vinha do lado esquerdo de sua cama.Se virou naquela direção. Seu irmão estava sentado na poltrona escura com um livro nas mãos e roupas leves, sem sapatos.Tudo indicava que ele estava ali a um tempo. Anúbis praticamente dormia e acordava com seus ternos pretos feitos sob medida.- O que está fazendo aqui?- Não poderia te deixar na rua naquela situação, deveria? – ele perguntou, abandonando o livro sobre o aparador ao lado.- Por quanto tempo eu apaguei?- Quatro dias. - Tudo isso? – Seth suspirou resignado. – Ele foi bem sacana dessa vez.- Bem, sabemos que não poderia te matar assim. Mas você teve crises asmáticas intensas por causa dos golpes nas costelas.- Não chamou um médico, não é? Perguntou, se levantando lentamente. Pegou uma camiseta limpa no armário e a vestiu
Olívia Dois meses se passaram desde que descobriu a gravidez, seu ventre começava a fazer uma pequena curva, Olívia acariciou a barriga pensando no susto que levou logo no início com todo o problema do segundo bebê.Após realizarem um procedimento inovador para a produção de massa placentária, ela iniciou uma nutrição seguida à risca e o repouso absoluto. Depois da alta, foi contratado uma enfermeira para cuidados em tempo integral, a mulher jovem e bonita se chamava Francesca, era muito simpática e prestava até mesmo cuidados de massoterapia e relaxamento.O relacionamento com Hórus se tornou praticamente inexistente. Todas as noites chegava do trabalho, batia na porta e perguntava como ela estava em um tom frio e seco, e depois seguia para os seus aposentos, várias vezes nem abria a porta. Imaginava que sentia nojo dela por que acreditava estar grávida de seu irmão. Ele deixou claro que era nisso que acreditava, e também esclareceu que não abriria mão dela e muito menos das crian
Não havia nada para fazer no quarto. Estava entediada de tanto ficar olhando para aquelas paredes. Então, permaneceu na sala, assistindo a TV. Se deixou levar pelo relaxamento e a sonolência.Pouco tempo depois acordou de seu cochilo sentindo uma caricia suave em seu rosto, manteve os olhos fechados e sentiu os dedos masculinos tocarem levemente seu ventre.Hórus não parecia querer machuca-la. Ele estava sendo carinhoso quando pensava que ela não poderia ver. Olívia ainda se sentia desconfortável com seu toque. Mas mesmo assim, não conseguia interromper a carícia.Seu sono foi tão pesado, que nem sentiu quando acabou acomodada no colo dele. Havia muitos sentimentos, muita dor, mas ela não queria pensar em nada nesse momento, somente queria o toque gentil de suas mãos.- Farei o impossível para que vocês cresçam protegidos e felizes, prometo me esforçar para ser o melhor pai que poderiam ter.As palavras sussurradas fizeram os olhos dela arderem de lágrimas. Por um momento, esqueceu s
Uma ponta de esperança acalentava o coração ferido de Olívia.Estavam no quarto do hospital onde fazia o acompanhamento da gestação, essa equipe foi responsável por todo o tratamento e cuidado para a sua condição.Como profissional, teve que reconhecer os esforços infindáveis do pessoal em manter seu bebê bem e saudável. Ela admirava a dedicação de todos. Seu quadro clinico era praticamente irreversível, mesmo sem a pressão de Hórus, sabia que eles fariam de tudo para salvar o segundo feto.Durante todo o percurso pelos corredores do lugar, Hórus manteve sua mão entrelaçada a dela, e quando entraram, a ajudou a subir na cama com gentileza. Mesmo que ele evitasse seu olhar na maioria das vezes, ainda sentia a rejeição firme que ele apresentava anteriormente, mas isso não impediu que alimentasse suas esperanças de que finalmente pudessem se resolver.Talvez, ele estivesse dividido entre o passado e o presente. Se eles convivessem por mais tempo, poderia mostrar a ele um caminho em que
Infelizmente teria que ir até lá, para não ficar para fora de casa.Quando o motorista estacionou, ela procurou pelas poucas notas que restavam em sua carteira e viu o cartão de crédito ilimitado dourado em seu nome. Nunca o usou para nada e não seria agora que começaria. Pagou a corrida e entrou no prédio.A recepcionista do térreo não a conhecia, por isso ligou na presidência. Completamente descrente de que a mulher franzina e sem graça com um vestido comum e sandálias baixas era a esposa do dono da empresa.Olívia não a julgava, fora talhada para isso e ela sempre foi essa pessoa simples e comum. A moça a chamou e sorriu sem graça a acompanhando ao elevador privativo que levava ao último andar do Nefertari Tower.Chegando no andar da presidência, uma mulher de meia idade com uma expressão fria a atendeu. Pediu que aguardasse na ante sala luxuosa de Hórus pois ele estava ocupado.A mulher se retirou e a deixou sozinha contemplando cidade pela janela, uma chuva fina começou a cair
Fechou a porta atrás de si e desabou no sofá, seus sentidos estavam desorientados e neste momento só o que poderia fazer era tentar se recompor para traçar um plano que a tirasse dali o mais rápido possível. Tinha ciência de que não conseguiria fazer nada sozinha, e não poderia contar com sua irmã que dependia dela financeiramente.O tempo foi passando e nenhuma ideia surgia, era como se seu cérebro antes tão ágil e criativo, nadasse nas palavras de Hórus em um loop infinito. Devagar, adentrou o escritório dele, lembrava-se de ver um computador ali, quando já estava iniciando o software se lembrou de que os históricos de busca poderiam ser rastreados.Precisava ser cautelosa, ou tudo acabaria pior do que da outra vez que tentou ir embora. Os pais dele nunca concordariam em ajuda-la, estavam convictos de que o filho deveria ficar ela, o que em parte era verdade, mas os sentimentos nutridos por ele eram somente ódio e vingança.Seus dedos finos que pareciam infantis, começaram a tambor
HórusO relógio antigo de carvalho apontava para dezoito horas. Voltar para casa havia se tornado uma tarefa difícil. Sentia vontade de ter Olívia o tempo todo, o desejo inflamado que sentia por ela não era somente culpa do elo.Gostava de ver seu rosto suado, se desmanchando e se refazendo um várias expressões; ultimamente a que mais gostava era a de dor.Ela merecia ser punida. Fez o exame de fertilidade seguindo seus instintos. Quando estava com Martina, ela sempre dizia que não tomava nenhum contraceptivo, eles ficaram juntos por três anos, antes da chegada de Seth. Esses fatos voltaram a sua memória recentemente. Era curioso que ela não concebesse durante todo esse tempo.Agora sabia o motivo. Hórus se levantou, vestiu o blazer do terno. Pegou suas chaves, celular. Verificou qualquer ocorrência do detive que estava vigiando Olívia no prédio.Não havia nenhuma novidade. Ela voltou para casa de taxi, e não saiu mais.Saiu do seu escritório sentindo uma presença que o seguia de p