Hórus - Nunca mais me envolva em uma situação como essa. – a voz de Anúbis era fria e firme, ele estendeu o teste de gravidez para o irmão e sentou em uma das poltronas de vime, sorvendo o liquido ambarado do copo que preparou antes de subir, de uma só vez. - Onde ela está? Hórus perguntou enquanto desembrulhava o teste do papel. A frieza e tom de voz assustaria qualquer um. Olhou fixamente para o palito plástico, seu rosto se endureceu ainda mais, ficando semelhante a uma máscara de granito. - No quarto dela, onde você a deixou. - Ótimo. – Hórus se levantou, jogou o plástico na tina de cobre que alimentava um fogo suave. – Pode ir para casa, estão te esperando. - Posso ficar, você não está pensando direito. – respondeu o irmão. - Já disse para você ir! Anúbis encarou o perfil tenso, se levantou de uma vez, caminhando em direção a escada. - Espero que não faça nada que venha se arrepender depois. Ele se despediu, deixando o apartamento praguejando contra toda aqu
Olívia O som de conversas e de passos no corredor a despertaram de seu cochilo. Depois do que aconteceu, Olívia não conseguiu dormir, se sobressaltava a qualquer som e acordava assustada dos cochilos breves. Todo seu corpo estava dolorido pela violência que sofreu. Não se importava consigo, estava preocupada com o bebê, conhecia os riscos de um aborto logo nos primeiros meses de gestação e temia que corresse algum risco quando viu o sangue que corria por entre suas pernas durante o banho. Quando ele saiu de seu quarto, correu para o banho ao sentir a umidade quente e fluida em sua intimidade. Naquela manhã ainda sangrava um pouco e decidiu enfrenta-lo para consultar um obstetra, poderia ser diversas complicações ou até mesmo uma expulsão do feto decorrente do que ele fez. Olívia guardou toda a sua dor, a humilhação e tristeza em uma caixa no fundo de seu ser. Seus olhos se marejavam ao pensar naquilo. Se sentia usada, uma mercadoria barata feita para satisfazer as nec
- Este é o primeiro feto, está forte e muito bem. – disse o médico olhando para o monitor, pedindo uma impressão da imagem para levarem para casa. - Como assim o primeiro? - a voz grave de Hórus a lembrou de sua presença. Ele olhava para o monitor com olhos vítreos. - São gêmeos, vocês não sabiam? - Não. – Olívia respondeu emocionada. Nunca passou por sua cabeça essa possibilidade, desde que começou a considerar a gravidez. Os olhos de Hórus se suavizaram, ele parecia interessado nos movimentos na tela. O médico procurava um ângulo para encontrar o segundo bebê, quando encontrou um pontinho que parecia menor que o outro, ele sorriu e auscultou o coração. - Aqui está, bem escondido. – o sorriso do médico começou murchar, e um olhar preocupado ocupou seu rosto. - O que foi doutor? O que há de errado? – Carol sentiu sua garganta tão seca, ela sabia bem que aquela expressão era algo sério. - Diga de uma vez, o que há de errado? – Hórus disse em tom imperativo. - Os bebês
Seth A claridade excessiva dificultava o foco da visão. Levou as mãos aos olhos para esfrega-los. Estavam doloridos. O quarto do seu apartamento entrou no seu foco de visão. - Finalmente acordou. A voz de Anúbis vinha do lado esquerdo de sua cama. Se virou naquela direção. Seu irmão estava sentado na poltrona escura com um livro nas mãos e roupas leves, sem sapatos. Tudo indicava que ele estava ali a um tempo. Anúbis praticamente dormia e acordava com seus ternos pretos feitos sob medida. - O que está fazendo aqui? - Não poderia te deixar na rua naquela situação, deveria? – ele perguntou, abandonando o livro sobre o aparador ao lado. - Por quanto tempo eu apaguei? - Quatro dias. - Tudo isso? – Seth suspirou resignado. – Ele foi bem sacana dessa vez. - Bem, sabemos que não poderia te matar assim. Mas você teve crises asmáticas intensas por causa dos golpes nas costelas. - Não chamou um médico, não é? Perguntou, se levantando lentamente. Pegou uma camiseta limpa no armár
Olívia Dois meses se passaram desde que descobriu a gravidez, seu ventre começava a fazer uma pequena curva, Olívia acariciou a barriga pensando no susto que levou logo no início com todo o problema do segundo bebê. Após realizarem um procedimento inovador para a produção de massa placentária, ela iniciou uma nutrição seguida à risca e o repouso absoluto. Depois da alta, foi contratado uma enfermeira para cuidados em tempo integral, a mulher jovem e bonita se chamava Francesca, era muito simpática e prestava até mesmo cuidados de massoterapia e relaxamento. O relacionamento com Hórus se tornou praticamente inexistente. Todas as noites chegava do trabalho, batia na porta e perguntava como ela estava em um tom frio e seco, e depois seguia para os seus aposentos, várias vezes nem abria a porta. Imaginava que sentia nojo dela por que acreditava estar grávida de seu irmão. Ele deixou claro que era nisso que acreditava, e também esclareceu que não abriria mão dela e muito menos
Não havia nada para fazer no quarto. Estava entediada de tanto ficar olhando para aquelas paredes. Então, permaneceu na sala, assistindo a TV. Se deixou levar pelo relaxamento e a sonolência. Pouco tempo depois acordou de seu cochilo sentindo uma caricia suave em seu rosto, manteve os olhos fechados e sentiu os dedos masculinos tocarem levemente seu ventre. Hórus não parecia querer machuca-la. Ele estava sendo carinhoso quando pensava que ela não poderia ver. Olívia ainda se sentia desconfortável com seu toque. Mas mesmo assim, não conseguia interromper a carícia. Seu sono foi tão pesado, que nem sentiu quando acabou acomodada no colo dele. Havia muitos sentimentos, muita dor, mas ela não queria pensar em nada nesse momento, somente queria o toque gentil de suas mãos. - Farei o impossível para que vocês cresçam protegidos e felizes, prometo me esforçar para ser o melhor pai que poderiam ter. As palavras sussurradas fizeram os olhos dela arderem de lágrimas. Por um momento,
Uma ponta de esperança acalentava o coração ferido de Olívia. Estavam no quarto do hospital onde fazia o acompanhamento da gestação, essa equipe foi responsável por todo o tratamento e cuidado para a sua condição. Como profissional, teve que reconhecer os esforços infindáveis do pessoal em manter seu bebê bem e saudável. Ela admirava a dedicação de todos. Seu quadro clinico era praticamente irreversível, mesmo sem a pressão de Hórus, sabia que eles fariam de tudo para salvar o segundo feto. Durante todo o percurso pelos corredores do lugar, Hórus manteve sua mão entrelaçada a dela, e quando entraram, a ajudou a subir na cama com gentileza. Mesmo que ele evitasse seu olhar na maioria das vezes, ainda sentia a rejeição firme que ele apresentava anteriormente, mas isso não impediu que alimentasse suas esperanças de que finalmente pudessem se resolver. Talvez, ele estivesse dividido entre o passado e o presente. Se eles convivessem por mais tempo, poderia mostrar a ele um cam
Infelizmente teria que ir até lá, para não ficar para fora de casa. Quando o motorista estacionou, ela procurou pelas poucas notas que restavam em sua carteira e viu o cartão de crédito ilimitado dourado em seu nome. Nunca o usou para nada e não seria agora que começaria. Pagou a corrida e entrou no prédio. A recepcionista do térreo não a conhecia, por isso ligou na presidência. Completamente descrente de que a mulher franzina e sem graça com um vestido comum e sandálias baixas era a esposa do dono da empresa. Olívia não a julgava, fora talhada para isso e ela sempre foi essa pessoa simples e comum. A moça a chamou e sorriu sem graça a acompanhando ao elevador privativo que levava ao último andar do Nefertari Tower. Chegando no andar da presidência, uma mulher de meia idade com uma expressão fria a atendeu. Pediu que aguardasse na ante sala luxuosa de Hórus pois ele estava ocupado. A mulher se retirou e a deixou sozinha contemplando cidade pela janela, uma chuva fina co