Mavi
Eu achei que a pior hora seria quando enterrasse minha mãe, mas não. A pior hora está sendo agora, que cheguei em casa e está vazia. Dói por que nunca mais vou ter seu abraço e seu sorriso. Dói por que ela nunca mais irá me acordar cedo, mesmo quando não precisa. Dói por que caramba, eu nunca mais vou sentir o cheirinho dela. Agora ficou um vazio imenso dentro dessa casa, e eu nunca havia percebido o quanto ela é enorme, não quando ela ainda estava aqui.Eu tomo banho enquanto Laura se arruma para ir trabalhar. O patrão dela disse que não precisava dela ir, mas ela insistiu para ir, e eu vou ficar em casa mesmo. Não há nada a fazer e nem para onde ir. Então só deito olhando pra parede e fico na mesma posição.Laura: eu já tô indo. Tem certeza que não quer ir comigo? - ela pergunta da porta do meu quartoMavi: Não, tá tudo bem. Pode ir.Laura: ok… Mais tarde eu tô de volta. Não vou demorar lá, só mesmo ajudar o pessoal pra não ficar na mão.Afirmo com a cabeça sem nem virar para o lado que ela estava, até ouvir ela saindo e fechando a porta. Somente a luz da cozinha está acessa, o restante da casa escuro, permaneço com a porta do meu quarto aberta, apesar de querer fechar nesse momento, não vou, não quero me levantar daqui.Minutos depois ouço o barulho da porta se abrindo, presumo ser Laura que esqueceu alguma coisa, porém ela não fala nada. Se for um bandido que entrou aqui para me roubar ou me matar, eu não vou me importar com isso, foda-se.Badá: Ei? - Sua voz ecoa pelo quarto e eu viro o pescoço suficiente para poder ver sua imagem apoiada na porta.Mavi: oi! - Respondo - quando saiu?Badá: acho que as vinte pessoas com quem eu me encontrei hoje, me perguntaram a mesma coisa quando me viu. - Sorrio sem graça - Sai de manhã, um pouco depois de ligar pra você.Mavi: Entendi. O que tá fazendo aqui?Badá: Vim ficar contigo. - Olho para ele confusa, enquanto ele caminha até a minha pequena cama de solteiro - Chega pra lá.Mavi: Não te cabe aqui, mal cabe eu.Badá: A gente se espreme, vai, chega pra lá. Vou ficar contigo até sua irmã voltar do serviço.Mavi: ela te pediu isso? Ela acha que eu posso enfiar uma faca no meu pescoço e me matar. - Eu me aconchego em seu braço, enquanto seu outro braço rodeia minha cintura - eu posso fazer isso na verdade, mas eu não tenho coragem.Badá: você não pode fazer isso. - Sinto o calor de seu hálito em meu pescoço, fazendo meu corpo subitamente se arrepiar - você é muito nova.Mavi: Pessoas novas se matam todos os dias, basta achar que não vale mais a pena viver e pronto, está feito.Badá: Para de falar essas coisas.Mavi: Por que? Eu posso perfeitamente esperar você ir embora e tomar todos os remédios da minha mãe.Ele se levanta num pulo e fica de pé na beirada da minha cama.Badá: onde é o quarto da sua mãe? - Sustento o peso do meu corpo com o cotovelo ao levantar e franzi o cenho - qual dos dois do corredor?Mavi: O que?Badá: Anda Maria. Você quer que eu te leve para minha casa e te tranque no quarto para não fazer bobagem? Caramba! - sinto uma vontade de rir, pela primeira vez no dia, mas não faço - Anda, fala logo. Quer que eu revire tua casa inteira?Mavi: Ta agindo como se fosse meu pai.Badá: antes eu fosse.Mavi: Não tem remédio nenhum aqui. Minha mãe fazia tratamento no hospital. - deito novamente e me viro para a parede - relaxa, eu não vou me matar. Já teria feito isso me jogando na frente de um carro quando vim pra casa.Badá: Só fala merda tu.Mavi: e você acredita. - Ele deita novamente ao meu lado, sei que a metade de seu corpo está fora da cama, já que ele da dois de mim - Você malhava na cadeia?Badá: O que?Mavi: ficou quanto tempo preso?Badá: quinze anos, três meses e sete dias, contados.Mavi: Então. Você é forte. Malhava ou caia na porrada com os outros lá dentro?Badá: nenhum dos dois. Eu trabalhava pra ver o tempo passar. - ele passa a mão na minha cabeça, afundando os dedos e massageando - Agora dorme. Vou ficar até sua irmã chegar.Mavi: Não é nem oito horas, eu não estou com sono.Badá: Tenta.Mavi: Não quero. - passa pela minha cabeça que uma dor, pode anular a outra, e me pego pensando na pior proposta que eu poderia sugerir a alguém, ainda mais quando esse alguém é o chefe do tráfico, quase vinte anos mais Velho que eu - Quer transar? - Pergunto sem pensar nas consequências, caso ele venha aceitar.Badá: você é virgem. - Responde com rapidez.Mavi: E se eu não for mais? E se eu tivesse perdido com alguém?Badá: Perdeu? - Afirmo com a cabeça, quem sabe assim ele não transaria comigo - Com quem? Quem foi a pessoa?Mavi: Não importa quem foi a pessoa.Badá: você está mentindo. Ainda é virgem e eu não vou transar contigo.Mavi: Por que não? Não sou mulher o suficiente para você?Badá: você é só uma menina. - sinto uma bola de golfe entalada em minha garganta com suas palavras - tu tem idade pra ser minha filha.Mavi: Mas eu não sou.Badá: não importa. Eu não vou transar contigo.Mavi: Nunca pensei que eu fosse me humilhar tanto por um sexo. - Falo e ouço ele suspirar fundo.Badá: Eu não vou fazer isso, Maria. Você está triste com a perda da sua mãe e quer algo que possa se prender por algumas horas, mas depois que isso passar, você vai se arrepender e pensar onde estava com a cabeça quando pensou nisso.Mavi: Ainda tenho dezoito anos, pode ter certeza que nenhum outro homem vai rejeitar fazer sexo pela primeira vez com uma virgem.Badá: Eu mando cortar o pau fora, de quem tentar entrar dentro de você. - Sinto minha pele se arrepiar - Agora dorme.BadáAcordo nem sentindo meu braço, até eu abrir os olhos e me dar conta de que não estou em minha casa e ainda na casa da Maria. Caralho, faz tempo que eu durmo assim, mas tá desconfortável pra porra ela deitada no meu braço desse jeito.Procuro o celular no meu bolso e olho a hora, ainda vai dar duas da manhã e eu tô caindo de sono. A irmã dela disse que sairia antes da meia noite, então o que significa que ela já chegou faz uma cota e nem me falou nada. Tento tirar o braço debaixo dela, mas sua mão está agarrada na minha e ela puxa quando eu tento tirar.Mavi: Não vai embora não…Badá: Achei que estava dormindo.Mavi: ta desconfortável nós dois nessa cama minúscula, né? - sorrio murmurando um uhum e ela aperta mais ainda minha mão - Mas fica, vai embora não.Badá: Eu não tô sentindo meu braço, Maria.Mavi: Quer deitar no chão? Posso pegar outro colchão e nós dois ficamos no chão.Badá: Quinze anos dormindo em cima de uma cama de concreto, o que eu menos quero é dormir no chão nesse
Mavi Eu ando pelas ruas com ele, e passo as mãos nos meus braços sentindo o arrepio causado pelo vento que sopra. Não está frio, mas já passa das duas da manhã e eu sai debaixo do cobertor para dormir na casa de um desconhecido para mim. Por que ele é desconhecido, quando foi preso eu era uma bebê e agora ele tá aqui cuidando de mim como se eu fosse a porra da filha dele e ele tivesse alguma obrigação. Não fode, Badá.Badá: Vou deixar tu dormir na minha cama. - ele quebra o silêncio entres nós dois.Mavi: Cama de solteiro? - Pergunto e olho para sua direção e ele nega com a cabeça passando a língua nos lábios - E você vai dormir onde?Badá: Sofá.Mavi: Não faz sentindo. Não quis dormir no chão, mas quer dormir no sofá, e só pra não dormir comigo? Relaxa, eu sou uma virgem, e não uma desesperada por sexo que vai te atacar durante o sono. - Ele gargalha negando com a cabeça e me olha.Badá: Tu só fala merda, doidona.A gente dobra a esquina e entra numa rua deserta, com tantos canto pr
Acordo com o celular berrando embaixo do travesseiro, pego ele tentando pegar fogo em minha mão de tão quente que ele está. Olho no visor e vejo o nome da Helen, a essa hora da manhã. Mas aí me dou conta que já é quase uma da tarde e eu não estou na minha casa.Mavi: Oi? - Atendo o celular, fechando os olhos novamente.Helen: onde você tá? Vim aqui na sua casa e Laura disse que tu saiu cedo, por que não te viu quando acordou.Mavi: Ah, eu não dormi em casa.Helen: dormiu onde, sua louca?Mavi: Tô na casa do Badá.Helen: O que? Você é louca? Você transou com ele?Mavi: nossa, calma. Pra que tantas perguntas assim?Helen: Transou ou não?Mavi: não.Helen: nada, nem uma mãozinha boba?Mavi: não cassete, para de doideira. Só vim dormir aqui por que não consegui ficar em casa, só isso. Mas não aconteceu nada, nem mão boba, nem sexo e nem a porra de um beijo.Helen: mas você queria! - Ela afirma.Mavi: Não.Helen: Não mete essa.Mavi: Tchau Helen, já estou indo pra casa.Desligo a ligação e
Entro em casa onde Laura e Helen conversa, e elas param na hora que vê passar pela porta.Laura: você saiu que horas que eu não vi?Mavi: de madrugada, não estava conseguindo dormir. - me sento na mesa e coloco café no copo - Não queria te acordar só pra avisar isso.Laura: Vocês…Mavi: não, pelo amor de Deus. Tá igual a Helen.Helen: Nem falei nada. - ela permanece parada encostada na porta e levanta as mãos. - Eu só perguntei. Por que o morro inteiro de uma hora para a outra, tá querendo sentar pra aquele homem.Laura: Ele é gato, não podemos negar isso. - Minha irmã afirma, mexendo algo na panela - Estranho seria quem não queira sentar pra ele.Mavi: você quer? - pergunto tão rápido que quando percebi, já tinha saído da minha boca.Laura: você está ficando com ele?Mavi: O que? Claro que não.Laura: Então não vejo problema em eu querer isso algum dia. - Ela da de costa novamente com a atenção no fogão.Mavi: Helen, a gente pode ir ao baile hoje? - Ele cospe a água que bebia na hora
Eu espero Helen terminar a maquiagem na última menina para ela fazer em mim, a bichinha já está destruída e eu sorrio da porta, ouvindo o ronco do carro parando em frente a varanda da casa da Helen, já sabia quem era.Ele desce do carro todo trajado dos pés a cabeça, eu simbolo da Nike refletindo em sua camisa preta, o perfume que invadiu minhas narinas antes mesmo dele chegar perto. Ele troca a sacola de mão, e guarda a chave do carro no bolso da calça. Ele se aproxima de mim com meio sorriso no lábio, enquanto eu permaneço seria com os braços cruzados, fitando a mulher que está lá dentro do carro. Não dá pra saber quem é, mas eu sei que tem.Realmente, Maria Vitória… Você é apenas uma criança para ele.Badá: Tá tudo aí. - Ele estende a sacola para mim - sequinha.Mavi: Obrigado.Badá: Tá fazendo o que por esses lados?Mavi: Não sei se você sabe, mas Helen é minha amiga.Badá: Cassete, Maria. Se eu soubesse que a égua estava dando coice, tinha jogado o capim de longe. - fecho a cara
Mavi: para me puxar como se eu fosse um animal. - Badá me puxa entre as pessoas sem se importar com os olhares.Badá: Quer que eu te pegue no colo aqui no meio de todo mundo. - Nego com a cabeça - então anda. Tô bolado contigo já.Mavi: Ta bolado atoa, bofe. Fiz nada contigo. - Ele para de andar na mesma hora e me encara sério.Badá: Bofe Maria? Sério que tu meteu essa mermo? - nem tenho tempo de responder, ele me pega pela cintura e me joga em cima do ombro, tento abaixar minha saia, mas sem sucesso e minha bunda já está toda de fora.Mavi: Me coloca no chão, minha bunda tá aparecendo! - Ele não responde nada e também não faz o que pedi, invés disso espalma minha bunda com aquela mão enorme e tampa com a saia havia subido.Sinto meu rosto queimar, porque o baile era pra ele e ele parou a porra do baile inteiro pra me tirar da frente de um homem por pura birra. Todo mundo olha pra gente enquanto aquele enorme homem caminha comigo nos braços como se eu fosse mais leve que uma pena.Se
Ele para em frente a casa dele e eu já estou quase me tremendo de receio, onde eu estava com a cabeça meu pai, agora que o efeito do álcool passou de forma repentina, eu percebi na merda grande que eu pisei e agora não tenho onde limpar, esse homem vai acabar com minha vida.Ele sai do carro e eu permaneço dentro dele, sem ter pernas para sair e enfrentar esse homem de quase dois metros de altura, e ao mesmo tempo que sinto medo, sinto vontade de tirar minha roupa aqui mesmo.Badá: Sai do carro, Maria.Mavi: Eu falei que queria ir pra casa.Badá: E eu falei que tu viria pra minha e só sairia quando eu quisesse. - ele da ênfase no eu - Sai, ou te fodo aí dentro mesmo.Mavi: você mal cabe aqui dentro.Badá: Quer pagar pra ver? É só você dizer sim, te como em todas posições aí dentro, sem nem fazer esforço.Mavi: Eu já tô saindo, você é um velho e sem paciência.Badá: É po, então sai logo daí pra eu te mostrar o velho. - gargalho batendo a porta do carro e passo a mão na minha bunda abai
Ele esmurra a porta e eu fico rindo quietinha dentro do banheiro enquanto ligo o chuveiro, se ele quer me ver passar raiva com toda essa porra que ele faz, vai passar o dobro de raiva comigo, por que no quesito provocar eu dou aulas.Tiro a maquiagem do meu rosto e ensaboei meu corpo, enquanto ele me grita do lado de fora do banheiro e eu nem dou ouvidos.Demoro o tempo que preciso e nem me importo com a euforia dele lá fora quase quebrando a porta, é dele mesmo, tô nem aí. Termino desligando a água e tirando o excesso de água no meu cabelo com a toalha e novamente, visto a camisa dele que está ali mesmo, já que ele rasgou minha blusa novinha, é um animal mesmo esse homem.Eu abro a porta e ele não está mais no quarto, caminho até o criado onde está meu celular e pego ele virando de costas. Sou um gritinho quando sinto ele me pegar por trás e me jogar na cama.Badá: Gosta de brincar, Maria? - Ele me pergunta segurando minhas duas mãos para o alto me impossibilitando de fazer qualquer