༺ Ducan Quaresma ༻A morte é algo difícil de se aceitar, principalmente quando se trata da pessoa que mais amamos. Se minha filha tivesse me escutado, não estaria passando por essa dor e ela não estaria morta. Me arrependo amargamente de ter ligado do exterior para trazê-la aos braços da morte.Respiro fundo e decido me levantar de uma vez, pois tenho muitas coisas para resolver. A primeira delas é tomar um bom banho e me arrumar para poder velar o corpo dela. Agora, a única situação que posso aceitar é essa em que Azumi, infelizmente, partiu de uma maneira cruel.Depois de algumas horas, a funerária traz o corpo de Azumi e ficamos ali chorando a nossa dor. Alguns conhecidos se aproximam e nos dão os pêsames, exceto a família Garcez. Parece que eles querem evitar qualquer tipo de contato. Eu acho ótimo, porque não quero suas desculpas, nem de Rodrigo, e muito menos daquele pai dele falso. A vontade que tenho é de me vingar, mas deixarei para o destino conduzir isso, pois vingança só
༺ Zara Stevens ༻Duas semanas depois...Já se haviam passado alguns dias desde tudo o que aconteceu. Eu me encontrava em casa, seguindo as recomendações do médico, mesmo contra minha própria vontade. Já estava no final da minha gestação e meu filho parecia não querer nascer. Sarai estava com sua avó paterna. Confesso que eu queria ficar com ela, mas Rodrigo não compartilhava do mesmo sentimento.Ele achava melhor a criança ficar com sua avó, pois era um parente mais próximo. Respirei fundo para conseguir levantar da minha cama. Meus pés estavam muito inchados. Ultimamente, só tenho comido e dormido, mas hoje não estou me sentindo bem. Sinto que meu corpo está diferente.Meu pai se casará com Pietra no próximo mês, assim que meu filho nascer. Finalmente, a vida está voltando ao normal.Decidi ir para a sala assistir TV quando ouço a campainha tocar. Rapidamente, minha empregada vai atender. Ótimo! Pelo menos não precisarei atravessar a sala com esse barrigão enorme. Nossa, ultimamente
༺ Zara Stevens ༻Logo, meu obstetra é avisado de que meu bebê vai nascer. Assim que cheguei ao hospital, já sou recebida por um enfermeiro com uma cadeira de rodas. Quando passamos pelo corredor, sou levada à sala de pré-parto e já encontro o médico que está fazendo meu pré-natal e acompanhando minha gravidez desde o começo.— Zara, finalmente esse meninão vai nascer! Me diga de 1 a 10, em que grau está sua dor?— Acredito que está em cinco, doutor! Aumenta e diminui. Meu Deus, eu não sabia que doía tanto assim. Parece que minha coluna vai se partir em dois pedaços. — ele ouve o que eu digo, então começa a colocar suas luvas e responde.— Bem, Zara, deite-se ali na maca e, por favor, retire sua calcinha. Preciso fazer o toque em você para saber com quantos centímetros está.Eu ainda estava com muita vergonha de lidar com essas coisas durante as consultas. Uma vez ouvi uma das mães falando que quando você tem seu primeiro filho, deixa toda a vergonha de lado, mas não era o meu caso. E
༺ Rodrigo Garcez ༻Minha manhã começou bastante movimentada com a ausência da Zara. Tenho que resolver tudo sozinho. Ela ainda me ajudou em algumas coisas em casa, trabalhando pelo notebook. Mas sentia muita falta dela aqui na empresa. Porém, sei que ela precisa ficar em repouso, pois está nos últimos dias da gravidez e logo meu filho nascerá.Me ocupei praticamente a manhã toda, só parei um instante para almoçar. Às 15:00, eu teria uma reunião importante. Acabei esquecendo meu celular no escritório. Acreditava que a reunião não demoraria mais que duas horas, pois tínhamos muitos assuntos para discutir. Comecei a sentir uma sensação estranha de que algo aconteceria e logo me preocupei com Zara. Mas acredito que não seja nada grave, pois se fosse, já teria recebido más notícias.Patrick me mostrou o design de uma empresa, mas não estou interessado em investir neles. Quero apostar em Pietra nesse grande festival de um novo estilista que será realizado em Manhattan. Tenho certeza de que
༺ Rodrigo Garcez ༻Esperei que Zara terminasse seu procedimento do lado de fora. Estava terminando de tirar aquela roupa hospitalar que eles haviam me dado quando seu Aaron entrou na sala, perguntando.— Então, Rodrigo, como foi o parto? Não me diga que minha filha sofreu muito, por favor. Eles estão bem?— Calma, seu Aaron, uma pergunta de cada vez! Mas respondendo à sua pergunta, Zara teve um parto um pouco difícil, mas os dois estão bem. No entanto, ela acabou desmaiando pela exaustão! — ele prestou bastante atenção quando eu disse isso e respondeu.— Imaginei que isso aconteceria, mas os dois estão bem, né? Me diga, Rodrigo, como ele é?— Ele pesou 3,400 kg, é comprido. Não sei dizer se ele vai ser muito gordo, nem sei como descrever como meu filho é, mas ele é muito bonito. Vai ter os olhos azuis iguais aos meus. — ele concordou com minhas palavras e respondeu.— Poxa, eu queria muito que ele tivesse puxado meus olhos verdes, assim como os da mãe dele!— Pois é, mas o DNA do pai
༺ Zara Stevens ༻A chegada do meu filho deixou todo mundo eufórico. Todos queriam pegá-lo no colo, mas ainda era cedo demais para isso, e a enfermeira e o médico não permitiram. Pietra observava meu filho dormir, fascinada, e agradecia mentalmente pelo fato de Rafael ser uma criança muito calma.Minha mãe também observava Rafael alegremente. Era como se meu filho tivesse chegado trazendo a paz entre nós duas. Não conseguia sentir raiva dela naquele momento. Era como se meu coração estivesse derretendo aquela pedra de gelo que criei com a chegada do meu filho na minha vida. Não sei por que, mas senti-me desconfortável ao vê-la observando tudo de longe.Ainda tenho um longo caminho a percorrer para poder perdoar minha mãe. Não consigo esquecer tudo o que ela me fez. A dor de ser abandonada ainda é presente na minha memória. No entanto, tentarei viver em paz com ela. Não quero que meu filho perceba os atritos entre mim e minha mãe e me pergunte no futuro por que a trato tão mal. Sei que
༺ Rodrigo Garcez ༻Depois da chegada de Rafael, eu me sentia mais tranquilo e podia trabalhar sem me preocupar com o que aconteceria em casa. Zara continuava em repouso e havia contratado uma "babá" para ajudá-la a cuidar do nosso filho. Eu não queria que ela ficasse exausta.Eu deixei claro que não queria que Zara se preocupasse com assuntos relacionados à empresa até que passasse o período de seis meses. Eu só queria que ela curtisse nosso filho, e eu também queria passar bastante tempo ao lado dela, não perdendo nenhum minuto do crescimento do meu filho. Mas um de nós dois precisava trabalhar, então comecei a adiantar as coisas na empresa.No segundo dia em que cheguei na empresa, a dona Verônica ficou brava porque eu não havia enviado uma foto do meu filho para ela. Com toda a correria, acabei esquecendo, então mostrei algumas fotos que eu tinha no meu celular para ela. Ela ficou fascinada com meu filho e me deu parabéns. No dia seguinte, meu pai apareceu para ver o neto e também
༺ Yoko Muchin ༻O salão onde minha exposição está sendo realizada encontra-se movimentado, porém estou triste, acredito que minha filha não conseguirá vir para prestigiar meu trabalho. Temos conversado muito por telefone ultimamente, mas ainda não cheguei ao ponto dela me perdoar.Respirei fundo e coloquei aquela máscara de mulher poderosa. Aproximei-me de outros convidados que chegavam para prestigiar o evento. Muitas das obras já estavam praticamente vendidas, restando apenas exposições.A obra mais cara que vendi para um dos colecionadores tinha o nome "Uma dor que atormenta", inspirada no sentimento causado pela depressão. Muitas pessoas olhavam curiosas para aquela obra e me perguntavam como eu conseguia transmitir todos os sentimentos que essa doença causava. Apenas sorri e afirmei ser uma sobrevivente dela.Algumas pessoas me olhavam surpreendidas pela coragem de expor meus sentimentos mais escuros. A verdade é que nos últimos dias eu havia me inspirado na tristeza da rejeição