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O NASCIMENTO DA FÊMEA MANCHADA DE SANGUE
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O vento frio chicoteou a janela, os baques causados pelos granizos nas madeiras maciças acabaram assustando a genuína lunam que se encolheu por instinto para defender a sua barriga grande, cheia com o filhote mais forte de toda a sua raça. O herdeiro.
— Parece que alguém enfureceu os deuses — sussurrou em pensamentos e lambeu a barriga, afim de mostrar ao filhote que estão fora de perigo.
Suas acaricias com a barriga foram interrompidas pelo som da pesada porta arranhando o chão.
— Venha, Kathe, trouxe o jantar — o genuíno adentrou o quarto com um grande pedaço de carne de carneiro ainda com sangue fresco na boca.
Kathe logo saio da cama e foi ao encontro de seu companheiro, sua boca salivou ao inalar o delicioso cheiro que emanava ardido da carne e o filhote em seu interior se remexeu.
— Sua barriga está muito grande, com certeza vai nascer um filhote que se tornará ainda mais forte do que eu e qualquer outro que já veio a existir — o genuíno orgulhoso falou enquanto observava sua fêmea se deliciando com o banquete por ele trazido.
Nada mais prazeroso para um macho, do que ver a sua fêmea feliz e bem alimentanda carregando a sua prole.
Já fazem dez luas que o casal está a espera de seu filhote, a genuína lunam só pode emprenhar uma única vez na vida, sendo a barriga de apenas um único filhote, um filhote macho, nada além. Mas a deusa estava mais do que disposta a mudar as coisas, e com certeza, nessa noite de grande tempestade, uma outra surpresa aguardava a raça dos licantropos.
Ao terminar de abocanhar o último pedaço de carne a sua frente, as dores tomaram seu corpo, o uivo anúnciou as contrações em seu ventre. O genuíno alfa sentiu seu coração bater mais rápido e a ajudou a volta para a cama, depois uivou alto para que todos soubesse que seu herdeiro finalmente estava vindo ao mundo.
A chuva do lado de fora ficava cada vez mais forte, dentro da grande toca dos genuínos os grunhidos de dor assustavam a todos. A respiração descompassada da grande loba, sua cabeça baixa, o sangue saindo por sua fenda, tudo intenso demais para Kathe. O genuíno sentia tudo, toda a angústia que sua fêmea estava sentindo, parte da dor. Ele andava de um lado para o outro, de repente a sua toca (quarto) parece ter ficado pequena demais para aquele grande lobo negro de olhos vermelhos.
No instinto de tentar aliviar nem que fosse um pouco a dor de sua fêmea, ele pulou na cama, da sua companheira recebeu um rosnado de reprovação, mas não se intimidou, e se aproximando com passadas confiantes, começou a lamber a fenda por onde passaria o seu filhote. A grande loba relaxou um pouco, seu macho a estava tranquilizando, mas mesmo assim seu coração não se acalmava, seu corpo peludo tremia, estava difícil demais para que ela tivesse força se quer para permanecer de olhos abertos.
Uma hora, em exatas uma hora, o genuínos alfa tinha seus olhos arregalados.
"Como isso é possível!?" — se perguntava ao observar os filhotes sujos de sangue em sua cama.
O genuíno se aproximou para avaliar mais de perto. Eram dois filhotes. Encostando seu grande focinho no filhote completamente negro, notou que o mesmo estava morto, seu pequenino corpo peludo ficando cada vez mais gelado. Engolindo em seco, encostou seu focinho no outro filhote, este não era negro, era branco, com várias manchas vermelhas em sua pelagem. Com cuidado, virou o filhote de barriga para cima, e o baque do susto o fez anda alguns passos para trás quase caindo da cama. Aquilo não podia está acontecendo. Não deveria está acontecendo. Criando coragem, voltou a olhar o filhote morto, o virando de barriga para cima, sua masculinidade ficou a vista.
Um trovão cortou o céu e iluminou todo o quarto deixando o genuíno ainda mais horripilante. Rosnou em fúria. Logo a genuína entendeu o que aconteceu, apesar de está fraca, sem forças até para levantar a cabeça, ela entendeu o que havia acontecido. E ela amaldiçoou a sua cria. Não apenas ela, mas todos assim que soubessem do ocorrido, amaldiçoariam a assassina também.
Rosnando o genuíno deixou a toca, voltou a sua forma humana e sem se importar com sua nudez foi para a sala de reuniões. Seu peito subia e descia rapidamente, estava se controlando ao máximo para não quebrar tudo ao seu redor, suas mãos fechadas em punhos.
— Mande vim a mim o beta — gritou para o ômega que trocava a água velha das jarras por água fresca.
Sem dizer uma palavra, apenas com uma silenciosa reverência, ele fez o que lhes foi ordenado. Em menos de cinco minutos, o beta genuíno apareceu na sala de reuniões.
— Genuíno — curvou a cabeça em demonstração de respeito ao entrar na sala e tomar para si uma das cadeiras.
— Ela... ela matou o meu herdeiro, Lacios! — esmurrou a mesa e o som estridente preencheu toda a sala — E agora!? Minha companheira nunca mais vai emprenhar! Maldita seja! — com raiva jogou a cadeira na parede que acabou espatifando.
— Eu não entendendo Kratos, se o filhote morreu, o ventre da genuína não deveria ser capaz de gerar outro filhote? — Lacios, o genuíno beta usou a lógica da reprodução licantropa na falha tentativa de acalmar os ânimos do seu genuíno alfa.
— Sim — Kratos respondeu com o rosto vermelho — Se não tivessem nascido dois, e se um deles não se mantesse vivo!
Se controlou ao máximo para não grita, como não tinha seu herdeiro para proteger, ele não se viu na obrigação de permanece em sua forma lupina.
— Dois... — repetiu as palavras ainda perplexo pelo o que acabará de ouvir — Dois...
— Está surdo inferno! Não fique repetindo o que eu falo! — gritou Kratos já com a paciência abaixo de menos cem.
— Perdão — Lacios falou e mais uma vez pós seu cérebro para funcionar — O filhote que sobreviveu...
— É uma maldita fêmea! — Kratos respondeu sem esperar que Lacios fizesse a pergunta.
— Não pode ser possível — seus olhos arregalarem. O vento assobiou forte do lado de fora e mais um trovão cortou o céu.
— Tudo é culpada daquela maldita!
— De quem?
— Da deusa, aquela desgraçada! — Kratos andava de um lado para o outro.
— Pensei que ela não passasse de uma lenda...
— Não, ela é real!
Kratos se lembrava exatamente do dia em que a deusa prometeu que encerraria a linhagem dos licantropos. E isso o estava deixando ainda mais enfurecidos.
Kratos tem seus pensamentos interrompidos com o som de alguém batendo a porta, pelo cheiro ele já sabe que é um ômega.
— É melhor ser algo muito importante ômega desgraçado, se não já pode ir se preparando para ter sua cabeça estraçalhada! — gritou para seu irmão ômega assim que abriu a porta.
— Chegaram notícias da alcatéia Nascente.
— E pra que diabos eu quero saber dessa....
— A velut luna foi morta por traição, um filhote humano saio de dentro de seu ser, e uma luna cimex se rebelou contra todos para defender a velut e a criança. As duas foram mortas, mas ninguém encontrou o paradeiro da criança.
— Quando isso aconteceu? — Lacios perguntou.
— A cerca de três horas, o alfa agora está ardendo em febre por conta da morte da companheira.
— Mas um problema — Kratos respirou fundo.
Se o alfa vier a falecer sem ter um herdeiro, o genuíno tem por obrigação garantir a ascenção de algum beta como o novo alfa através das disputas.
— Mande nossos melhores curandeiros para lá. Não quero ter que tomar as rédeas de mais uma alcatéia.
Ao terminar sua ordem, Kratos se sentou exausto em uma cadeira acolchoada.
— Agora pode ir — ordenou e fechou os olhos com força.
— Genuíno — Lacios chama a atenção de Kratos — já que não tem um herdeiro de sangue, melhor organizar um torneio entre os alfas para acasalar com a sua filhote. Assim, a linhagem não perecerá — Lacios pensou rápido.
— Você está certo, já que nasceu uma fêmea que não deveria existir, com certeza ela não tem nenhum destinado. Deve conseguir emprenhar de qualquer um — o genuíno sorriu — Selecionarei os mais fortes para se enfrentarem e assim ganharem o direito de me conceder um herdeiro!
Para o genuíno aquele era o plano perfeito, a deusa não iria triunfar, uma pena que a criação nunca será maior que o criador. Kratos apenas não entendeu isso. Ainda.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ POR QUE ELE TÊM DOIS?~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~⏳ Sessenta luas depois⏳Mais um inverno deixava o chão fofo com um grosso cobertor branco de neve, os flocos que caiam das nuvens brilhavam conforme os fracos raios do pôr do sol banhava o solo gelido.— Até quando vai ficar aí? — Margareth questionou se sentando na cama com seu livro na mão.— Por que eu tenho dois? — respondeu a pergunta com outra pergunta sem tirar os olhos dos flocos caindo e derretendo ao tocar no chão.— Dois o que garoto? — virou a página de seu livro.— Dois nomes, não entendo — se debruçou sobre a janela, a tempos aquilo vinha o aborrecendo e não saber a resposta o deixa irritado.— Pergunte a quem te deu, agora me deixe terminar de ler meu livro, estou na melhor parte!— Outra coisa que não entendo, por que você gosta de ler esses livros? Eles se que
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ LÁGRIMAS DE ÓDIO ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ No exato momento em que Mari abriu a boca para começar a contar a verdade para o jovem sentando ao seu lado na cama, um vento gelido e forte soprou abrindo as janelas de madeira do pequeno quarto em um baque alto assustando Occisor, Mari se levantou em silêncio e fechou as janelas passando o trinco. Mais uma vez respirou fundo, apesar de muitos a enxergarem como um ser frio e sem coração ( e realmente ela não tinha um), ela se preocupava demais, tanto com Occisor quanto com Margareth. Eles eram a sua família, e por eles era capaz de tudo. — Você sabe o que é uma velut luna? — Mari questionou ainda de costa para Occisor. — Sim, li em um dos livros de Margareth que a fêmea com esse título é a companheira do macho alfa — em sua voz dava pra sentir o orgulho. Isso era nítido para qualquer um, Occisor amava dar uma de int
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ A FILHA DO GENUÍNO ALFA~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~A mesa de refeição estava farta, nas paredes de pedra escura da grande sala, a cada quinze metros, uma tocha acessa com o fogo dançante sobre elas e os últimos raios de sol iluminavam a sala de refeições. O casal genuíno foi o primeiro a se alimentar, quando terminaram foi a vez dos casais betas e depois pelos casais ômegas. Quando a mesa estava praticamente vazia, com apenas ossos e restos, é que foi liberada para a refeição da última.— Agora pode se servir, Bloodstain — ordenou o genuíno para sua cria, que não tirava os olhos da mesa, sua boca salivava e seu estômago roncava cada vez que via alguém mastigar qualquer pedaço de carne que fosse, mas aguardou pacientemente pela sua vez.— Tá bom, papa...— Já disse para não me chamar assim! — gritou o genuíno interrompendo a pequena mão de pegar um dos ossos sobre
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~COMBATE CORPO A CORPO~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~— Mari, por favor me diz quando? — Margareth insistia mais uma vez.— Acabou de amanhecer, por....— Você prometeu, Mari — Margareth cruza os braços na altura dos seios — Eu pensei que você fosse mulher de palavra, mas pelo que estou vendo você...Mari revira os olhos, não faz nem meia hora que os tímidos raios de sol nascente passaram pelas janelas e Margareth já estava em seu pé a atormentando com a promessa que fez a dez anos.Quando salvou a pequena criança com dez anos de ser escravizada ou devorada pelas bestas licantropianas, para conseguir tira-la da profunda depressão que apossava do corpo dela, Mari prometeu treina-la e transformá-la para que se vingasse. Porém, Mari pensou que com o tempo ela iria desistir dessa idéia, no entanto, nada tiraria isso da cabeça de Margareth, e isso frustrava imensamente
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ UM LIVRO DE HISTÓRIAS ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ Fazem exatos trinta minutos que o sol saiu, mas se mantém escondido por detrás das nuvens densas e cinzas. Os sons de passadas ecoam pelo chão de pedra no extenso corredor, andando de forma firme estava o casal de genuínos. Na entrada da sala, dois escravos eram responsáveis por abrir e fechar as pesadas portas. Quando o casal se posicionou em frente a porta, os escravos as abriram e o barulho chamou a atenção de todos. — Todos já estão aqui? — questiona o genuíno alfa ao adentra na sala de reunião. — Sim, os sete alfas, senhor — o ômega respondeu de cabeça baixa. — Muito bem, agora pode se retirar. — Com sua licença. O ômega faz reverência a todos os alfas e sai da grande sala fechando a porta. O genuíno alfa se assenta na cabeceira da grande mesa, e a genuína lunam se senta na direita de seu companheiro. — Já conseguiu um
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ APRENDENDO SOBRE O INIMIGO ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ — Obrigada pela refeição — Margareth agradeceu, limpou a boca e saiu da cozinha, deixando Occisor e Mari para trás. Caminhando a passos rápidos, ela queria ao menos ver, nem que fosse por apenas alguns instantes, o oficial. Não demora para que ela o encontre, hoje é a noite dele de ficar de vigia na torre leste. — Oi — ela chama a atenção do jovem a sua frente que a olha com um lindo sorriso. Margareth o admira por alguns instantes, o uniforme colado deixa bem torneado os músculos do homem. — Oi linda, deseja ver a lua? — Será um prazer — ela atravessa a porta de ferro e a fecha cuidadosamente atrás de si. Margareth sabia que se Mari descobrisse que ela anda se encontrando com Derick, ela usaria isso como desculpa para não transformá-la, e apesar de nutrir sim sentimentos pelo jovem a
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ A CURIOSIDADE SOBRE O AMOR ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ Apesar de ser dia, o céu estava cinza, as nuvens pesadas não permitiam que nenhum raio de luz do sol as ultrapassasse. Uma tempestade forte era esperada para aquela tarde. O vento assobiava trazendo consigo o frio e resultando no fechamento das janelas. A sala de tortura precisou ser iluminada com as tochas. Apesar de ser um trabalho pesado e inapropriado para a filha do genuíno, ainda mais, quando ela ainda é apenas um filhote, era o seu próprio pai quem a obrigava a sujar as mãos com sangue inocente, na obrigação de deixar a sala limpa para as próximas vítimas que iriam perecer naquela grande e fria sala. O cheiro deixava a jovem enjoada, ela se sentia mal por não poder fazer nada, ela não conseguia entender o por quê de tanta maldade. "Se... Se meu irmão estivesse vivo... Ele também participaria disso? Ele sentiria prazer em fa
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ PRIMEIRA MISSÃO ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ ⏞ Uma lua depois ⏟ A lua já surgia no céu, a noite estava fria, silenciosa e assustadora para as mulheres humanas na cidade Kiruna, localizada na Suécia. A cerca de seis meses, a Suécia pediu ajuda para o governo de Reikiavik, na Islândia, que por sua vez, também não quiseram colocar em risco seus homens, passando a diante o pedido para o governo de Murmansk, na Rússia, pois eles eram os que trabalhavam diretamente com Mari Van Helsing. Margareth finalmente liberou para Occisor os livros que abordava tudo sobre os licantropos, desde os irmãos que disputavam o título de soberano da lua, até