ALINA
Eu ainda estava sentada na cama encarando as chaves que tinha em mãos.
Dominic quer que eu more com ele. Dominic me quer ao seu lado.
Dominic me ama.
São informações novas e que eu preciso me esforçar para assimilar. Quase cinco meses desde que cheguei para invadir a privacidade dos Sant e eu já encontrei o que achava que passaria toda uma vida procurando: um amor verdadeiro e recíproco. Que, apesar de ter começado da maneira que começou, estava dando certo.
Já deu certo.
Abri um sorriso pela quinta vez ao me ver pensando na grandiosidade que aquilo significava. Eu não conseguia acreditar nas coisas boas que estavam me acontecendo desde que mamãe partiu e eu pensei que jamais conseguiria ser feliz novamente.
Estou tão concentrada nas chaves que tenho em mãos que mal percebo quando a porta do meu qu
DOMINICEu corro pelo corredor, ignorando o fato de que estou apenas de toalha e que a qualquer momento algum morador pode sair de seu apartamento e me flagrar naquele estado, feito um lunático.Quando estou prestes a alcançar o elevador em que Alina está, a porta simplesmente se fecha e ela desaparece do meu campo de visão.Talvez, por definitivo de minha vida.Apoio meus braços contra a parede do elevador e solto o suspiro mais pesado de toda a minha vida.Como tudo pode desmoronar numa porra de uma simples fração de segundos?— Tudo bem, garoto?Assustado, olho para o topo da escada da saída de emergência. Luís, o porteiro mais antigo do prédio, questiona-me, os cenhos erguidos.
ALINA"Decisões são difíceis de se tomar. Especialmente quando você precisa decidir entre duas coisas que lhe são importantes.”— Oi, mamãe... — inclinei-me sobre o jazigo de minha mãe, repleto de flores. A ventania bate forte contra meus cabelos, os fazendo bater em boa parte de meu rosto.Eu fecho os olhos por alguns segundos e me esforço em apenas me permitir sentir o vento frio defronte a meu rosto.Então, é inevitável. Uma lágrima escorre de meus olhos numa ação quase automática.Deposito os girassóis ao lado de sua foto.Tão linda.Tantas saudades.— Eu voltei, mamãe. São seis meses desde que estive aqui... Mas não teve um único dia em que não te senti por perto. — admito, baixinho. — Acho até que...
DOMINICEu estou ajoelhado, enquanto ela me encara com um olhar confuso, meio assustado.A porra do meu peito está queimando. Meu coração quer sair pela boca. Estou me esforçando em não parecer um desesperado.Mas a quem estou tentando enganar se estou desesperado para ouvir de sua boca uma afirmação?— Eu te amo. Eu te amo. Deus, eu te amo tanto que você não imagina o quanto tudo está doendo aqui dentro de mim! — ela finalmente diz, depois do que pareceu ser uma enternidade em silêncio absoluto. — Mas eu preciso que você me entenda, Dominic. Eu preciso que... você compreenda que...— Alina, por favor, só diga que aceita. Diga sim e daremos um jeito no resto. Diga que sim, Ali...?!Ela está chorando e eu só quero me levantar para abraçá-la e enxugar cada lagrima que escorre de seus olhos.— Si
DOMINIC— Querido, adorei sua idéia de reunir todos num jantar. Isso raramente acontece. Sempre está faltando alguém... eu fico radiante quando estamos todos juntos!Sorrio para minha mãe. Sei que, de certo modo, ela sabe o real motivo de eu ter convocado à todos. Sei que mamãe está feliz e isso me deixa cheio de coragem, afinal, tenho o apoio de uma das pessoas mais importantes da minha vida.A mesa está farta e toda preenchida. Papai está na ponta, no seu lugar de costume. Ao seu lado, minha mãe. Depois tia Sabrina e tio Aspen. Lexie, Stephan e Sophia, seguidos por Henri, Barbara e Hector. Por fim, eu e Alina. Lado a lado.Juntos. Prontos para declararmos em voz alta nosso amor.&n
ALINA— Então quer dizer que era o Dominic todo esse tempo?— Sim. Tio... Inclusive, quero pedir desculpas, mais uma vez, por ter escondido. Sinto muito... de verdade...!Um sorriso fraco se instala nos lábios de meu tio. Isso faz com que a tensão se esvaia de meu corpo imediatamente.— Desculpas aceitas, querida. Vamos deixar isso no passado. Se quer saber, não poderia ficar mais feliz por saber que meu sobrinho querido e minha... minha filha do coração... estão juntos. Isso me deixa feliz, Alina. Pode ter certeza.— Obrigada, tio Aspen. De verdade. Por ter me acolhido aqui, por cuidar de mim e se preocupar comigo e por agir... como um verdadeiro pai para mim. Nem sei como te agradecer por isso.&md
"Sim, no mundo existem mil pessoas capazes de nos despertar amor, se a gente parar pra sentir"DOMINIC— Dominic, aqui estão as passagens da Alina. Ela viaja hoje às 17h. Pode entregar a ela por mim?Ergo meus olhos para encarar meu tio. Aceno com a cabeça, devagar.Ele me entrega o envelope com as passagens e força um sorriso.— Melhore esta cara, garoto. Ou vai fazê-la se arrepender de ir.— Não se preocupe. Na frente dela eu abrigo meu melhor sorriso nos lábios.Abro um sorriso falso em encenação e meu tio gargalha.— Esse aí? Credo... você é um péssimo ator.
UM ANO DEPOISALINA“Mamãe,Um ano e sete meses sem você e eu daria tudo no mundo para ver o seu sorriso mais uma vez. Bom, físicamente, porque eu sonho com o seu sorriso quase todas as noites. Estou te escrevendo essa carta porque é um dia especial e eu adoraria que você estivesse aqui comigo partilhando desse grande dia. Dominic e eu nos casaremos em alguns minutos. Voltamos ao Brasil para a realização da cerimônia que foi gentilmente e cuidadosamente planejada por Sabrina. Eu ainda não vi nada, ela insistiu em querer me fazer uma surpresa. Eu tentei contestar porque você sabe melhor que qualquer outra pessoa que eu sou extremamente curiosa. Mas tudo bem. Ela insistiu tanto que eu a deixei vencer dessa vez. Ah! New York é incrível. Domi e eu assistimos à Anastasia na tão sonhada B
DOMINICEu não sei vocês, mas quando penso na palavra felicidade consigo associá-la a uma pessoa. Àquela pessoa.Minha Alina.Eu conseguia me lembrar com detalhes do dia de nosso casamento. Ela estava tão linda em um elegante vestido branco comprido. O branco do vestido contrastava bem com o vermelho vivo de seus cabelos e harmonizava tão melhor ainda com o azul de seus olhos. Ela era a mulher mais linda que eu pusera os olhos na vida.Conforme tio Aspen à conduzia até mim, eu não conseguia pensar em outra coisa senão agradecer a Deus por ter ar nos pulmões e ter um coração pulsando dentro do peito. Porque só assim, naque