Cecília esfregou os olhos para tentar se acostumar com a claridade do quarto e hesitou em se levantar. Já havia amanhecido e para ela, a noite havia passado tão rápido, que ela nem se quer percebeu.Ela puxou o edredom da cama e se ajeitou, virando para o lado e de repente, aquela sensação de solidão a invadiu.Ela havia sonhado com a sua avó; mais uma vez. A mais velha estava em uma cadeira de balanço, segurando uma linda bebê de cabelos alaranjados.A criança era linda e não tinha como ser Cecília, pois no sonho, ela ia até a avó, brincar com a criança no colo dela.O sorriso da senhora, o semblante de tranquilidade e a paz que ela transmitia, era como se ainda estivesse ao lado de Cecília.De repente, a ruiva se sentiu triste; mais que o comum.Ela estava pronta para se levantar, quando alguém de algumas batidas na porta e abriu.— Bom dia senhora! - Disse Mercês, outra das empregadas da casa. — O senhor Scopelli pediu para que a senhora o encontre no celeiro.— Certo, obrigada! -
— Não era para isso acontecer! - Disse Hugo na defensiva, olhando fixamente nos olhos de Cecilia. — O quê? Como...? - Cecília o respondeu, sorrindo desacreditada. Ela se sentiu triste por confessar seus sentimentos ao homem, o vendo praticamente recusá-los. Hugo respirou fundo e encarou a paisagem em sua frente, olhando na verdade para dentro de si mesmo. Ele queria ceder aos encantos da ruiva, porém, Hugo sabia bem que, não era uma pessoa apropriada para estar ao lado dela. Mas ainda assim, ele a queria. — Eu quero dizer que, não sou uma pessoa boa para estar com você. - Disse ele, se virando para a olhar. — Eu não sou um homem bom, tenho o legado da minha família em mãos e não saberei te amar como merece. Cecília ouviu aquilo, com um tom de arrependimento na voz. Ela se levantou e respiro fundo, passando as mãos pelos cabelos. O peito dela parecia que ia explodir a qualquer momento, pela tamanha raiva em que ela estava sentindo. Cecília, então, o olhou com os olhos afiados e
Katherine havia pedido o carro para levar Cecília ao médico e como Luigi não dava o braço a torcer, decidiu acompanha-las.O clima estava estranho, Cecília pôde sentir que havia algo de errado, só pela forma em que Luigi encarava Katherine.“O que está acontecendo”? – Ela se perguntou, vendo os olhos escurecidos do homem sobre a mulher ao seu lado.— Eu já estou bem, podemos voltar para a casa! – Disse Cecília, tentando calmar a atmosfera pesada que havia ali.— Por mim, tudo bem! – Disse Luigi, tocando na mão de Cristovam, que estava fixa no volante.Antes mesmo que o homem fizesse um movimento brusco para fazer o retorno, Katherine o advertiu.— Não ouse! Ela irá ao médico primeiro! – Disse Katherine, com um tom autoritário, se virando para encarar Cecília. — A não ser que queira dormir com os “Dobermanns” de Hugo.Quando Cecília ouviu aquilo, se lembrou dos cães ferozes que Hugo mantinha preso. Ela então, sorriu desacreditada, encarando Katherine fixamente.— O senhor Scopelli ou D
De repente a porta foi aberta bruscamente, dando entrada para Katherine e duas enfermeiras.— O que aconteceu? – Perguntou Katherine, olhando para Luigi, com o semblante assustado. Enquanto isso, as enfermeiras foram até Cecília, a analisando.A ruiva estava abaixada, se contorcendo de dor e aquilo preocupou Luigi de uma forma, que a única reação dele, foi de levar os olhos escurecidos para Katherine e a ameaçar.— Eu avisei que não era uma boa ideia. Se algo acontecer, eu arranco sua cabeça, antes do Scopelli arrancar a minha! – Rosnou ele, indo até Cecília.As enfermeiras estranharam aquele soro, já que elas haviam entrado naquele instante para dar medicação a ela.— O que está acontecendo comigo? – Perguntou Cecília, com a voz fraca.— Provavelmente um princípio de aborto. Precisamos cor
Sicília, Portopalo di Capo Passero, Siracusa, 02:00 AM. Era de madrugada, quando três Mayback Brabus encostou em um pequeno bar, bem a beira do mar. Tocava jazz no fundo, as mesas estavam ocupadas por alguns homens bem vestidos, com a faixa de idade de aproximadamente trinta a quarenta anos. As portas foram abertas e logo, o olhar de alguns, foram o de surpresa ao verem Hugo entrar pela porta. Ele estava com um olhar frio, mas a expressão no rosto era o de tranquilidade; ele sabia bem o que havia ido fazer. — Senhor Scopelli! – Disse Matheo, o gerente do lugar. Hugo percorreu os olhos por todo lugar, fingindo não ouvir a voz do homem. Ele parecia procurar por alguém e todos sabiam disso, já que pareciam assustados. Um dos homens que estavam na mesa e sentado bem de costas para a entrada, se levantou e olhou para Hugo, com um sorriso. — Meu querido, o que o trouxe até aqui? – Disse ele, com um sorriso nos lábios. — Moratto, "dove si trova"? – Perguntou Hugo, com um rosnado. Ele
O coração de Hugo estava acelerado, enquanto ele caminhava pelo chão de pedra, que dava caminho às velhas paredes de pedra do mosteiro abandonado.Era um lugar típico, onde todos eles se reuniam depois de uma noite como aquela.Hugo caminhou até uma parede destruída do lugar, que dava vista a uma parte montanhosa da cidade, que agora estava negra pela escuridão da noite.Ele acendeu um de seus charutos e ficou relembrando os traços que vinha em sua mente de quando o lugar estava dia.Em seguida, alguns passos se arrastaram até ele e logo, a respiração pesada, soou em suas costas.
No dia seguinte.... Cecília já havia saído do hospital e voltado para casa. Ela estava sentada no enorme campo repleto de flores que tinha no lugar, enquanto se martirizava com seus pensamentos assombrados. Ela trazia um milhão de emoções conflitantes, só de pensar que esperava um filho do chefe da Sicília. Não que isso fosse de um tanto ruim, mas o fato de ela e o bebê estarem em constante perigo, isso a preocupava. Ela estava lutando a cada segundo contra a sua própria mente, para lidar com o medo e insegurança que estava sentindo. — Senhora! – Disse uma voz doce, a chamando. Quando Cecília se virou, viu Carmen, outra das empregadas e amiga de Giovana, a chamando. — Aqui está! A mulher se aproximou com uma bandeja em mãos. Lá haviam um copo de suco e alguns comprimidos, para que Cecília os tomassem. E então, um suspiro foi ouvido. — Isso me dá enjoos. Não posso deixar de tomar? – Perguntou ela, desanimada. — Sinto muito! São ordens do senhor Scopelli! – Disse a empregada
Hugo se deitou ao lado de Cecília e se sentiu preocupado. Ele a acariciava com ternura, enquanto a observava adormecer com dificuldade. Ele não fazia ideia de que uma gravidez poderia a fazer tão mal. Cecília resmungava de cólicas e também, passava a maioria do tempo vomitando. Nem mesmo a sopa de legumes frescos foram capazes de fazê-la se recuperar. — Hugo! – Chamou Cássia, abrindo levemente a porta. — Como ela está? Ele balançou a cabeça em negação e levou o indicador aos lábios, em pedido de silêncio. Em seguida, Hugo tirou Cecília de seu peito com leveza e saiu da cama, sem a acordar. Ele foi atrás da mãe dele em passos leves, pois, havia a dito a ela que os dois precisavam conversar. Eles foram até o andar de baixo da casa, seguindo para o escritório e ao passarem pela porta, Hugo a trancou, fazendo Cássia se assustar. — O que está acontecendo? – Perguntou ela, completamente assustada. Hugo caminhou até a mesa e puxou a cadeira para se sentar. Ao ver seu filho ali,