3. Validando o contrato

Ragnar

Por um momento, o tempo pareceu parar. Eu fiquei ali, olhando para o arco vazio, as palavras de Gabriel ecoando na minha mente. A música continuava a tocar, irônica. Minha mente começou a pensar nas formas de resolver aquela situação.

Aquela m*****a queria me envergonhar na frente de toda a Aliança?

"Leve Eron com você e em seguida explique para os convidados que o vestido da noiva rasgou. De um jeito enquanto eu vou atrás da m*****a loba."

Fiz o caminho de volta, ignorando todos os convidados e indo direto para minha casa. Assim que fiquei longa da atenção de todos, deixei que meu lobo aflorasse, irado pela audácia da garota. Subi os degraus de dois em dois, tentando conter a fúria que se espalhava em meu peito, eu não sabia do que seria capaz quando a encontrasse.

"Quem estava de guarda quando ela sumiu?" rosnei irado, entrando no quarto destinado a Cameron, vendo a janela aberta. "Como foram tão idiotas?!" Olhei para fora da janela e me virei para o quarto, vendo o vestido que ela usaria, pendurado.

"Ninguém achou que sua futura Luna teria uma atitude dessas," um dos meus lobos tentou se justificar, enquanto eu ouvia passos entrando no corredor.

"Não deixem que ninguém se aproxime daqui," falei ríspido, e meus homens saíram do quarto, bloqueando a passagem.

"Senhor, são as irmãs dela," um dos guardas informou. Apertei a têmpora, tentando não piorar ainda mais a situação.

"Diga que ela não quer receber ninguém, apenas conversar comigo. Fale que inventamos o problema do vestido para chamar minha atenção." O lobo saiu novamente, e comecei a desabotoar o blazer e a camisa, jogando-os em cima da cama.

Voltei a absorver o cheiro do quarto, sentindo a tensão e tristeza transparecer em cada nota. Eu sabia que ela tinha seus motivos para não se unir a mim, mas tínhamos um acordo, e eu odiava ser tratado como um idiota.

"Alfa, quer que eu distribua lobos pela propriedade? Posso..."

"Não, você cuidará de tudo aqui. Eu mesmo vou atrás dela. Peça para Jofrey arranjar outra calça para mim. Tenho certeza de que esta não resistirá ao que tenho em mente." Fui novamente até a janela e senti seu cheiro se intensificar.

Pulei a janela, da mesma forma que ela fez, pousando com força no chão, fazendo todo o ambiente estremecer. Comecei a correr, sentindo o vento se chocar contra a minha pele e o sol se intensificar. Eu conhecia cada pedaço daquele lugar e ela... por melhor que fosse, era apenas uma visitante em minhas terras.

Corri por alguns minutos, quando finalmente captei o seu cheiro, forte e pujante. Assim como eu, ela não havia se transformado em loba, o que me fez sorrir ainda mais com a vingança que eu planejava para ela.

Uivei baixo, para não chamar a atenção dos convidados, mas para informá-la de que eu a havia encontrado.

"Com medo, companheira?" falei quando seu cheiro se tornou mais forte. "Achou que seria fácil sair da minha propriedade?" Ri de seu desespero assim que seus olhos se pousaram em mim.

"Me deixe em paz!" ela gritou, começando a correr com ainda mais intensidade. Admirei sua forma física.

"Você está me deixando irritado, Cameron. Pare agora mesmo e converse comigo, como uma loba de honra que você é." Isso pareceu fazê-la vacilar, e percebi que ela diminuiu a intensidade de seus passos, o que me permitiu alcançá-la e derrubá-la no chão. "Peguei você."

Meu corpo pairou sobre o dela e nossos olhos se encararam. A imensidão azul de seus olhos parecia ainda mais revolta do que nos outros dias.

"Onde pensa que vai, lobinha?" Ela se debateu abaixo de mim, mas não conseguiu me afastar. Meus braços a travavam no chão em meio às folhas. "Não acredito que está fazendo isso."

"Eu não quero esse casamento. Nunca quis." Ela falou brava, e eu sorri com sua coragem. "Não pode me obrigar a isso." Seus olhos escondiam algo, e eu podia sentir.

"Claro que posso. Você assinou os termos do contrato. Termos que você colocou." Rosnei, sentando-me sobre os calcanhares e trazendo-a comigo.

"Eu precisava da sua ajuda, agora... agora..." Ela fechou os olhos, evitando me encarar.

"Então agora cumpra a sua parte, menina. Eu cumpri a minha quando ajudei sua família a vencer a guerra. Agora eu mereço a minha recompensa." Meu lobo trovejou, e ela se encolheu.

"Não há outra forma?" ela questionou, e eu a soltei, mostrando que ainda estava lhe dando uma chance.

"Claro que há." Seus olhos se iluminaram. "Eu tirarei as alcateias de seu pai e de seu irmão. Isso quita a nossa dívida." Me afastei dela e me levantei, sentindo-me desconfortável com tudo aquilo.

"Não pode fazer isso." Ela se levantou e me segurou pelo braço. "Não depois de tudo." Puxei meu braço de suas mãos, sentindo suas unhas me cortarem. Olhei para o braço, sentindo a raiva aumentar ainda mais, e me aproximei predatoriamente.

"Eu lhe dei tempo, Cameron. Lhe dei espaço. Fiz seus gostos naquele contrato, apenas para que você entrasse hoje naquela cerimônia e dissesse 'sim', e o que você fez?" Ouvi seu celular começar a vibrar no chão entre as folhas e me abaixei para pegar o aparelho. O nome de Tayrus, seu ex-namorado, brilhava no visor. "Foi por isso que fugiu?" Me aproximei ainda mais, segurando seu rosto com raiva. "É isso que você quer?" Seus olhos se derramavam em lágrimas enquanto ela me olhava com medo.

Atirei seu aparelho contra a árvore, fazendo com que o ruído da chamada cessasse.

"Eu vou te dar apenas duas opções, e você terá apenas 10 segundos para escolher." Seus olhos se arregalaram. "Ou volta comigo agora e entra naquela cerimônia, se sentindo a noiva mais feliz da Alcateia, convencendo a todos que tudo está bem, ou fuja e deixe sua família sem uma alcateia para liderar." O tremor de seu corpo era evidente, e soltei seu rosto, virando-me de costas para ela.

"Um... dois... três..." comecei a contar enquanto me encaminhava de volta para minha casa, e ela correu em minha direção.

"Não vê? Não vê que nunca seremos felizes se me obrigar a isso?" Ignorei seu comentário.

"Quatro... cinco... seis..."

"Ragnar, por favor, por favor..." Ela se jogou aos meus pés. "Eu faço o que me pede, não tire nada de minha família."

"Ótima escolha." Falei, alisando seus cabelos loiros. "Agora se recomponha e me acompanhe." Voltei a andar, não a ajudando a se levantar. Meu lobo ainda sentia a necessidade de puni-la por tamanha petulância.

"O que disse para todos?" ela perguntou, fungando pelo choro.

"Que seu vestido rasgou." Me virei sorrindo triunfante.

"Sabia que eu aceitaria sua condição?" ela gemeu.

"Claro que sim. A escolhi por um simples motivo: o dever com a família e o povo sempre vem em primeiro lugar."

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