5. A caminho do altar

Ragnar

Em meu quarto, a irritação fervilhava dentro de mim, uma tempestade silenciosa ecoando nas paredes de pedra. Meu lobo desejava o sangue daquela loba difícil. A decisão de exigir um contrato de casamento com Cameron parecia, agora, mais uma maldição do que uma solução para os problemas de minha alcateia. Eu sabia que ela era uma loba forte; no entanto, não esperava que sua presença fosse tão desafiadora a ponto de ameaçar a paz que eu tanto preservava.

"Ela é tão diferente de você, Amanda." Me virei para a foto emoldurada de minha falecida esposa, observando seus traços delicados e sua postura gentil, tão diferente daquela que estava a alguns metros de distância de mim.

Enquanto eu me debatia com meus pensamentos, ouvi uma batida suave na porta e autorizei sua entrada. Era Gabriel, meu beta leal, cuja presença sempre trazia uma certa ordem ao caos.

"Todos os convidados voltaram para o gramado, Alfa," anunciou ele ao entrar. "Estão todos aguardando que vocês desçam para celebrar a união."

Eu assenti, ajustando meu terno no espelho. "Vamos acabar logo com isso," respondi, deixando os rosnados de meu lobo de lado. Ele ainda estava se rebelando contra uma nova companheira.

Amanda era o amor de nossa vida, e sua morte prematura, nos deixou abalados por anos. Eron foi o motivo de eu nunca ter desistido do meu destino. Ele era a lembrança constante do quanto o meu amor e o de Amanda era grande e poderoso.

Enquanto me preparava para sair, Gabriel hesitou, um olhar preocupado cruzando seu rosto. "Ragnar, você tem certeza de que continuar com essa união é o melhor caminho? A senhorita Reynolds se mostrou instável. Não seria prudente reconsiderar?"

Eu respirei fundo, o peso de sua pergunta assentando sobre meus ombros. "Não há volta, Gabriel. Ela traz uma força que nossa alcateia precisa, mesmo que isso custe minha tranquilidade."

"Não falo apenas da sua, senhor. É possível que ela tome essa atitude novamente? Que tente fugir dos problemas que não consegue resolver?" me virei para ele o encarando.

"Ensinarei a ela nossos costumes, Gabriel. Transformarei Cameron em uma Luna digna, quer ela esteja disposta ou não. Se ao término deste contrato, ela não estiver pronta para ser marcada, a devolverei para sua família, mais preparada e resiliente do que quando chegou." Minha voz ressoou com uma determinação sombria, enquanto meu lobo interior rugia em aprovação.

Com um aceno de cabeça, Gabriel recuou, respeitando minha decisão, embora sua preocupação fosse evidente.

Saindo do quarto, desci as escadas em direção ao gramado onde a cerimônia estava sendo montada. Eron, meu filho, notou minha presença e correu em minha direção, jogando-se em meus braços com uma alegria despreocupada que só as crianças possuem.

"Papai, por que demorou tanto?" Ele olhou para mim, seus olhos castanhos curiosos.

Eu limpei as marcas de chocolate em seu rosto, sorrindo apesar do caos interno. "Cameron precisava de um momento," expliquei, tentando manter a leveza.

"Por quê? Ela estava triste?" eu não tinha pensado nessa possibilidade. Tudo o que estávamos fazendo, mudava completamente com as nossas vidas, porém a dela seria mais afetada do que a minha.

"Não, filho, ela só estava nervosa." me ajoelhe diante dele, para que nossos olhos ficassem da mesma altura. "Às vezes nós precisamos de um momento para nos recompor.

"Assim como você faz quando se tranca em seu quarto?" concordei com a cabeça.

"Isso, dessa forma. Às vezes os adultos precisam se acalmar e fazem isso escondidos de todos." Eron voltou a me abraçar, abraçando com força meu pescoço.

"Eu sinto falta da mamãe." meus braços o apertaram mais, e o levantei do chão, arrumando minha postura.

"Eu também, lobinho. Eu também sinto." ele se afastou me encarando.

"Acho que ela não está mais triste." não entendi o que ele quis dizer.

"Quem não está mais triste, Eron?"

Ele riu, claramente achando graça na situação. "A loba triste!" exclamou ele, pulando do meu colo e correndo de volta para se juntar aos outros.

Ao me virar, meus olhos encontraram Cameron saindo da mansão. Ela estava... deslumbrante. O vestido da cor champanhe contornava cada curva do seu corpo, deixando evidente sua perfeita forma física. Os cabelos estavam presos em um coque solto e a maquiagem não tirava seus traços bonitos. Cada passo que dava em direção ao gramado parecia medido, sua postura era a de quem dominava seu destino, não o contrário. Assim que as safiras azuis se voltaram para mim, ela parou, com suas irmãs vestidas de vestidos rosas chás. As três me encaravam com intensidade e pela primeira vez me senti desconfortável ao olhá-las juntas.

Nesse momento, a complexidade de nossas vidas entrelaçadas se tornou clara. Cameron não era apenas uma loba a ser domada; ela era uma força a ser reconhecida. E enquanto eu a observava, um novo respeito por ela começava a florescer em meu peito, misturado com uma inegável admiração.

"Vamos," disse Gabriel suavemente ao meu lado, me trazendo de volta ao momento. "É hora."

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