Cameron
Era tarde, e eu estava deitada na cama do hospital, o silêncio da noite me envolvia, mas minha mente estava longe de descansar. Ragnar não voltou durante o dia todo. Cada minuto que passava, uma parte de mim queria pegar o celular e ligar para ele, ou pelo menos perguntar a alguém onde ele estava. Mas não podia me trair. Eu precisava manter minha palavra, dar espaço. A verdade é que, por mais que eu quisesse sua presença aqui, eu também sabia que precisávamos de tempo. Tempo para pensar. Tempo para processar tudo o que aconteceu.
Suspirei e, com cuidado, me levantei. Meus passos eram lentos e calculados enquanto eu caminhava até o banheiro. Não queria causar nenhum problema para o bebê, não depois de tudo o que havíamos passado. Fiz minhas necessidades e, ao voltar para a cama, já estava me preparando para deitar novamente quando ouvi uma batida leve na porta.
RagnarPrendi a respiração enquanto observava Cameron analisar o presente que eu havia escolhido. Não era nada grandioso, nada que gritasse luxo ou opulência. Era algo simples, mas para mim carregava o peso de tudo o que vivemos, de tudo o que ela representava para mim e para nossa família. Eu e Eron ganhamos algo precioso quando ela entrou em nossas vidas — uma família completa, algo que eu tinha me esquecido como era. Mesmo com todos os problemas e desafios que enfrentamos desde então, eu não mudaria nada. Nem um segundo.Seus olhos azuis, agora turvos, ergueram-se para mim depois de alguns momentos. Ela parecia tão frágil, mas havia uma força ali que nunca deixava de me impressionar. Cam soltou os ombros, como se estivesse carregando um peso grande demais, e então, com a voz embargada, finalmente falou.“Ragnar… eu também sou culpada. Tudo o que aconteceu… foi mais culpa minha do que sua,” ela admitiu, sua voz vacilante, mas firme. "Eu queria provar que eu e
CameronEle estava ali, na minha frente. Ragnar, o lobo mais forte de todas as alcateias, o mais destemido. E, ainda assim, o homem que agora me amparava com uma ternura que poucas vezes alguém poderia imaginar vindo de alguém como ele. Ele sentia minha vulnerabilidade, meus medos, e me acolhia de uma maneira que ninguém mais poderia. Joguei meus braços sobre seus ombros, puxando-o para um abraço apertado, tentando, de alguma forma, afastar toda a dor que Tayrus tinha causado em nossas vidas. A carta falsa, as mentiras que eu havia contado, as mágoas que se acumularam entre nós. Tudo parecia se dissolver naquele toque. Eu precisava disso. Precisávamos disso.Depois de um tempo, me afastei um pouco e olhei para ele, uma ideia repentina surgiu. "Vem," eu disse, chamando-o para deitar na cama comigo.Ragnar hesitou por um segundo, olhando para a cama estreita de hospital. Era grande o suficiente para mim, mas
CameronQuando a chamada terminou, Ragnar desligou o celular e, sem dizer uma palavra, olhou para mim com uma intensidade que me fez perceber o quanto aquele momento tinha significado para nós dois. Meus olhos estavam cheios de lágrimas, mas desta vez, eram lágrimas de alívio, de amor. Eu estava emocionada por ver meus filhos tão felizes e, principalmente, por sentir o vínculo que nossa família ainda compartilhava, apesar de tudo."Obrigada," sussurrei, encostando minha cabeça novamente em seu peito. Sentir o conforto de estar em seus braços era como um bálsamo para a ferida aberta nos últimos dias. Aquele momento, por mais simples que fosse, era exatamente o que eu precisava.Ragnar me abraçou com força, sem dizer nada a princípio. Seu silêncio falava mais alto do que qualquer palavra poderia. Eu podia sentir sua força, sua determinação,
CameronO som abafado dos meus passos ecoava pelo corredor enquanto saíamos do quarto. O hospital já não tinha o cheiro e a sensação de desespero que me acompanharam nos últimos dias. Ao virar a esquina para a recepção, fui recebida por uma visão que aqueceu meu coração de imediato: minha família inteira estava ali. Todos me esperando. Meus pais, minhas irmãs, cunhado, irmão e cunhada, formando um círculo de rostos conhecidos e amados. Eu sabia que seria um momento difícil, mas também sabia que precisava disso.Os abraços foram um atrás do outro. Primeiro, minha mãe, que me envolveu com força, como se não quisesse me deixar partir."Tem certeza de que não quer que eu vá ficar com você por alguns dias, querida?" A preocupação estava estampada em seus olhos. Suas
RagnarO jato havia acabado de pousar em Denver, e assim que desci da aeronave, ajudei Cam a seguir logo atrás de mim. O ar estava denso, mais frio do que o habitual, o que deixou meus sentidos em alerta. Mas foi o som que cortou o céu que realmente me fez congelar no lugar: um uivo longo, profundo e assustador. Instantaneamente, meu corpo reagiu, e antes que eu percebesse, já tinha me transformado em minha forma Lycan. Meus lobos me cercaram em um círculo protetor, e eu mantive Cam firmemente atrás de mim, protegendo-a de qualquer ameaça."Ragnar, o que está acontecendo?" Cam perguntou, a voz embargada de medo, enquanto seus dedos apertavam minha mão com força.Seis lobos apareceram à nossa frente, emergindo das sombras com olhos cheios de sede de vingança. Eles nos observavam, suas presas expostas, rosnados baixos e ameaçadores reverberando no ar."Prote
CameronGabriel estava correndo mais rápido do que o habitual, seus olhos fixos no retrovisor, verificando a cada segundo se estávamos sendo seguidos. A tensão no ar era palpável, quase sufocante. Eu sentia meu coração batendo mais rápido a cada curva que ele fazia.“Gabriel, você acha que é Tayrus?” perguntei, tentando manter minha voz firme, mas falhando miseravelmente.Ele assentiu, mas seus olhos não me encontraram. “Tem algo errado, Cam. Algo diferente… mas eu não consigo identificar o que é.”Quando finalmente chegamos à mansão, ele parou o carro com um tranco. Desceu rapidamente e abriu a porta para mim, seus olhos ainda varrendo o horizonte, a tensão cravada em seus ombros. Subi os degraus da entrada quase sem pensar, meu corpo em automático. A casa, geralmente meu refúgio, agora pare
CameronTayrus gargalhou alto, sua risada ecoando pelo campo como um trovão. Ele me observava de cima, os olhos cheios de desdém. "O que você pretende com isso, Cameron?" Ele zombou, a voz pingando veneno. "Defender os filhotes supremos?" Seu olhar desprezível varreu Eron e Riuk por um momento, como se fossem nada.Meu corpo inteiro tensionou-se, cada músculo preparado para o confronto. "Pretendo defender o que é importante para mim. Coisa que você nunca entendeu." Minha voz saiu baixa, mas firme, carregada da força da minha loba. O poder que emanava de mim não era mais uma surpresa para ele, mas a intensidade com que eu o sentia dentro de mim me dava uma confiança inabalável.Tayrus arqueou uma sobrancelha, seu sorriso se alargando em algo ainda mais sinistro. "Você acha queisso," ele apontou para os meninos com um movimento de cabeça, "repres
RagnarEu corria como se minha vida dependesse disso, mas a verdade era que minha vida inteira estava lá, em perigo. Minha família estava no centro da destruição, e o pânico me consumia a cada segundo. Cada passo que eu dava parecia tarde demais. O ar estava denso, como se o mundo soubesse da batalha iminente e estivesse esperando por seu desfecho.De repente, o uivo de Cameron ecoou em minha mente, nossa conexão me envolvendo de maneira poderosa."Venha logo. Estou atrasando ele, mas o tempo está acabando."Aquelas palavras congelaram meu sangue. Ela estava enfrentando Tayrus.Sozinha.Minha Luna estava lidando com aquele maldito, e a ideia de que ela poderia estar ferida ou...não,eu não podia pensar nisso. Meu lobo explodiu dentro de mim, uivando com uma fúria tão primal que o chão sob meus pés parecia