Ragnar
O tapa de Cam não ardia mais no meu rosto, mas o peso daquilo ainda esmagava meu peito. O impacto não foi apenas físico; destruiu algo dentro de mim, algo que eu nem sabia que estava lá. Meu lobo estava envergonhado, a cabeça baixa, assim como eu. Fomos estúpidos. Eu tinha sido imaturo, imprudente. Não pensei nas consequências das palavras que joguei contra ela, e agora tudo parecia desmoronar. Quase a perdi para as bruxas e Tayrus, e agora estava à beira de perdê-la novamente por causa da minha própria idiotice.
Caminhei pelo corredor do hospital, cada passo mais pesado do que o anterior. Não sabia o que fazer, como consertar a situação. Como trazer de volta o que quebramos.
Gabriel apareceu com o celular na mão, se aproximando com urgência. “Ragnar, preciso falar com você.”
Eu o ignorei. Não estava no clima para ma
RagnarEu estava quebrando a cabeça. Jordan havia plantado uma semente em minha mente, mas a verdade é que eu não tinha ideia do que fazer. Um presente que simbolizasse tudo o que eu e Cam passamos, algo que mostrasse que eu realmente a entendia? Que capturasse nossa história? Mais fácil enfrentar Tayrus com as mãos amarradas.Entrei no carro e dirigi pela cidade, meus pensamentos um caos. Cada momento com Cam passava pela minha cabeça como um filme. O primeiro encontro, as brigas, os momentos em que riamos até a barriga doer. Ela era tão complexa, e agora, eu precisava encontrar algo que traduzisse isso em um simples gesto.A primeira parada foi uma loja de antiguidades. Pensei em um livro antigo. Cam adorava histórias, e sabia que ela gostava de guardar livros que carregavam o peso do tempo. Falei com o atendente, um senhor de cabelos brancos que parecia ter saído de uma dessas hist&o
CameronEra tarde, e eu estava deitada na cama do hospital, o silêncio da noite me envolvia, mas minha mente estava longe de descansar. Ragnar não voltou durante o dia todo. Cada minuto que passava, uma parte de mim queria pegar o celular e ligar para ele, ou pelo menos perguntar a alguém onde ele estava. Mas não podia me trair. Eu precisava manter minha palavra, dar espaço. A verdade é que, por mais que eu quisesse sua presença aqui, eu também sabia que precisávamos de tempo. Tempo para pensar. Tempo para processar tudo o que aconteceu.Suspirei e, com cuidado, me levantei. Meus passos eram lentos e calculados enquanto eu caminhava até o banheiro. Não queria causar nenhum problema para o bebê, não depois de tudo o que havíamos passado. Fiz minhas necessidades e, ao voltar para a cama, já estava me preparando para deitar novamente quando ouvi uma batida leve na porta.
RagnarPrendi a respiração enquanto observava Cameron analisar o presente que eu havia escolhido. Não era nada grandioso, nada que gritasse luxo ou opulência. Era algo simples, mas para mim carregava o peso de tudo o que vivemos, de tudo o que ela representava para mim e para nossa família. Eu e Eron ganhamos algo precioso quando ela entrou em nossas vidas — uma família completa, algo que eu tinha me esquecido como era. Mesmo com todos os problemas e desafios que enfrentamos desde então, eu não mudaria nada. Nem um segundo.Seus olhos azuis, agora turvos, ergueram-se para mim depois de alguns momentos. Ela parecia tão frágil, mas havia uma força ali que nunca deixava de me impressionar. Cam soltou os ombros, como se estivesse carregando um peso grande demais, e então, com a voz embargada, finalmente falou.“Ragnar… eu também sou culpada. Tudo o que aconteceu… foi mais culpa minha do que sua,” ela admitiu, sua voz vacilante, mas firme. "Eu queria provar que eu e
CameronEle estava ali, na minha frente. Ragnar, o lobo mais forte de todas as alcateias, o mais destemido. E, ainda assim, o homem que agora me amparava com uma ternura que poucas vezes alguém poderia imaginar vindo de alguém como ele. Ele sentia minha vulnerabilidade, meus medos, e me acolhia de uma maneira que ninguém mais poderia. Joguei meus braços sobre seus ombros, puxando-o para um abraço apertado, tentando, de alguma forma, afastar toda a dor que Tayrus tinha causado em nossas vidas. A carta falsa, as mentiras que eu havia contado, as mágoas que se acumularam entre nós. Tudo parecia se dissolver naquele toque. Eu precisava disso. Precisávamos disso.Depois de um tempo, me afastei um pouco e olhei para ele, uma ideia repentina surgiu. "Vem," eu disse, chamando-o para deitar na cama comigo.Ragnar hesitou por um segundo, olhando para a cama estreita de hospital. Era grande o suficiente para mim, mas
CameronQuando a chamada terminou, Ragnar desligou o celular e, sem dizer uma palavra, olhou para mim com uma intensidade que me fez perceber o quanto aquele momento tinha significado para nós dois. Meus olhos estavam cheios de lágrimas, mas desta vez, eram lágrimas de alívio, de amor. Eu estava emocionada por ver meus filhos tão felizes e, principalmente, por sentir o vínculo que nossa família ainda compartilhava, apesar de tudo."Obrigada," sussurrei, encostando minha cabeça novamente em seu peito. Sentir o conforto de estar em seus braços era como um bálsamo para a ferida aberta nos últimos dias. Aquele momento, por mais simples que fosse, era exatamente o que eu precisava.Ragnar me abraçou com força, sem dizer nada a princípio. Seu silêncio falava mais alto do que qualquer palavra poderia. Eu podia sentir sua força, sua determinação,
CameronO som abafado dos meus passos ecoava pelo corredor enquanto saíamos do quarto. O hospital já não tinha o cheiro e a sensação de desespero que me acompanharam nos últimos dias. Ao virar a esquina para a recepção, fui recebida por uma visão que aqueceu meu coração de imediato: minha família inteira estava ali. Todos me esperando. Meus pais, minhas irmãs, cunhado, irmão e cunhada, formando um círculo de rostos conhecidos e amados. Eu sabia que seria um momento difícil, mas também sabia que precisava disso.Os abraços foram um atrás do outro. Primeiro, minha mãe, que me envolveu com força, como se não quisesse me deixar partir."Tem certeza de que não quer que eu vá ficar com você por alguns dias, querida?" A preocupação estava estampada em seus olhos. Suas
RagnarO jato havia acabado de pousar em Denver, e assim que desci da aeronave, ajudei Cam a seguir logo atrás de mim. O ar estava denso, mais frio do que o habitual, o que deixou meus sentidos em alerta. Mas foi o som que cortou o céu que realmente me fez congelar no lugar: um uivo longo, profundo e assustador. Instantaneamente, meu corpo reagiu, e antes que eu percebesse, já tinha me transformado em minha forma Lycan. Meus lobos me cercaram em um círculo protetor, e eu mantive Cam firmemente atrás de mim, protegendo-a de qualquer ameaça."Ragnar, o que está acontecendo?" Cam perguntou, a voz embargada de medo, enquanto seus dedos apertavam minha mão com força.Seis lobos apareceram à nossa frente, emergindo das sombras com olhos cheios de sede de vingança. Eles nos observavam, suas presas expostas, rosnados baixos e ameaçadores reverberando no ar."Prote
CameronGabriel estava correndo mais rápido do que o habitual, seus olhos fixos no retrovisor, verificando a cada segundo se estávamos sendo seguidos. A tensão no ar era palpável, quase sufocante. Eu sentia meu coração batendo mais rápido a cada curva que ele fazia.“Gabriel, você acha que é Tayrus?” perguntei, tentando manter minha voz firme, mas falhando miseravelmente.Ele assentiu, mas seus olhos não me encontraram. “Tem algo errado, Cam. Algo diferente… mas eu não consigo identificar o que é.”Quando finalmente chegamos à mansão, ele parou o carro com um tranco. Desceu rapidamente e abriu a porta para mim, seus olhos ainda varrendo o horizonte, a tensão cravada em seus ombros. Subi os degraus da entrada quase sem pensar, meu corpo em automático. A casa, geralmente meu refúgio, agora pare