Ragnar
O hospital estava em silêncio, o que parecia um contraste cruel com o caos que acabávamos de deixar para trás. O som distante de máquinas e passos apressados era a única coisa que eu ouvia enquanto os paramédicos me ajudavam a sair da ambulância. Minhas pernas estavam pesadas, e a dor na coxa começava a latejar novamente, mas eu a ignorava. Tudo em mim estava focado em uma única coisa: Cameron.
Assim que coloquei os pés no chão, empurrei os paramédicos para longe, arrastando minha perna com dificuldade. O cheiro de sangue fresco, poeira e magia ainda pairava no ar ao meu redor, mas a única coisa que importava agora era encontrá-la.
“Ragnar, calma,” a voz de Gabriel ecoou à minha direita, tentando me segurar pelos ombros. “Você precisa descansar.”
Descansar? Como ele podia falar em descanso? Eu me solt
CameronAinda de olhos fechados, eu podia ouvir as vozes ao meu redor. O som era abafado no começo, como se estivesse acontecendo longe, mas aos poucos, as palavras começaram a ficar mais claras. Havia uma discussão. E não era uma discussão qualquer — era intensa, cheia de raiva e tensão.A dor que ainda percorria meu corpo me lembrava de que eu estava viva, mas cada movimento parecia um esforço monumental. Minha loba, geralmente tão presente e ativa, estava retraída, como se estivesse se escondendo, tentando se proteger de algo. Ouvia as vozes, e não conseguia fazer com que meu corpo reagisse de imediato.A voz de Ragnar se destacava no caos. Ele estava bravo, muito bravo. Brigando com as minhas irmãs, Mallory e Astoria."Isso é culpa de vocês!" ele rugia. "Vocês nunca deveriam ter inventado essa ideia idiota de tentar fazer as coisas so
RagnarA pergunta dela foi como um soco no estômago. O nome de Tayrus mal tinha saído de seus lábios, e já senti o calor da raiva subir pelo meu corpo. Eu não queria responder. Não queria sequer pensar no desgraçado. O fato de ele ter fugido me atormentava, e a ideia de que ele estava agora com o poder que a bruxa lhe concedeu... era inaceitável.Cam estava me ol
CameronPedi para que Ragnar me deixasse sozinha depois da nossa conversa. Eu precisava desse momento, precisava respirar sem o peso de sua presença ao meu lado. Mesmo depois de tudo, de ele ter me salvado, de ter se mostrado arrependido... ainda doía. Doía saber que, em algum momento, ele não acreditou em mim. Que ele duvidou de mim, duvidou do meu amor por ele. Quando ele saiu do quarto, o olhar quebrado, com a dor tão evidente em seu semblante, eu quase desisti de afastá-lo. Quase o chamei de volta, porque, no fundo, eu queria sua proteção. Queria sentir sua presença forte, o calor que sempre me envolveu. Mas me forcei a deixá-lo ir.Me encolhi na cama, como se pudesse me esconder do mundo. Minhas mãos instintivamente se pousaram sobre meu ventre, sentindo a pequena vida dentro de mim. Comecei a cantar baixinho uma canção que minha mãe costumava entoar quando eu era cri
RagnarO tapa de Cam não ardia mais no meu rosto, mas o peso daquilo ainda esmagava meu peito. O impacto não foi apenas físico; destruiu algo dentro de mim, algo que eu nem sabia que estava lá. Meu lobo estava envergonhado, a cabeça baixa, assim como eu. Fomos estúpidos. Eu tinha sido imaturo, imprudente. Não pensei nas consequências das palavras que joguei contra ela, e agora tudo parecia desmoronar. Quase a perdi para as bruxas e Tayrus, e agora estava à beira de perdê-la novamente por causa da minha própria idiotice.Caminhei pelo corredor do hospital, cada passo mais pesado do que o anterior. Não sabia o que fazer, como consertar a situação. Como trazer de volta o que quebramos.Gabriel apareceu com o celular na mão, se aproximando com urgência. “Ragnar, preciso falar com você.”Eu o ignorei. Não estava no clima para ma
RagnarEu estava quebrando a cabeça. Jordan havia plantado uma semente em minha mente, mas a verdade é que eu não tinha ideia do que fazer. Um presente que simbolizasse tudo o que eu e Cam passamos, algo que mostrasse que eu realmente a entendia? Que capturasse nossa história? Mais fácil enfrentar Tayrus com as mãos amarradas.Entrei no carro e dirigi pela cidade, meus pensamentos um caos. Cada momento com Cam passava pela minha cabeça como um filme. O primeiro encontro, as brigas, os momentos em que riamos até a barriga doer. Ela era tão complexa, e agora, eu precisava encontrar algo que traduzisse isso em um simples gesto.A primeira parada foi uma loja de antiguidades. Pensei em um livro antigo. Cam adorava histórias, e sabia que ela gostava de guardar livros que carregavam o peso do tempo. Falei com o atendente, um senhor de cabelos brancos que parecia ter saído de uma dessas hist&o
CameronEra tarde, e eu estava deitada na cama do hospital, o silêncio da noite me envolvia, mas minha mente estava longe de descansar. Ragnar não voltou durante o dia todo. Cada minuto que passava, uma parte de mim queria pegar o celular e ligar para ele, ou pelo menos perguntar a alguém onde ele estava. Mas não podia me trair. Eu precisava manter minha palavra, dar espaço. A verdade é que, por mais que eu quisesse sua presença aqui, eu também sabia que precisávamos de tempo. Tempo para pensar. Tempo para processar tudo o que aconteceu.Suspirei e, com cuidado, me levantei. Meus passos eram lentos e calculados enquanto eu caminhava até o banheiro. Não queria causar nenhum problema para o bebê, não depois de tudo o que havíamos passado. Fiz minhas necessidades e, ao voltar para a cama, já estava me preparando para deitar novamente quando ouvi uma batida leve na porta.
RagnarPrendi a respiração enquanto observava Cameron analisar o presente que eu havia escolhido. Não era nada grandioso, nada que gritasse luxo ou opulência. Era algo simples, mas para mim carregava o peso de tudo o que vivemos, de tudo o que ela representava para mim e para nossa família. Eu e Eron ganhamos algo precioso quando ela entrou em nossas vidas — uma família completa, algo que eu tinha me esquecido como era. Mesmo com todos os problemas e desafios que enfrentamos desde então, eu não mudaria nada. Nem um segundo.Seus olhos azuis, agora turvos, ergueram-se para mim depois de alguns momentos. Ela parecia tão frágil, mas havia uma força ali que nunca deixava de me impressionar. Cam soltou os ombros, como se estivesse carregando um peso grande demais, e então, com a voz embargada, finalmente falou.“Ragnar… eu também sou culpada. Tudo o que aconteceu… foi mais culpa minha do que sua,” ela admitiu, sua voz vacilante, mas firme. "Eu queria provar que eu e
CameronEle estava ali, na minha frente. Ragnar, o lobo mais forte de todas as alcateias, o mais destemido. E, ainda assim, o homem que agora me amparava com uma ternura que poucas vezes alguém poderia imaginar vindo de alguém como ele. Ele sentia minha vulnerabilidade, meus medos, e me acolhia de uma maneira que ninguém mais poderia. Joguei meus braços sobre seus ombros, puxando-o para um abraço apertado, tentando, de alguma forma, afastar toda a dor que Tayrus tinha causado em nossas vidas. A carta falsa, as mentiras que eu havia contado, as mágoas que se acumularam entre nós. Tudo parecia se dissolver naquele toque. Eu precisava disso. Precisávamos disso.Depois de um tempo, me afastei um pouco e olhei para ele, uma ideia repentina surgiu. "Vem," eu disse, chamando-o para deitar na cama comigo.Ragnar hesitou por um segundo, olhando para a cama estreita de hospital. Era grande o suficiente para mim, mas