Cameron
A tensão na sala era insuportável. Eu tentava entender o que aquelas bruxas estavam dizendo, mas tudo que faziam era rir, enquanto lentamente soltavam os capuzes, revelando seus rostos. O olhar delas era frio, calculado, sem nenhum traço de humanidade. O medo começava a apertar meu peito, mas eu o sufocava com raiva. O desespero só me deixava mais furiosa."Soltem-nos!" Eu me debatia nas correntes que me prendiam, mas era inútil. Então, de repente, algo invisível agarrou meu pescoço com força, apertando até que o ar me faltasse. Eu me contorcia, tentando me libertar, mas quanto mais eu lutava, mais forte o aperto ficava. Senti meus pulmões queimarem, e tudo o que consegui foi um gemido abafado."Cam!" Mallory gritou, o pânico na voz dela era claro. "Parem! Por favor! O que vocês querem de nós?"A bruxa ruiva riu, se aproximando com calma. Seus olhos brilhavam com um misto de malícia e desdém. "Vocês são tão inocentes. Inocentes demais." SuRagnarA raiva ainda queimava em minhas veias quando entrei novamente no apartamento. Cada passo era um lembrete da impotência que eu sentia.Cam desaparecida. Mallory também. E tudo por causa da maldita teimosia delas.Quando vi Astoria encolhida no sofá, com os olhos vermelhos de tanto chorar, a culpa ardeu em mim, mas a frustração era maior.Ela e suas irmãs estavam brincando de guerreiras e, agora, estávamos à beira de uma tragédia.Jordan se aproximou, o rosto endurecido, mas tentando manter a calma. "Já coloquei nossos rastreadores por toda Seattle. Logo teremos uma pista. Acredite, Ragnar, a Deusa vai nos guiar. Só precisamos de paciência."Paciência? Meu lobo rugiu em frustração dentro de mim. Eu não tinha paciência. Não agora. Mas dei um aceno curto, sabendo que ele es
RagnarParamos em frente a um portão de ferro imponente, que parecia ter enfrentado os desgastes de décadas. A pintura estava desgastada, com ferrugem marcando as bordas, dando-lhe um ar de abandono. O som do vento era abafado pelas árvores altas e densas que cercavam o local. A cidade, que ficava a duas horas de Seattle, parecia distante de tudo, e o silêncio ao redor era inquietante. Meus instintos estavam em alerta total, cada detalhe daquele lugar parecia sussurrar que algo estava fora do normal.Ben parou o carro na portaria e, com uma voz calma, se identificou. O portão rangeu pesadamente ao se abrir, como se relutasse em nos deixar passar, e senti meu lobo rosnar em alerta. Assim que cruzamos o portão, entramos em um caminho de pedras e cascalho, que serpenteava por entre árvores que formavam uma sombra quase completa sobre nós.No fundo da propriedade, surgiu uma casa enorme, velha,
RagnarO peso da hesitação de Elowen estava claro no ar, e eu podia ver a dor em seus olhos, como se todas as cicatrizes do passado estivessem reabrindo diante dela. Quando Ben se aproximou, ele fez isso com cuidado, como quem sabe que qualquer movimento brusco pode quebrar o pouco que resta de uma pessoa."Elowen," ele começou, sua voz calma, mas cheia de gravidade, "desde que você e Sarah vieram para cá, muita coisa mudou. Mas as bruxas que foram atacadas por ela e por Mason... elas querem vingança. Elas estão se reorganizando, e os braços que Mason deixou para trás ainda estão espalhados pelos territórios lupinos. Um deles é Tayrus. Ele enganou todos nós, fingiu lealdade e agora quer destruir tudo — principalmente a vida de Cam. Porque ela se tornou a Luna de Ragnar."As palavras dele me reacenderam a raiva em meu peito. Tayrus. Sempre ele. M
CameronEu estava à beira do colapso, meu corpo mal conseguia se mover. Não sabia ao certo quantos dias havia passado ali, mas cada segundo parecia uma eternidade. Desde que começaram a drenar meu sangue, minha vida havia se transformado em um pesadelo sem fim. Elas me arrastaram para essa sala branca, onde a luz nunca apagava. A claridade era tão forte que me impedia de descansar, me mantendo em um estado constante de alerta, como se não houvesse descanso para minha alma.De tempos em tempos, as bruxas apareciam, jogando algum tipo de alimento para mim. Era sempre insuficiente, incapaz de restaurar minhas forças. Minha fome era constante, mas não importava mais. Eu já não sentia dor nas picadas, e suas palavras cruéis não me afetavam como antes. Havia algo pior, muito pior, que me corroía por dentro. O vazio de não ver mais meus filhotes, de saber que, mais uma
RagnarCinco dias. Cinco malditos dias procurando por Cam, e nada. O desespero corria por minhas veias como um veneno lento e mortal. Cada minuto sem ela fazia meu lobo se agitar mais, pronto para despedaçar qualquer um que ousasse me irritar. Não havia uma pista sequer que fizesse sentido, apenas o cheiro dela – fraco, distante, mas presente – se espalhava pela cidade como folhas ao vento. Ninguém mais parecia sentir isso, apenas eu. Era como uma provocação constante, uma lembrança de que ela estava perto, mas inalcançável.Elowen havia decidido nos acompanhar depois de sentir a gravidade do que estava acontecendo. Ela colocou Sarah em um sono profundo e se juntou a nós aqui em Seattle, onde toda a família de Cam e Mallory já estava. Cada membro da família estava em alerta constante, assim como eu, mas tentavam manter a calma. Tentavam, porque eu não
RagnarA vegetação densa ao redor nos envolvia, abafando os sons da cidade e nos protegendo dos olhares curiosos dos humanos. Estávamos distantes do caos urbano, mergulhados em um mundo que só nós, lobos, entendíamos. Jordan, Benjamin, Gabriel e Connor estavam ao meu lado, cada um atento e concentrado. Sweet tinha nos passado o trajeto onde os lobos de Tayrus estavam, e agora, cada passo nos levava para mais perto de Cam e Mallory. A tensão no ar era quase pesada, como uma tempestade prestes a estourar.Eu estava tentando me manter no controle, lutando contra a fúria e o desespero que cresciam dentro de mim a cada segundo. Mas sabia que, quanto mais perto chegássemos, maiores seriam as chances de tudo dar errado. E eu não podia permitir isso."Bom, senhores, todos sabemos o que está em jogo. Cam e Mallory tem apenas uma chance, e eu não preciso de um grupo maior ou mais bem prepa
CameronAcordei com o som agudo da sirene que ecoava pela casa. Mas dessa vez acordei diferente. Minha cabeça latejava, mas, curiosamente, me sentia um pouco melhor. Meus sentidos estavam mais aguçados, e minha loba estava em alerta total, como se finalmente tivesse acordado, pronta para lutar. Mas as algemas de prata continuavam a me prender, drenando minha força, deixando-me incapaz de acessar o poder que eu tanto precisava.As sirenes começaram a soar ainda mais alto, enchendo o ambiente com uma urgência que acelerou meu coração. Cambaleei até a porta, batendo nela com os punhos, gritando com toda a força que ainda me restava. "Me soltem! Me deixem sair!" Gritei, batendo com força, mas não houve resposta. Eu continuava trancada ali, uma presa daquelas bruxas.Andei de um lado para o outro procurando uma saída, meus pensamentos correndo tão rápidos
RagnarAssim que as sirenes começaram a tocar, algo dentro de mim estourou. Esperar por uma hora? Eu não podia mais esperar. O som agudo me atravessava como uma lâmina, e cada fibra do meu ser gritava em desespero. Eu me virei para os lobos que me seguiam, o lobo uivando dentro de mim. "Eu vou entrar. Agora."Jordan e Benjamin nem hesitaram. "Estamos com você," disseram em uníssono. Gabriel e Connor logo se juntaram, dizendo que todos os lobos sob o comando deles já estavam cercando a casa e que logo a invadiriam também. Eu apenas assenti, sem perder tempo com palavras desnecessárias. A urgência queimava em meu peito como fogo.Corri em direção à casa, cada passo mais rápido, o desespero crescendo. O portão da entrada estava aberto, como um convite sinistro. Mas a porta não estava, e isso não me importava. Com um único movimento, a