Henry estava visivelmente desconfortável, e era evidente que o que ele tinha para dizer não era nada bom. Desde que cheguei, ele parecia nervoso, e isso só aumentava minha preocupação.— Não sei mais o que faço com a Renata. — Ele disse, de repente, e minhas antenas imediatamente se levantaram. A curiosidade me dominou, e eu queria ouvir mais.— O que aconteceu? Você nunca reclamou dela antes. — Perguntei, tentando entender.— Ela está me perseguindo. Onde quer que eu vá ou esteja, ela aparece para causar problemas. Não sei mais o que fazer, Melissa. Juro, minha vontade é matá-la, só para ter certeza de que nunca vai machucar você ou a Mia. Está difícil. — Meu coração disparou ao ouvir isso, mas permaneci em silêncio, esperando que ele continuasse.— O que ela tem feito? Por que acha que pode nos machucar? — Indaguei, ainda processando suas palavras.— Ontem, ela apareceu no meu prédio e fez o maior barraco na portaria. Arrastou o porteiro, que não tinha nada a ver com a história, par
Henry comia alguns pedaços generosos de bolo, e o celular dele não parava de apitar. Ele o deixou de lado, mas eu, sentada ao seu lado na mesa, não conseguia ignorar o volume de notificações. Não sou ciumenta, mas curiosa? Ah, isso eu sou, e muito.— Não vai olhar as mensagens? Pode ser importante. — Questionei, enquanto ele dava alguns pedacinhos de bolo para Mia provar. Ele tinha essa mania: não gostava que ela visse o que estávamos comendo sem poder experimentar. Mia, claro, parecia adorar a atenção, tentando pegar mais do prato. Ele respondeu sem tirar os olhos dela.— É a Cristal, além do grupo da loja. Devem estar preocupados com o jeito que eu saí. Estava nervoso. Devem pensar que sou um louco ou um irresponsável. Meu segundo dia lá e já rola uma treta dessas. Vou ficar queimado. — Ele me olhou de lado, ainda acariciando Mia, que estava toda esparramada no colo dele.— Imagino. Se você chegou aqui daquele jeito, nem quero pensar no que aconteceu lá diante daquela louca. Não foi
Após devorar alguns pedaços generosos de bolo, Henry passou pela porta do meu quarto com Mia no colo. Ele me lançou um olhar rápido antes de seguir para o quarto dela. Continuei mexendo no notebook, mas não demorou muito para ouvir as músicas infantis vindo do quarto ao lado. Mia estava começando a se interessar por essas músicas, prestava atenção em cada detalhe dos vídeos animados, e Henry adorava colocá-los para ela. Ele se divertia tanto quanto ela, que ficava toda agitada. Enquanto ouvia as risadas e os barulhinhos do outro quarto, um misto de sentimentos me invadia: sentia-me segura com ele por perto, mas também absurdamente tentada.Enquanto isso, Bárbara, sempre curiosa, enviava mensagens incessantes querendo saber de tudo. Ela queria detalhes sobre o que estava acontecendo e, principalmente, sobre o motivo de Henry estar aqui. Decidi brincar um pouco, alimentando sua curiosidade e deixando-a ainda mais eufórica. Ela mandava áudios hilários, e eu ria sozinha. Mas como adoro pr
Estar perto da Melissa estava sendo muito mais difícil do que eu imaginava. Por um lado, era ótimo; sentia-me bem ao seu lado, como se tudo na minha vida encontrasse um pouco mais de equilíbrio. Mas, por outro lado, era torturante não poder tocá-la como antes, sentir sua pele, seus lábios. Essa baixinha teimosa sabia exatamente como me provocar, e, para piorar, ela fazia isso sem nem perceber. Quando usava o charme dela, era o meu ponto fraco. Bastaram alguns segundos para que ela me deixasse à beira de perder o controle.Com ela por perto, até esquecia dos problemas que tinha arrumado para minha vida. Pensava em como minha cabeça estaria ainda mais bagunçada sem Melissa para me dar forças. Sempre que precisei, ela esteve ali, mesmo depois de todos os meus erros. Encontrei nela o suporte que precisava, e agora queria ser para ela o que ela sempre foi para mim: segurança, companheirismo e carinho. Melissa merecia o melhor, e eu queria desesperadamente ser esse melhor.Vesti minha camis
Desci para falar com Ricardo, mas no caminho percebi que havia perdido meu celular pela casa. Acabei deixando isso de lado ao avistá-lo. Ele estava parado, de braços abertos, com uma expressão de preocupação evidente.— Irmão, o que aconteceu? Porra, fiquei preocupado. — Ele disparou assim que me aproximei. Imaginei que estivesse falando da confusão causada pela Renata na loja. Cumprimentei-o rapidamente, e nos sentamos.— Que vergonha do caralh0, irmão. Aquela mulher é louca. Não sei mais o que fazer para pará-la. — Respondi, coçando a cabeça. A dor esquisita que vinha sentindo tornava tudo ainda mais irritante.— Ela nunca foi assim, ou já foi e eu não sabia? Não entendi. A louca partiu para a agressão assim, do nada? — Ele perguntou, incrédulo.— Nunca foi assim. Está descontando toda a raiva em quem está ao meu redor. Se fosse só em mim, até dava para lidar, mas ela insiste em atingir quem não tem nada a ver com o que aconteceu entre nós. — Reclamei, odiando me sentir tão impotent
SEMANAS ATRÁSMelissa VenezaEu estava determinada a finalmente ter uma conversa amigável com Henry, algo que não acontecia há muito tempo. Saí da minha loja e segui para a ST TECHNOLOGIC, a empresa dele. O prédio imponente e espelhado sempre chamou minha atenção, e, como sempre, admirei sua beleza ao me aproximar. Mesmo sendo esposa do presidente da empresa, minha presença ali era incomum, o que justificava os olhares curiosos que recebi ao atravessar a recepção.Meu nome é Melissa Veneza, tenho 26 anos, e o homem com quem estou prestes a discutir o divórcio é Henry Stuart, herdeiro de tudo isso. Ele mal aparecia em casa ultimamente, e não havia mais motivos para mantermos um vínculo sem futuro. Enquanto esperava o elevador, meu coração estava calmo, ou pelo menos eu tentava manter a tranquilidade. Quando a porta se abriu, entrei, e o reflexo do espelho me mostrou uma mulher decidida, mas com um turbilhão interno. Era horário de almoço, o prédio estava quase vazio. Passei pela mesa d
Agora posso dizer com certeza: estamos em processo de separação. Foram apenas três anos de casados, e o que parecia ser um conto de fadas acabou mais rápido do que eu imaginava. No começo, foi uma paixão avassaladora, mas com o tempo, a chama foi se apagando. É isso que acontece quando você se deixa levar por um fogo de palha: ele logo se extingue. Henry me decepcionou da mesma maneira que eu o decepcionei. Eu adorava provocar seu ciúme — e ele era muito ciumento. Dançava com meus amigos, rebolava na frente dele, sabendo que o deixava furioso, só para vê-lo perder o controle. No fim, tudo sempre terminava no mesmo lugar: na cama. Infantilidade, eu sei. Mas o que eu nunca imaginei era que tudo acabaria assim, com a descoberta da traição dele. Não sei por que eu achava que ele seria fiel. Sua mãe fez questão de colocar Renata, sua afilhada e ex-namorada, na empresa, e era ela quem eu encontrei no colo dele, aos beijos. Já estávamos em crise, e vê-la trabalhando ao lado dele só piorou
Para o meu desgosto, Henry ficou mais tempo do que eu imaginava, esperava que ele fosse ver a Mia, mas logo fosse embora, ela é bebê, o máximo que faz é rir de suas palhaçadas e chorar de cansaço ou dor, o que ele tanto faz la em cima? Só falta ter dormido. Agora me pergunto, onde estão suas viagens repentinas? Seu trabalho dia e noite, porque era isso que vivíamos nos últimos dias de casamento, um distanciamento total entre casal, nada mais mudava o nosso humor gélido um com o outro, odeio admitir isso, mas é a realidade, não nascemos um para o outro se é que existe isso, dou graças a Deus que tive uma mãe sabia e como ela mesma diz, ninguém morre de amor.Fiz hora na cozinha esperando ele ir embora, mas nada, já era hora da Mia jantar e ele ainda estava com ela no quarto, não teve jeito, tive que intervir. Subi as escadas e fui até o quarto me deparando com ele deitado com ela ouvindo músicas infantis. Pigarreei e ele me olhou de imediato.— Sei que está com saudades dela, mas está