MelissaAcionei o portão e entrei com o carro. Sem muita emoção, estacionei, peguei a cesta e saí. Mas, enquanto caminhava, sentia meu coração acelerado, como se estivesse prestes a ter um ataque. A simples ideia de me magoar novamente por causa do Henry fazia meu peito apertar. Porém, decidi que era melhor encarar a verdade, por mais dolorosa que fosse. Sempre preferi a honestidade a viver em meio a mentiras. Se Henry realmente estivesse envolvido com a Renata, ele que ficasse com ela — e bem longe de mim.Coloquei a mão na maçaneta e abri a porta, mas fui surpreendida. Dei de cara com o Henry, que vinha na direção oposta, me desequilibrei e quase fui ao chão. A cesta que carregava, porém, não teve a mesma sorte e foi direto para o chão. Percebi que ele falava no telefone, mas assim que me viu tropeçando, largou o celular para me segurar.— Melissa, está bem? — Perguntou, segurando-me com firmeza.— Quase me atropela. — Respondi, rindo da situação. — Seu celular. — Peguei o aparelho
Henry estava visivelmente desconfortável, e era evidente que o que ele tinha para dizer não era nada bom. Desde que cheguei, ele parecia nervoso, e isso só aumentava minha preocupação.— Não sei mais o que faço com a Renata. — Ele disse, de repente, e minhas antenas imediatamente se levantaram. A curiosidade me dominou, e eu queria ouvir mais.— O que aconteceu? Você nunca reclamou dela antes. — Perguntei, tentando entender.— Ela está me perseguindo. Onde quer que eu vá ou esteja, ela aparece para causar problemas. Não sei mais o que fazer, Melissa. Juro, minha vontade é matá-la, só para ter certeza de que nunca vai machucar você ou a Mia. Está difícil. — Meu coração disparou ao ouvir isso, mas permaneci em silêncio, esperando que ele continuasse.— O que ela tem feito? Por que acha que pode nos machucar? — Indaguei, ainda processando suas palavras.— Ontem, ela apareceu no meu prédio e fez o maior barraco na portaria. Arrastou o porteiro, que não tinha nada a ver com a história, par
Henry comia alguns pedaços generosos de bolo, e o celular dele não parava de apitar. Ele o deixou de lado, mas eu, sentada ao seu lado na mesa, não conseguia ignorar o volume de notificações. Não sou ciumenta, mas curiosa? Ah, isso eu sou, e muito.— Não vai olhar as mensagens? Pode ser importante. — Questionei, enquanto ele dava alguns pedacinhos de bolo para Mia provar. Ele tinha essa mania: não gostava que ela visse o que estávamos comendo sem poder experimentar. Mia, claro, parecia adorar a atenção, tentando pegar mais do prato. Ele respondeu sem tirar os olhos dela.— É a Cristal, além do grupo da loja. Devem estar preocupados com o jeito que eu saí. Estava nervoso. Devem pensar que sou um louco ou um irresponsável. Meu segundo dia lá e já rola uma treta dessas. Vou ficar queimado. — Ele me olhou de lado, ainda acariciando Mia, que estava toda esparramada no colo dele.— Imagino. Se você chegou aqui daquele jeito, nem quero pensar no que aconteceu lá diante daquela louca. Não foi
Após devorar alguns pedaços generosos de bolo, Henry passou pela porta do meu quarto com Mia no colo. Ele me lançou um olhar rápido antes de seguir para o quarto dela. Continuei mexendo no notebook, mas não demorou muito para ouvir as músicas infantis vindo do quarto ao lado. Mia estava começando a se interessar por essas músicas, prestava atenção em cada detalhe dos vídeos animados, e Henry adorava colocá-los para ela. Ele se divertia tanto quanto ela, que ficava toda agitada. Enquanto ouvia as risadas e os barulhinhos do outro quarto, um misto de sentimentos me invadia: sentia-me segura com ele por perto, mas também absurdamente tentada.Enquanto isso, Bárbara, sempre curiosa, enviava mensagens incessantes querendo saber de tudo. Ela queria detalhes sobre o que estava acontecendo e, principalmente, sobre o motivo de Henry estar aqui. Decidi brincar um pouco, alimentando sua curiosidade e deixando-a ainda mais eufórica. Ela mandava áudios hilários, e eu ria sozinha. Mas como adoro pr
HenryEstar perto da Melissa estava sendo muito mais difícil do que eu imaginava. Por um lado, era ótimo; sentia-me bem ao seu lado, como se tudo na minha vida encontrasse um pouco mais de equilíbrio. Mas, por outro lado, era torturante não poder tocá-la como antes, sentir sua pele, seus lábios. Essa baixinha teimosa sabia exatamente como me provocar, e, para piorar, ela fazia isso sem nem perceber. Quando usava o charme dela, era o meu ponto fraco. Bastaram alguns segundos para que ela me deixasse à beira de perder o controle.Com ela por perto, até esquecia dos problemas que tinha arrumado para minha vida. Pensava em como minha cabeça estaria ainda mais bagunçada sem Melissa para me dar forças. Sempre que precisei, ela esteve ali, mesmo depois de todos os meus erros. Encontrei nela o suporte que precisava, e agora queria ser para ela o que ela sempre foi para mim: segurança, companheirismo e carinho. Melissa merecia o melhor, e eu queria desesperadamente ser esse melhor.Vesti minha
Desci para falar com Ricardo, mas no caminho percebi que havia perdido meu celular pela casa. Acabei deixando isso de lado ao avistá-lo. Ele estava parado, de braços abertos, com uma expressão de preocupação evidente.— Irmão, o que aconteceu? Porra, fiquei preocupado. — Ele disparou assim que me aproximei. Imaginei que estivesse falando da confusão causada pela Renata na loja. Cumprimentei-o rapidamente, e nos sentamos.— Que vergonha do caralh0, irmão. Aquela mulher é louca. Não sei mais o que fazer para pará-la. — Respondi, coçando a cabeça. A dor esquisita que vinha sentindo tornava tudo ainda mais irritante.— Ela nunca foi assim, ou já foi e eu não sabia? Não entendi. A louca partiu para a agressão assim, do nada? — Ele perguntou, incrédulo.— Nunca foi assim. Está descontando toda a raiva em quem está ao meu redor. Se fosse só em mim, até dava para lidar, mas ela insiste em atingir quem não tem nada a ver com o que aconteceu entre nós. — Reclamei, odiando me sentir tão impotent
MelissaTudo o que ouvi da conversa entre Henry e Ricardo me acendeu um alerta. Não foi intencional, não queria bisbilhotar, mas as palavras dele me atingiram de forma inesperada. Pude perceber o quanto Henry estava preocupado, e isso acabou me preocupando ainda mais. Tinha medo de que ele agisse por impulso, motivado pelo medo de que algo acontecesse comigo ou com Mia. Conhecia bem o lado protetor dele, sabia que faria qualquer coisa para nos manter seguras. E, por mais que isso me confortasse, também me assustava. O estresse estava acabando com ele, e eu podia ver isso claramente.Algo me dizia que ele não estava bem. Henry nunca foi de pedir remédios ou reclamar de dores. Sempre brinquei que ele tinha "saúde de ferro", mal pegava um resfriado. Mas, dessa vez, sua mudança foi tão repentina que me deixou estagnada e deslocada.Foi pior quando o vi sem reação. Ele ainda segurava Mia com uma das mãos, mas seus olhos estavam distantes, como se estivesse em outro lugar. Gritei, chamei po
As horas passaram lentamente, a ansiedade corroendo cada fibra do meu corpo. Já era bem tarde quando finalmente conseguimos que um médico viesse nos dar notícias. Isso só aconteceu porque Elisângela, já sem paciência, ligou para o diretor do hospital. Ela tem seus meios e, com sua influência, conseguiu mexer os pauzinhos para agilizar uma resposta.Fiquei à distância, sem coragem de me aproximar enquanto os médicos conversavam com Elisângela. Ricardo estava ao lado dela e, ao terminar a conversa, veio até mim com as informações que eu tanto precisava ouvir.— Tem notícias? Me fala que ele está bem! — Levantei-me de imediato, as palavras escapando da minha boca quase sem controle.— Ele está sim, Melissa. Está no quarto agora. Foi diagnosticado com uma pneumonia avançada. Aquela chuva e a tosse já apontavam para isso. Além disso, teve um pico alto de estresse. Eles administraram a medicação, e ele está dormindo. — Ricardo respondeu, tentando manter a calma para me tranquilizar.— Onde