Eu via Henry na minha mente, seu sorriso enquanto acariciava minha barriga.— Vou cuidar de vocês, de você e da nossa princesa. Vocês são a minha vida, Melissa.— Te amo, amor. Obrigada por tudo. Você é o homem mais especial que eu poderia ter na minha vida. — Seus dedos acariciavam meu rosto, limpando as lágrimas que escorriam dos meus olhos. Eram lágrimas de felicidade ao descobrirmos que esperávamos uma menina.— Morro sem você, amor. Não existe vida sem você. — Henry beijou meus lábios com carinho…Abri os olhos e limpei a lágrima que caíra. Estou vendo que a bebida não é uma boa companheira para mim. Lennon e Bárbara não notaram; eles conversavam enquanto eu voltava a beber e cantarolar.“Eu rodei não sei quantos km, Pra correr da saudade da gente, Procurando algum canto no mundo, Pra te esquecer só um pouquinho. O problema é que cê veio junto…”Eu cantava, e Bárbara já parecia ter notado meu sofrimento.— Muda de música, Lennon, pelo amor de Deus! Tira essa mulher desse
HenryAcabei pegando no sono na cama da Melissa. Até estranhei, já que faz tempo que não durmo assim tão facilmente; ando com muita insônia e, muitas vezes, recorro à bebida para "apagar." Essa tem sido minha realidade desde que minha vida passou por uma mudança tão brusca.Mia já dorme a noite toda há tempos; ela é muito tranquila no conforto de casa, adora seu berço e aprendeu cedo a dormir bem. Nem à noite minha pequena dá trabalho. Acho que ela puxou a mãe, já que Melissa também é calma, ao contrário de mim, que sou ligado no 220.No meio da noite, ouvi um barulho de música. Sou assim, acordo fácil, já que meu sono anda leve. Olhei para o berço e vi que Mia dormia profundamente. Ainda deitado, olhei o celular: já eram 4h da manhã. Esfreguei os olhos.Levantei e fui até a janela do segundo andar, vendo uma caminhonete parada na porta de casa com a porta aberta e som alto. A raiva subiu. Nunca passamos por esse tipo de situação. Seria algum vizinho folgado? Fiquei tentado a descobri
MelissaAcordei cedo, como de costume, mas minha cabeça parecia que ia explodir. Nunca senti minha cabeça doer tanto. Suspirei e tentei me levantar da cama, mas o mundo girou.— Mandei muito mal. Não devia ter bebido tanto — murmurei, sentando na cama e notando que estava no meu quarto. Olhei ao redor, surpresa; mal sei como vim parar aqui.Agora é tarde para reclamar. O que foi feito, feito está, como diz minha mãe. Levantei e fui até o berço. Sorri ao ver minha pequena princesa, mexi em seus cabelos, e ela começou a acordar.Fui até o armário pegar uma troca de roupa. Não vou à loja hoje, então tratei de avisar minha gerente. Peguei o celular e, ao ligar a tela, vi que estava aberta em uma mensagem da Bárbara, mas não lembro de ter visto essa mensagem. Bem, quase não lembro de nada da noite passada, mas minha barriga reclamava de fome.Avisei a gerente e peguei minha roupa para tomar banho. Mia ainda se mexia no berço; ao me aproximar, passei a mão em seu rostinho, acordando-a de ve
De imediato, mandei uma mensagem para o Lennon, perguntando se ele poderia vir à minha casa. Preciso saber o que aconteceu. Não gosto nada disso, mas o pior passa pela minha mente ao imaginar que Henry e Lennon se encontraram. Imagino o que Henry pode ter feito, ele é pavio curto — conheço bem.Lennon respondeu, dizendo que viria mais tarde. Tentando aliviar a mente, coloquei músicas infantis e comecei a cantar para Mia, que adora. Arrumei o tapete dela e nos sentamos no chão. Minha pequena adora brincar com as mãos e sorria enquanto eu cantava as músicas. Sua atenção variava entre mim e a TV. Mas, ao olhar para a mesinha de centro, observei o chaveiro com o nome do Henry. Eu já o tinha visto ali, mas não tinha prestado atenção. Henry estava com as chaves da casa e do portão até ontem. Peguei as chaves, imaginando o quanto ele deve ter ficado bravo ao me ver chegando embriagada, ainda mais acompanhada do Lennon. Já posso imaginar o julgamento.Mais tarde, almocei enquanto esperava a c
— Haha, Lennon, para com isso. O Henry não mete medo em ninguém.— Em você não, que é irmã dele. Mas eu? Não conhecia o cara e ele me pegou beijando a ex dele; acha que ele me olhou como?— Ele partiu para cima ou não? — Perguntei, curiosa, tentando lembrar, mas em vão.— Não, você estava bêbada demais para ele vir pra cima de mim. Até acho que foi isso que me salvou. — Lennon sorriu.— Que vergonha! — Tapei o rosto com as mãos.— Calma, Lissa, isso acontece.— E depois? — Bárbara perguntou, eufórica.— Depois, ele me ameaçou e bateu o portão na minha cara. Quase quebrou meu nariz.— Verdade?— Tô zoando. Meu nariz é grande, mas nem tanto. Mas, pela raiva do cara, achei que vocês teriam discutido pela manhã — respondi, negando com a cabeça.— Ele foi embora; nem vi ele aqui.— Caramba, desculpa. Juro que não faria de novo. Meu coração quase parou quando vi o cara me fuzilando com o olhar — disse ele, rindo.— Não precisa se desculpar. A culpa foi minha; não devia ter bebido tanto.— E
HenryAo sair da casa da Melissa, eu queria sumir. Não só desaparecer, mas desaparecer do mundo, da minha realidade. Dirigindo com músicas tocando ao fundo, fui até uma adega próxima à praia, comprei algumas bebidas e segui caminhando até a areia. Precisava apagar meus pensamentos e me concentrar nas lembranças boas do meu casamento. Dizem que são essas que precisamos guardar, não é? Era o que eu tentava fazer, revivendo memórias antigas e felizes: o nascimento da Mia, nosso casamento... Um casamento só nosso, quando trocamos alianças, mas que logo foi seguido pelo casamento “de verdade,” o qual minha mãe fez questão de não comparecer. Ainda assim, aquele dia foi feliz.Enquanto bebia, peguei o celular e comecei a digitar algumas mensagens. Escrevi declarações de amor, mas logo apaguei. Depois, digitei o quanto estava decepcionado com o que vi, mas apaguei de novo. Não tenho coragem de enviar nada. Fiquei nesse vai e vem, digitando e apagando, tentando ver se isso ajudava minha mente
Depois de um longo tempo conversando, meu pai conseguiu me convencer a voltar à rotina de trabalho. Ele acha que isso vai me ajudar, e começo a acreditar que ele tem razão. Meus pensamentos estão enlouquecidos, e mal consigo dormir com isso tudo. Mas de uma coisa tenho certeza: não quero voltar para a empresa da minha família. Não tenho mais ânimo para lidar com toda aquela pressão, que só prejudica ainda mais minha relação com minha mãe. Liguei para Ricardo e decidi assumir a concessionária. Meu amigo, sempre rápido, veio até mim para conversarmos.— Irmão, acho que essa é a melhor decisão. Você precisa de novos ares. A Cristal é uma gerente excelente, sabe de todos os trâmites da loja. Agora, aquilo vai voar nas suas mãos.— Espero, irmão. Pelo menos o trabalho vai me livrar de pensar o dia todo na mesma coisa.— Já falou com sua mãe?— Não, e nem tô com vontade. Pedi pro meu pai avisar que tô bem.— Cara, eu e seu pai quase não conseguimos te carregar. Dá uma maneirada nesse peso!
JoãoMeu filho está muito desestabilizado, posso até dizer que está sem rumo. Ele me confidenciou o que aconteceu, e estou decidido a ajudá-lo a se reerguer. Quando passei pelos meus tombos na vida, tive quem me estendesse a mão, e hoje faço o mesmo por ele. Se ele e Melissa vão reatar ou não, essa será uma decisão deles. Mas vejo um problema que preciso administrar: minha filha Bárbara. Ela é um amor com Melissa, são super amigas, mas não acho certo ela querer “acabar” com o irmão da forma como tem feito. Odeio ver meus filhos brigados, e a irritação de Bárbara na casa da Melissa foi clara. Ela queria vir falar com Henry, e precisei pedir que não viesse. Uma coisa é ela querer o bem da amiga; outra, completamente diferente, é detonar o irmão toda vez que ele erra. Ela mesma não erra?Sei que posso ajudar Henry, mas também sei que preciso frear a Bárbara. Não adianta nada ela ficar brigando com o irmão, isso só piora a situação e os afasta ainda mais. Amanhã, falarei com ela sobre sua