Dimitri Carter
— Você não sabe o que está fazendo. — ela me olha com um olhar gelado, tentando se manter forte. — Isso não vai acabar bem. Eu não vou ser sua prisioneira.— as palavras dela são frias como gelo. Isso não vai acabar bem. Eu não vou ser sua prisioneira. Nem você, nem ninguém, vai me controlar assim.É certo que você foi meu primeiro amor e pode até ser o pai dos meus filhos que estão para nascer, mas eu não consigo te amar, não consigo mais sentir aquele desejo e não tenho mais forças para jogos ou seja lá o que for que você agora esteja planejando. Eu já perdi tudo. O primeiro amor verdadeiro, o meu primogênito, a parte mais pura de mim, e agora, vou perder a Isabella, grávida de gêmeos. Eu já perdi tudo. O primeiro amor verdadeiro que tive, a dor de perda constante que ainda me assombra. Perdi meu primogênito, a parte mais pura de mim, e a dor de vê-lo partir me dilacerou por dentro de uma forma que eu nunca imaginei ser possível. E Isabella. Ela se tornou o único amor verdadeiro que meu coração aceitou após perder minha primeira esposa e filho, a mulher que eu nunca consegui deixar ir, e que, por mais que eu tenha tentado. Eu lutei para negar meus sentimentos a Isabella, lutei para fazê-la desistir de mim, e depois que aceitei o amor dela, a abandonei-a no altar por ser um covarde e ter medo de estar amando e casado com uma mulher que me via como seu mundo e agora, ela me rejeita, mas não vou desistir, não vou ter medo de nada e vou lutar por ela, pela mulher que não desistiu de mim, quando eu estava totalmente quebrado, que se casou comigo no civil, e me amou de forma louca. Eu fiz o impensável. Não me arrependi. Não poderia ter feito outra coisa. Mesmo sabendo dos riscos, mesmo sabendo que ela jamais me perdoaria pelo que fiz, eu fui tolo, rejeitei a Isabella por tanto tempo, ela que fez o impensável por mim, para que eu pudesse aceitar ela em minha vida, mas a deixei no dia do nosso casamento, apesar de já ser casado com ela no civil, eu a abandonei no altar, por saber o que ela tinha feito só para ter o meu amor, eu, no começo achei que ela devia ser louca por me amar de forma tão imatura, deixando de lado sua própria razão e agindo por impulso, mas era a forma dela de me tirar da escuridão que eu mesmo entrei. Ela está em minha frente agora, deitada na cama de um hospital particular que comprei para garantir que ela, nossos filhos e minha filha que está na UTI, filha essa que foi fruto de uma noite de apenas sexo sem amor, sem desejo com a Natasha que eu só tinha como amiga.Droga, eu magoei demais a Isabella. Eu não vou desistir, e isso a assusta. Eu sei. Mas ela vai entender. Vai entender que tudo o que fiz foi para protegê-la de mim mesmo, apesar de que eu não consigo mais manter ela longe de mim. —Sabe que eu posso fugir de você não sabe? — Você pode fugir mil vezes, Isabella, mas eu sempre vou trazer você de volta. — Você não pode me obrigar a te amar, Dimitri. — Eu não preciso obrigar. Eu só preciso que você lembre… que, no fundo, sempre foi minha. Ela respira fundo, seu olhar ainda firme, mas dessa vez há algo diferente. Há uma pergunta não dita pairando no ar. Um questionamento que ela precisa fazer. — Então eu serei sua? E agora, Dimitri? Qual é o seu plano, depois de tudo o que fez? — Ela não sorri, mas seu olhar, mesmo cheio de ira, traz uma ponta de curiosidade. Curiosidade sobre o que eu farei agora. Como ela sabe que, apesar de tudo, há uma parte de mim que ela ainda quer. — Não pensei muito sobre o que virá depois, Isabella — digo, a voz baixa, mas cheia de convicção. Ela tenta se levantar, mas a fraqueza ainda a impede. Ela me olha com uma mistura de desprezo e... talvez um pouco de dor. Eu sei que ela está dividida. Sei que ela quer me odiar, mas, no fundo, ainda sente algo por mim. Isso é algo que eu não posso negar. Ela balança a cabeça, como se tentando afastar os pensamentos, os sentimentos que eu sei que ainda a dominam. Ela tenta fazer sua voz firme, mas falha. Cada palavra dela me atinge como uma faca. Eu me aproximo da cama, ajoelhando-me ao seu lado. Ela tenta se afastar, mas eu seguro sua mão, firme, mas gentil. A sensação de tê-la aqui, comigo, me faz sentir completo de uma maneira que eu nunca experimentei antes. — Eu sei que você tem medo, Isabella. Eu sei que você tem medo de me dar mais uma chance.— Minha voz sai rouca, quase desesperada. — Eu fiz o impensável para ter você aqui, e não vou perder você agora. Eu te amo, mais do que tudo. E nada, absolutamente nada, vai mudar isso. Eu me aproximo ainda mais, quase encostando minha testa na dela. A respiração dela está irregular, mas eu posso sentir seu corpo tremendo, não de medo, mas de emoção. Ela não quer me dar o que eu quero, mas, no fundo, ela sabe que não há mais como negar. — Eu não vou desistir até que você me aceite de volta. Ela fecha os olhos, sua respiração pesada, e eu sei que ela está lutando com tudo o que tem. Ela tenta se afastar, mas não pode. E eu não vou deixar. — Você é minha, Isabella. — Eu sussurro, com uma calma assustadora. — E não há mais nada que você possa fazer para mudar isso. Isabella começou a soltar uma gargalhada alta, que ecoou pelo ambiente, uma risada tão cheia de desdém que eu fiquei momentaneamente confuso, sem saber como reagir. Eu a olhei com um olhar perplexo, como se tentasse entender o que estava acontecendo, mas antes que pudesse falar algo, Isabella interrompeu a risada com uma expressão séria. — Eu não serei sua, Dimitri. — Ela disse, com a voz firme e fria. — Não vai me ter de jeito nenhum. Você não vai simplesmente me deixar aqui, em um hospital, me manter trancada em um quarto enquanto espero os bebês, e depois, no final, vai me levar para a sua casa e vai tentar brincar de família feliz. Isso nunca vai acontecer. Depois do nosso divórcio, tudo o que eu mais quero é não voltar mais para você. Nunca mais, você pode ter esquecido o que fez, mas eu não, você primeiro se casa comigo no civil, então no dia do nosso casamento diante de Deus e dos nossos convidados, me humilha, não me perdoa, mesmo eu tendo contado a verdade a você, dias antes, do que eu fiz por você, por te amar, eu traí a minha própria irmã por você, acreditando que ela tinha um filho seu, mas era do seu irmão, você fez sexo com Natasha, sua amiga, e ela ficou grávida, eu estive grávida por diversas vezes e tive diversos abortos, eu sofri muito ao seu lado e em todas vezes que perdi um dos nossos bebês ainda em meu ventre, eu decidi sofrer sozinha, para não machucar você, para não deixar que a dor viesse novamente machucá-lo e agora, pela primeira vez eu me sinto bem, meus bebês estão bem e eu vou ter eles em meus braços, mas não como sua prisioneira. Fiquei em silêncio, meus olhos refletindo um turbilhão de emoções. Me aproximei de Isabella, e, sem mais palavras, a beijei. Um beijo abrupto, como se eu tentasse fazer com que ela esquecesse tudo o que estava dizendo, como se eu ainda acreditasse que poderia controlar a situação. Mas quando me afastei, os olhos de Isabella não estavam mais como antes, não havia mais raiva, nem frustração. Havia algo a mais, algo que eu não conseguia identificar. — Já acabou com seu teatro? — ela perguntou, sua voz baixa, mas com um tom de ironia. — Ou ainda tenho que te ouvir mais? Fiquei perplexo, não sabia o que fazer. A mulher diante de mim, não era a mesma de antes. Ela parecia completamente diferente. Me vi perdido por um momento, sem saber o que dizer, o que fazer. O olhar de Isabella fixou-se em mim com uma intensidade que eu não estava preparado para encarar. Ela percebeu a confusão em meu semblante e, com um sorriso cruel, continuou: — O que foi? Está surpreso? Essa sou eu, depois que você perdeu todas as chances que tinha para me ter. E vou te poupar, para não deixar sua filha órfã. Agora, vou sair daqui, e não tente me impedir. Se fizer isso, você precisará estar nesta cama do hospital, se é que me entende. Com essas palavras, Isabella se virou e saiu do quarto, deixando-me para trás, surpreso e sem palavras. Quando eu a segui, pelo corredor do hospital , foi então que minhas pernas falharam ao ver uma figura que se aproximou dela. O obstetra estava diante de Isabella, segurando sua mão com suavidade. Ela olhou para ele e, antes que eu pudesse reagir, Isabella o beijou na boca, sorrindo para ele com um sorriso que, até então, eu não tinha visto a algum tempo em seu rosto. continua...Isabella Duarte Ricci Eu não sabia onde isso ia dar. Eu não sabia se algum dia abriria mais do que essa janela para Tomas. Mas, por agora, saber que ele estava ali era o suficiente. O suficiente para me fazer sentir, pela primeira vez em muito tempo, que na verdade houvesse um caminho de volta para mim. Tomas não soltou minha mão. Ele ficou ali, olhando para mim como se tentasse decifrar cada parte do que eu não dizia, do que eu não conseguia admitir nem para mim mesma. O vento frio da noite pareceu me despertar um pouco da névoa de sensações que aquele beijo havia deixado para trás. Eu deveria dizer algo, me afastar, colocar uma barreira entre nós. Mas a verdade era que eu não queria. Pela primeira vez em anos, eu não queria fugir. — Quer dar uma volta? — Ele perguntou, puxando-me levemente pela mão. Eu hesitei. O hospital ainda estava às minhas costas, e o peso do passado tentava me puxar de volta. Mas Tomas era calor, era presença. E naquele momento, eu precisava disso mais
Isabella Duarte Ricci O silêncio pairava na sala depois que Tomas saiu. Meus pais ainda estavam tensos, e eu sabia que não escaparia de uma conversa mais profunda. — Isabella, você está namorando o doutor Tomas? — minha mãe perguntou, cruzando os braços e me analisando com atenção. Suspirei e passei a mão pelos cabelos úmidos de suor e tensão. — Nós estamos nos conhecendo — respondi, tentando soar casual. Meu pai bufou, claramente insatisfeito com a resposta. — Um obstetra, Isabella? Você acha que ele é capaz de te proteger?Não acha um pouco irônico? Namorar um homem que salva vidas enquanto você destrói outras, ele sabe que é uma mafiosa? — Lorenzo retrucou, ainda frustrado. — Pai, o Tomas me salvou esta noite. Isso já não é prova suficiente de que ele se importa comigo? — Cruzei os braços, mantendo o olhar firme no dele. Minha mãe tocou o braço do meu pai, tentando acalmá-lo. — O que importa é que nossa filha está bem — ela disse, em um tom mais suave. — Vamos dar
Isabella Duarte Ricci O cheiro de pão fresco e café recém-passado se espalhava pela cozinha da casa dos meus pais, trazendo uma sensação momentânea de paz. Eu me sentava à mesa com uma xícara de chocolate quente entre as mãos, tentando ignorar o turbilhão de pensamentos que girava incessantemente dentro da minha cabeça. Aurora, minha irmã, estava do outro lado da mesa, passando geleia em uma torrada com o tipo de leveza que só quem ainda não carregava um mundo nos ombros conseguia ter. — Você dormiu bem? — ela perguntou, sem tirar os olhos da torrada. Assenti vagamente, levando a xícara aos lábios. O chocolate quente estava delicioso, do jeito que eu precisava. — O suficiente para esquecer por algumas horas que minha vida virou um caos completo — respondi com um sorriso cansado. Aurora ergueu os olhos, observando minha expressão por alguns segundos antes de soltar um suspiro longo. Sabia que vinha algo a seguir, e estava certa. — Isa... o que você pretende fazer quando os
Dimitri Carter O gosto metálico do sangue na minha boca não era nada comparado à dor que explodia no meu peito. Não por causa dos socos. Não por causa da briga ridícula com Tomas. Mas porque eu vi, com meus próprios olhos, o olhar dela. Isabella. O olhar de quem já não me pertence mais. Aquela porta entreaberta nos expôs. Toda a nossa verdade escancarada ali, como uma ferida aberta para o mundo. E quando nossos olhos se encontraram, eu soube que ela sabia. Soube que tudo estava desmoronando. — Até quando vai continuar me rejeitando, Isabella? — minha voz saiu rouca, baixa, como um apelo. Ela me olhava como se eu fosse o próprio veneno que corria nas veias dela. E talvez eu fosse. Mas isso não me impedia de querer ser a cura. Aquilo me atingiu com mais força do que qualquer soco de Tomas. Recuei um passo, engolindo a raiva, o desespero. Ela me encarou por um longo segundo. Longo o bastante para o tempo parar. Para meu coração despencar. — Na mesma medida em que te amei, Dimitri
Isabella Duarte Ricci A presença de Tomas me dava alguma paz. Mas quando vi Aurora encostada na parede do corredor, os braços cruzados e o olhar fixo em mim, percebi que ela sabia. Ela sempre soube. Era minha irmã, mas também o alarme que nunca me deixava esquecer de onde eu vinha. — E então? — ela perguntou, assim que nos aproximamos. — Os meus sobrinhos estão bem? Tomas lançou um sorriso paciente, mas eu vi o jeito que ele segurou mais firme minha cintura. A proteção dele era silenciosa, mas constante. — Estão ótimos. Gêmeos fortes, coraçãozinho acelerado. Já estão quase prontos pra causar um caos em casa — ele respondeu, tentando aliviar o clima. Aurora não sorriu. Seus olhos estavam atentos demais. Não era só sobre os bebês. Aurora se aproximou e tocou meu rosto com carinho, mas havia uma firmeza no gesto. — Você sabe que eu mato por você, né? Tomas respirou fundo ao ouvir isso, mas não disse nada. Ele entendia. Sabia que eu e minha irmã fomos criadas num mundo onde o am
Tomas Cilfford O silêncio do meu apartamento sempre me recebeu com conforto. Hoje, me engolia. Joguei a chave sobre a bancada da cozinha e fui direto para o quarto, tirando a camisa pelo caminho. A cidade estava viva lá fora, cheia de luzes e sons abafados, mas aqui dentro tudo parecia estagnado. Como se o tempo estivesse em suspenso desde que a deixei naquela mansão. O chuveiro quente ajudou a relaxar os músculos, mas não a mente. A mente, essa, continuava presa a ela. Depois do banho, tomei as medicações em silêncio, quase automático, o comprimido azul para dormir, o branco para conter a dor nas articulações, e o comprimido que me mantia estável no tratamento, desde que eu havia descoberto minha doença sem cura. Tudo isso para manter o controle. Porque se eu me perdesse, eu voltava. Corria até a mansão dela e esquecia qualquer limite que eu mesmo me impus e que meu corpo também possuía. Me deitei, sentindo o lençol frio contra a pele quente. E fechei os olhos. Foi inevitável